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09 novembro 2006

Para entender a bolsa

Razões para aprender como funciona a bolsa de valores
Marcos Elias
08/11/2006

Você é médico? Engenheiro? Advogado? Um psiquiatra famoso e, assim como seus colegas que cobram mil reais por consulta, não tem dado atenção à gestão da sua poupança? Já sei! Não é nada disso... Você não se formou, faturou alto e hoje utiliza a técnica de comprar mais um imóvel sempre que tem recursos suficientes? Você é pai e quer fazer um plano de previdência para os filhos? Vendeu sua empresa? A fazenda da sua avó? Recebeu herança? Se uma dessas situações é o seu caso, você tem um encontro marcado com o mercado de ações e, ao contrário do que possa pensar, esse encontro é inevitável e se dará em breve.

Investir em ações no Brasil tem sido um mito! Algo reservado apenas para especuladores ou especialistas. Mas o mito, dizia Fernando Pessoa, em "Mensage", "é o nada que é tudo", e "assim a lenda escorre a entrar na realidade..." Então é hora de conhecermos como funciona este mercado porque ele absorverá grande parte da poupança nacional. E por que isso aconteceria? A resposta, você verá entre as 50 razões que seguem:

1. Os juros cairão nos próximos anos no Brasil mais agudamente do que em qualquer outro lugar do planeta e o CDI, que outrora te fizera silenciosamente (e até involuntariamente) rico, hoje não mais o fará;

2. Não há porque entender que o real se desvalorizará frente às moedas estrangeiras e, portanto, não valerá a pena voltar a comprar dólares;

3. Regra básica: só rentabilizará a poupança doravante quem se dedicar à sua gestão e escolher os assessores certos. Acabou o "free lunch";

4. Uma inevitável reforma tributária beneficiará em grande instância as empresas listadas;

5. Hoje, com o aprimoramento das práticas de governança corporativa, ações são realmente frações do capital de uma empresa;

6. Na bolsa, há companhias com grandes vantagens competitivas globalmente (e elas são imbatíveis);

7. A reforma política virá, inevitavelmente;

8. Mais rapidamente ou não, o Brasil se aproximará do "investment grade", com a reforma da legislação trabalhista, privatização do IRB e formalização da independência do BC;

9. Há R$ 60 bilhões de dividendos reinvestidos todos os anos na bolsa, mantendo uma pressão de compra;

10. As fundações migrarão da renda fixa para a renda variável;

11. A bolsa brasileira, comparada à outras emergentes, é barata, e isso continuará a atrair o estrangeiro;

12. Ao investir em ações, posterga-se o pagamento de imposto de renda para a data em que houve ganho de capital;

13. Nos últimos quatro anos, a bolsa tem superado o CDI;

14. Há 400 opções de investimentos em ações e estas requerem menos capital e são mais rentáveis do que se investir em uma franquia do McDonalds. Afora o trabalho!;

15. É facílimo operacionalizar uma conta em uma corretora;

16. Comprando ações, você pode ter a excelente gestão dos Setubal, o pessoal da AmBev, o genial Salim Matar, o obstinado Nildemar Secchis, etc, trabalhando para você!;

17. A liquidez das ações, ao contrário do que acontece no caso dos imóveis, é bastante elevada, e você não terá problemas em encontrar mercado para vender alguns milhões de reais de sua carteira por dia;

18. Se você gosta de imóveis, pode comprar ações de Cyrela, Company, Rossi, João Fortes, etc;

19. Se você comprasse, por exemplo R$ 100 mil em ações, e dez anos depois essas ações valessem R$ 1 milhão e você ainda as detivesse, o "IR só enxergaria" R$ 100 mil e não R$ 1 milhão, o que não ocorre na renda fixa e que lhe pode ser conveniente;

20. Há pelo menos dez casas de gestão de ações que, todo ano, conseguem superar o Ibovespa;

21. Ações são o melhor instrumento para se a previdência de seus filhos e netos. É algo que pode te dar 20% ao ano e não tem taxas de administração nem gessos para resgate;

22. Vale ou Bradespar: vale a pena ter em carteira;

23. Petrobras;

24. Confab;

25. Diagnósticos da América;

26. Telemar;

27. Localiza;

28. Weg;

29. AmBev;

30. Itaúsa;

31. Porto Seguro;

32. Unibanco;

33. TAM;

34. Sabesp;

35. Suzano Papel & Celulose;

36. Gerdau;

37. Braskem;

38. Americanas;

39. Randon;

40. Marcopolo;

41. Guararapes;

42. ALL;

43. Net;

44. Aracruz;

45. CPFL;

46. Perdigão;

47. Romi;

48. Marisol;

49. Brasil Telecom;

50. Cesp.

Marcos Elias é sócio da Galleas Ventures

E-mail melias@galleas.com.br

Este artigo reflete as opiniões do autor, e não do jornal Valor Econômico. O jornal não se responsabiliza e nem pode ser responsabilizado pelas informações acima ou por prejuízos de qualquer natureza em decorrência do uso destas informações.

Valor Econômico


Enviado por Ricardo Viana

Convergência das Normas Contábeis

3º Seminário Internacional: A Convergência das Normas Contábeis

Data: 29/11/06 (quarta-feira)
Horário: 8h30 às 18h00
Local: Buffet Torres (Av. Horácio Lafer, 430 - V. Olimpia - SP/SP)

Associados das Entidades-membro do CPC (1): R$ 100,00 / Associados Entidades apoiadoras (2): R$ 300,00 / Outros participantes: R$ 500,00

(1) ABRASCA / APIMEC / BOVESPA / CFC / FIPECAFI / IBRACON
(2) ABRAPP / ABVCAP / AMEC / ANCOR / ANEFAC / CORECON SP / CRA SP / IBEF SP / IBGC / IBRI

Informações e inscrições: eventos@apimecsp.com.br ou tel.: (11) 3107-1571

(Enviado por Ricardo Viana)

08 novembro 2006

A Moda da Governança Corporativa

Notícia no sítio da Bovespa informa que as negociações naquela bolsa com empresas com Níveis Diferenciados de Governança Corporativa já são maioria: 58% do valor de mercado, 60% do volume financeiro e 67,4% da quantidade de negócios no mercado à vista.

Disputa na telefonia

Ainda persiste a disputa na telefonia. O setor passa por um processo de consolidação e isto significa uma redução na competição a médio prazo. Agora temos a oferta da America Movil pela TIM, de quase 8 bilhões de dólares:

Oferta da América Móvil pela TIM é de US$ 7,7 bilhões

Proposta teria ficado abaixo da faixa de 7 bilhões a 9 bilhões anunciadas pelos italianos

Graziella Valenti, Ricardo Grinbaum

A América Móvil, que pertence ao empresário mexicano Carlos Slim Helú e é dona da Claro, ofereceu à Telecom Italia US$ 7,7 bilhões pela operadora de celulares TIM Brasil. O valor se refere às ações da Telecom Italia na TIM, cerca de 70% do total da companhia.

Em setembro, a Telecom Italia havia afirmado que esperava obter entre 7 bilhões (US$ 9 bilhões) e 9 bilhões (US$ 11,5 bilhões) pelo controle da segunda maior operadora de telefonia celular brasileira.

A atual oferta avalia cada um dos 24,101 milhões de clientes da TIM a US$ 319. É menos do que a Claro pagou pela BCP em 2003. A operadora tinha 1,7 milhão de assinantes e foi comprada por US$ 650 milhões, o que corresponde a US$ 367 por cliente. Hoje, o assinante da Vivo vale US$ 315, levando-se em conta o valor de mercado da empresa. Toda a Telemar, incluindo os serviços de telefonia fixa, celular (Oi) e banda larga está avaliada em R$ 17 bilhões (US$ 7,9 bilhões).

Na segunda-feira, a Telecom Italia anunciou que iniciou a análise de duas propostas não-solicitadas para compra do controle das operações no Brasil. O grupo mexicano formado por América Móvil e Telmex, dono da Claro e da Embratel, controlado por Slim, seria um dos candidatos. No começo deste ano, os executivos do grupo já haviam ensaiado o discurso de serem líderes em celulares no País. O Brasil é peça-chave na disputa da gigante mexicana com a espanhola Telefónica pelo mercado latino-americano.

A Brasil Telecom poderia ser a outra interessada na TIM Brasil, de acordo com pessoas próximas à companhia. A operadora - controlada pelos fundos de pensão junto com o Citigroup e que até pouco tempo era alvo de aquisição da mesma Telecom Itália - teria estudado a investida em parceria com a Telefónica ou com a Telemar. Mas, de acordo com fontes ligadas ao negócio, o grupo espanhol demonstrou ter mais interesse na empreitada _ até porque a Telemar está em meio a um processo de reestruturação. A compra da TIM poderia, até mesmo, envolver a compra pelo grupo espanhol da participação minoritária dos italianos na empresa fixa.

O analista da Ágora Corretora, Alexandre Garcia, acredita que a disputa se dará mesmo entre os grupos que já atuam no Brasil. Para ele, as operações locais estão em um momento de grandes mudanças, em um cenário de margens de lucro comprimidas pela elevada competição, especialmente em celulares. Tudo isso reduz a atratividade para grupos internacionais que ainda não operam aqui e teriam de enfrentar a Telefónica e a Telmex.

Para ele, faria sentido a Telefônica adquirir a TIM junto com a Brasil Telecom. O grupo espanhol poderia ficar com a fatia dos italianos nas operações fixas e ainda levar a operação móvel. Com isso, a Telefônica passaria a deter um possível direito de preferência pela compra do comando da empresa de telefonia fixa e reduzir o problema da convergência com celular que hoje a sociedade na Vivo, maior operadora celular do País, com a Portugal Telecom representa. Hoje, as sinergias entre as empresas não são aproveitadas justamente porque a companhia tem de dividir, em igualdade de condições, as receitas com o grupo português.

Até pouco tempo atrás, a crença predominante era de que a Telefônica ficaria sozinha no comando da operação móvel, após adquirir a parte da Portugal Telecom - seja dos atuais administradores ou do Sonaecom.

Na opinião do especialista do Unibanco Research, André Rocha, o possível interesse da Telefónica pela TIM não significaria abrir mão da Vivo. Ao contrário, para ele, o objetivo seria justamente expandir a atuação e consolidar escala na infra-estrutura e na base de assinantes.

Gerdau e os efeitos da internacionalização

Foi divulgado o lucro da Gerdau, uma das empresas brasileiras mais internacionalizadas: R$2,7 bilhões. Abaixo, reportagem do Estado de S. Paulo de hoje:


Lucro da Gerdau chega a R$ 2,7 bi até setembro

Sandra Hahn

O grupo siderúrgico Gerdau registrou um lucro líquido de R$ 882 milhões no terceiro trimestre, um crescimento de 8,6% na comparação com o mesmo período do ano passado. A receita no período foi de R$ 6,069 bilhões, alta de 19,19% na mesma comparação. No acumulado de janeiro a setembro, o lucro líquido do grupo é de R$ 2,69 bilhões, 7% mais que no mesmo período de 2005, enquanto o faturamento chega a R$ 20,6 bilhões, um crescimento de 5,3%.


O vice-presidente executivo de finanças e diretor de relações com investidores da Gerdau, Osvaldo Shirmer, informou em teleconferência sobre os resultados que o grupo definiu um orçamento de investimentos de US$ 3 bilhões entre 2007 e 2009. Deste total, o Brasil deverá ficar com aproximadamente US$ 2 bilhões. Segundo Schirmer, da verba total, US$ 1 bilhão deve ser aplicado em 2007, US$ 1,1 bilhão em 2008 e o restante em 2009. O orçamento não contempla possíveis aquisições, embora a Gerdau tenha reiterado que avalia algumas oportunidades.

