Translate

Mostrando postagens com marcador emprego. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador emprego. Mostrar todas as postagens

09 março 2017

Desemprego: análise comparativa

Este blog tem realizado mensalmente uma análise do mercado de trabalho no setor contábil. Usando dados do mercado formal de emprego, disponibilizado pelo Ministério do Trabalho, fazemos uma compilação dos dados de contadores e auditores, técnicos em contabilidade e escriturários, além de uma análise específica dos professores.

O trabalho tem mostrado uma crise profunda no mercado de trabalho do profissional, com um grande número de vagas sendo reduzida. Outros aspectos também estão presentes neste levantamento. A nossa análise é temporal e coletados dados desde janeiro de 2014. Esta postagem procura comparar o comportamento do setor contábil com a economia como um todo. A comparação será sempre feita com os dados gerais, do qual o setor contábil representa uma parcela menor que 1% do total. Fizemos a comparação de três variáveis mais relevantes: a destruição de vagas no mercado formal com a crise econômica, a diferença salarial entre o admitido e o demitido e o tempo médio de emprego do trabalhador demitido.

Saldo do Emprego – A relação entre o número de funcionários admitidos nas empresas e o número de demitidos apresenta um excelente índice sobre o mercado de trabalho. Quando a relação numérica é positiva isto significa que estão sendo criados novas vagas; sendo negativo, existe um processo de destruição de vagas, seja por conta de uma crise econômica ou por outros motivos, como a automação de postos de trabalho. Numa economia com taxa de crescimento populacional positiva espera-se que o saldo do emprego seja positivo, já que é necessário criar novos postos de trabalho para as pessoas que estão entrando no mercado de trabalho.

O que temos observado no setor contábil é uma grande destruição de vagas. Em outras palavras, o saldo do emprego tem sido negativo, em especial nos últimos meses. De janeiro de 2014 até o último mês este saldo indica um valor negativo acima de 30 mil negativos, sendo este o número de vagas destruídas no setor. Isto contradiz os otimistas que gostam de afirmar que não existe crise de emprego na contabilidade ou que sempre haverá emprego para o profissional.
O gráfico a seguir faz um comparativo entre o setor contábil e a economia como um todo. Para fazer este gráfico tivemos um problema: a diferença entre as unidades. Enquanto no setor contábil estamos falando de milhares de empregos, na economia são milhões. Para possibilitar a comparação, dividimos os valores do geral por cem e os valores ficaram, pelo menos visualmente, bastante aproximados.

O que interessa observar no gráfico é se o comportamento do saldo do emprego no setor contábil tem sido aproximadamente o mesmo da economia. Caso a destruição de vagas no setor contábil seja mais drástica, podemos ter aqui outros aspectos explicando a crise de emprego, como a automação do trabalho, que é um problema estrutural.

A figura mostra que o comportamento do mercado de trabalho do setor contábil tem sido aproximadamente o mesmo da economia como um todo. O saldo do emprego tornou-se, de forma acumulada, negativo a partir de 2015. Inicialmente o comportamento foi aproximadamente o mesmo; posteriormente, o setor contábil teve uma grande piora neste índice e posteriormente ocorreu o inverso. De qualquer forma, a correlação existente entre os dois grupos é de 0,98, um valor muito elevado.

Entretanto, o fato de usarmos os valores acumulados termina por disfarçar as diferenças. Por exemplo, em janeiro a economia teve um saldo negativo de 41 mil vagas, enquanto o setor contábil teve um saldo positivo, pela primeira vez desde outubro de 2015, de 1.017. Quando se calcula a regressão com os dados mensais (e não acumulados desde janeiro de 2014), a correlação cai para 0,45. De qualquer forma, podemos dizer que de uma maneira geral o comportamento do mercado de trabalho do profissional contábil tem seguido o desempenho da economia.

Diferença salarial entre Admitido e Demitido – O salário médio do profissional demitido tem sido mais elevado que o novo empregado. Em situação de crise, com o mercado de trabalho com uma grande oferta de trabalhadores, as empresas se aproveitam para cortar custos. Para calcular isto, dividimos o salário médio do demitido pelo salário médio do novo contratado e subtraímos a unidade. Expressamos os valores em percentuais.

No setor contábil, a diferença percentual média de salário tem sido de 18%, mas já chegou a 28%. Esta diferença também existe na economia como um todo: o salário do demitido é maior que o novo contratado.

Entretanto, a diferença percentual entre os salários tem sido menor: 12%, com um valor máximo de 20% em dezembro de 2016. A correlação desta diferença, ao longo do tempo, foi de 0,39.

