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20 outubro 2024

Perdeu emprego na Meta por conta de uma pasta de dente

A notícia é do jornal Financial Times, que informou que a Meta (leia-se Facebook) demitiu cerca de duas dúzias de funcionários que trabalhavam em Los Angeles por um motivo inusitado: eles utilizaram o vale-refeição para comprar itens como produtos para acne, taças de vinho, tubos de pasta de dente e detergente para lavanderia.

Geralmente, os bancos são rigorosos ao punir seus funcionários, pois isso pode ser um sinal de outro tipo de risco. Afinal, um funcionário desonesto no uso do vale-refeição pode indicar que não é confiável para lidar com o dinheiro da instituição. No entanto, esse tipo de risco não se aplicaria à Meta.

O que mata o contador?

Eis o resumo: 

O presente estudo tem por objetivo identificar quais foram as doenças de maior
incidência na mortalidade dos profissionais da contabilidade. Para tanto realizou análise de base de dados do Sistema de Informação de Mortalidade do DataSUS com informações de óbitos dos anos 2006 até 2021, como o perfil do profissional, causas básicas de mortalidade e a influência da COVID-19. Foi possível identificar que mesmo com diferentes causas de mortalidade entre os profissionais, existe um padrão de mortalidade devido algumas doenças terem sido causas de morte recorrente durante os anos analisados. Dentre as principais causas que levaram os profissionais contábeis à óbito destacam-se Infarto agudo do miocárdio não especificado, Pneumonia não especificada, Acidente vascular cerebral, não especificado como hemorrágico ou isquêmico e Diabetes mellitus não especificado - sem complicações que comumente são associadas com negligência com a saúde. O estudo concluiu que o exercício da profissão contábil apresentou um padrão de mortalidade que pode ter influência com os riscos inerentes ao exercício profissão, como o estresse, e se faz necessário promover a discussão de políticas públicas que venham a produzir efeitos legais que gerem direitos e garantias aos profissionais da contabilidade, e promover também a conscientização de empresas e profissionais para que eles realizem cuidados de saúde regulares e façam com maior frequência exames preventivos que ajudem a evitar o desenvolvimento de doenças que possam levá-los a óbito.

CONTABILIDADE: DOENÇAS DE MAIOR INCIDÊNCIA NA MORTALIDADE
DOS PROFISSIONAIS DA CONTABILIDADE - Lucas Teixeira Lyra, Alexsandro Gonçalves da Silva Prado
 


Os dados são brutos, sem levar em consideração a análise comparativa. Mas há uma análise sobre o impacto do Covid e outros dados interessantes no texto.  

17 outubro 2024

Cota Trans no vestibular da UnB

Da Istoé Dinheiro:

A Universidade de Brasília (UnB) aprovou, nesta quinta-feira (17), uma resolução que autoriza a implementação de cotas para ingresso de pessoas trans nos mais de 130 cursos de graduação da instituição. A medida, aprovada por unanimidade pelo Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Cepe) da universidade, destina 2% das vagas para pessoas autodeclaradas trans, o que abrange travestis, mulheres trans, homens trans, transmasculinos e pessoas não-binárias, em todas as modalidades de seleção para ingresso na instituição.

“Este é um momento histórico para a nossa universidade e para o Distrito Federal. A UnB, na sua tradição, tendo sido pioneira na aprovação das cotas para pessoas negras, ainda em 2003 e, depois, na aprovação das cotas étnico-raciais na pós-graduação, em 2020, agora avança com as cotas trans na graduação”, celebrou o vice-reitor Enrique Huelva, que presidiu a reunião de aprovação da nova resolução.

Um pouco da história da revisão por pares nos periódicos e o papel do custo

A Royal Society, uma entidade científica do Reino Unido, tornou públicos cerca de 1.600 relatórios produzidos entre 1949 e 1954, incluindo algumas avaliações de artigos que foram publicados. A entidade teve no Philosophical Transactions o primeiro periódico a implementar a revisão por pares.

Na época, o processo era mais informal, e o estilo de análise dos artigos submetidos para publicação em periódicos, como conhecemos hoje, só foi estabelecido anos depois, na década de 1970. Em alguns dos relatórios, há menções sobre férias e outras atividades pessoais. No entanto, já na década de 1950, a Royal Society começou a solicitar aos revisores que respondessem a um questionário padronizado, que incluía a questão-chave: a Royal Society deveria publicar o texto? Com isso, as respostas tornaram-se mais breves. Um exemplo curioso foi a revisão da química Dorothy Hodgkin (foto), que escreveu menos de 50 palavras após ler e revisar o texto completo sobre a estrutura do DNA, de autoria de Francis Crick e James Watson, em 1953, publicado nos Proceedings of the Royal Society em abril de 1954. Apesar da brevidade, o comentário de Hodgkin foi valioso, ao sugerir eliminar os reflexos das fotografias.

Há outros casos interessantes. Em 1950, um artigo escrito por James Oldroyd foi revisado por Harold Jeffreys, que comentou: “Conhecendo o autor, confio que a análise está correta.” Já em 1900, o físico Bidwell escreveu sobre um artigo de Edridge-Green: “Eu estava preparado para descobrir que seu novo artigo era um lixo; e acabou sendo um lixo de tal natureza que nenhuma pessoa competente poderia ter qualquer outra opinião sobre ele.”

Em 1951, o renomado Alan Turing propôs “novos métodos de modelagem matemática para o campo biológico, incluindo o uso de computadores”. No entanto, a revisão foi negativa, com um dos revisores sugerindo que Turing reescrevesse todo o texto, exceto a parte matemática. O outro parecerista, por sua vez, elogiou o trabalho.