O executivo reiterou o interesse do grupo na argentina AcerBrag (Aceros Bragados) e no mercado mexicano. Ele comentou que a Gerdau teve contato com os controladores da AcerBrag, que não manifestavam intenção de vender a empresa. Se eles decidirem vender, a Gerdau está interessada.

Em relação ao mercado mexicano, Schirmer ressaltou que a região é importante pela localização geográfica e pelo consumo interno. Mas voltou a afirmar que a Gerdau não está em negociações atualmente com a mexicana Sicartsa.

07 novembro 2006

Bradesco

O lucro anunciado do Bradesco sofreu com a amortização do ágio, realizado integralmente neste período. Isto também foi feito pelo Itaú. Entretanto, a distribuição dos dividendos terá como base um lucro maior. Seria esta amortização interessante? A reportagem a seguir, do Estado de hoje, diz que sim.

Com aquisições, lucro do Bradesco cai para R$ 3,35 bi

Sem efeito das amortizações, lucro de janeiro a julho ultrapassou R$ 5 bilhões, 24% maior que o de 2005

Renée Pereira

O lucro líquido do Bradesco, maior banco privado do País, atingiu R$ 3,35 bilhões entre janeiro e setembro deste ano, resultado 17,27% inferior ao de igual período do ano passado. A redução, a exemplo do que ocorreu com o Itaú (que lucrou R$ 3 bilhões), foi provocada pela amortização integral do ágio referente a aquisições feitas no passado, como American Express (Amex) e Banco do Estado do Ceará (BEC). O retorno sobre o patrimônio ficou em 22%.

Sem o efeito das amortizações, o lucro do banco ultrapassou os R$ 5 bilhões, valor 24% superior ao do mesmo período de 2005. 'O resultado veio dentro das expectativas do mercado e foi considerado bastante satisfatório', disse o analista João Augusto Salles, da consultoria Lopes Filho. Com o anúncio do balanço, as ações preferenciais valorizaram 2,25% e as ordinárias, 1,65%. A amortização integral de ágio dá mais transparência aos números dos bancos.

O presidente do Bradesco, Márcio Cypriano, informou que a distribuição de dividendos será feita com base no valor de R$ 4,74 bilhões. Esse é o lucro líquido ajustado, com amortização do primeiro semestre. O executivo destacou ainda que 67% do ganho veio da atividade bancária e 33%, de seguros.

A carteira de crédito, incluindo avais e fianças, mais uma vez foi um dos destaques do balanço, com um avanço de 27,8%, somando R$ 110,30 bilhões. Entre essas operações, o maior crescimento, de 27%, foi detectado no portfólio para pessoa física, especialmente nas linhas de crédito pessoal e veículos. Na modalidade cartão de crédito, houve um salto na carteira de 76,6%, explicado pela aquisição da Amex, explicou Cypriano.

Na carteira para pessoa jurídica, os empréstimos para pequenas e médias empresas aumentaram 25,6%. Já a demanda das grandes empresas atingiu 13,1%, porcentual explicado pelo acesso à modalidades de financiamento no mercado de capitais, observa Cypriano. 'O crédito veio em linha com nossa expectativa de crescer entre 22% e 25% este ano. Para 2007, a previsão é de avanço de 20%.'

Ele destacou ainda que o crédito consignado com carteira adquirida - por meio de parcerias com bancos médios - cresceu bem menos que a carteira com recursos próprios - 7,5% ante 84,7%. 'Hoje esses bancos médios estão encontrando outras formas de se financiarem e não precisam tanto das parcerias com grandes bancos como no passado', explica Cypriano.

Em relação à inadimplência, o índice médio dos atrasos acima de 59 dias atingiu 4,2% em setembro, ante 3,1% em igual período do ano passado. O presidente do banco explicou que esse aumento é resultado do novo mix da carteira de crédito, com maior participação dos empréstimos para pessoa física. Nessas linhas, o risco é maior, mas o retorno compensa, já que os juros são extremamente elevados.

Por causa do aumento da inadimplência e do crescimento da carteira de crédito, o Bradesco elevou em 83% as despesas com Provisão para Devedores Duvidosos, de R$ 1,74 bilhões para R$ 3,22 bilhões. O valor excede em R$ 79 milhões o exigido pelo Banco Central (BC). A notícia positiva, segundo Cypriano, é que a inadimplência se estabilizou em agosto e já apresenta algum recuo.

O executivo também se mostrou otimista em relação ao crédito imobiliário. Ele afirmou que até setembro o volume de financiamento já tinha atingido R$ 1,6 bilhão, esbarrando na meta de R$ 2 bilhões estabelecida para o ano. 'Devemos chegar a esse valor até o fim de novembro.' Cerca de 83% dos empréstimos foram para construtoras e 17%, consumidor final.

Outra conta que teve resultado bastante positivo foi a receita de prestação de serviço, que subiu 21,3%, para R$ 6,47 bilhões. Neste ano, esse faturamento respondeu por 26% do resultado. Os ativos totais somaram R$ 243 bilhões e o patrimônio líquido, R$ 21,77 bilhões.

Vampiros, fantasmas e outros

O professor Costas Efthimiou, da Central Florida University, juntamente com Sohang Gandhi, publicaram um texto denominado "Ghots, Vampires and Zombies". O artigo, que poderia participar perfeitamente do próximo Ignobel, prova que vampiros, zumbis e fanstasmas não podem existir.

Considere o caso dos vampiros. Se cada vampiro mordesse um ser humano por mês, e este ser humano se transformasse em vampiro, basta aplicar um simples cálculo matemático para mostrar esta impossibilidade de existência do vampiro. Neste caso, o crescimento da população de vampiros seria exponencial. Considerando que o mito do vampiro nasceu no século XV, e considerando também o crescimento exponencial da população, em 30 meses toda população humana seria de vampiros.

Clique aqui para ler o texto da pesquisa (PDF e inglês)

O sucesso de Freakonomics

O livro Freaknomics é um sucesso mundial, com mais de 2 milhões de cópias vendidas só nos Estados Unidos e 30 edições estrangeiras. Qual a razão de tal sucesso? Segundo o sítio Economic Principals são diversas as explicações possíveis. O estilo do texto, os temas tratados, a redação da obra etc. Entretanto este sítio destaca a participação decisiva da The New York Times Sunday Magazine. Nesta revista Dubner contou a história de Levitt, que depois foi transformado em livro. Esta mesma revista promoveu, no passado, o também best-seller Chaos, de James Gleick (possui tradução para o português).

06 novembro 2006

Restaurantes brasileiros

Reportagem do Estado de S. Paulo de ontem mostra o bom desempenho das redes de fast-food nacionais. A soma do faturamento do Giraffas, Spoleto, Habib´s e Bob´s atingem a R$1,5 bilhão. Algumas destas redes tem como concorrentes diretos empresa multinacionais. Um ponto comum é a capacidade de adaptação das empresas para o gosto do brasileiro.

Entretanto, salta aos olhos a dificuldade de fazer uma análise maior das próprias empresas. O faturamento é estimado, não existem dados de lucro e investimento e não se percebe uma vontade de colocar para o público as demonstrações contábeis.

A proposta de lei societária exige a divulgação das demonstrações das grandes empresas. Está parada no Congresso e provavelmente não será votada tão cedo.

05 novembro 2006

Duas contabilidades?

O TCU descobriu que os balanços publicados de certas estatais não batem com as operações registradas no Siafi.

Estatais driblam controle com balanços que variam até 3.688%

TCU aponta divergências nos relatórios de 8 empresas federais em relação aos valores que elas registraram no Siafi

Rosa Costa, Adriana Fernandes, BRASÍLIA

Oito empresas estatais apresentam atualmente problemas nos dados financeiros que enviam ao Congresso. Relatório do Tribunal de Contas da União (TCU) aponta disparidades importantes entre os valores registrados pelas estatais federais no Sistema Integrado de Administração Financeira (Siafi) - banco eletrônico cujos dados podem ser livremente fiscalizados pelos parlamentares - e os números declarados pelas empresas em seus balanços. Em termos proporcionais, a maior distorção foi identificada na Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM). Em 2005, a estatal registrou no Siafi que suas obrigações financeiras de longo prazo somavam R$ 2,326 milhões. Ao publicar o balanço, porém, a companhia declarou pendências num total bem superior: R$ 88,114 milhões. Uma diferença de 3.688%.

Os técnicos do TCU analisaram os dados fornecidos no ano passado por dez estatais. Quatro são do grupo das chamadas “dependentes” - aquelas que precisam do dinheiro da União para pagar o salário de seus funcionários e as despesas de manutenção. As outras seis não recorrem a recursos do Orçamento para sobreviver. Em oito delas, foram encontradas discrepâncias entre o registrado no Siafi e declarado nos balanços.

O TCU determinou à Secretaria do Tesouro Nacional, responsável pela contabilidade pública, que adote medidas “necessárias e urgentes” para eliminar as distorções. Estabeleceu como prazo o exercício de 2008. Até lá, o Tesouro terá de “reavaliar as rotinas contábeis atuais aplicáveis às empresas estatais no âmbito do Siafi, bem como na disseminação das informações”. O relatório, assinado pelo ministro Ubiratan Aguiar, foi aprovado por unanimidade na última quarta-feira.

Se nada for feito contra a disparidade de informações, o ministro avisa que o País continuará convivendo com “contabilidades paralelas que impossibilitam o controle real” das empresas. “Mantida a situação atual, não adianta a lei determinar e não haver suporte e controle adequado para a execução das determinações legais”, observa. Deixa ainda patente que as divergências de dados podem comprometer a credibilidade do Siafi.

DESCONTROLE

Já há algum tempo o TCU tinha suspeitas de descontrole contábil das estatais federais, confirmadas agora pelo relatório de Aguiar. Ele servirá de base para o parecer final que o TCU faz anualmente das contas do governo federal. A dúvida maior é se o problema se estende ao registro - e sobretudo à confiabilidade - das contas das estatais no Siafi.

A distorção nos dados foi identificada até mesmo em empresas do porte da Caixa Econômica Federal (CEF) e do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). O lucro líquido da Caixa, em 2005, de acordo com o Siafi, é de R$ 428 milhões. Já o balanço da empresa mostra um desempenho 384,3% maior, de R$ 2,073 bilhões. Os valores do caixa e receitas a receber a curto prazo (ativo circulante) do BNDES no Siafi são de R$ 15,185 bilhões, enquanto no balanço chegam a R$ 38,55 bilhões. A diferença é de 153,9%.

No caso da Empresa Gerencial de Projetos Navais (Emgepron), o lucro líquido declarado ao Siafi foi de R$ 6,14 milhões, mas o do balanço anual foi de R$ 9,8 milhões - diferença de 59,5%. Já a Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) declarou ao Siafi ativo circulante de R$ 1,11 milhão e publicou balanço de ativos de R$ 830 mil, com diferença de 34,4%, só que negativa. Essas disparidades, afirmou Aguiar, abrem brechas no próprio controle dos recursos públicos e possibilitam a criação de passivos e gastos sem dotação orçamentária.

O ministro lembra que as dependentes, por determinação da Lei de Responsabilidade Fiscal, têm necessariamente de “processar toda sua execução financeira no Siafi”. As não-dependentes sem capital aberto - como a Caixa, o BNDES e os Correios -, embora não exista nenhuma lei que determine sua inclusão no Siafi, acabam tendo seus dados publicados no sistema na elaboração do Balanço Geral da União.

No relatório, Aguiar questiona a quem serviria a publicação de dados errados no Siafi e nos balanços das empresas. “Ou se negociam prazos ou formas alternativas para a integração ou perpetua-se a divulgação de dados de qualidade bastante questionável”, adverte .

