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11 novembro 2025

IA e Contabilidade


O artigo do site mexicano “El Conta" trouxe um texto ontem sobre Contabilidade e Inteligencia Artificial. Eis o resumo feito pelo GPT: 

O texto analisa a crescente integração da inteligência artificial (IA) na contabilidade profissional. Segundo o autor, a IA evoluiu rapidamente graças a um investimento superior a 14 bilhões de euros em 2023, e diversas ferramentas além do ChatGPT — como Google Gemini, Microsoft Copilot, Meta AI e o sistema chinês DeepSeek — já estão disponíveis. O texto argumenta que, embora o ChatGPT seja muito utilizado como assistente, sua autonomia e aplicação prática ainda são limitadas — por exemplo, uma fala de René Beltrán define-o como “o melhor assistente que você pode ter, mas o menos proativo e com pouca autonomia que você pode encontrar”. Em contabilidade e auditoria, essas ferramentas podem agilizar tarefas mecânicas — como extrair dados de PDFs/XML, organizar faturamento, montar tabelas — mas ainda demandam supervisão humana, especialmente para interpretação, julgamento e validação de resultados. O artigo conclui que o futuro profissional da contabilidade não será substituído pela IA; ao contrário, o contador que melhor souber empregar a IA como ferramenta terá vantagem competitiva — a “máquina” não substitui o profissional, mas o profissional que domina as máquinas substituirá quem não domina.

10 novembro 2025

História e um hábito antigo de cair nas graças da imprensa


Molina, ainda na mesma obra, relata como a Corte Portuguesa apoiou a criação do Correio Braziliense, um jornal de notícias e opiniões publicado na Inglaterra. Esse periódico exerceu grande influência no reino, mesmo enfrentando restrições de circulação em determinados períodos. No entanto, era financeiramente deficitário, e uma análise das condições de vida de seu fundador e jornalista, Hipólito José da Costa, revela um mistério: as vendas não eram suficientes para garantir sua subsistência.

Molina argumenta que o rei português, D. João VI, comprava várias assinaturas do jornal como forma de evitar que Hipólito fosse demasiadamente crítico em relação a ele. De fato, o jornalista atacava alguns figurões da corte, mas poupava o monarca. Essa prática guarda semelhança com os dias atuais, em que presidentes e governos “compram” espaços publicitários em jornais, revistas e programas de televisão, influenciando a pauta e a posição editorial dos meios de comunicação.


Imprensa no Brasil Colônia e a Contabilidade

Molina, em História dos Jornais no Brasil, volume 1, discute as razões pelas quais o Brasil não teve uma imprensa entre 1500 e 1809. Há uma lenda segundo a qual existiria uma proibição real de se estabelecer uma imprensa no país. No entanto, até onde se sabe, não havia uma proibição formal do rei nesse sentido. Há registros de que Portugal permitiu a existência de imprensa em outras colônias, mas permanece o mistério acerca da ausência dessa instituição em território brasileiro.


Antes de prosseguir, é importante destacar dois fatos mencionados por Molina. O primeiro refere-se à presença de uma imprensa nas missões jesuíticas no centro-sul do país. Existem exemplares de livros produzidos pelos religiosos, mas o autor observa que, muito provavelmente, a tipografia — construída com apoio dos indígenas — funcionava em território que hoje pertence à Argentina. O segundo fato comprovado é a existência de uma tipografia implantada por Antônio Isidoro da Fonseca em meados do século XVIII, posteriormente desmantelada por determinação de uma Carta Régia.

O atraso do Brasil colonial em instituir uma imprensa tem relevância direta para a história da contabilidade. Convém lembrar que o sucesso da Summa, de Pacioli, não decorreu de ter sido a primeira obra de contabilidade — honra que cabe a Cotrugli — nem de ter criado os procedimentos das partidas dobradas, mas sim por ter sido o primeiro livro impresso e, por isso, amplamente difundido no ensino contábil.

