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19 maio 2012

Rir é o melhor remédio



Indicado por Fernanda Rodrigues, a quem agradecemos.

Efeito Bolt


Segundo a revista O2 nº109:

Uma pesquisa realizada pela universidade de Sheffield Halam, Inglaterra, apontou que os corredores de elite dos 100m de todo o mundo estão estão 1% mais rápidos desde os últimos Jogos Olímpicos em Pequim, onde Usain Bolt bateu o recorde mundial dos 100 metros rasos, com a marca de 9s69. O responsável pelo estudo, o professor Steve Haake, fez uma análise com velocidade média dos 25 maiores velocistas e os tempos registrados em provas internacionais desde 1988, e identificou uma melhoria de desempenho considerável nos últimos 4 anos. O que ele chamou de "Efeito Bolt" obrigou os atletas a se esforçarem mais para dimunuir suas marcas e tentar bater o jamaicano, que sustenta a marca de 9s58 para a distância que correu em Pequim.

Alguns detalhes no The Independent:

We see in 2008 what we call the Usain Bolt Effect," said Professor Steve Haake of Sheffield Hallam University, who has analysed the records of every international 100m track event since 1888. "It is a little jump in performance when he appeared in that year. If we look at the top 25 sprinters and take Usain Bolt out of that list, so that you just analyse the other 24, you still get this step change.

"What's happened is that he's come on the block and the peer competition is such that everyone has improved."A graph of finishing times since 1888 shows an overall and consistent improvement with each decade. For instance, the average 100m event is now being run about 10 per cent faster than in 1948, Professor Haake said.

"The Usain Bolt Effect improved overall performance of the top 25 sprinters by 0.9 per cent, so almost 1 per cent. When you think that this entire performance index improved in total by 10 per cent since 1948, it is quite extraordinary that the Usain Bolt Effect accounts for a significant proportion of that improvement," he said..."All performances in sport are levelling off and inevitably people ask, 'are we at the limit?' The answer is, 'no, not yet', but we're probably coming up to the limits of human physiology."

18 maio 2012

Rir é o melhor remédio

Fonte: Aqui

Cruzeiro do Sul

O balanço do primeiro trimestre do Cruzeiro do Sul recebeu uma ressalva da empresa de auditoria Ernst & Young. Uma ressalva significa que, na análise dos números, os auditores encontraram alguma inconsistência contábil.

Nas notas explicativas, a Ernst & Young ressalta que o Cruzeiro do Sul fez um diferimento de despesas no primeiro trimestre que não está de acordo com as práticas contábeis adotadas no Brasil. Essas perdas foram decorrentes de renegociações de operações de crédito cedidas em exercícios anteriores. Focado em crédito consignado, o Cruzeiro do Sul depende da venda de carteiras para captar recursos.

No balanço, o banco diferiu essas perdas, mas o BC pede que o referido resultado líquido negativo seja apropriado em despesa no período em que ocorrer, não devendo, portanto, ser diferido, explica a Ernst & Young nas notas da demonstração.

Em 31 de março, o montante da perda diferida, incluído na rubrica do ativo "Outros créditos - resultado líquido renegociação operações cedidas" é de R$ 17,8 milhões. A conclusão da auditoria é que o patrimônio líquido do Cruzeiro do Sul no final de março e o resultado do primeiro trimestre estão superavaliados em R$ 10,7 milhões, líquidos dos efeitos tributários. O patrimônio líquido do banco reportado no balanço foi de R$ 1,1 bilhão.

Procedimentos. Em resposta à ressalva dos auditores, o banco informa que adotou procedimentos permitidos pela resolução 4.036 editada no ano passado pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).

Além disso, destaca que "entende que a renegociação de operações de crédito cedidas em exercícios anteriores garantem os fluxos de caixa e o desempenho operacional das operações anteriormente cedidas e portanto, refletem a adequada posição patrimonial e financeira".

O presidente executivo do Cruzeiro do Sul, Luis Octavio Indio da Costa disse à Agência Estado que a instituição não fez nenhum procedimento irregular. O BC, diz ele, permite que se faça o diferimento das receitas e despesas com renegociações de carteiras, como uma transição da regra antiga para a atual. Na antiga, a receita com cessão de carteiras podiam ser reconhecidas no momento da venda . Na nova, as receitas e despesas com as cessões precisam ser contabilizadas ao longo do tempo, conforme o prazo dos empréstimos.

