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26 abril 2025

Grandes nomes da história mundial da contabilidade: Hopwood


Hopwood, Anthony G. (1944-2010) - Professor de contabilidade na London School of Economics and Political Science, Anthony G. Hopwood possui uma reputação internacional devido aos seus compromissos e envolvimentos institucionais e aos seus escritos pioneiros sobre os aspectos comportamentais, organizacionais e sociais do pensamento e da prática contábil.

Os envolvimentos institucionais de Hopwood foram variados e significativos, complementando seus interesses intelectuais e educacionais. Seu trabalho de formulação de políticas incluiu a recomendação e o estabelecimento do Fórum Europeu de Consultoria Contábil em 1991. Seu envolvimento em políticas contábeis sempre se baseou na premissa de que não deveria haver uma grande divisão entre o trabalho de formulação de políticas e a atividade acadêmica. Isso se reflete em seus escritos sobre a relação entre a pesquisa contábil e a prática, bem como em sua preocupação em explorar a contabilidade em ação.

O interesse de Hopwood pela contabilidade europeia foi formalizado na década de 1970. Desde 1972, ele organizou um programa de seminários e workshops de pesquisa contábil para o Instituto Europeu de Estudos Avançados em Administração, em Bruxelas. Essa atividade levou à criação da European Accounting Association (EAA), na qual Hopwood atuou como presidente fundador (1977-1979) e novamente como presidente em 1987-1988.

Essa rede europeia de pesquisadores contábeis colocou Hopwood em contato com diferentes tradições de pesquisa e compreensões teóricas da contabilidade. Por exemplo, sua compreensão da contabilidade como uma prática fundamentada organizacionalmente foi influenciada, em parte, pela tradição escandinava de pesquisa em contabilidade e gestão. A ideia da natureza interativa entre a contabilidade e as organizações, bem como a exploração da contabilidade em ação, não era novidade para Hopwood.

Seus estudos de doutorado na Universidade de Chicago (M.B.A., 1967; Ph.D., 1971) foram marcados pelo interesse nos aspectos comportamentais dos sistemas contábeis e no funcionamento organizacional da contabilidade. Sua estratégia e desenho de pesquisa de campo eram novos para a contabilidade naquela época, e o estudo resultante foi significativo ao focar nas diferentes maneiras pelas quais os gestores utilizavam o mesmo sistema contábil, nos estilos de liderança e nas consequências comportamentais dos orçamentos na avaliação de desempenho. Esse estudo deu origem a um número significativo de pesquisas sobre os efeitos comportamentais da contabilidade.

Seus cargos subsequentes, de volta à Grã-Bretanha, ampliaram a compreensão organizacional de Hopwood sobre a contabilidade, em contraste com a perspectiva adquirida nos Estados Unidos, que era excessivamente focada na literatura da psicologia social e sua consequente orientação individualista. Hopwood ocupou os seguintes cargos: Lecturer em Contabilidade Gerencial na Manchester Business School (1970-1973); Membro Sênior da equipe do Administrative Staff College, em Henley-on-Thames (1973-1976); Professor e Fellow no Oxford Centre of Management Studies (1976-1978); e Professor de Contabilidade e Relatórios Financeiros do Institute of Chartered Accountants na London Business School (1978-1985).

Essas experiências reforçaram sua perspectiva cada vez mais europeia, interdisciplinar e a necessidade de estudar a contabilidade no contexto em que ela opera.

O livro Accounting and Human Behavior (1974) deu a Hopwood a oportunidade de refletir com mais profundidade sobre a natureza organizacional da contabilidade. A obra explorou os efeitos comportamentais da contabilidade em questões organizacionais, como orçamentação, avaliação de desempenho, controle de custos e tomada de decisão. Tornou-se um trabalho frequentemente citado no campo da contabilidade comportamental.

A contribuição institucional mais significativa de Hopwood, bem como algumas de suas importantes contribuições intelectuais, ocorreram por meio da revista Accounting, Organizations, and Society (AOS). Ele dirigiu e influenciou a revista como editor-chefe desde sua fundação, em 1976. A revista consolidou-se como um importante fórum internacional para a disseminação e discussão de pesquisas de qualidade sobre os aspectos comportamentais, organizacionais e sociais da contabilidade.

A compreensão emergente sobre a natureza organizacional e social da contabilidade se deve, em grande parte, à preocupação de Hopwood em publicar pesquisas substantivas que refletissem uma diversidade intelectual, conectando a prática contábil a desenvolvimentos importantes nas ciências humanas.

Além dessa preocupação em posicionar a contabilidade dentro da comunidade mais ampla das ciências humanas, ele também se mostrou crítico em relação a qualquer tipo de imperialismo intelectual ou de reivindicação epistemológica que pudesse limitar a compreensão da contabilidade ou restringir sua agenda de pesquisa.

Seu próprio trabalho na AOS investigou diferentes racionalidades e a natureza multifacetada da contabilidade. Hopwood enfatizou tanto os aspectos reflexivos quanto constitutivos da contabilidade, refletiu sobre as mudanças na prática contábil e manteve sempre um enfoque interdisciplinar.

Sua contribuição para a contabilidade foi a de um caminho de investigação questionador, voltado para observar a contabilidade em ação, em vez de simplesmente propagá-la — um caminho que valoriza as consequências reais da contabilidade, em detrimento das racionalizações declaradas, e que explora suas bases organizacionais e sociais, em vez de presumir uma autonomia técnica para a contabilidade.

Ross E. Stewart

Ele foi agraciado no Accounting Hall of Fame. Faleceu em 2010, aos 65 anos de idade.