Sem uma imprensa, as possibilidades de surgir uma obra contábil que pudesse servir de referência a aprendizes ou comerciantes eram mínimas. O acesso ao conhecimento contábil dependia, portanto, da importação de livros estrangeiros — provavelmente escritos em outro idioma que não o português —, o que restringia sua disseminação e aplicação prática no contexto colonial.

Rir é o melhor remédio

 

Do Estado de hoje

08 novembro 2025

Pressa?

Anteriormente postamos:

O CFC colocou em audiência pública as minutas das novas Normas Brasileiras de Contabilidade Aplicadas ao Setor Público (NBC TSP). Entre elas a NBC que trata da Estrutura Conceitual, na sua primeira revisão. (...) O CFC quer receber comentários até o final de julho. Ou seja, deu 30 dias de prazo para que as pessoas possam ler e refletir sobre o assunto. 

Até o presente momento a nova EC não foi aprovada, conforme print da página do Conselho


 

07 novembro 2025

Museus, furtos, roubos e contabilidade

Roubo de obra de arte em museu é sempre uma notícia. O contraponto entre a audácia dos ladrões e a falha da segurança parece coisa de cinema. Um site listou sete roubos de obra de arte que seriam memoráveis.

Ao ler o texto, é possível perceber uma conexão com a contabilidade, seja na questão do reconhecimento, seja no processo de mensuração. O caso mais famoso foi o roubo da Mona Lisa, em 1911. O roubo foi feito por um italiano, Vincenzo Peruggia, que trabalhava como operário encarregado de construir vitrines de vidro para o Louvre. Peruggia entrou discretamente no museu, esperou o momento apropriado e retirou o quadro da parede. Depois de esconder o quadro, ele retirou a moldura e deixou o museu tranquilamente.

O detalhe curioso da história é que o roubo só foi percebido horas depois, pois na época o quadro era pouco conhecido. Mas a imprensa, para vender seus jornais, decidiu dar destaque ao caso, afirmando que a Mona Lisa era um quadro fundamental na história da arte. E de tanto afirmar isso, a obra de Leonardo da Vinci tornou-se um retrato mundialmente conhecido. O interessante aqui é como um evento, a princípio negativo, contribuiu para a valorização da peça do museu. Ninguém poderia prever isso.

Um segundo roubo de destaque da lista ocorreu em 2004, quando dois homens invadiram o Museu Munch, em Oslo, e levaram o quadro mais conhecido do pintor norueguês, O Grito. Além do prejuízo de não contar com o quadro para mostrar aos visitantes, o Museu teve que passar por uma reforma na sua segurança, que durou quase um ano. Os ladrões foram capturados. Nesse caso, o roubo revelou uma redução drástica de receita e um aumento nas despesas. Isso foi compensado com o aumento do público na reabertura do museu.

Mas nem sempre um caso como esse tem um final feliz. Em 1990, dois homens entraram no Museu Isabella Stewart Gardner, em Boston, e conseguiram realizar um grande roubo de obras avaliadas em meio bilhão de dólares. Só a obra O Concerto, de Johannes Vermeer, está avaliada em 250 milhões de dólares. A questão contábil desse caso deveria aparecer no relatório dos auditores: anos antes, o FBI tinha alertado para o problema de segurança do museu e somente alguns dos itens recomendados foram implantados. Até hoje, o museu mantém uma promessa de recompensa de 10 milhões de dólares (um passivo, mas que poderia ser contabilizado?) por informações.


Em 2019, novamente dois homens desativaram os alarmes de segurança do Museu Grünes Gewölbe de Dresden, Alemanha. Levaram joias estimadas em 120 milhões de dólares. As autoridades conseguiram identificar os responsáveis e recuperaram grande parte das joias roubadas. Se as joias tivessem sido baixadas para resultado em 2019, a recuperação, anos depois, merece a reversão do lançamento. Se não foram baixadas — mas registradas com um valor menor, usando uma contraconta do ativo —, também seria necessário um lançamento.