No relatório, o TCU chama a atenção para o grupo hospitalar Conceição, estatal subordinada ao Ministério da Saúde, que administra os hospitais Cristo Redentor, Nossa Senhora da Conceição e Fêmina, todos no Rio Grande do Sul. Em documentação enviada ao TCU, a empresa admite que realizou “despesas orçamentárias fora do sistema Siafi”.

Como estatal dependente, o hospital não poderia adotar essa prática. Por isso, será punido, conforme determinam as normas de fiscalização pública. O Ministério da Saúde também reconhece em ofício enviado ao TCU que não há respaldo legal para a medida e promete correções no “outro exercício” financeiro, ou seja, em 2007.

REGISTROS

O TCU enfatiza no relatório que as empresas estatais acabam tendo de se submeter a dois tipos diferentes de registro contábil, regidos por leis diferentes: um público e outro comercial. Por isso, admite o tribunal, é natural a ocorrência de diferenças entre os números. Mas as discrepâncias, conforme lembra Aguiar, não podem ser inconciliáveis. Para o tribunal, os balanços devem apontar as razões das diferenças, o que não ocorre hoje. Da mesma forma, os números - pela diferença de legislação - não podem ser totalmente iguais, como foi identificado no caso das estatais Valec Engenharia, Construções e Ferrovias S.A. e a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep).


Fonte: Estado de S. Paulo, 05/11/2006

LRF sob perigo

A Lei de Responsabilidade Fiscal tem sido considerada um avanço na condução política do Estado. Notícia do jornal Estado de S. Paulo de hoje informa que o presidente reeleito "dá sinal verde para aliviar Estados com nova Lei Fiscal". O acordo interessa à oposição, que irá enfrentar o rigor da lei no RS, AL e PB.

Ainda Bolívia

O artigo a seguir, de Norman Gall, coloca que o acordo de nacionalização foi uma vitória política do presidente Morales. Fica claro que é um jogo entre as duas partes, onde a Bolívia precisa do dinheiro para financiar os gastos estatais e a Petrobrás, principalmente, precisa do gás para suprir as empresas brasileiras. As palavras de Ricupero parecem sensatas. Além disto, é interessante notar o índice de aprovação política do presidente boliviano, em queda.

Gás da Bolívia: conflitos e contratos

Norman Gall

O acordo de nacionalização das companhias petrolíferas que operam na Bolívia proporciona uma vitória política muito necessitada ao presidente Evo Morales, cujo governo vem se enfraquecendo com disputas locais e ideológicas que têm testado sua credibilidade. Agora, o foco estará nos investimentos futuros necessários para reverter os esperados declínios na produção e em como atender à crescente demanda doméstica e de exportações.

O acordo de última hora sobre o gás, assinado sob pressão por 10 empresas estrangeiras para cumprir o prazo de 28 de outubro imposto pelos bolivianos, proporciona benefícios de curto prazo a ambas as partes, mas não conseguiu pôr fim às pretensões de ambos os lados. Tanto o governo boliviano como as companhias, especialmente a Petrobrás, precisam muito da continuidade das operações. A Bolívia precisa do dinheiro das exportações de gás para financiar seu governo, ao passo que a Petrobrás precisa do gás boliviano, por enquanto, para alimentar as indústrias no Brasil. Com um peso menor na produção boliviana de gás, a British Gas (BG) tem um papel importante na economia de São Paulo via sua subsidiária Comgás, que depende das importações de gás boliviano.

Referindo-se aos novos contratos, o embaixador Rubens Ricupero, especialista em comércio que preside o Instituto Fernand Braudel de Economia Mundial, advertiu que “acordos firmados sob pressão contêm sempre os germes de futuros conflitos”.

Versões diferentes surgiram rapidamente sobre o que foi acordado em duas questões-chave: investimentos futuros das companhias, e se estas conservam o direito, tal como dispõem os contratos anteriores, de apelar para uma arbitragem internacional em qualquer disputa com o governo ou com sua companhia petrolífera estatal, Yacimientos Petrolíferos Fiscales Bolivianos (YPFB).

Autoridades da YPFB admitem livremente que a Bolívia não dispõe de capacidade técnica e financeira suficiente para desenvolver e operar sua própria indústria de petróleo e gás. Depois das tentativas anteriores de nacionalização em 1937 e 1969, seguidas por acusações de excesso de pessoal e corrupção na YPFB, o papel da companhia estatal, encolhida nos últimos anos, tem se limitado a supervisionar as atividades de operadores estrangeiros. Os novos contratos do gás estão sujeitos à aprovação do Congresso boliviano e às decisões de uma nova Assembléia Constituinte convocada por um referendo organizado por Evo para “refundar” a república.

Agora, os planos de novos investimentos das companhias precisam ser aprovados pela YPFB. Nos cinco meses desde que decretou a nacionalização, em 1º de maio, os índices de aprovação do presidente Evo caíram de 81% para 50% em cinco cidades importantes, segundo a Mori, uma empresa internacional de pesquisas de opinião, e as expectativas são de que ela caia ainda mais nos próximos meses. Enquanto isso, os que acham que a Bolívia avança na direção errada aumentaram de 19% para 59%.

O acordo do gás com 10 companhias estrangeiras pode ajudar a reverter essas tendências. Entretanto, Evo está envolvido em conflitos em várias frentes. Ele disse ao jornal francês Le Monde que “20 especialistas, veteranos militares”, vieram de Santa Cruz para matá-lo num comício político. Alguns dias antes, em meio a rumores de um golpe de Estado, o presidente Hugo Chávez da Venezuela advertiu que “a Venezuela não ficará de braços cruzados se o governo da Bolívia e o povo da Bolívia forem atacados de fora ou de dentro”.

As convulsões da política boliviana produziram seis presidentes desde 2001. A Bolívia vem enfrentando uma agitação quase contínua desde que a violência da rua forçou a renúncia do presidente Gonzalo Sánchez de Lozada em outubro de 2003, em meio a furiosos protestos nacionalistas contra seus planos de exportar gás pelo Porto de Arica, no Chile, um vizinho odiado desde que a Bolívia perdeu suas terras costeiras para o país na Guerra do Pacífico (1879-1984). Em Arica, os suprimentos bolivianos seriam transformados em gás natural liquefeito (GNL) e embarcados em navios especiais para ser entregue em portos do México e da Califórnia. Agora, esses mercados estão sendo abastecidos por GNL indonésio.

A queda de Sánchez de Lozada encerrou duas décadas de estabilidade para a Bolívia. Entre 1978 e 1982, sete presidentes governaram o país. Contudo, junto com o resto da América Latina, a Bolívia alcançou o governo por consentimento dos governados nos anos 80, uma herança preciosa da civilização ocidental, em contraste com os regimes militares que prevaleceram na maior parte da região nas décadas de 60 e 70. A Bolívia experimentou duas décadas de democracia constitucional desde 1982, que presenciaram seis sucessões ordeiras de presidentes livremente eleitos. Ela superou a hiperinflação, conquistando a estabilidade da sua moeda e dos preços. Nas duas últimas décadas, a mortalidade infantil caiu pela metade, a matrícula escolar cresceu de maneira acelerada e as redes de transportes, comunicações, eletricidade e saneamento básico se expandiram, melhorando o padrão de vida num país muito pobre.

Apesar das agitações políticas e mudanças de governo, o desempenho macroeconômico da Bolívia melhorou, influenciado, em grande parte, por um aumento de sete vezes nos volumes de gás exportados desde 2000. A inflação está baixa (3%), apesar dos percalços causados pelos freqüentes conflitos e bloqueios de estradas. A moeda está estável. Sem os impostos e royalties do petróleo e do gás, o déficit do setor público estaria em torno de 10% do PIB durante esses anos em vez de em 3,5% em 2005. Economistas do Banco Mundial prevêem um superávit fiscal de 6% em 2006.

No entanto, o governo de Evo tem sido acusado tanto por torcedores como por adversários de usar uma retórica incendiária enquanto parece incapaz de tomar medidas efetivas. Seu veículo eleitoral, o Movimento ao Socialismo (MAS), é menos um partido estruturado que uma coalizão desses grupos de interesses que já estão clamando por vantagens políticas:

1. Os plantadores de coca (cocaleiros) da região semitropical do Chapare que constituíram a base de sustentação política de Evo desde o início da década de 1990.

2. A Federación de Juntas Vecinales (Fejuve) de El Alto, o gigantesco subúrbio aimará de La Paz, cuja população passou de 11.000, em 1950, para aproximadamente 800.000 hoje, desenvolvendo uma máquina política na qual predominam os pobres cujas greves, marchas e bloqueios de estradas desempenharam um papel-chave para forçar as renúncias dos presidentes Sánchez de Lozada em 2003 e Carlos Mesa em 2005.

3. As cooperativas de mineiros que forneceram tropas de choque em sublevações políticas recentes e no mês passado provocaram choques com os empregados assalariados da Coimibol, a companhia mineradora estatal, sobre o acesso a ricos veios de estanho da mina Huanuni, resultando na morte de 16 trabalhadores e 67 feridos. Em resposta, Evo anunciou que renacionalizaria toda a indústria da mineração, medida que ele posteriormente adiou para o ano que vem.

4. Diversos sindicatos de camponeses e de professores.
Atualmente, o principal teatro dos conflitos é a Assembléia Constituinte, criada por um estatuto que requer maiorias de dois terços para promulgar provisões constitucionais. O MAS conquistou maioria simples na Assembléia, mas não conta com os dois terços necessários para impor sua vontade, paralisando os procedimentos nos últimos três meses. O MAS insiste em que a maioria simples é suficiente para aprovar provisões individuais e afirma que a Assembléia tem poderes transcendentes sobre todas as outras instituições governamentais.

Essas pretensões são contestadas por quatro Departamentos (Estados) das planícies - Santa Cruz, Tarija, Beni e Pando - onde está concentrada a maioria dos recursos naturais da Bolívia, incluindo petróleo e gás, que buscam uma “autonomia” regional para reduzir os poderes do governo central. Na última semana, o governo anunciou que proporia à Assembléia uma reorganização do território da Bolívia em 42 “regiões” de uma maneira que reduziria os poderes das administrações departamentais.

As táticas agressivas de Evo contra o Brasil, apesar da resposta conciliatória do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, mostram a vocação da coalizão do MAS mais para atacar que para construir relações e instituições estáveis. Antes de Lula e a Petrobrás começarem a receber um tratamento rude pelos bolivianos depois do decreto da nacionalização em 1º de maio, Marco Aurélio Garcia, principal assessor de Lula sobre política latino-americana, dizia a visitantes que Evo e o MAS eram a grande esperança de estabilidade na Bolívia.

As ameaças continuaram sobre o confisco forçado das refinarias adquiridas pela Petrobrás em 2000. “Se eu fosse o Brasil, daria as duas refinarias de presente (para a Bolívia) se estamos pensando em nos ajudar a reduzir as desigualdades sociais”, disse Evo numa coletiva à imprensa dois dias depois do anúncio do acordo. “Se alguma companhia não firmasse o contrato, as Forças Armadas estavam preparadas para exercer os (nossos) direitos de propriedade.” O Exército boliviano ocupou por um breve período as instalações da Petrobrás no campo de gás de San Alberto quando Evo decretou a nacionalização.

Nesse clima de incertezas, o novo acordo do gás oferece, a curto prazo, um aumento da receita do governo do MAS, mas deixa sem respostas questões importantes a serem acertadas para assegurar o abastecimento de gás da Bolívia e de seus vizinhos além dos próximos cinco anos. Fontes do setor insistem que os novos contratos não comprometem as companhias com investimentos futuros, concentrando-se no aumento da arrecadação fiscal para a Bolívia com base em volumes produzidos de petróleo e gás, taxas de recuperação de diferentes campos e compensação para as companhias por custos correntes e investimentos prévios. Todos os recursos obtidos com as vendas de gás são depositados numa conta fiduciária gerenciada pela YPFB, que assina os cheques de desembolso para as companhias.