Nas renegociações de cessões antigas, o Cruzeiro do Sul optou por fazer o diferimento, destaca Indio da Costa. Os valores apontados pelos auditores como superavaliados equivalem a cerca de 1% do patrimônio do patrimônio do banco.

Petrópolis

A suspeita, segundo a Secretaria da Fazenda, é de que a companhia teria simulando a transferência de bebidas de unidades paulistas para filiais suas no estado do Rio de Janeiro, onde o ICMS é menor. Assim, evitaria pagar antecipadamente o imposto nas etapas de venda ao atacado e ao varejo, como prevê o sistema de substituição tributária ao qual o segmento de bebidas está sujeito. Em tese, o ICMS seria pago no estado de destino dos produtos, no caso o Rio de Janeiro.

Com a operação Czar, os agentes esperam levantar evidência que possam provar a irregularidade. A investigação foi iniciada em 2011. (...)

O grupo Petrópolis já foi investigado durante a Operação Cevada, realizada em 2005, pela Receita Federal, para apurar suspeita de sonegação de R$ 1 bilhão em impostos. Naquela ação, o alvo principal foi a cervejaria Schincariol, de Itu, na época o segundo maior grupo cervejeiro do País. A operação, em conjunto com a Polícia Federal, resultou na prisão de 20 pessoas, entre elas os três proprietários - Adriano, Alexandre e Gilberto Schincariol - e executivos da cervejaria de Itu, além de pessoas ligadas à cervejaria Itaipava - todos acabaram libertados. Em 2011, a Schincariol foi vendida para o grupo japonês Kirin.


Petrópolis é investigada por suspeita de sonegar R$ 600 milhões

Mudando o discurso


Um artigo sobre a saída da Grécia da zona do Euro (Nunca diga nunca, URI, FRIEDMAN, FOREIGN POLICY - O Estado de S.Paulo, 17 de maio de 2012, B11) mostra a mudança no discurso sobre o assunto. Fiz uma breve compilação das frases:

Luc Coene, membro do conselho do Banco Central Europeu e governador do Banco Nacional da Bélgica.
Antes: “[a Europa] se mostraria totalmente unida na defesa do sistema [caso a Grécia deixasse a zona do euro. tal cenário lhe parecia] completamente inconcebível".
Agora: "um divórcio amigável - caso um dia se torne necessário - seria possível" (...)"O ideal seria que todos os países-membros continuassem no clube - isso seria melhor para todos, até para os gregos", destacou ele. "Mas é claro que, se um membro decidir que não tem mais interesses em comum com o restante do grupo, temos de permitir a saída deste - trata-se de algo inerente à democracia."


Wolfgang Schaeuble, ministro alemão de Finanças.


Antes: (...)os representantes europeus "não pretendem jogar dinheiro num buraco sem fundo"
Agora: "Queremos que a Grécia fique na zona do euro. Mas o país também precisa desejá-lo e aceitar os compromissos exigidos. Não podemos obrigar ninguém a fazê-lo. A Europa não vai afundar tão rapidamente." 


Olli Rehn, comissário da UE para Assuntos Econômicos e Monetários.
Antes: Em maio do ano passado, Rehn disse ao Der Spiegel que não considerava a saída da Grécia da zona do euro uma "opção séria". Tal curso "prejudicaria a economia grega e representaria um retrocesso para a integração europeia", explicou ele. "O euro é mais do que uma moeda; é o principal projeto político da nossa comunidade. Esse é mais um motivo pelo qual não aceitaríamos uma saída da Grécia." Em setembro, ele reiterou que os governantes europeus não permitiriam que a Grécia deixasse o euro porque isso "provocaria um imenso estrago econômico e social, não apenas à Grécia mas à União Europeia como um todo, trazendo consequências para toda a economia mundial".
Agora: "A bola está agora com os gregos, é a sua vez de jogar. Para a Grécia e os cidadãos gregos, principalmente os mais pobres, o resultado de uma saída do euro seria muito pior do que para a Europa"


Jens Weidmann, membro do conselho do Banco Central Europeu e presidente do Deutsche Bundesbank.
Antes: "Este não é um debate do qual eu gostaria de participar".
Agora:  "essa será uma decisão democrática", mas uma decisão que obrigaria os países doadores a interromper a ajuda financeira à Grécia.
Além de "não ter precedentes históricos e estar associada a grande dose de incerteza", uma saída seria também "mais grave" para a Grécia do que para os demais países da zona do euro, acrescentou ele.