Existem várias possíveis razões para explicar o fato da diferença ser maior no setor contábil. Primeiro lugar, talvez os níveis mínimos de remuneração determinados na economia sejam mais relevantes do que aqueles praticados na contabilidade. Uma convenção coletiva de um porteiro determina sua remuneração e o valor praticado no mercado talvez não seja tão distinto do montante da convenção coletiva. Assim, as possibilidades de economia são maiores num escritório de contabilidade do que num condomínio. Segundo lugar, e como iremos perceber mais adiante, o tempo médio do empregado demitido no setor contábil é maior que no geral. Assim, este empregado deve ter incorporado a sua remuneração algumas gratificações, que não serão pagas para o recém contratado. Terceiro, talvez a concorrência no setor contábil seja mais acirrada do que imaginamos. Um pequeno escritório pode aproveitar este momento para demitir o funcionário com maior custo e contratar outro por um valor menor; reduzindo custo, poderá manter o custo dos serviços a um nível mais compatível que as empresas podem pagar. Quarto, pode estar existindo uma substituição de cargos. Talvez esteja existindo uma demissão de profissionais mais caros (contadores, por exemplo) e sendo contratados auxiliares, que irão exercer a mesma função do demitido.




De qualquer forma calculamos o salário médio do demitido no setor contábil e comparamos com esta informação para a economia. Em média, o salário do demitido na contabilidade é de quase 60% maior que da economia como um todo, refletindo o fato de ser um emprego com uma remuneração adequada. Mas esta diferença já foi de 70% no final de 2014 e chegou a 47% em janeiro último.

Tempo Médio de Emprego – O tempo médio de emprego reflete quantos meses o empregado que foi demitido estava no emprego. Profissionais com elevada rotatividade possuem um tempo médio reduzido. A medida que a crise persiste, profissionais mais antigos também são demitidos. Em média o tempo de emprego dos demitidos no setor contábil tem sido de 32 meses, mas existe uma tendência de aumento ao longo do tempo. (O coeficiente angular entre este índice e o tempo é de 0,28, indicando que a cada mês o tempo médio de emprego cresce 0,28)

A correlação entre as variáveis é de 0,51 e o tempo de emprego da economia tem sido menor que no setor contábil: média de quase 20 meses. (além disto, o coeficiente angular é de 0,20, indicando uma taxa de crescimento menor que no setor contábil)

Assim, de uma maneira geral, o tempo médio de emprego do demitido do setor contábil é maior que da economia. Na nossa área, os demitidos são funcionários com maior tempo de casa, que deveriam ter mais estabilidade. E que ao longo do tempo já receberam mais promoções – com impacto no salário.

Conclusão – De uma forma geral, o comportamento do mercado de trabalho do setor contábil está coerente com o que tem ocorrido na economia. As diferenças parecem muito mais resultantes das características do emprego, que conduzem a um salário maior que a média e um tempo de emprego mais elevado.

06 março 2017

Desemprego: Enfim uma boa notícia

Pela primeira vez desde outubro de 2015 o número de empregados admitidos superou o de demitidos no setor contábil, segundo dados coletados pelo blog a partir da base de dados do mercado formal do Caged, do Ministério do Trabalho. Em 2016 o número de demissões superou o de admissões em quase 23 mil postos de trabalho. De janeiro de 2014 até dezembro o mercado contábil reduziu em 32 mil vagas.

Em janeiro foram admitidos 9.789 novos empregados e demitidos 8.772, o que representa uma variação positiva de 1.017, um número muito próximo ao de outubro de 2015. Em janeiro passado fizemos a seguinte previsão:

Janeiro deverá ser um mês melhor. Mas não apostamos não mudança no sinal, ou seja, que o número de admitidos seja superior ao demitidos.

Acertamos na primeira parte e felizmente erramos na segunda: ocorreu uma mudança no sinal e esta é a boa notícia. É bem verdade que dos 37 meses da série histórica que estamos acompanhando, somente em oito o número de demitidos foi menor que dos admitidos; e destes meses, três são janeiros: 2014, 2015 e 2017, todos com mais mil vagas de diferença entre os admitidos e os demitidos.


Apesar da principal fonte de mão de obra do setor ser de mulheres, o aumento de vagas beneficiou principalmente os homens: 541 admitidos a mais que os demitidos, versus 476 das mulheres. A boa noticia de janeiro beneficiou também aqueles com curso superior completo (+926), em detrimento das pessoas com menor instrução (-97 até o ensino médio completo).


