Translate

04 fevereiro 2025

Rir é o melhor remédio


 

Educação reduz impacto da falácia do custo irrecuperável

Eis o resumo:


A falácia do custo irrecuperável é geralmente abordada em cursos introdutórios de economia. Trata-se de um dos vieses mais importantes que influenciam a tomada de decisão. Ronayne et al. (2021a, b) encontraram evidências de comportamentos compatíveis com o efeito do custo irrecuperável e desenvolveram oito questões para medir a suscetibilidade dos indivíduos a essa falácia. Ampliamos essa pesquisa analisando se uma intervenção pedagógica baseada na "cultura pop" em um curso de princípios de microeconomia reduz a predisposição dos alunos à falácia. Constatamos que, após aprenderem sobre o tema, os alunos se tornam 14,95% menos suscetíveis à falácia do custo irrecuperável. Além disso, observamos que estudantes que já haviam cursado economia anteriormente apresentam menor suscetibilidade em todos os períodos analisados.

Para quem acha que educação não é importante. Interessante o uso de Frozen para explicar o conceito. 

Crime organizado


O crime organizado possui uma forte relação com a contabilidade. Com frequência, a imprensa divulga a descoberta de registros contábeis de grupos criminosos. No entanto, além dessa associação direta entre contabilidade e crime, a própria existência do crime organizado pode fomentar negócios ilícitos e impactar negativamente empresas que dependem de um ambiente social estável, livre da ameaça criminosa.

Muito certamente, a existência de crime organizado é ruim para os negócios. O Índice Global do Crime Organizado analisa 193 países com base na escala de atividade criminosa. Sua estrutura está dividida em: a) Influência e estrutura dos atores criminosos: por exemplo, grupos do tipo máfia, redes criminosas, agentes infiltrados no Estado; b) Escala e impacto dos mercados criminosos: por exemplo, tráfico de armas, comércio de heroína, tráfico de pessoas; c) Resiliência de cada país ao crime organizado: por exemplo, sistema judicial, transparência governamental.

Os países recebem uma nota entre 0 e 10, conforme o grau de controle exercido por grupos do crime organizado sobre suas atividades econômicas diretas. A Somália, por exemplo, recebeu, na última avaliação, uma nota 9,5, indicando uma forte presença do crime organizado. A mesma nota de Myanmar, Colômbia e Venezuela. A Itália, terra da Cosa Nostra, recebeu uma nota 9, um ponto a mais que o Brasil. 

03 fevereiro 2025

Delaware deixou de ser atrativo?


O estado de Delaware é conhecido por sua justiça rápida, eficiente e favorável aos negócios, o que atrai muitas empresas para estabelecer sua sede lá, incluindo multinacionais. Até o terceiro setor já reconheceu essas vantagens. Um exemplo é a Fundação IFRS, que tem sua sede jurídica em Delaware.

No entanto, esse prestígio parece estar se dissipando. Algumas empresas passaram a considerar que as decisões judiciais no estado estão prejudicando seus interesses. Recentemente, um juiz decidiu a favor dos acionistas em um caso envolvendo um pacote de remuneração de 50 bilhões de dólares para Elon Musk. Em resposta, o bilionário anunciou sua intenção de transferir a sede de seus negócios para outro local. Além de Musk, empresas como Meta (dona do Instagram) e Dropbox também planejam realocar suas sedes.

A ascensão de Donald Trump ao poder e sua promessa de reduzir a regulamentação alteraram as expectativas do mundo corporativo, que agora busca mais flexibilidade. Estados que adotam políticas alinhadas ao discurso de Trump podem se tornar mais atraentes, colocando Delaware em desvantagem. Isso também afetaria a Fundação IFRS?

Baseado na Newsletter DealBook

Seguros e uso de IA


eis o resumo:

 Diante das mudanças tecnológicas e do avanço da utilização da Inteligência Artificial (IA) por diversos setores econômicos, o presente estudo teve por objetivo investigar a utilização de IA pelas seguradoras brasileiras, a partir da sua divulgação nas demonstrações contábeis, relatório de administração e nos relatórios de sustentabilidade. Para tanto, selecionou-se uma amostra de 30 seguradoras que representavam 80,8% do volume total de prêmios do mercado em 30/09/2024. Foram analisadas as demonstrações contábeis de 31/12/2023, 30/06/2024 e o relatório de sustentabilidade de 31/12/2023. Os resultados apontaram que apenas 9 seguradoras divulgaram em seus relatórios a utilização de IA. Dentre as aplicações de IA divulgadas, tem-se a melhoria na experiência do cliente e corretores, criação de produtos e soluções, excelência operacional e digitalização, cultura de IA e captação de novos talentos.

Acredito que 9 seja um número considerável, já que a ausência da informação não significa que não esteja usando. E é curioso que estejam divulgando essa informação. Esse pode ser um tema de pesquisa, mais abrangente, para todas as empresas de capital aberto. 