O ministro dos Hidrocarbonetos, Carlos Villegas, disse que o novo acordo triplicará a receita de gás do governo, para U$ 1,1 bilhão, enquanto as companhias investiriam U$ 3,5 bilhões nos próximos três anos para aumentar a produção. Ele antecipou investimentos de U$ 900 milhões pela Repsol, BG e British Petroleum no campo de Margarita, e outros U$ 586 milhões por Total, Exxon-Mobil e BG no campo de Itaú, ambos no departamento meridional de Tarija.

Os investimentos em exploração e produção caíram drasticamente nos últimos anos, de aproximadamente U$ 600 milhões anualmente em 1998-1999 para U$ 200 milhões em 2005. Antes de assinar os novos contratos, a Petrobrás reduziu seus investimentos planejados na Bolívia para 2006-2010 de U$ 2 bilhões para apenas U$ 90 milhões. Das 38 plataformas de perfuração em operação em 2004, restam somente 3. As companhias só estão investindo o suficiente para manter a produção corrente e cumprir as obrigações contratuais.

Depois de uma revisão para baixo das reservas, a Bolívia logo poderá não estar produzindo gás suficiente para atender nem a demanda doméstica, nem os compromissos de exportação. Qualquer aumento da capacidade de produção e exportação da Bolívia demandará grandes investimentos em infra-estrutura, especialmente em poços e oleodutos, envolvendo períodos prolongados de planejamento e construção antes de sua entrada em operação.

“Há pouca ou nenhuma consciência pública na Bolívia sobre o desafio pendente da capacidade de entregar gás natural”, disse Carlos Alberto López, um veterano consultor. “O governo continuou insuflando as expectativas públicas de aumentar a produção de gás, anunciando quase semanalmente novas iniciativas de industrialização, novos projetos de exportação e assinando cartas de intenção com novos investidores e compradores. Todos esses pronunciamentos giram em torno da ilusão geral de que o país possui reservas quase inesgotáveis de gás.”

Os compromissos da Bolívia se expandiram rapidamente com um contrato assinado recentemente pelos presidentes Evo e Néstor Kirchner da Argentina que elevaria as exportações de gás da Bolívia para a Argentina, que precisa desesperadamente de novos suprimentos de gás, de 4,5 milhões de metros cúbicos (mm³) diários hoje para 27,7mm³ até 2010 a um preço de U$ 5 por milhão unidades térmicas britânicas (BTUs), cerca de 20% mais do que o Brasil está pagando hoje. Atualmente, a demanda por gás boliviano é cerca de 1,5mm³ superior a sua capacidade de produção e entrega de 37,5mm³, um déficit que experts independentes acreditam que aumentará para 8,2mm³ até 2010, mesmo sem a nova demanda acrescentada pelo recente acordo com a Argentina, já que sua participação de 30% do novo preço na boca de poço de U$ 4,75 seria quase o dobro do que receberam em 2002 de 68% do preço de boca de poço de U$ 1,17 nas exportações para o Brasil.

Pelos novos contratos e legislação, a YPFB controlará a comercialização de todo o gás boliviano, permitindo-lhe jogar Brasil e Argentina um contra o outro. Os 27,7mm³ prometidos à Argentina até 2010 são aproximadamente equivalentes ao que o Brasil importa hoje da Bolívia. “A competição entre Argentina e Brasil pelos escassos recursos bolivianos no médio e curto prazo poderia colocar a Bolívia numa posição mais forte para pedir novos reajustes de preços, na medida em que ela será incapaz de atender plenamente aos volumes dos dois contratos de exportação pelo menos até 2010”, segundo um novo relatório da Cambridge Energy Research Associates (Cera).

“Esse período infelizmente coincide com um situação de aperto nos mercados energéticos de Chile, Brasil e Argentina que já está compelindo esses governos a recorrerem a combustíveis mais caros, importações de GNL e medidas de administração de demanda.”

Respondendo a essas incertezas, o Brasil está planejando dois terminais de GNL para importar 20mm³ diários até 2008-2009 e está acelerando o desenvolvimento de grandes descobertas de petróleo e gás na Bacia de Santos. A Argentina importou gás boliviano e depois reexportou boa parte dele ao Chile até que os problemas de abastecimento da Argentina, agravados por preços domésticos artificialmente baixos e uma demanda em forte expansão, forçaram uma redução das exportações para o Chile. Agora, o Chile está construindo uma usina de regasificação de U$ 400 milhões para importar GNL, e manifestou interesse em comprar gás boliviano. Mas o ministro boliviano das Relações Exteriores, David Choquehuanca, disse que “primeiro precisamos resolver o problema marítimo”. Ultimamente tem ocorrido discussões discretas entre líderes bolivianos e chilenos sobre a hipótese do Chile ceder uma faixa da sua costa ao longo da fronteira com o Peru para atender à antiga reivindicação boliviana de uma saída soberana para o Pacífico.

Evo e o MAS estão na encruzilhada entre confronto e cooperação. Seus apoiadores mais radicais resistirão à cooperação, a menos que Evo consiga mostrar claramente as vantagens de desenvolver uma relação operacional viável com companhias e governos estrangeiros. Do contrário, os problemas da Bolívia se multiplicarão.

(1) Fundación Milenio, Boletín Mensual. La Paz, agosto-setembro 2006/p.8

(2) Fundación Milenio, Informe de Milenio sobre la Economia en el Primer Semestre de 2006, La Paz, setembro 2006/ p. 80.

(3) Dados do Banco Central da Bolívia, Sexta Revisão do Acordo de Standby do FMI (novembro de 2005), e Juana Patrícia Jiménez, Trayectoria Macroeconomica. La Paz: Fundación Milenio, maio 2006.

(4) “El Gobierno planea crear 42 regiones y otro nivel de poder”, La Nación. La Paz, 2 de novembro de 2006.

(5) “Bolívia recibirá U$ mil millones”, La Republica. Lima: 2 de novembro de 2006.

*Norman Gall é diretor-executivo do Instituto Fernand Braudel de Economia Mundial. Ele passou três semanas na Bolívia, onde faz pesquisas desde 1965.

Econometria

Nunca é demais citar novamente os dois papers de Kennedy sobre econometria (em PDF e inglês):

Sinning in the Basement: What are the Rules? Ten Commandments of Applied Econometrics

Oh no! I got the wrong sign! What should I do?.

Mudança de Clima

Para quem se interessa sobre contabilidade ambiental, Stern Review Report está disponível para download ou para compra.

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Hipótese dos Mercados Adaptáveis

Este é um dos temas que provavelmente ainda vamos ler muito no futuro. Desde que foi criada a Teoria de Carteiras (CAPM, em particular), esta teoria vem recebendo inúmeras críticas. Na década de 1970 apareceu as Finanças Comportamentais como uma tentativa de explicar certas anomalias no comportamento humano. Uma possível vertente deste estudo tem sido realizado pela neuroeconomia, que estuda como o ser humano toma suas decisões.

Recentemente apareceu uma nova linha de estudos, promovida por Andrew Lo, da Hipótese dos Mercados Adaptáveis. A reportagem a seguir, publicada no Valor Econômico de 19/9, faz um breve resumo do que seria isto:

Viver e aprender

Por Danilo Fariello
Quando dois aviões atingiram o World Trade Center, em um dos maiores atentados terroristas da história, os mercados mundiais desabaram. Seus efeitos duraram vários dias e alguns analistas acharam que nada voltaria ao que era antes pelo receio de novos ataques. Cinco anos e vários atentados depois - incluindo um em Madri e outro em Londres -, os agentes do mercado já não reagem com a mesma apreensão aos riscos do terrorismo. Esse comportamento ratifica uma nova teoria que estuda a ação dos investidores no ambiente econômico e que pode ajudar na montagem de estratégias de investimento tendo em vista mudanças globais, permitindo até tirar proveito delas.

As teorias que pregam que decisões econômicas não são pautadas apenas por motivos racionais já são bastante respeitadas entre agentes do mercado financeiro. Prova disso é seu desenvolvimento e questionamento, que resultaram na criação da nova Hipótese dos Mercados Adaptáveis (HMA), consolidada em artigo recente de Andrew Lo, economista do MIT Sloan School of Management. Sua tese é um meio do caminho entre aqueles que acham que o mercado é puramente racional - adeptos da Hipótese dos Mercados Eficientes (HME) - e os que acham que ele seria totalmente irracional, dadas as características psicológicas inatas de cada agente. A nova tese, segundo Lo, permitiria entender melhor fenômenos cíclicos da economia, como bolhas, e melhorar a administração de investimentos.

A HMA prevê, em resumo, que o mercado financeiro tende à racionalidade até que surjam alterações de conceitos básicos que tornem as previsões irracionais. Os agentes econômicos passariam por processos de adaptação a novas realidades. Exemplos recentes são a bolha da internet e reviravoltas do mercado com os atentados.

A tese clássica prevê que os agentes do mercado sempre agem racionalmente ao aplicar recursos, buscando a melhor relação entre retorno e risco. Já a psicologia comportamental diz o contrário, ou seja, que os agentes sempre agem movidos por emoções pessoais, como egoísmo, competição, medo e euforia. A HMA prevê ciclos, que, quando alterados, elevam a motivação irracional dos agentes do mercado, explica Ilan Ryfer, sócio responsável por estratégias de investimento da corretora Hedging-Griffo. Conforme a situação se acomoda ou torna-se mais corriqueira, os agentes vão retomando a racionalidade. Até que ocorra uma nova ruptura, como nos atentados.

Avanços tecnológicos, como a bolha das empresas pontocom no início da década, seriam o motivo mais comum de mudanças de ciclos econômicos que aumentam a irracionalidade do mercado. "No começo da onda de internet, as empresas do setor eram avaliadas muito acima de seu valor patrimonial e, atualmente, muitas não valem tanto ou desapareceram", diz o economista Ryfer. No entanto, ele avalia que a identificação de um novo período irracional, como o da atual bolha dos imóveis americanos, é difícil de ser comprovado ao longo do processo.

Segundo a tese dos mercados adaptáveis, pequenos ciclos em mercados e setores específicos ocorrem sistematicamente, oferecendo brechas para a busca de lucros mais altos com possíveis distorções irracionais o tempo todo. Mas a tese pura da psicologia comportamental prevê que não necessariamente um mercado com valores distorcidos por questões irracionais migrará para a racionalidade, lembra Vera Rita Ferreira, psicóloga econômica e representante nacional da Associação para Pesquisa em Psicologia Econômica (Iarep, na sigla em inglês). Exemplos são a bolha da internet, que demorou anos para estourar ou a bolha imobiliária nos EUA atualmente, já sinalizada há anos.

A HMA tem raiz na psicologia evolucionista, que prevê o aprendizado das pessoas, num paralelo com a teoria de Charles Darwin, explica Roberta Muramatsu, pesquisadora de finanças comportamentais e professora de economia do Ibmec-SP e do Mackenzie. Por essa teoria, certas pessoas teriam traços que os auxiliariam a identificar melhor os movimentos do mercado. "Esse é um dos motivos porque alguns gestores e investidores prosperam e outros não."

Copiar estratégias desses vencedores ajuda, mas é preciso compreender também que o ambiente econômico está em constante mutação e a mesma estratégia poderia não funcionar numa segunda vez, diz a economista. "Não dá para termos a pretensão de nos adaptarmos na mesma velocidade do ambiente", afirma Roberta, acrescentando porém que "também não somos fadados à irracionalidade".