Pia Ahrenkilde Hansen, porta-voz da Comissão Europeia.
Antes: "Não podemos permitir que a zona do euro se fragmente, nem a UE, porque isso contrariaria o interesse geral do povo europeu como um todo". 
Agora: "desejamos que a Grécia permaneça na zona do euro e esperamos que ela permaneça na zona do euro". "São realmente muitas as questões sendo levantadas e há muito que continua em aberto em relação à Grécia; a maioria das respostas deve ser dada pelos gregos e cabe a nós respeitar o processo político que se desenvolve no país"

IR do Cachoeira


Ao analisar as declarações de Imposto de Renda do bicheiro, os parlamentares descobriram que Cachoeira tomava empréstimos milionários de uma empresa de que é sócio, com sede na Coréia do Norte.

Se Carlinhos Cachoeira vai mesmo à CPI, na semana que vem, ainda não se sabe. A comissão liberou o acesso aos documentos para os advogados, mas o ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal, que havia suspendido a ida do contraventor, ainda não esclareceu se o bicheiro já pode prestar depoimento. Enquanto esperam, parlamentares analisam a declaração de Imposto de Renda de Cachoeira e se surpreendem com o que encontram.

“Em 2003 e 2004, ele declara 0 de rendimento. O Imposto de Renda é zerado. A declaração mais recente, de 2010, apresenta rendimentos tributáveis de R$ 60 mil, o que em uma conta rápida aponta para R$ 5 mil mensais, o que é incompatível com a movimentação que ele fazia, sobretudo, no cartão de crédito”, declara o senador Cássio Cunha Lima (PSDB-PB).

Parlamentares também se assustaram com empréstimos milionários feitos por Cachoeira na empresa BET Capital de que ele era sócio. Foram R$ 10,1 milhões de 2005 a 2009, segundo as declarações anuais de Imposto de Renda do bicheiro.

“Ao todo, 51% da composição societária dessa empresa era de uma empresa chamada BET Company, que tem sede, pelo menos nos dados que nós vimos, na Coreia do Norte. A sede dessa empresa é algo que chama atenção”, afirma o senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP).

Blog

No dia 18 de abril de 2012 este blog fez seis anos de vida. Até agora, 11878 postagens. São 2189 dias, o que representa uma média de 5,4 postagens por dia.

Este blog nasceu da continuidade do meu antigo endereço (cesartiburcio.com.br). Abandonei o endereço e passei a blogar: muito mais ágil e não tinha custo. A estatística de visitas hoje está marcando quase 700 mil acessos (muito obrigado!!), muito embora esta contagem tenha começado em julho de 2009. Nos últimos meses (para ser exato, de 1o. de junho de 2011 até 30 de abril de 2012, ou 329 dias)  foram quase 360 mil acessos, o que dá uma média de mil acessos por dia. Novamente obrigado.

Durante este período tenho recebido algum retorno de leitores, que informam, geralmente numa conversa casual: "acompanho seu blog". Fico muito feliz por isto. E isto tem acontecido até quando saio da cidade onde moro. Em geral os leitores são carinhosos e atenciosos, embora não participem com comentários tanto quanto gostaria.

Nos últimos meses o blog  passou a contar com a colaboração do Pedro e da Isabel. Ambos sempre mandavam contribuições interessantes. Decidi convidá-los para serem co-autores. A participação de ambos tem dinamizado o blog, com alteração no layout e incorporação de redes sociais (facebook e twitter).

O blog está em constante mudança. Opine sobre elas.

Boa leitura.

17 maio 2012

Novidades no blog: companhia e parceria

Queridos leitores do blog,

Bom dia. O meio do ano está chegando e com ele resolvemos alterar mais alguns aspectos do blog para que 2012 seja um ano excepcional. O que você tem achado? Quer incluir sugestões ou impressões? Continue participando ativamente nos comentários!

Além de mudarmos um pouco o visual, criarmos uma página com as “séries de postagens”, incluirmos contribuições de convidados, estamos implementando uma parceria com a livraria Cultura, com a loja norte-americana Amazon e provavelmente com o iTunes, da Apple. O que isso significa? Inicialmente denota que somos legais, descolados e inteligentes porque eles avaliam os sites antes de permitir as parcerias. Brincadeiras a parte, ressalta o nosso comprometimento com vocês pois as parcerias são mesmo pré-avaliadas.