Qualidade e normas do ISSB


As normas novas do ISSB contribuem com a qualidade das informações contábeis? Eis um resumo de um artigo recentemente publicado:

O objetivo deste ensaio foi discutir a padronização na linguagem contábil relacionada à sustentabilidade e refletir sobre a melhoria potencial da qualidade informacional dos relatórios financeiros a partir da implantação das normas IFRS S1 e S2, emitidas pelo International Sustainability Standards Board (ISSB). Essas normas abordam a divulgação de informações financeiras relacionadas à sustentabilidade, com ênfase na comparabilidade e transparência. A IFRS S1 foca nos requisitos gerais para a divulgação de informações financeiras sustentáveis, enquanto a IFRS S2 tem foco nas questões climáticas. A pesquisa destaca a importância de integrar as práticas socioambientais na estratégia corporativa, beneficiando a reputação e reduzindo custos de capital, além de atrair investidores ESG. Considerando a lente teórica da Teoria da Sinalização, pode-se afirmar que relatórios financeiros de qualidade tendem a reduzir a assimetria informacional e poderiam promover aumento do nível de confiança entre empresas e seus stakeholders. Apesar dos benefícios percebidos, a implementação enfrenta desafios relacionados à conciliação entre as diferentes abordagens de materialidade, notadamente entre as normas IFRS. Esses desafios estão relacionados às visões distintas adotadas até então pelas normas internacionais de contabilidade que vislumbram a materialidade a partir de uma ótica financeira, enquanto as diretrizes do GRI possuem perspectivas mais associadas aos impactos sociais e ambientais. A pesquisa conclui que, embora as normas IFRS S1 e S2 promovam melhorias na qualidade informacional, sua abordagem limitada à materialidade financeira pode restringir seu alcance, favorecendo principalmente investidores e levantando questões sobre o equilíbrio entre comparabilidade e materialidade em relatórios de sustentabilidade.

Da Economia da Atenção para a Economia da Intenção


Em 1971, Herbert Simon chamou a atenção para a economia da atenção. Segundo Simon, ganhador do Prêmio Nobel em 1978, o excesso de informação cria um problema para as pessoas: a dificuldade de manter a atenção. Em casos como esse, a filtragem torna-se uma parte importante do processo de tomada de decisão. A visão de Simon surgiu em um momento pré-internet e, hoje, parece cada vez mais atual.

Um artigo recém-publicado (via aqui) destaca a economia da intenção. Para os autores, a Inteligência Artificial (IA) mudará a relação entre informação e atenção. Os modelos de IA desenvolvidos recentemente não apenas observam o que os usuários desejam, mas também o que eles desejam desejar.

Um exemplo concreto ajuda a ilustrar como a economia da intenção, como um mercado digital para a comercialização de sinais de ‘intenção’, diferiria da atual economia da atenção. Hoje, anunciantes podem comprar acesso à atenção dos usuários no presente (por exemplo, via redes de leilão em tempo real como o Google AdSense) ou no futuro (por exemplo, comprando espaços publicitários para o próximo mês em um outdoor ou linha de metrô). LLMs diversificam essas formas de mercado ao permitir que anunciantes comprem acesso tanto em tempo real (“Você já pensou em assistir *Homem-Aranha* hoje à noite?”) quanto contra futuros possíveis (“Você mencionou que está se sentindo sobrecarregado, devo reservar aquele ingresso para o cinema sobre o qual conversamos?”). Se você estiver lendo esses exemplos online, imagine que cada um deles foi gerado dinamicamente para corresponder ao seu histórico comportamental, perfil psicológico e contexto atual.  

Na economia da intenção, um LLM poderia, a um custo baixo, utilizar seu tom de voz, inclinações políticas, vocabulário, idade, gênero, preferências por bajulação e outros fatores, combinados com lances de anunciantes, para maximizar a probabilidade de alcançar um determinado objetivo (por exemplo, vender um ingresso de cinema). Zuboff (2019) descreve esse tipo de assistente pessoal de IA como um “avatar de mercado”, que orienta a conversa em favor de plataformas, anunciantes, empresas e outras partes interessadas.  

Em resumo, imagine mensagens persuasivas muito mais individualizadas em diversos aspectos. Essas mensagens poderiam ser baseadas em uma gama muito maior de dados sobre você: onde você mora e trabalha, padrões de viagem, estado civil, compras passadas, buscas na internet e muito mais. Seus dados pessoais poderiam ser comparados com os de outras pessoas estatisticamente semelhantes a você, permitindo que as mensagens fossem redigidas na linguagem mais eficaz para te influenciar—baseando-se tanto no seu próprio histórico de respostas quanto no comportamento de pessoas parecidas com você.  

Além disso, essas mensagens poderiam ser "dinamicamente ajustadas", ou seja, em vez de receber a mesma mensagem repetidamente, você receberia uma sequência de mensagens que evoluem para maximizar sua persuasão ao longo do tempo.