A tese dos mercados adaptáveis traz aos estudos das finanças comportamentais o entendimento de que não são apenas as pessoas que interferem na economia, mas que o próprio ambiente é fator que influencia o comportamento financeiro, diz Roberta. "Hoje, temos de responder muito rápido a decisões econômicas, portanto podemos agir mais irracionalmente frente a uma novidade" explica. "Mas acredito na otimização e maximização das decisões com o tempo."

A tese evolucionista já é antiga nos debates sobre psicologia, embora controversa, mas sua incorporação reforça a aceitação de temas relativos à mente no universo dos economistas, diz Vera Rita. A tendência é que a discussão se amplie para além da psicologia econômica tradicional. Na semana passada, o psicólogo Waldemar Magaldi Filho lançou o livro "Dinheiro, saúde e sagrado", sobre o valor cultural, consciente e inconsciente, do dinheiro na vida das pessoas, tendo base nas teorias de Carl Gustav Jung, dissidente das teses de Sigmund Freud.

Balanço Social

Uma reportagem do mês passado afirma que a publicação de relatórios com ações sociais é pequeno no País. Isto pode significar espaço para crescimento nesta área:

Balanço social ainda pode crescer

Estudo mostra que apenas 29% das empresas publicam relatórios de ações sociais

Andrea Vialli

A publicação de balanços sociais - documentos nos quais as empresas prestam contas de sua atuação social e ambiental - ainda está longe de fazer parte da realidade das companhias brasileiras. 'Houve um 'boom' na publicação desses balanços entre 1999 e 2003. Hoje há poucos avanços', diz Claudia Mansur, coordenadora de Balanço Social do Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase).

Segundo Cláudia, a exceção fica para as micro e pequenas empresas, que se mostram a cada dia mais atentas à responsabilidade social, até por exigência de seus clientes. 'É nas pequenas empresas que a publicação dos balanços tende a crescer, puxada pelas cobranças das grandes empresas que compram seus produtos', explica. O Ibase, ONG criada pelo sociólogo Herbert de Souza, foi a primeira instituição a apresentar, ainda na década de 1990, um modelo de balanço social para os grupos brasileiros.

A mais recente pesquisa do Instituto ADVB de Responsabilidade Social, ligado à Associação dos Dirigentes de Vendas e Marketing do Brasil, divulgada na semana passada, dá uma mostra da pouca penetração dos balanços sociais entre as empresas brasileiras. Entre os 3.110 grupos de todo o País ouvidos pela pesquisa - todos retirados do cadastro da ADVB -, apenas 29% publicam balanços sociais.

O estudo mostra, por outro lado, que o investimento empresarial em projetos sociais está crescendo: o gasto das empresas com esses projetos aumentou 28% no ano passado em relação ao ano anterior. Mas a publicação dos balanços só cresceu um ponto percentual: em 2004, 28% das empresas apresentaram o documento.

Segundo Livio Giosa, diretor do Instituto ADVB, as empresas mais dependentes do mercado internacional - basicamente, as exportadoras - têm uma preocupação maior de publicar o documento, já que pode se tornar um verdadeiro cartão de visitas em alguns mercados. Na Europa, por exemplo, pode se tornar um importante diferencial na hora de fechar negócios. 'As empresas de capital aberto também têm mostrado mais preocupação com a publicação do balanço social', diz Giosa. 'No mundo inteiro, os investidores estão mais atentos a esse tipo de informação.'

No Brasil, um dos termômetros para se avaliar a preocupação das empresas em publicar esses documentos é o prêmio anual Balanço Social, que avalia os melhores relatórios. Este ano, foram premiadas empresas como Samarco Mineração, Usiminas e Banco Itaú.

Mas o número de inscritos caiu sensivelmente este ano: foram 69, ante 166 no ano passado e 167 em 2004. De acordo com Cláudia, do Ibase, uma das entidades que promovem o prêmio, a redução ocorreu porque o regulamento da premiação se tornou mais rigoroso e também por causa da estagnação no número de empresas que publicam esses balanços.

MODELO INTERNACIONAL

Fora do Brasil, a Global Reporting Initiative (GRI), entidade que fornece um modelo internacional para publicação de balanços sociais, fez algumas mudanças nas regras. Agora, as empresas preenchem uma planilha que fica disponível para consulta no site da entidade - uma reivindicação feita pelo mercado financeiro, em busca de maior transparência. 'As empresas tendem a ficar mais expostas, o que facilita a análise dos bancos e investidores', explica Christopher Wells, superintendente de risco socioambiental do ABN Amro Real.

O modelo da GRI é considerado complexo, e são poucas as companhias no Brasil que adotam o padrão: 19, incluindo empresas de capital nacional, como Petrobrás e Natura, e multinacionais com operação no País, como a Philips. No mundo todo, são 895 empresas.


Fonte: Estado de S. Paulo, 09/10/2006

Enquanto isto, o Índice de Sustentabilidade Empresarial da Bovespa (ISE), que contempla as empresas com responsabilidade social, tem apresentado desempenho superior a própria Bovespa, conforme reportagem a seguir do Jornal do Commercio, de 26/10/2006. Temas para pesquisa!

Responsabilidade social, às vezes, rima com lucro

Fundo do Itaú, um dos seis com foco em ética empresarial, supera o Ibovespa


JULIANA ENNES
DO JORNAL DO COMMERCIO

O mercado financeiro, dito frio e impessoal, foca-se cada vez mais em preocupações sócio-ambientais. Apesar de o mercado no Brasil ainda ser muito pequeno, a perspectiva é de crescimento contínuo na área de investimentos socialmente responsáveis. A rentabilidade do Fundo Itaú Excelência Social, no acumulado do ano, foi superior tanto ao IBrX-50 - índice utilizado como parâmetro - quanto ao Ibovespa, principal benchmark do mercado de Bolsa no Brasil. No período, de acordo com dados do Itaú, a valorização do FIES foi de 19,22%, enquanto o IBrX-50 obteve ganhos de 15,72%, até o último dia 19, e o Ibovespa subiu 16,31%.

O Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) da Bovespa ainda não é utilizado como parâmetro para a maioria dos fundos que visam empresas com responsabilidade social. O índice, criado há menos de um ano, começou a valer somente no dia 1º de dezembro de 2005, com parâmetros semelhantes ao Dow Jones - mais importante indicador da performance financeira das empresas líderes mundiais em sustentabilidade, lançado em 1999 . Para o mercado, o índice brasileiro ainda precisa ser ajustado. A rentabilidade foi bastante superior aos demais índices, com ganhos de 24,24% no ano, o que foi considerado pontual.

- O ISE precisa de avanços. Já foi um bom começo a sua criação, mas é preciso ajustar não somente a composição da carteira, como o peso das empresas. Cerca de 60% do índice são compostos por ações de bancos, por exemplo. O Brasil ainda está engatinhando em termos de investimentos socialmente responsáveis - disse o superintendente de operações de Renda Variável do Itaú, Walter Mendes. Com a dificuldade de utilização do ISE como referência, os bancos criaram critérios próprios de seleção das empresas em que aplicar recursos. Leva-se em conta a governança corporativa, práticas sociais e gestão ambiental. Há também critérios de eliminação. Não se aplica em empresas ligadas a vício, como álcool, fumo e jogos; além de excluir também indústrias bélica e de energia nuclear.


Preocupação reflete onda vinda do mercado externo

O crescimento da preocupação com a responsabilidade social no Brasil vem de experiência vivida no exterior. Nos últimos 10 anos, o volume em investimentos socialmente responsáveis teve forte elevação. Dos US$ 24,4 trilhões de administrados nos EUA, até o final de 2005, 9,4% são investimentos socialmente responsáveis, de acordo com a Nelson Information"s Directory of Investiment Managers, citada pelo Itaú. Nos mercados emergentes, este montante ainda é muito inferior. Também em 2005, este tipo de investimento somava US$ 2,7 bilhões. Os dados no Brasil são mais atualizados, sendo difícil a comparação, já que a tendência é de constante crescimento do segmento. De qualquer forma, para ilustrar como o País ainda está começando a enxergar essa importância, apenas 1,4% da indústria brasileira de fundos foca empresas socialmente responsáveis, somando R$ 390 milhões, dos atuais R$ 28,5 bilhões. No Brasil, aplicações socialmente responsáveis ainda são sinônimo de investimentos em ações. Isso faz com que, apesar da rentabilidade positiva obtida até então, seja considerado produto de risco. Já entre fundos de ações, o investimento, no longo prazo, é considerado de médio risco. Portanto, por mais que o acesso esteja cada vez mais fácil, não é qualquer investidor que está disposto a colocar dinheiro em aplicações socialmente responsáveis.


Fundos éticos somam seis no Brasil

Atualmente, há seis fundos no Brasil voltados exclusivamente para empresas socialmente responsáveis. O pioneiro foi o ABN Amro, que lançou o fundo Ethical em 2001. Sua participação atual no segmento é de 28%, e a rentabilidade de 17,53% este ano. Em 2004, o Itaú lançou o FIES e já tem 57% do patrimônio líquido. As outras instituições, com lançamentos mais recentes, ainda em 2006, e por isso, com participação menor no mercado, são Bradesco (5%), Banco do Brasil, HSBC (6%) e Safra (4%). Não por acaso, os bancos que lideram o ranking de ativos no país.

Palavras

Interessante uma declaração do presidente da Petrobrás a Folha de São Paulo no dia 1o. de novembro:

"A Petrobrás não está perdendo dinheiro nas atividades de exploração e produção de gás na Bolívia".

Considerando que os recursos aplicados anteriormente representam custo perdido, a afirmação pode estar correta. Entretanto, o próprio relatório anual de 2005 alertava para os riscos da Bolívia.

A reportagem também comenta que o presidente da Petrobrás afirmou ser boa a rentabilidade da empresa, algo em torno de 15% ao longo de 30 anos de vigência do acordo. Uma afirmativa desta deveria ser comparada com o custo de oportunidade de investimento de igual risco e condições. Talvez 15% seja pouco diante do risco envolvido na operação.

04 novembro 2006

Pequeno teste

A questão da amortização do ágio no Itaú. Teste seus conhecimentos. Clique aqui

Links

Links

Uma entrevista de Eugene Fama para Financial Engineering News, onde conversa sobre "efficient markets hypothesis" ou hipóteses do mercado eficiente. Fama é um dos autores mais citados na área de finanças, tendo publicado cerca de cem artigos. - Clique aqui

Notícias censuradas, incluindo a presença de tropas norte-americanas no Paraguai - Clique aqui

A história do FBI nasceu com a contratação de contadores - clique aqui

O que faz um país rico? Recursos humanos - clique aqui

03 novembro 2006

Condenado por Fraude

Segundo informa a imprensa, Sanjay Kumar, ex-diretor-executivo da companhia Computer Associates (CA) recebeu a condenação de doze anos de prisão. Motivo: envolvimento em uma fraude contábil, com valor estipulado de mais de US$ 2 bilhões. As irregularidades ocorreram entre 1999 e 2000.

Fatos da Semana

Fatos da Semana:

1. Lucro das companhias aéreas

2. Prejuízo do setor de turismo

3. Setor financeiro bate recorde de valor de mercado

4. A espera pela assembléia da Telemar

5. Pressão para mudar a política econômica

6. Orçamento público brasileiro é eleito um dos mais abertos do mundo

Efeito dos controladores de Vôo

O problema dos aeroportos, com a greve dos controladores de vôo e seus efeitos para as empresas.

De um lado, o prejuízo na ocupação dos hotéis (Clique aqui). O setor de turismo tem perdas em razão dos cancelamentos. Provavelmente a perdas serão também de médio prazo, com a redução do número de pessoas que neste momento estão fechando pacotes nas agências de viagem.

De outro lado, as companhias aéreas estão alegando prejuízo, com aviões parados no chão ou com o maior consumo de combustível para o caso de aviões que têm dificuldades de obter autorização para pouso. Entretanto, a TAM anunciou lucro recorde, de R$421 milhões.