Fonte: Verbete da The History of Accounting. Veja também aqui e aqui

Grandes nomes da história mundial da contabilidade: Farolfi

Há diversas figuras na história da contabilidade que são relevantes, mas sobre as quais pouco sabemos quanto às suas origens e trajetória. Ainda assim, serão mencionadas na lista dos grandes nomes. Giovanni Farolfi é um deles.

Não se tem informação detalhada sobre quem foi Farolfi, onde nasceu, viveu ou morreu. O sobrenome pertence a uma família de mercadores e banqueiros de Florença, que residia em Nîmes. Essa família atuava como banqueira do arcebispo de Arles.

Também não sabemos qual foi o papel real de Giovanni Farolfi no desenvolvimento da contabilidade. Pelo nome e pelas pistas deixadas, presume-se que ele tenha nascido no território que hoje conhecemos como Itália. Seu nome sobreviveu ao tempo em razão de uma empresa mercantil com sede em Florença e presença em outras cidades, denominada Giovanni Farolfi e Irmãos. O legado de Farolfi é significativo: sua empresa é associada a um dos primeiros registros contábeis em partidas dobradas.

Na virada do século, entre os anos 1200 e 1300, a empresa possuía operações na cidade de Salon, na França. Sabe-se que lidava com produtos agrícolas, e que um de seus livros-razão sobreviveu ao tempo. Esse livro-razão era mantido por um contador chamado Amatino Manucci.

A empresa utilizava um sistema abrangente e articulado de partidas dobradas, o que nos permite afirmar com segurança que esse método já era uma realidade em 1300. O livro-razão incluía uma conta da matriz (capital) e contas para diferentes tipos de estoques. Havia relação entre os diversos livros da empresa, sendo que pelo menos cinco outros livros contábeis eram utilizados. Já existia, também, uma conta de lucros e prejuízos e o procedimento de encerramento do exercício. Outro ponto que evidencia a evolução contábil da empresa é a existência de quatro contas de aluguel pago antecipadamente, tratadas corretamente como despesas diferidas. Observa-se, ainda, uma clara evolução no que se refere à mensuração monetária.

As referências são escassas, mas cito:

Chatfield, M. (1996). Farolfi Company Ledger. In M. Chatfield & R. Vangermeersch (Eds.), The history of accounting: An international encyclopedia. New York: Garland Publishing.

Kuter, M., & Gurskaya, M. (s.d.). The reconstruction of the head office account in the general ledger of Giovanni Farolfi’s company (1299–1300). Kuban State University.

Lee, G.A. "The Coming of Age of Double Entry: The Giovanni Farolfi Ledger of 1299-1300," Accounting Historians Journal, Fall 1977, pp. 79-96. 

Sangster, A. (2025). The emergence of double entry bookkeeping. Economic History Review, 78(2), 499–528. https://doi.org/10.1111/ehr.13358 

Wikipedia contributors. (n.d.). Amatino Manucci. Wikipedia. Retrieved April 26, 2025, from https://en.wikipedia.org/wiki/Amatino_Manucci

25 abril 2025

Papa e a idade

 

Eis a idade do papa ao longo do tempo

Terra de oportunidade

 


Uma análise dos dados da plataforma de empregos da Springer Nature sugere que cientistas dos Estados Unidos estão buscando oportunidades no exterior, à medida que o sistema científico do país sofre os impactos do governo do presidente Donald Trump. Por exemplo, as candidaturas de cientistas norte-americanos a vagas na Europa aumentaram 32% em março, em comparação com o mesmo mês do ano anterior. Em contrapartida, as candidaturas de pesquisadores europeus a instituições dos EUA caíram 41%. No entanto, muitos pesquisadores fora dos EUA afirmam que seus países não estão preparados para aproveitar essa oportunidade, citando baixos salários, falta de segurança no emprego e financiamento insuficiente como principais preocupações.

Da newsletter da Nature 

Sete conselhos para um doutorando


Para Gauthier Weissbart, os desafios psicológicos, como a incerteza e a autocrítica, foram mais difíceis de superar do que as questões técnicas ou científicas enfrentadas durante seu doutorado em biofísica. Ele compartilha seis dicas principais para atravessar o doutorado “não apenas como pesquisador, mas como ser humano”:

- Abrace a incerteza — ela alimenta a curiosidade  

- Equilibre o pensar com o fazer  

- Pare de buscar a perfeição  

- Argumente com respeito e ouça com atenção  

- Faça pausas  

- Encontre sentido fora do trabalho

Fonte: aqui

As pesquisas mais citadas do novo milênio


Até agora, o século XXI nos trouxe as primeiras vacinas de mRNA em humanos, técnicas de edição genética baseadas em CRISPR e a descoberta do bóson de Higgs. Mas, quando se trata dos artigos mais citados, nenhuma dessas descobertas entrou na lista. Usando dados de cinco bases de rastreamento de citações, uma análise da Nature revela que, entre os milhões de artigos publicados desde o ano 2000, os que receberam mais citações tratam de avanços em inteligência artificial (IA); métodos para melhorar a qualidade da pesquisa ou revisões sistemáticas; estatísticas sobre o câncer; e softwares de pesquisa. No topo da lista está um artigo da gigante da tecnologia Microsoft sobre redes de “aprendizado residual profundo”, ou ResNets, que sustentam o aprendizado profundo, com mais de 250.000 citações, segundo a estimativa mais generosa.

Fonte: aqui

Frase


A coisa importante é não parar de questionar.

Albert Einstein