Translate

21 julho 2025

IA e Deus, segundo o Vaticano

Somente agora tive conhecimento desse documento. Eis um trecho: 


IA e Nossa Relação com Deus

104. A tecnologia oferece ferramentas notáveis para administrar e desenvolver os recursos do mundo. No entanto, em alguns casos, a humanidade está cedendo cada vez mais o controle desses recursos às máquinas. Em certos círculos de cientistas e futuristas, há otimismo quanto ao potencial da inteligência artificial geral (IAG), uma forma hipotética de IA que igualaria ou superaria a inteligência humana e traria avanços inimagináveis. Alguns até especulam que a IAG poderia alcançar capacidades sobre-humanas. Ao mesmo tempo, à medida que a sociedade se afasta de uma conexão com o transcendente, alguns são tentados a recorrer à IA em busca de significado ou realização — anseios que só podem ser verdadeiramente satisfeitos na comunhão com Deus.

105. No entanto, a presunção de substituir Deus por um artefato criado pelo ser humano é idolatria, prática contra a qual as Escrituras alertam explicitamente (por exemplo, Ex. 20:4; 32:1-5; 34:17). Além disso, a IA pode se mostrar ainda mais sedutora do que os ídolos tradicionais, pois, ao contrário dos ídolos que “têm boca e não falam; olhos, e não veem; ouvidos, e não ouvem” (Sl. 115:5-6), a IA pode “falar”, ou pelo menos dar a ilusão de fazê-lo (cf. Ap. 13:15). Contudo, é vital lembrar que a IA é apenas um pálido reflexo da humanidade — ela é criada por mentes humanas, treinada com material gerado por humanos, responde a estímulos humanos e é sustentada pelo trabalho humano. A IA não pode possuir muitas das capacidades específicas da vida humana e também é falível. Ao recorrer à IA como um suposto “Outro” maior que si mesma, com quem compartilhar a existência e as responsabilidades, a humanidade corre o risco de criar um substituto para Deus. Entretanto, não é a IA que acaba sendo deificada e adorada, mas o próprio ser humano — que, assim, torna-se escravo de sua própria obra.

106. Embora a IA tenha potencial para servir à humanidade e contribuir para o bem comum, ela continua sendo uma criação das mãos humanas, trazendo “a marca da arte e do engenho humano” (At. 17:29). Jamais deve ser atribuída a ela um valor indevido. Como afirma o Livro da Sabedoria: “Foi um homem quem os fez, e um ser cujo espírito é emprestado os formou; pois nenhum homem pode formar um deus à sua semelhança. Ele é mortal, e aquilo que fabrica com mãos ímpias é morto; ele é melhor do que os objetos que adora, pois ele tem vida, mas eles jamais têm” (Sb. 15:16-17).

107. Em contraste, os seres humanos, “por sua vida interior, transcendem todo o universo material; experimentam essa profunda interioridade quando entram em seu próprio coração, onde Deus, que sonda o coração, os aguarda, e onde decidem seu próprio destino diante de Deus.”É no coração, como nos recorda o Papa Francisco, que cada indivíduo descobre a “misteriosa conexão entre o autoconhecimento e a abertura aos outros, entre o encontro com a própria singularidade e a disposição de doar-se aos demais.” Portanto, é somente o coração que é “capaz de colocar nossas outras faculdades e paixões, e toda a nossa pessoa, numa atitude de reverência e obediência amorosa diante do Senhor,”que “se oferece para tratar cada um de nós como um ‘Tu’, sempre e para sempre.”

O texto é de janeiro, durante a gestão de Francisco, com mais de 200 citações.  

Correios: análise das demonstrações mostra que o problema é antigo


A decisão dos Correios de suspender pagamentos que somam R$ 2,75 bilhões evidencia um cenário financeiro delicado, mas a análise do fluxo de caixa ajuda a compreender a raiz desse problema. O fluxo de caixa operacional (FCO), que demonstra a capacidade da empresa de gerar recursos a partir de suas atividades principais, vinha apresentando sinais de deterioração ao longo dos últimos anos. Entre 2020 e 2023, embora positivo, o FCO seguiu uma tendência de queda, culminando em 2024 com um resultado negativo de R$ 2,35 bilhões. Esse déficit só não foi mais grave porque houve uma redução nos investimentos, que gerou um fluxo de caixa de atividades de investimento positivo. Entretanto, recorrer à venda de ativos ou à redução de investimentos é uma estratégia insustentável no longo prazo. Uma empresa precisa gerar caixa com suas operações, e não depender de ajustes pontuais para manter a liquidez. Mas sendo estatal, é dinheiro do contribuinte...

O fraco desempenho operacional, especialmente em 2024, encontra explicações em diversos fatores. O prejuízo contábil aumentou, passando de R$ 634 milhões para R$ 2,6 bilhões. Isso ocorreu em um contexto de queda na receita, que recuou 1,7%, enquanto os custos operacionais cresceram 4,7%. A análise comparativa entre 2023 e 2022 mostra que esse movimento não foi isolado: já naquele período a empresa havia registrado redução de 2,9% na receita e aumento de 5,2% nos custos. A alta nas despesas administrativas e de vendas também contribuiu para o agravamento do resultado.

O fluxo indireto indica ainda outras pistas. Houve aumento em contas a receber, o que pode significar que os Correios estejam concedendo mais prazo aos clientes para tentar reter mercado em meio à queda de receitas, ou que estejam enfrentando dificuldades de cobrança. Já a redução no saldo de fornecedores, mesmo com custos maiores, sugere que a empresa pode ter reduzido prazos de pagamento ou que os fornecedores estejam mais restritivos na concessão de crédito, reflexo da piora na percepção de risco.