Significa também que agora, quando indicarmos livros e conteúdos, teremos um referencial de confiança para que vocês saibam onde adquirir o que é comentado nas postagens. Por exemplo, um livro legal sobre capital de giro. Já leram? ;)

Ainda, se vocês clicarem no link e adquirirem livros, ganharemos um pequeno, pequeno, PEQUENO percentual. Não será possível custearmos um encontro anual de blogs ou algo similar, mas esperamos que a verba nos ajude a por em prática outras surpresas que temos guardadas em nossas mangas.

Bom fim de semana a todos e boa leitura!

Rir é o melhor remédio

O dilema da Grécia: cortar orçamento ou deixar o Euro

Auditor ou cliente?

Recentemente postamos sobre o fato de que grandes empresas de auditoria estavam sendo contratadas para fazer a função de lobistas para seus clientes. Isto configurava, a princípio, uma fronteira perigosa ultrapassada pelo auditor, que passa a defender os interesses da empresa onde realizava seu trabalho de auditoria.

Um texto da Forbes (How Zynga, Facebook and Groupon's Go-To Auditor Rewrites Accounting Rules, Francine McKenna, 23 de abril de 2012) mostrava que algo mais estava acontecendo: as empresas de auditoria estavam ditando a forma como as auditadas deveriam contabilizar suas receitas. Mais especificamente, a Ernest & Young chegou a escrever um texto com regras para reconhecimento da receita para produtos virtuais.

Uma empresa como a Zynga possui parte de suas receitas provenientes das vendas de produtos virtuais. Quando um dos participantes dos seus jogos, como o Farmville por exemplo, decide comprar um trator virtual, isto representa uma receita para a empresa. Na realidade, a maior parte da receita da Zynga. Este tipo de receita, apesar de já ser conhecido da teoria (vide o livro Teoria da Contabilidade, de Niyama e Silva, capítulo 5, exercício 10), ainda não foi regulado pelo Fasb ou Iasb. A Sarbox restringiu a prestação de consultoria por parte do auditor.

McKenna informa que a E&Y propõe que uma empresa de comércio virtual, como a Zynga, vende um "trator" o reconhecimento da receita possa ser feito de três formas: (a) ao longo da vida no jogo (o que depende de várias estimativas); (b) baseado no usuário, que geralmente é mais rápido que a primeira alternativa; (c) assim que recebe os recursos. A flexibilidade das alternativas e a diferença dos resultados chama a atenção e, logicamente, permite que a empresa possa "escolher" a receita que achar conveniente.

Teste 556

Eis um texto da Isto É Dinheiro de 5 de maio de 2012:

Em 2011, o entulho dos canteiros de suas 32 obras [da Camargo Corrêa] atingiu 22,8 mil toneladas. O descarte desse lixo, que à primeira vista pode parecer um problema, no entanto, passou a ser mais uma fonte de renda para a empresa. Desde agosto do ano passado, a Camargo Corrêa vem desenvolvendo um projeto-piloto que gerencia a oferta e a demanda do entulho gerado nesses empreendimentos. O sistema denominado Bolsa de Resíduos funciona como um canal direto entre a construtora e os possíveis compradores do material.

Qual o conceito contábil para os “resíduos”? Em que disciplina isto recebe uma análise detalhada?

Resposta do Anterior: Ponto de Equilíbrio. Em 2011 tinha prejuízo, pois era necessário ocupar 66% e a empresa ocupou 65%. Em 2006 e 2010 não é possível afirmar com base no texto.

Morte ao VaR

O VaR é um modelo de mensuração de risco que ficou bastante popular no final do século passado e início deste. Livros e artigos foram escritos sobre o assunto, inclusive a obra mais famosa, o livro de Jorion, traduzido para língua portuguesa em 2004.

Este modelo trabalha com algumas suposições, sendo que a mais criticada delas é o fato de usar a curva normal. A crise financeira de 2007/2008, assim como as críticas feitas ao modelo, em especial de Taleb em Cisne Negro, contribuíram para perda de prestígio. O principal ponto é que o VaR, ao assumir a curva normal (gaussiana do cartoon ao lado), subestimava os efeitos da crise (fat tails)

Agora o Financial Times, em Killing VaR (Joseph Cotterill, 3 de maio de 2012) informa que o Comitê da Basileia está sugerindo sua troca na determinação do capital das instituições financeiras. Segundo o Comitê