A diferença salarial entre os admitidos e os demitidos foi de 24% no mês de janeiro, a quinta maior diferença mensal desde janeiro de 2014. Enquanto um novo contratado passou a ganhar um salário médio de R$2.170,26, o empregado demitido tinha um salário de R$2.681,82 ou R$511,56 a mais. Além de ganhar menos, o admitido tem uma idade média menor (30,4 anos) do que o demitido (32,39 anos). Mas depois de três meses consecutivos de aumento, o tempo médio de emprego do empregado demitido diminuiu para 35,56 meses.

21 janeiro 2017

Presente Amargo

O ano de 2016 encerrou de maneira amarga para as pessoas que trabalham na área de contabilidade. Se o ano de 2015 mostrou que aquelas palavras sobre a empregabilidade da área eram balelas, um ano depois temos uma realidade muito dura. Segundo os levantamentos realizados pelo blog, a partir dos dados de empregos formais, para contadores e auditores, técnicos em contabilidade e escriturários de contabilidade, foram quase 92 mil admitidos, mas 115 mil demitidos.

A diferença entre admissão e demissão é o que chamamos de criação ou destruição de vagas. Desde 2014 esta diferença foi de 31.789 vagas; ou seja, foram demitidas 358 mil pessoas num período de 36 meses e foram contratados 326 mil. É normal a rotatividade no mercado de trabalho, mas os números de demissões são surpreendentes para uma área que se acreditava imune as crises. Para se ter uma ideia, o salário total dos demitidos desde 2014 é de 852 milhões. Retirando o salário dos demitidos, isto significa dizer que se deixou de receber, mensalmente, 196 milhões de reais com estas 31.789 vagas a menos.

Perfil - Quem foi contratado geralmente recebeu um salário médio menor. Em dezembro de 2016, por exemplo, os admitidos tinham um salário mensal de R$2.281, enquanto os demitidos deixaram de receber R$2.763, uma diferença de 21%. Nestes três anos, esta diferença geralmente esteve na casa dos dois dígitos, em torno dos 18%. Os demitidos tinham em torno de 30 meses, mas este número sempre esteve acima de 33 meses desde maio de 2016; isto é um sinal de que as demissões, que inicialmente estavam focadas nos funcionários mais novos, passaram a incluir os mais experientes. Outro fato observado pelo levantamento deste blog é que a idade média dos admitidos era menor que dos demitidos; em dezembro esta medida era de 30,37 anos para os admitidos e 32,54 anos para os demitidos.

Uma análise dos números revela que as movimentações têm prejudicado as mulheres (mais de 60% das movimentações líquidas), que possui o curso médio completo e os escriturários (55%). Um ponto relevante na análise é que mais de 75% das demissões são sem justa causa; em dezembro este percentual foi menor, de 70%.

Professor – A análise do mercado formal de trabalho dos professores de contabilidade mostra que a crise também afetou os docentes. Esta análise é feita de maneira acumulada, já que o número de movimentações é reduzido, e uma análise mensal poderia trazer uma ideia errônea do mercado de trabalho. Desde 2013 ocorreu a criação de 137 novos postos para professores. Entretanto, observa-se que desde novembro de 2015 o mercado está piorando substancialmente: naquele mês o número de admitidos superava os demitidos, em termos acumulados desde 2013, em 434 vagas. Em dezembro de 2016 este valor era bem menor. Outro aspecto revelado pelos números é o tempo médio de emprego aumentou de 29 meses, em janeiro de 2014, para 47 meses, em dezembro de 2016; ou seja, os professores com maior experiência estão sendo demitidos.

Perspectiva – Baseado nos três últimos anos é possível imaginar que o desempenho de janeiro geralmente é melhor que os outros. Entretanto, é preciso destacar que em janeiro de 2016 ocorreu uma redução no número de vagas. Apesar disto, em tendo por base os números da série histórica, ousamos a afirmar que o ritmo de demissões irá reduzir. Se dezembro foi o segundo pior mês de 2016, somente atrás de fevereiro, isto pode ser um sinal de que neste mês de janeiro o mercado formal de trabalho da contabilidade irá melhorar. É interessante lembrar que dezembro foi o pior mês de 2014 e 2015. Nestes anos, janeiro foi o melhor.

29 dezembro 2016

Desemprego no setor contábil continua aumentando. E deve continuar piorando.