Ainda Petrobrás e Bolívia

Reportagem de hoje do Valor Econômico comenta a negociação da Petrobrás:

Fonte: Negociação do gás recomeça e Bolívia quer reajuste de 25%, de Cláudia Schüffner:

Nota-se o seguinte:

1) A mudança do local da reunião, que foi transferida do Rio para La Paz. Isto pode ser um sinal de quem está mandando na pauta de negociação;

2) A Bolívia que um aumento no preço de 25%. Isto representa um despesa adicional para Petrobrás de $250 milhões, que será, obviamente, transferida para o consumidor. Lembre-se: o consumidor é principalmente do Estado de São Paulo, que pode coincidência, votou na oposição. Ou seja, o problema político do aumento do preço pode ser repartido com a oposição.

3) A direção afirma que não aceita o aumento.

4) Um relatório do banco Credit Suisse, citado na reportagem, "calcula que o novo preço do gás é de US$ 3,37 por milhão de BTU na "cabeça do poço" na Bolívia, depois dos impostos, e sem incluir os custos de transporte pelo gasoduto da GTB, e no Brasil pela TBG, que opera o Gasbol. Com o transporte, o gás chega a São Paulo por US$ 5,20 e a esse preço são acrescidas as tarifas das distribuidoras locais." . Não seria custo?

5) O preço do gás boliviano em São Paulo não estaria distante do preço do mercado no mercado norte-americano. Entretanto, acredito que análise deve ser feita em termos do custo de oportunidade, comparando com alternativas disponíveis.

6) O relatório do Credit Suisse conclui que nas condições atuais as empresas podem recuperar custos de US$ 316 milhões por ano e ter uma margem de lucro de US$ 104 milhões/ano, o que é um boa margem. Deste total, 35% são da Petrobras

7) Nestas condições, o governo da Bolívia recebe US$ 600 milhões por ano pelos dois maiores campos do país.

8) Estes valores estão próximos as condições ocorridas nos últimos anos. Mas se o preço do petróleo cair para US$ 30 o barril Brent. Ou seja, é uma aposta.

Fraudes na Internet

Um dos grandes problemas com os anúncios na internet é a aparente facilidade de medir o retorno. Entretanto, os anunciantes estão exigindo que as empresas online contratem auditores para verificar a contagem dos anúncios e visitantes.

Como se sabe, a publicidade na internet é baseada em cliques. Quando um usuário entre no endereço e clica o anúncio tem-se a geração de receita para as empresas online. A questão é que as medidas dos endereços não são confiáveis: um mesmo usuário, que utiliza dois computadores diferentes, é contado em duplicidade.

Leia a reportagem a seguir do New York Times, publicado no Estadão de 3/11/2006, p. B7:

Anunciantes querem garantias na internet

Grandes empresas começam a exigir uma contagem mais rigorosa dos acessos a seus anúncios nos sites

Louise Story

Empresas de internet têm tido um grande sucesso em vender espaço publicitários, em parte porque, supostamente, a eficácia desses anúncios é medida com facilidade. Mas os especialistas em marketing, mesmo continuando a deslocar mais dinheiro para a publicidade online, começam a exigir melhores comprovações de resultados.

Um grupo de grandes empresas, entre elas a Kimberly-Clark, a Colgate-Palmolive e a Ford, disse que, em meados de 2007, exigirá que os agentes de publicidade online contratem auditores para verificar as contagens de seus anúncios e do número de visitantes. E analistas dizem acreditar que o aumento dos anúncios online a longo prazo dependerá da avidez de grandes anunciantes como esses.

Em reação às dúvidas dos anunciantes, empresas de internet como Google, Yahoo e LookSmart começaram a se reunir com grupos industriais para responder questões básicas sobre como funciona a publicidade baseada em cliques. Outras empresas estão preocupadas que a chamada fraude do clique possa estar elevando suas contas de publicidade e, por isso, compartilham seus dados de anúncio confidenciais com as rastreadoras de cliques, que tentam descobrir a freqüência de tais cliques fraudados.

Há uma variedade de motivos por trás da fraude do clique. Às vezes, círculos de pessoas participantes da fraude clicam em anúncios de redes de publicidades afiliadas - como a Google AdSense - para que esses hospedeiros de sites façam mais dinheiro (o qual, às vezes, é compartilhado com os membros do círculo).

Um outro motivo é derrubar um anúncio de um concorrente de um site mais cedo, pois muitos anúncios são postados com o acordo de ficarem no ar só até terem atraído determinado número de cliques.

Mesmo empresas de medição online com reputações sólidas como a Nielsen/NetRatings, estão passando por novas homologações para provarem que suas contagens estão dentro dos padrões exigidos.

A elevação de 30% na receita de publicidade na internet nos últimos três anos provocou estremecimento em muitas pessoas da mídia. Cada vez mais, as empresas tradicionais de mídia têm visto anunciantes e consumidores passaram para a mídia eletrônica, e essa transferência tem encolhido seus rendimentos e influído negativamente no preço de suas ações.

Mas a verdade é que a internet ainda atrai apenas uma parte minúscula do total de gastos com anúncios.

No ano passado, os anúncios na web corresponderam a apenas 4,7%, ou seja, US$ 12,5 bilhões, dos US$ 267 bilhões gastos com publicidade nos EUA, segundo o Interactive Advertising Bureau (Instituto de Publicidade Interativa), uma associação de classe dos agentes de mídia online.

A Procter & Gamble, que foi a maior anunciante do país no ano passado, gastou em 2005 US$ 33,4 milhões em anúncios online, o que representa menos de 1% do seu orçamento publicitário, que foi de US$ 4,6 bilhões. A General Motors, a segundo maior anunciante, gastou US$ 110,5 milhões online, ou seja 2,5% do seu total de US$ 4,35 bilhões, segundo a TNS Media Intelligence.

'A natureza dessas organizações não é estar na ponta de uma grande revolução, mas sim assumir uma abordagem que visa uma maior precisão nisso', disse John Swallen, vice-presidente sênior de pesquisa da TNS. Esses grandes anunciantes 'precisam e querem mais prestação de contas para tomar suas decisões quanto ao dispêndio com publicidade'.

CONFIANÇA

Michael Zeman, diretor da Starcom IP, concorda que as medições nos sites nem sempre são confiáveis. Por exemplo, alguns sites de mídia contam uma pessoa específica como dois visitantes se essa pessoa utilizar tanto o computador doméstico como o do trabalho para visitar um mesmo site, disse.

O Interactive Advertising Bureau (Instituto de Publicidade Interativa) dos Estados Unidos foi procurado no início do ano por vários grandes agentes de mídia preocupados com a questão. O instituto juntou esses agentes numa carta pública declarando que a publicidade na web precisa ter seu sistema de rastreamento de anúncios monitorado e homologado pela Media Rating Council, uma entidade sem fins lucrativos com sede em Nova York. Esse conselho tem o rastreamento de mídia homologado desde a década de 1960 e é o principal árbitro do rastreamento de sites na web.

'Queremos deixar claro publicamente que esta é uma questão importante para nós', disse Braid Santeler, diretor de mídia e gerenciamento de relacionamentos da Kimberly-Clark, uma das empresas que quer a auditoria das contagens de anúncios dos sites online.

George Ivie, diretor-executivo do Media Rating Council, disse que os agentes de publicidade online demoraram para auditar seus números porque os anunciantes não exigiam isso. 'Ninguém está impingindo a questão', disse Ivie. 'Eles não estão dizendo que não vão comprar se não tiver credenciais'.

O grupo de Ivie e o instituto também estão comandando uma tentativa de criar padrões para anúncios que dependem de cliques e formaram um grupo para discutir a questão. Entre outras tarefas, é muito provável que o grupo estabeleça a definição de cliques válidos, inválidos e fraudulentos.

Mas, embora anunciantes e agentes da publicidade online digam que medições mais padronizadas irão ajudar, especialistas argumentam que as discussões tendem a durar para sempre. 'Vimos conversando sobre a medição na mídia impressa e na televisão há anos', disse Barbara Bacci Mirque, vice-presidente-executiva da Associação Nacional dos Anunciantes. 'Provavelmente, vamos discutir as medições online também durante anos'.

Rir é o melhor remédio - 22


O retrato de uma apresentação num congresso acadêmico. Diversas vezes passei por esta situação...

Bolsa de Nova Iorque e a Contabilidade

Recentemente tem-se observado uma tendência das empresas mundiais de escolherem a bolsa de Londres em lugar do mercado norte-americano, ou seja, a bolsa de Nova Iorque. Possíveis explicações podem ser encontradas para este fato, mas a maioria delas tem sua origem na questão regulatória: o mercado norte-americano está muito regulado devido a Sox e existe uma grande quantidade de possibilidade de processos judiciais no direito norte-americano, alguns deles desnecessários.

Duas outras possíveis causas tem sido citadas para tentar explicar esta preferência por Londres: a globalização do mercado de capitais e a incompatibilidade dos padrões contábeis. O prefeito de Nova Iorque, Michael Bloomberg, sugeriu, de forma polêmica, que os padrões norte-americanos são incompatíveis com os padrões mundiais, propostos pelo Iasb.

Isto despertou reações pois provavelmente não é verdade que os padrões do Iasb sejam melhores (ou piores) que os do Fasb. As pesquisas existentes não são conclusivas. Além disto, existe todo um movimento para compatibilizar ambos os padrões.

Nintendo opta pelo simples e barato

Reportagem do Wall Street Journal mostra que a Nintendo está na contramão no setor de games.

Nintendo tenta reinventar mercado com videogame mais simples
November 3, 2006 4:05 a.m.

Por Yukari Iwatani Kane e Nick Wingfield
The Wall Street Journal

Vinte anos depois de comandar o mercado de consoles de videogame e as tardes dos adolescentes, a Nintendo Co. está parada no terceiro lugar, ultrapassada pela Sony Corp. e a Microsoft Corp.

Agora, a Nintendo está tentando reinventar o mercado indo atrás de um público pouco explorado — pessoas com mais de 25 anos. Num novo console a ser lançado este mês, a empresa está buscando simplicidade, em vez do poder de computação e dos gráficos velozes que puseram suas rivais na frente.

A empresa ainda vai vender os clássicos jogos de tiros e novas edições de seus sucessos dos anos 80, como Super Mario Brothers. Mas a Nintendo vai passar de joysticks e polegares ágeis para um novo tipo de controle que os jogadores movimentam no ar. Eles podem ficar em pé na sala de estar e imitar o movimento de lançar uma vara de pescar, arremessar uma bola de boliche ou fazer um voleio no tênis — e ver isso acontecer na tela da TV.

Se a arriscada estratégia da Nintendo for bem-sucedida, pode pôr em questão a idéia dominante na indústria de videogames, que movimenta US$ 17 bilhões por ano: a de que o sucesso está na máquina mais rápida, mais poderosa possível, seja qual for o custo. É por isso, em parte, que a Sony domina o setor desde 2000 com seu PlayStation 2, uma máquina tão poderosa que o governo japonês temia que pudesse ser usada para o desenvolvimento de armas avançadas. O PlayStation 3, que será lançado nos Estados Unidos uma semana antes do novo console da Nintendo, é ainda mais poderoso. A Microsoft, segunda colocada, está usando uma estratégia similar com seu Xbox 360, lançado ano passado.
[nintendo]

À medida que mais consumidores se sentem alienados por aparelhos cada vez mais complicados, algumas empresas estão tentando ganhar uma vantagem competitiva fazendo designs mais claros e simples. A Nintendo espera que uma inovação menos complexa consiga ter tanto impacto no mercado quanto a velocidade maior de um chip de computador — e a um custo menor.