Um certo número de deficiências foram identificadas com o uso de valor em risco (VaR) para determinar os requisitos de capital regulamentar, incluindo a sua incapacidade de captar o "risco de cauda". Por esta razão, o Comitê considerou medidas de risco alternativas, em especial déficit esperado (ES). ES mede o grau de risco de uma posição, considerando tanto o tamanho quanto a probabilidade de perdas acima de um determinado nível de confiança. Em outras palavras, é o valor esperado de essas perdas para além de um determinado nível de confiança. O Comité reconhece que a mudança para ES poderia acarretar certos desafios operacionais; no entanto ele acredita que estes são compensados ​​pelos benefícios da substituição de VaR com uma medida que o risco de melhor captura os fat tails (caudas longas). Assim, o Comité propõe o uso de ES para a abordagem baseada em modelos internos e também pretende determinar as ponderações de risco para a abordagem padronizada através de uma metodologia ES.


Em termos práticos isto pode significar o seguinte: aumento no capital regulamentar exigido para as instituições financeiras.

Delta e o Capitalismo de Laços


Sergio Lazzarini, autor do livro Capitalismo de Laços, analisa o caso Delta:

(...)A Delta, uma das mais importantes financiadoras de partidos políticos, cresceu sobremaneira nos últimos anos graças a inúmeros contratos com o setor público. Nos grampos telefônicos da Polícia Federal, aparece ligada a Carlinhos Cachoeira que, por sua vez, cultiva uma impressionante teia de contatos com políticos influentes.


(...)Se a aquisição realmente se concretizar, a JBS herdará contratos da Delta com o governo; a Delta e seus acionistas terão uma interessante porta de saída para seus investimentos; o governo conseguirá salvar algumas obras em curso com seu novo sócio estratégico; e a JBS implementará uma curiosa estratégia de diversificação: de frigorífico para construção civil.

Trocam-se os atores, fica o script: capitalismo de laços, na sua mais pura forma. Empresas fazem doações de campanha, e com isso se ligam ao sistema político e ao governo em exercício. Em troca, recebem capital estatal e acesso diferenciado a projetos públicos. Com o capital estatal disseminado em diversas empresas, o governo direciona o setor privado de acordo com suas estratégias. Um ciclo muito azeitado e que tem espantosamente sobrevivido, firme e forte, a ondas de abertura econômica, privatização, e eventuais “faxinas” dos mais diversos governos.

Na origem do problema, os financiamentos privados a políticos. No Brasil, as campanhas eleitorais são muito caras, pois a competição entre partidos é acirrada e os políticos têm que cobrir grandes extensões territoriais. Os candidatos dependem das empresas para as suas campanhas, e as empresas dependem dos candidatos eleitos para novas oportunidades com o setor público. Delta, Carlinhos Cachoeira e os políticos envolvidos são apenas casos particulares de um problema mais amplo. E nem adianta proibir o financiamento privado de campanhas eleitorais, pois o “caixa dois” continuará correndo solto.

Além disso, em um contexto onde financiar políticos e conectar-se ao governo faz grande diferença, não é difícil entender a estratégia de diversificação de grupos como o JBS e vários outros no Brasil. Esses grupos passam a ter incentivo a entrar em negócios que tem pouca relação além da sua grande interface com o setor público. Afinal, um político de confiança capaz de resolver pendengas nos setores de energia ou construção civil pode fazer o mesmo em outros negócios regulados como transporte, telefonia ou mineração.

Complicando o cenário, o governo, que já mantinha extensa penetração na economia via estatais, BNDES e fundos de pensão, passa cada vez mais a sinalizar interesse em influenciar mais diretamente as estratégias e os investimentos privados.

Uma simbiose produtiva para fortalecer o empresariado nacional, dirão alguns. Mas a realidade é que, no Brasil, a palavra de ordem cada vez mais é dançar a música do governo. Os mais conectados continuarão com mais espaço na pista de dança. E o escurinho do salão continuará abrigando as mais diversas conversas ao pé do ouvido.

Sérgio Lazzarini é Professor Titular de Estratégia do Insper e autor de “Capitalismo de Laços: os Donos do Brasil e suas Conexões”.

Delta

O procurador da República Edson Abdon abriu inquérito civil público para investigar a venda da empreiteira Delta Construções ao Grupo J&F Participações, proprietária do JBS, frigorífico que tem 31,4% de suas ações sob controle do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).