Mas por quanto tempo um museu deveria manter uma obra de arte que foi roubada nos registros contábeis como um ativo? Uma boa questão, que o caso do Museu de Belas Artes de Montreal pode servir de exemplo. O museu canadense foi roubado em 1972 e foram levadas 50 obras de arte. Naquele mesmo ano, os ladrões fizeram contato, devolvendo algumas obras menores para iniciar uma negociação pelo resgate. Mas com o fracasso das negociações, as obras restantes não foram recuperadas até hoje.

O roubo, em 2012, do Museu Kunsthal, em Roterdã, revela o quanto a despesa em segurança é importante para esse tipo de entidade. Parece inacreditável, mas o Museu não possuía vigilância noturna. Ao não ter essa despesa, o resultado do museu ficou melhor para seus doadores. Mas o preço foi perder parte do acervo — somente uma das pinturas foi recuperada, em 2018.

O Museu Van Gogh, também na Holanda, sofreu um roubo em 2002. Em cinco minutos, os ladrões levaram duas pinturas (uma delas, abaixo). A polícia conseguiu desvendar o crime por conta de um boné deixado no local. Apesar de descoberto os autores, as obras não foram encontradas de imediato. Mas, em 2016, uma operação policial na Itália encontrou as pinturas. Esse último caso traz um aspecto importante desses roubos: apesar do valor estimado das obras ser elevado, as mesmas são muitas vezes negociadas por um valor muito reduzido por dois motivos: primeiro, perde-se a liquidez, já que a obra só tem o mercado paralelo para ser vendida; segundo, o risco da operação, uma vez que a polícia procura pelas obras e pelos meliantes.


 

04 novembro 2025

NewJeans e os eventos invisíveis

Min Hee Jin, ou MHJ, foi contratada pela gravadora ADOR, pertencente ao conglomerado Hybe, para criar o primeiro girl group coreano da empresa. MHJ recrutou e formou o grupo NewJeans. Com o tempo, mesmo sendo executiva da gravadora, ela tentou sair da ADOR e levar consigo o grupo para uma nova empresa, buscando novos investidores.

Um potencial investidor com quem MHJ conversou revelou seus planos à Hybe, que então iniciou uma auditoria na ADOR. O trabalho confirmou a tentativa de ruptura por parte de MHJ, que foi removida do cargo de CEO, mas mantida como uma espécie de diretora criativa. No entanto, MHJ recusou a nova função e deixou a gravadora.

Com a crise, as integrantes do NewJeans declararam quebra de confiança e consideraram o contrato inválido, passando a atuar fora da ADOR. A gravadora entrou na Justiça, e um tribunal rejeitou as alegações do NewJeans, atribuiu a responsabilidade a MHJ e sentenciou que os contratos permaneciam válidos. Há uma multa de 250 milhões de dólares em caso de quebra contratual.

O grupo agora pode recorrer da decisão — o caminho que parece ter escolhido —, voltar a trabalhar para a ADOR ou pagar a multa.

No Brasil, no passado, houve um caso semelhante: Chico Buarque assinou contrato com uma gravadora comprometendo-se a entregar determinada quantidade de trabalhos, mas não conseguiu cumpri-lo, e a empresa passou a pressioná-lo. Da crise entre o artista e a gravadora nasceu a música Dono da Voz.

E a contabilidade? Pelo lado da ADOR, provavelmente as artistas não estão registradas no ativo, e como a chance de vitória judicial é significativa, também não deve haver registro de um potencial passivo — caso fosse necessário pagar alguma indenização. Tampouco deve haver um ativo referente à multa a receber, pois o valor é tão elevado que as artistas dificilmente teriam condições de desembolsar um quarto de bilhão. No entanto, todo esse atrito pode reduzir o apelo do grupo, e o “intangível” não registrado não poderá ser amortizado. Ou seja, tudo isso não deve ser registrado na contabilidade da empresa. Faz sentido?