A Nintendo tem tido lucros saudáveis em parte porque ela conta com produtos que são mais simples e custam menos para fabricar. A despeito de sua terceira colocação, ela teve lucro de US$ 841 milhões para um faturamento de US$ 4,35 bilhões no ano passado. Ela espera que seu novo sistema — chamado de Wii — e seus games sejam rentáveis em um ano.

Em contraste, a Sony e a Microsoft estão gastando bilhões de dólares no desenvolvimento de suas máquinas, com pouco retorno até agora. Os videogames da Sony geraram um lucro de US$ 75 milhões e receita de US$ 8,19 bilhões no ano fiscal encerrado em março de 2006. A Microsoft não lucrou ainda nenhum centavo com sua divisão Xbox, dizem analistas.

No Japão, a demanda por consoles de videogame está em queda. Nos últimos três anos, o número de aparelhos vendidos no país caiu mais de 8%, enquanto cresce o número de pessoas que não estão interessadas em jogar, segundo um levantamento anual feito pela Associação de Fabricantes de Eletrônicos para Entretenimento. As vendas tanto de consoles quanto de games caíram cerca de 20% de 2000 a 2005, para 496,5 bilhões de ienes (US$ 4,3 bilhões).

Nos Estados Unidos, a porcentagem de domicílios com consoles não passou dos 36% nos últimos dez anos, de acordo com a firma de pesquisa de mercado Odyssey LP, de São Francisco. As vendas de consoles nos EUA quase triplicaram no mesmo período, com as fabricantes vendendo mais jogos para o mesmo universo de usuários.

"Todos pensavam que os consumidores continuariam a comprar novos consoles desde que pudessem jogar games mais reais e impressionantes", disse o diretor-presidente da Nintendo, Satoro Iwata, ao Wall Street Journal. Embora os fãs tenham aplaudido os novos jogos, disse, "também havia pessoas que discretamente se afastaram porque eles ficaram complexos demais".


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02 novembro 2006

Auditorias querem proteção do governo!

Auditorias querem proteção de governos em processos judiciais
November 2, 2006 4:05 a.m.

Por David Reilly
The Wall Street Journal

Os negócios estão a pleno vapor nas maiores firmas de auditoria do mundo, por isso a maior prioridade delas na defesa de seus interesses pode parecer irônica: elas querem proteção dos governos em caso de um grande abalo financeiro.

As receitas das quatro maiores firmas de contabilidade — PricewaterhouseCoopers, Deloitte & Touche, Ernst & Young e KPMG — cresceram num ritmo de dois dígitos nos últimos anos, quando as comissões que elas cobram dispararam. Mudanças na legislação americana aprovadas depois de escândalos contábeis desta década resultaram em mais trabalho para essas firmas. Um dos maiores problemas que elas enfrentam atualmente é a falta de pessoal para atender à enorme demanda por serviços.

E no entanto as quatro gigantes querem limitar as indenizações judiciais que investidores e outras partes possam tentar forçá-las a pagar por causa de erros na auditoria de companhias abertas. Sem essa proteção, elas dizem, é só uma questão de tempo até que uma delas seja derrubada por uma gigantesca indenização judicial.
[numbers]

O argumento delas está sendo defendido por um influente grupo formado recentemente para estudar a competitividade dos mercados financeiros americanos, com o estímulo do secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Henry Paulson. Espera-se que o grupo vá recomendar nas próximas semanas que o governo aprove novas proteções para as firmas de auditoria. Um comitê criado dentro da poderosa Câmara de Comércio dos EUA está manifestando uma preocupação similar. Na Europa, a Comissão Européia está estudando a questão e deve recomendar limitações às indenizações com que as firmas de auditorias devem arcar.

O risco que as grandes auditorias de fato enfrentam tem estado em grande parte fora do debate sobre a responsabilidade civil delas. A despeito de uma série de ações na Justiça com grandes valores, que resultaram de escândalos corporativos, nenhuma das firmas sofreu um golpe fatal a partir dessas ações. A única grande firma de auditoria que quebrou, a Arthur Andersen LLP em 2002, foi vítima não de uma ação por responsabilidade civil, mas de uma condenação criminal por obstrução de Justiça, que posteriormente foi anulada num recurso.

"Não acho que os auditores tenham uma necessidade real de nenhum tipo de proteção especial", diz Bill Kelley, diretor jurídico da previdência do Estado do Alabama, que processou firmas de contabilidade depois de quebradeiras de grandes empresas. "É preciso que a cobrança das firmas de auditoria seja elevada. Elas são as pessoas de fora das companhias com que nós contamos. É duro ter essa responsabilidade, mas é para isso que elas estão sendo pagas."

As firmas dizem que a proteção especial é necessária porque elas podem ser processadas não somente pelas empresas cujos livros contábeis auditam, mas também por outras partes, como acionistas. Esses investidores, acrescentam as firmas, tentam usar as firmas de auditoria para recuperar perdas que tiveram nas bolsas.

"O custo de nossos serviços de auditoria nunca foi calculado para servir de seguro ao mercado de capitais", disse William G. Parrett, diretor-presidente da Deloitte Touche Tohmatsu, o braço internacional da Deloitte & Touche. "Não acho que estejamos dizendo que não devíamos ter nenhuma responsabilidade, mas ela precisa ser proporcional à nossa participação em qualquer problema."

01 novembro 2006

Sox é relevante para empresa brasileira?

Um estudo que está sendo realizado por um aluno de graduação da UnB, Eric Mattos, com supervisão do prof. Paulo César Mendes, tenta verificar o impacto da SOX nas empresas brasileiras.

Os dados de 2006 mostram que o mercado percebeu positivamente a implantação das exigências da Sox, como é o caso da Gol. Já outras empresas, como por exemplo a Braskem e o Itaú, a implantação da Sox não afetou a percepção do mercado.

Mattos utilizou o estudo de eventos, comparando o comportamento dos preços das ações em relação ao mercado e a data de implantação das exigências da Sox.

Infelizmente as poucas empresas brasileiras implantaram efetivamente a SOX termina por ser uma limitação do trabalho. Isto não impede que no futuro o trabalho de Mattos não possa ter uma amostra maior.

Casamento


De um livro sobre casamento:

"Casamentos representam um negócio de $70 bilhões de dólares (...). Em Brides, Inc., Vicki Howard pesquisa as várias empresas envolvidas para explogoes behind the scenes of the various firms involved--from jewelers to caterers--to explore the origins of the lavish American wedding, demonstrating the important role the wedding industry has played in shaping the traditions that most of us take for granted.

Howard revela que muitos dos nossos costumes e rituais em casamento são produtos de uma campanha de propaganda sofisticada, de promoções e inovações. Traçando a ascensão da indústria do casamento de 1920 a 1950, o autor explica que varejistas, consultores casamenteiros, escritores de etiqueta e muitos outros inventaram tradicões (...)"

Brides, Inc.: American Weddings And the Business of Tradition (Hardcover)
por Vicki Howard

O que determina a qualidade do professor

Numa pesquisa realizada no Canadá, Florian Hoffmann e Philip Oreopoulos, tentaram verificar o que determina a qualidade do professor. Apesar do cuidado dos autores em observar o impacto do status do professor e o seu salário, a conclusão de que estas variáveis não interferem parece questionável e polêmico.

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Rir é o melhor remédio - 21

Petrobrás na Bolívia

A resposta da Petrobrás a sugestão do Evo Morales:

Petrobrás já fala em investir mais

Para presidente da estatal, novos contratos melhoraram as condições vigentes desde o anúncio da nacionalização

Nicola Pamplona

O presidente da Petrobrás, José Sérgio Gabrielli, afirmou ontem que os novos contratos assinados com a Bolívia no fim de semana abrem espaço para a retomada de investimentos no país vizinho. A declaração representa uma mudança radical na posição da empresa, que havia suspendido qualquer projeto novo após a publicação do decreto de nacionalização das reservas de petróleo e gás, em maio.

Na avaliação de Gabrielli, os contratos melhoram as condições vigentes desde então e podem garantir segurança jurídica para novos aportes, embora tenha ressaltado que não há, no momento, projetos em análise em território boliviano. 'Uma vez que estiver em funcionamento pleno, este contrato vai permitir a avaliação de novos investimentos no país', afirmou o executivo, em entrevista coletiva na qual apresentou os detalhes dos contratos de exploração e produção.

Segundo o ministro de Hidrocarbonetos da Bolívia, Carlos Villegas, os novos contratos assinados pelas petroleiras vão garantir ao país investimentos de cerca de US$ 3,5 bilhões entre 2007 e 2010, mais do que foi investido no período de 1996 a 2004.

Gabrielli frisou que os termos acordados não transformam a Petrobrás em mera prestadora de serviços, posição rechaçada pela empresa desde o início das negociações. Segundo a companhia, os novos contratos são de produção compartilhada, uma vez que a estatal boliviana, a YPFB, ficará apenas com parte da receita sobre a venda da produção.

O novo modelo permite à companhia contabilizar como suas as reservas bolivianas, no entender da área jurídica da estatal brasileira. A explicação é que, segundo as regras da SEC (órgão regulador do mercado financeiro dos Estados Unidos), as empresas de petróleo podem contabilizar reservas se tiverem receita variável, de acordo com os preços de mercado e o volume de produção.

Em contratos de prestação de serviços, como os que a Petrobrás tem no México, por exemplo, a empresa tem remuneração fixa pela operação dos poços, independentemente das cotações internacionais do petróleo ou gás.

Os documentos assinados no sábado, por outro lado, prevêem que 50% da receita será destinada ao governo boliviano sob a forma de impostos. Uma outra pequena parcela fixa será repassada à Petrobrás para cobrir os custos. O restante será dividido entre Petrobrás e YPFB, segundo uma fórmula que considera preços e volumes de produção, investimentos e depreciação dos ativos.

De acordo com a empresa, a fórmula permite rentabilidade de 15% durante a vida útil dos campos de San Alberto e San Antonio. No entanto, a tabela de remuneração varia entre os limites de 2% a 32% da receita destinada à Petrobrás e seus parceiros. Segundo um técnico, porém, é muito difícil que os extremos, tanto o mínimo quanto o máximo, sejam atingidos.

Neste primeiro momento, a remuneração da Petrobrás ficará em torno de 20% da receita dos campos, que produzem uma média de 46 milhões de metros cúbicos por dia. Apesar dos avanços nas negociações, Gabrielli admitiu, porém, que a situação é pior do que a vigente até março de 2005, quando a Bolívia aprovou a nova Lei dos Hidrocarbonetos. Até então, os operadores dos campos tinham direito a cerca de 40% das receitas - o restante era destinado ao pagamento de impostos.

COM REUTERS


Fonte: Estado de S. Paulo, 01/11/2006

Observe que a empresa pretende contabilizar as reservas. Mas a definição de ativo considera que as reservas só podem ser consideradas no balanço caso exista o controle por parte da entidade.

31 outubro 2006

Petrobrás na Bolívia

Notícia da Reuters. É inacreditável. Cadê o acionista da Petrobrás?

Brasil deveria dar refinarias da Petrobras à Bolívia, diz Morales
Terça, 31 de Outubro de 2006, 17h00
Fonte: Reuters




O Brasil devia dar de presente à Bolívia as refinarias da Petrobras, cujo valor está estimado em cerca de US$ 100 milhões, disse na terça-feira o presidente boliviano, Evo Morales.

"Esse preço para o Brasil não é nada, se eu fosse o Brasil daria as refinarias de presente", disse Morales.

O presidente boliviano afirmou que pretende fechar em breve um acordo com o Brasil para a recompra das refinarias, como forma de reverter o "mau negócio" fechado pelo governos bolivianos passados que as venderam.