Agora, uma parte que interessa diretamente aos contadores: a revisão por pares surgiu também por uma questão de custo. No final do século XIX, os revisores eram incentivados a avaliar o texto sob a perspectiva do custo crescente da impressão. Assim, a Royal Society passou a questionar se algumas partes dos artigos ou ilustrações não seriam redundantes.


Rir é o melhor remédio

Para os fãs do Excel
 

16 outubro 2024

Aproveite o melhor da internet com um leitor de RSS

É incrível descobrir que uma pessoa que você admira tem algo em comum com você. Lendo o texto de hoje de Cory Doctorow, senti exatamente isso. Basicamente, Doctorow apresentou uma solução simples para reduzir a quantidade de "besteiras" na internet. Enquanto acessar as páginas que você gosta significa que seus gostos serão rastreados por cookies, ou que você terá que diferenciar entre conteúdo sério e propaganda, cadastrar o seu e-mail para receber notícias também é um problema. As plataformas de mailing monitoram sua atividade de leitura – sabem se você abriu a mensagem, quanto leu e ainda coletam informações privadas do seu navegador, incluindo sua localização.

É verdade que a solução proposta não contempla todas as postagens de redes sociais, mas funciona para as publicações do Instagram ou de canais no YouTube. A cura para muitos dos males da internet está no RSS. É uma forma seletiva, invisível e automática de acessar o que há de melhor na rede. Em vez de abrir todo dia a página do Conselho Federal de Contabilidade, por exemplo, basta acessar seu RSS e usar um leitor de RSS para monitorar o site. Com isso, você pode acompanhar o que acontece em centenas de sites em um único lugar. Se o seu interesse é específico, como ler sobre contabilidade, o leitor de RSS permite que você descubra novos endereços por nome ou tema – tudo no mesmo lugar, com a mesma fonte, sem pop-ups ou propagandas, e sem que o site vasculhe sua vida, localização ou histórico.

Dependendo de como você organiza seus feeds, é possível acessar milhares de notícias por dia. Eu, por exemplo, verifico rapidamente os principais textos que cadastrei no meu leitor de RSS diariamente. Posso dividir minhas fontes em grandes temas, como Humor, Contabilidade, Notícias, Artigos e outros. Para os artigos que considero interessantes, mas não tenho tempo para ler no momento, basta salvar o feed para o futuro. Como sou otimista em relação à minha capacidade de leitura e produção de textos para o blog, já acumulei mais de 400 itens salvos no meu leitor. Recebo diariamente entre mil e duas mil postagens de diferentes endereços, então o filtro do leitor é bem útil.

Quando estou com pouco tempo e quero ler sobre um assunto específico, como "contabilidade", posso usar a ferramenta de pesquisa do leitor. Outro aspecto positivo, destacado por Cory Doctorow em seu texto, é que o leitor de RSS compartilha o conteúdo com você em ordem cronológica inversa, sem qualquer algoritmo ditando o que você deve ou não deve ler. E nisso você pode se deparar com surpresas, como ler sobre uma tribo indígena da Amazônia que está usando a internet para assistir pornografia.

Se você prefere usar o celular, a maioria dos leitores de RSS estão disponíveis como aplicativos, que podem sincronizar suas leituras no celular com as do computador.

O RSS basicamente funciona como as redes sociais deveriam funcionar. Usar RSS é uma chance de visitar um futuro utópico em que as plataformas não têm poder, e todo o poder está nas mãos dos editores, que decidem o que publicar, e dos leitores, que têm total controle sobre o que leem e como, sem vazar nenhuma informação pessoal apenas pelo simples ato de leitura.

E aqui está a melhor parte: cada vez que você usa o RSS, você traz esse mundo mais para perto de se realizar! O problema de ação coletiva que afeta os editores, amigos, políticos e empresas de quem você se importa é causado pelo fato de que todo mundo que eles querem alcançar está em uma plataforma, então, se eles saírem da plataforma, perderão essa comunidade. Mas quanto mais pessoas usarem o RSS para segui-los, menos eles dependerão da plataforma.

(...) Usar RSS para seguir o que é importante para você terá um impacto imediato e profundamente benéfico em sua vida digital – e moverá apreciavelmente, irreversivelmente, toda a internet em direção a um estado melhor.

Carona nos gastos públicos

Que o efeito carona nos gastos públicos existe, já era conhecido. Um caso típico é quando uma pessoa se beneficia dos serviços ofertados pelo governo enquanto outra paga os impostos. Um artigo recente mostra esse efeito entre nações. Existe o "free-riding" (carona) nos gastos de defesa entre os países da OTAN? Eis o resumo:


As preocupações com o "free riding" na OTAN são amplamente difundidas. Uma abordagem intuitiva para analisar o "free riding" é tratá-lo como um padrão sistemático de interdependência espacial entre os aliados: como os gastos com defesa de um membro da OTAN reagem a mudanças nos gastos militares de outros aliados? Embora trabalhos recentes tenham encontrado evidências estatisticamente significativas de "free riding" (interdependência espacial negativa nos resultados), esses estudos apresentam limitações importantes. Primeiro, essa pesquisa não leva em consideração de forma adequada a dependência temporal. Segundo, ela não quantifica o efeito de interesse. Considerar diretamente a dependência temporal oferece uma perspectiva significativamente distinta sobre as dinâmicas dentro da aliança, demonstrando que o efeito espaciotemporal do "free riding" é, de fato, mais substancial do que seu efeito de curto prazo, desafiando as inferências dos modelos espaciais estáticos. Discutimos as implicações práticas e teóricas relevantes.

A spatiotemporal analysis of NATO member states' defense spending: How much do allies actually free ride? Ringailė Kuokštytė & Vytautas Kuokštis - Political Science Research and Methods, forthcoming, via aqui