Correios: suspensão dos pagamentos


A Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (Correios) suspendeu o pagamento de R$ 2,75 bilhões em obrigações financeiras, incluindo dívidas com fornecedores, tributos e repasses a planos de saúde, para preservar a liquidez e reequilibrar o fluxo de caixa. A estatal enfrenta uma grave crise financeira, com 11 trimestres consecutivos de prejuízo, e registrou no 1º trimestre de 2025 um déficit recorde de R$ 1,7 bilhão, o pior desde 2017. Entre os valores adiados estão R$ 741 milhões do INSS patronal, R$ 652 milhões para fornecedores e R$ 363 milhões ao plano Postal Saúde. A empresa também responde a cobranças judiciais de prestadores de serviços de transporte, que exigem R$ 104 milhões. Os Correios aguardam um empréstimo de R$ 4,3 bilhões do Novo Banco de Desenvolvimento, destinado a projetos de descarbonização e reestruturação logística, sem uso para cobrir déficits. A crise resulta de mudanças regulatórias, queda no volume de postagens e forte concorrência, agravada por uma estrutura de custos fixos de 88% das despesas. A estatal, porém, garante continuidade operacional.

Fonte: aqui 

 

20 julho 2025

Os padrões internacionais não deveriam ser "free" / "open" ?

 

No passado, o FASB demonstrava maior rigor em relação aos direitos autorais, enquanto o IASB adotava uma postura relativamente mais flexível. À luz disso, o termo de uso presente na proposta do CPC 51 parece não constituir uma escolha apropriada. Surge, então, a questão: até que ponto se estendem os direitos autorais da Fundação IFRS? Embora haja um link com os termos de uso, é pouco provável que este seja efetivamente consultado pela maioria dos usuários.

Uma análise pertinente sobre a distinção entre os conceitos de free e open no contexto de software pode ser encontrada [aqui].

Talvez, em algum momento, seja oportuno examinar com maior atenção esses termos de uso.

Criatividade para enfrentar as tarifas de Trump


um exemplo curioso de como empreendedores contornaram tarifas e cotas dos EUA sobre o açúcar. O (...) chá gelado enfrentava tarifas baixas quando importado do Canadá para os EUA. Assim, as empresas criaram um “chá” gelado com alto teor de açúcar que era então importado para os EUA e filtrado para extrair o açúcar!

A Bloomberg relata uma manobra moderna semelhante. A Delta precisa de novos aviões, mas agora enfrenta tarifas altas sobre aeronaves europeias importadas [leia-se Airbus]. Como resultado, a Delta tem retirado os motores dos aviões europeus, importando-os com tarifas reduzidas, e instalando-os em aeronaves mais antigas. 

Fonte: aqui . Imagem aqui

Mudança no PCAOB

Erica Williams, presidente da Public Company Accounting Oversight Board (PCAOB), anunciou que deixará o cargo em 22 de julho, após ter sido pressionada a renunciar pelo novo presidente da SEC, Paul Atkins. Nomeada em janeiro de 2022 e reconduzida em 2024, Williams liderou com mão firme, implementando reformas agressivas em auditoria e impondo penalidades recorde — cerca de US$ 84 milhões em multas — mais que o triplo do total anterior da PCAOB.


Sua saída ocorre em meio a tentativas políticas de dissolver a PCAOB e transferir suas funções para a SEC, mas os esforços foram barrados pelo Senado. Williams defendeu sua estratégia como crucial para dissuadir infrações futuras e alertou para os riscos de reduzir os padrões de auditoria, destacando que investigações podem se estender por anos, independentemente da mudança de governantes. Sob sua liderança, a PCAOB também intensificou a fiscalização de firmas chinesas, modernizou padrões e aprimorou a transparência das inspeções.

O fato dela ter participado do governo Obama certamente não ajudou.  

Sage promete eliminar o processo de fehcamento contábil no futuro próximo


A gigante dos softwares contábeis Sage está agora mirando não apenas a redução do tempo gasto pelos contadores no fechamento contábil, mas a eliminação de todo o processo – uma ambição que ganhou força com a evolução da inteligência artificial (IA), especialmente da IA generativa e da IA agente. (Tom Herbert)

Durante sua conferência Sage Future 2025, a empresa apresentou robustos agentes de IA capazes de automatizar tarefas complexas em fluxos contábeis, desde fechamento até previsão de fluxo de caixa e detecção de riscos. 

Essa abordagem evoluiu em três fases: inicialmente, tarefas pontuais como classificação de transações; depois, IA generativa via Sage Copilot para relatórios e interações via linguagem natural; e agora, IA agentic para execução autônoma de workflows. A promessa é transformar processos que levavam dias em operações instantâneas, ou até eliminar etapas inteiras. Para ganhar confiança dos usuários, a Sage implementou trilhas de auditoria (audit trails) e um “AI Trust Label” para explicar decisões da IA. A previsão é que esses recursos estejam disponíveis entre 12 e 36 meses, com preços baseados no valor agregado a cada empresa. 

Bom, essa é a promessa. Mas há um bocado de julgamento que precisa ser feito. Será que as empresas deixarão tudo exclusivamente por conta da IA? Tive a impressão que isso parece com a estratégia de prometer algo grandioso, as empresas não farão nenhum investimento em software de concorrente, esperando a promessa da Sage, que não virá.