O objetivo da investigação, pedida na semana passada pelo procurador regional da República no Rio de Janeiro, Nivio de Freitas Silva Filho, é evitar que os controladores da construtora - mais de 80% propriedade do empresário Fernando Cavendish - fujam ao pagamento de eventuais prejuízos causados por supostas irregularidades cometidas pela empresa. A Delta é suspeita de envolvimento com o suposto esquema do contraventor Carlos Ramos, o Carlinhos Cachoeira, para corromper agentes públicos e superfaturar obras, entre outros crimes.


A venda da Delta, anunciada na semana passada, foi recebida com estranheza pelo mercado. Não houve, segundo anunciado, desembolso de dinheiro. Os novos controladores terão dois meses para administrar a empreiteira e examinar sua contabilidade e compromissos, para então anunciar se vão realmente comprá-la. Cavendish, que se afastara do Conselho de Administração da empreiteira, não teria alternativa a isso - a outra seria aceitar a falência, já que a perda de credibilidade lhe fechou portas de financiamentos pelos bancos.

Procurador abre inquérito para investigar venda da Delta - Por Wilson Tosta - Agência Estado

Futuro do Euro


Algumas considerações do professor de economia Miguel Leon Ledesma sobre a crise da dívida soberana na Europa:

Do you think the euro is a viable project? Will it survive?

The Euro is not viable in its current form and it will only survive if politicians design a credible strategy for its survival in the very short run. The fiscal compact as a survival strategy, with its reminiscence of the old stability pact rules, is almost ludicrous. It is not credible, and that is already a reality. If the stability pact was violated by the key players for years without any consequences and during less difficult times, does anyone believe that the pact is achievable or even beneficial to some member states during the deepest and longest recession for 70 years? Obviously not. The euro cannot survive unless there is a move towards more fiscal union pertaining debt and fiscal transfers. The union can be limited, there is no need for a grand transfer scheme and there are imaginative proposals out there about designing an efficient system for backing weaker states’ new sovereign debt issues. There is also a need for a true banking union with common regulatory rules. But the short run is much shorter than many like to believe. The state of denial cannot continue. Whether the euro can survive, thus, is a question that will be answered in the next few months.

16 maio 2012

Rir é o melhor remédio

Entregando pizza

Teste 555

Eis um trecho de uma reportagem de um jornal

Atualmente, estima-se que a Gol precise preencher 66% dos assentos de cada voo para não perder dinheiro. Em 2006, bastava ocupar 52% dos lugares. A má notícia é que, segundo dados da Agência Nacional de Aviação Civil, a taxa de ocupação da Gol em março ficou em 65% no mercado doméstico, ante 70% um ano atrás. (A rota mudou para a Gol. De novo. Exame, 3 de maio de 2012)

a) Qual conceito o texto está se referindo?
b) Com base somente nas informações, deduza se a empresa teve lucro ou prejuízo.

Resposta do Anterior: O texto é confuso, mas tudo indica que seria alternativa (a)

Débito e Crédito

O Fleury, empresa de medicina diagnóstica, conseguiu manter no primeiro trimestre sua margem operacional mesmo com uma provisão de R$ 10 milhões para devedores duvidosos. A margem Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ficou em 22%, empatada com os 21,9% do mesmo período do ano passado. O mercado previa uma queda maior na margem por conta desse débito, informado pela companhia na divulgação do último balanço. Desconsiderando essa provisão, a margem Ebitda da empresa aumentaria para 24,1%.

Fleury faz provisão de R$ 10 milhões, mas mantém margem - 4 de Maio de 2012 - Valor Econômico - Beth Koike

Observe o leitor o uso da palavra débito no texto. Refere-se a provisão para devedores duvidosos.

Estoques e manipulação

Uma análise interessante foi realizada pelo blog White Collar Fraud sobre a empresa Green Mountain Coffee. Há algum tempo o blog acompanha a evolução do estoque de café da empresa.

Basicamente a análise do blog mostra que a receita realizada da empresa é quase sempre maior que a receita prevista, o que deveria levar a uma redução nos estoques existentes. No ultimo resultado ocorreu uma receita menor que prevista, mas o volume de estoque aumentou mais do que seria o esperado.

O comportamento do estoque pode ter duas explicações. A primeira é que a empresa não está gerindo bem este ativo. O aumento no estoque (e do prazo de estocagem) seria em decorrência de erros de compra dos fornecedores. Uma explicação alternativa é o uso do estoque para melhorar os resultados da empresa. A conferir.