Morales apelou à amizade com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, "a quem felicito por sua ratificação, e com certeza a negociação com a Bolívia o prejudicou na campanha".

Segundo ele, a nacionalização dos hidrocarbonetos e os planos de mobilização militar "em nenhum momento eram para fazer faltar gás, e sim para garantir o gás ao Brasil, obrigando o respeito das normas nacionais".

O presidente boliviano também disse que o fechamento dos contratos com as multinacionais, entre elas a Petrobras, evitou uma intervenção militar nas reservas bolivianas de gás natural.

Morales agradeceu o apoio das Forças Armadas à "recuperação dos recursos naturais" e anunciou que na semana que vem submeterá os contratos assinados no fim de semana ao Congresso Nacional, para que sejam ratificados.

"Se alguma empresa não assinasse, estávamos totalmente preparados para exercer nosso direito de propriedade. Dissemos que precisamos de sócios e não de donos para nossos recursos naturais", disse Morales a correspondentes estrangeiros.

"Seguramente teria havido uma ampla mobilização das Forças Armadas para exercer o direito de propriedade, como tem direito qualquer país", acrescentou ele.

Previsões


Previsões para os próximos quatro anos:

1. A Nova Lei das S/A não será aprovada pois outros assuntos dominarão a pauta do Congresso;

2. Teremos problemas contábeis sérios com alguns fundos de pensão, com subestimação de cálculo atuarial e rentabilidade baixa em decorrência de decisões de investimento negativa

3. Haverá uma melhora em alguns pontos da estrutura jurídica, mas isto será pouco expressivo em termos comparativos com outros países

4. O desempenho de estatais será abaixo do mercado. Algumas delas terão problemas de contabilização, com contabilidade criativa

5. O CPC terá uma implantação lenta, apesar da boa vontade de algumas pessoas. O governo não reconhecerá a normatização contábil vinda do CPC

6. A contabilidade pública ainda utilizará o regime de caixa, apesar de algumas pequenas melhorias na sua parte gerencial

7. As vedetes serão empresas com boa governança e vínculo expressivo com o mercado mundial.

Transparência no Orçamento Público


Anteriormente fiz comentário sobre uma pesquisa de transparência do orçamento público no Brasil (clique aqui para ler).

Agora esta pesquisa sob a forma de figura, publicada na The Economist.

Microfinanças


O Nobel da Paz deste ano foi para Muhammad Yunus e seu Grameen Bank para a Microfinanças. Apesar do aspecto social do prêmio, existem alguns questionamentos sobre a validade desta estratégia.

Nesta semana, Becker fez o seguinte comentário sobre a microfinanças:

"Todos os economistas que tem estudado a microfinanças concordam que ela não será mais do que um fator menor para o fim da pobreza em qualquer país. O crescimento econômico requer direitos de propriedade, encorajamento a iniciativa privada, abertura ao comércio internacional, estímulo à educação, regulamentações limitadas e sensíveis e um governo razoavelmente honesto. Microfinanças faz somente uma pequena contribuição (...)"

Estamos no caminho certo?

Informação privilegiada 02


A seguir a continuação da reportagem do Valor Econômico:

Mercado pede punições severas e julgamentos rápidos

De São Paulo
"Aos 'insiders', a cadeira elétrica", diz Fábio Alperowitch, sócio da Fama Investimentos, gestora do mercado de ações. Sua hipérbole revela o sentimento de muitos investidores frente ao uso de informações privilegiadas. "Isso é apropriação indevida de valores, ou seja, roubo." Para ele, o combate à impunidade é a principal defesa dos prejudicados.

Fatos como esse só são descobertos depois de executados, portanto, é preciso combatê-los a posteriori. Informações privilegiadas são trocadas pelo mercado diariamente entre executivos e funcionários das empresas envolvidas, parceiros e escritórios de advocacia, entre outros. Mas é o uso dessas informações para obtenção de lucro próprio que torna o ato ilegal.

O ex-diretor de Política Monetária do Banco Central e sócio da Mauá Investimentos, Luiz Fernando Figueiredo, critica o fato de que, no Brasil, é possível protelar durante anos a punição a um caso de informação privilegiada determinada pela CVM, recorrendo à Justiça. Depois de anos se arrastando nos tribunais, a punição perde a eficácia, diz. "É diferente dos Estados Unidos, onde tendo prova o culpado já sai da corretora ou do banco para a cadeia."

A legislação brasileira deveria ser mais rigorosa com esse tipo de crime e tornar a punição pública, diz Figueiredo. Se isso ocorresse, outros pensariam duas vezes antes de fazer o mesmo, acrescenta. "Mas, se o processo demora 20 anos e a pena é leve, a punição não funciona."

O ex-diretor do Banco Central reconhece que a CVM está mais atuante, mas para chegar ao nível dos Estados Unidos a legislação teria de ser mais rigorosa. "Lá fora chega à cadeia, mas aqui, no máximo, há multa e suspensão e, ainda assim, depois de muitos anos", diz ele, lembrando do caso Nahas, que ocorreu em 1989, mas só foi julgado em 1994.

Um gestor lembra do caso da apresentadora de TV americana Martha Stewart como exemplo de punição severa. Ela foi presa por negociar ações de uma companhia farmacêutica após entrevistar um de seus executivos que, durante o intervalo do programa, contou-lhe fatos exclusivos.

A apuração de informações privilegiadas melhorou bastante no Brasil, porque há mais casos de punição e investigação. Mas o problema é que a própria lei tem punição mais branda do que deveria, diz Figueiredo. "Tem de haver punição, senão a regra do jogo perde o sentido e bandido acaba se saindo bem."

(DF, DC e Angelo Pavini)

Informação privilegiada


A redução da quantidade de informação privilegiada é um sintoma de melhoria do mercado de capitais. Se anteriormente a existência de tal fato não ruborizava ninguém, neste momento tal prática tem sido objeto de reportagens e quem sabe um dia será notícia na coluna policial. A seguir uma reportagem interessante do Valor de hoje sobre esta questão:

O perigo da informação privilegiada

Por Daniele Camba e Danilo Fariello
Antes de comprar uma ação, o investidor geralmente analisa os fundamentos da companhia e, se são bons, conclui que o papel deve se valorizar em bolsa e por isso segue adiante. A prática, no entanto, nem sempre é igual à teoria. Muitas vezes uma ação sobe ou desce sem nenhuma relação com fatos públicos, mas sim com acontecimentos que ainda poucos sabem. Investidores usam essas informações privilegiadas (chamadas de "insider information") para negociar ações antes que todo o mercado saiba e, assim, conseguir bons ganhos, sozinhos.

Casos recentes, como o de Telemar e Perdigão, que estão sendo investigados pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) por suspeita de uso de informação privilegiada, mostram que o investidor comum precisa ter cuidado pois, por mais desenvolvido que o mercado seja, o desempenho de uma ação pode variar conforme o fluxo dessas informações entre poucos.

A autarquia vem atuando de forma cada vez mais ativa para fiscalizar e coibir esse tipo de prática. Nos últimos anos, cresceu o número de casos de "insider" julgados. Em 2004, houve só o julgamento da Fator Administração de Recursos (FAR) e de seu sócio, Walter Appel, que foram condenados pelo uso de informação privilegiada na negociação de ações ordinárias (com direito a voto) da Copel. Em 2005, já foram seis casos. Este ano, até julho, foram julgados três e outros seis casos estão sob investigação.

"O uso de informação privilegiada tira a racionalidade do mercado e o direito de todos participarem em igualdade de condições", diz o professor do Ibmec-Rio e ex-superintendente de Relações com Empresas da CVM, Fábio Fonseca.

Este ano, até setembro, 261 ações ou fundos de investimentos caíram numa espécie de filtro da CVM por algum tipo de suspeita de operação irregular, como "insider", manipulação de preços e lavagem de dinheiro, segundo o superintendente de relações com mercado e intermediários da autarquia, Waldir de Jesus Nobre. Apenas em 39 destes havia indícios suficientes de irregularidade, portanto, foram levados à frente com um termo de acusação, que pode ir a julgamento.

No ano passado, a luz amarela da CVM acendeu em 162 ações ou fundos, mas, em compensação, 56 se transformaram em termos de acusação. A autarquia acompanha o mercado diariamente e em tempo real por um sistema que revela o comportamento de todas as ações como volume financeiro, número de negócios e oscilação. O papel cai num filtro e passa a ser observado de perto quando um ou mais indicadores fogem da média dos 60 últimos pregões, diz Nobre.

Indício de algo anormal pode ser considerado, por exemplo, o comportamento de um fundo de renda fixa em setembro. A carteira teve saque de R$ 62 milhões, valor equivalente a 38% da captação líquida no ano. No dia seguinte, o fundo teve perda de R$ 9,9 milhões, ou 0,68% do patrimônio, porque investia em debêntures da CP Cimento que entraram em default. Quem saiu um dia antes, livrou-se do prejuízo.

O passo seguinte é investigar se há motivos para o comportamento anormal. Na maior parte dos casos existe uma explicação pública, como queda nas vendas da empresa ou uma expectativa de um resultado pior no trimestre seguinte, exemplifica Nobre.

O restante são aqueles em que há indícios de que uma ou mais pessoas negociaram as ações com base numa informação que não é de domínio público. É neste pequeno grupo que está a grande dificuldade da CVM em conseguir fatos contundentes que comprovem que houve "insider". "Cerca de 40% desses casos são arquivados por falta de prova", lamenta Nobre.

Um dos grandes problemas é que a investigação da CVM fica restrita aos possíveis envolvidos e apenas no âmbito do mercado. "O melhor dos mundos seria se o 'insider' fosse o diretor da companhia", diz Nobre. "Mas em muitos casos existe toda uma teia de pessoas envolvidas e fica impossível pegá-las sem a quebra de sigilos bancário, telefônico e do cartão de crédito". Ele lembra que, com a implantação da Transferência Eletrônica Disponível (TED), ficou ainda mais difícil chegar na ponta do novelo. "Quando as operações eram pagas com cheque, conseguíamos pelo menos saber de onde saiu e para onde foi o dinheiro", diz Nobre.

Se a prática de "insider" torna o mercado injusto a todos, para o investidor pessoa física é pior, já que ele não está no pregão acompanhando o desempenho das ações de perto. "Quando esse investidor se dá conta, o papel já caiu 20%", diz Fonseca. Mas algumas dicas podem ajudar a evitar essas emboscadas nos investimentos.

As ações de segunda e terceira linhas e com valor unitário baixo estão mais suscetíveis a manipulação, lembra Fonseca, que acompanhou esses casos de perto quando estava na CVM. "Como são ações baratas, com poucos recursos o 'insider' consegue fazer um bom ganho". As vedetes do mercado, no entanto, não estão imunes. Por terem muita liquidez, o "insider" pode passar despercebido, mas terá de gastar alguns milhões para conseguir lucrar significativamente.

Seguindo o ditado de que onde há fumaça há fogo, é importante o investidor estar de olho em mudanças bruscas de volume e preço dos papéis, que podem ser os primeiros sinais de "insider". As ações de empresas ou setores que estejam passando por fusões, aquisições ou reestruturações societárias também são mais passíveis de manipulação, diz Luís Fernando Lopes, do Pátria. Aumentam as chances de manipulação em dias que antecedem a divulgação de balanços ou no vencimento de contratos futuros, diz Lopes. Por isso, o fundo de arbitragem do Pátria não negocia esses ativos nesses momentos.

Apesar de ser uma prática impossível de controlar, as empresas podem fazer a sua parte, dificultando esse tipo de vazamento. Uma saída, segundo o ex-superintendente da CVM, seria a companhia divulgar dados preliminares do balanço o mais rápido possível. Outra prática benéfica seria proibir diretores e executivos de negociar ações em alguns períodos.

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