A divulgação dos dados de emprego formal referente ao mês de novembro pelo governo federal, a partir do Caged, mostra que a situação do setor contábil continua piorando. Em novembro foram admitidas 6.364 pessoas no setor (considerando aqui contadores, auditores, escriturários de contabilidade e técnicos em contabilidade); ao mesmo tempo, foram desligadas 8.188 pessoas, sendo 71,4% delas sem justa causa. Se em agosto foram admitidas 7.868 pessoas, este número diminuiu nos meses seguintes: 7.296, em setembro, 6.858 em outubro e atingindo um valor 20% menor em novembro. O mês de novembro foi o quarto pior do ano em termos de redução de postos de trabalho formal. Na contagem que fazemos acumulada de janeiro de 2014 até o mês de novembro temos um total de menos 28,5 mil vagas no setor.
Como é praxe, o salário dos admitidos é bem menor que dos demitidos: em novembro era 20% menor, algo próximo ao que ocorreu nos meses anteriores. Em novembro confirmou uma tendência ruim: o tempo médio de emprego das pessoas desligadas cresceu, atingindo o ponto máximo de 36,28 meses. Isto significa dizer que as pessoas que estão sendo demitidas são aquelas com uma grande experiência no serviço. Além disto, novembro de 2016 teve outro recorde negativo: desde que este blog passou a acompanhar as informações do Caged, foi a maior idade média dos demitidos (32,77 anos), o que de certa forma confirma o dado anterior.
Também novamente, o número de mulheres demitidas foi superior ao dos homens. Isto fez com que a movimentação líquida do emprego no gênero feminino, representado pela diferença entre admissão e demissão, fosse de -1.259, versus -565 dos homens. Note também que crise atingiu mais os profissionais com curso médio completo e os escriturários.

Para finalizar, talvez os dados de dezembro sejam ainda piores. Em 2015 e em 2014 dezembro foi o pior mês em termos de destruição de vagas: -3.118 e -2.416.

24 novembro 2016

Desemprego: Nada de novo

A questão do desemprego no setor contábil continua grave. Segundo os dados do Ministério de Trabalho, tendo por base as informações do emprego formal, em outubro o número de demitidos superou aqueles que conseguiram uma vaga em 972. Já são doze meses que isto ocorre; considerando o valor acumulado, de janeiro de 2014 até o mês passado, foram 26,7 mil vagas reduzidas no Brasil.

O salário médio dos demitidos era de R$430 a mais do que os admitidos, o que corresponde a 19%. Esta distância foi de 25% no mês passado. Mas o tempo médio de emprego daqueles que foram mandados embora aumentou para 36 meses. Também, a exemplo dos meses anteriores, a idade média dos admitidos é menor que dos demitidos: 30,13 anos versus 32,51 anos.

A questão do desemprego atinge principalmente as mulheres, que representam a grande maioria da mão-de-obra contratada na área contábil no Brasil. Em outubro o saldo de admissão menos demissão para as mulheres foi de 713, um pouco acima de 73% do total. O problema tem atingido os empregados com curso médio completo e os escriturários.

A grande maioria das demissões foi sem justa causa. Em outubro representou 77% do total, um número um pouco acima da média dos meses anteriores.

01 novembro 2016

Desigualdade de gênero no mercado de trabalho contábil?

Ao postar ontem sobre a questão do desemprego no setor contábil comentamos que "o saldo entre os admitidos e os demitidos é possível notar que a maioria deles é do sexo feminino (-658 versus -188)".  Mas será que isto é algo comum no mercado de trabalho contábil? Lembrando que incluímos no nosso levantamento os contadores, auditores, técnicos de contabilidade e escriturários de contabilidade e a fonte primária da informação é o Caged, que abrange somente o mercado formal de trabalho.

Diante da questão sobre a possibilidade de existir desigualdade de gênero no mercado de trabalho, compilamos os dados de movimentação desde janeiro de 2015, quando começou a crise no setor. O resultado encontra-se na figura a seguir:
A linha vermelha são as mulheres e a azul os homens. Em cada mês é calculado o número de admitidos no mercado de trabalho e o número de demitidos. Quando ocorre mais admissões que demissões tem-se a criação de vagas de trabalho e a informação está acima da linha do "zero" do gráfico. O gráfico permite constatar que geralmente a linha dos homens está em posição acima da linha das mulheres. Como geralmente o número de demitidos tem sido superior ao de admitidos desde início de 2015, isto significa dizer que as mulheres estariam sofrendo mais com a crise de emprego na contabilidade. Ou seja, o empregador ao demitir tem escolhido prioritariamente as mulheres.

Mas como este gráfico mostra o desempenho de cada mês, não fica muito claro se a movimentação mensal seria mais favorável ao homem ou a mulher. O gráfico a seguir mostra o valor acumulado, desde o primeiro mês (janeiro de 2015). Aqui a visão do efeito da crise sobre o mercado de trabalho fica mais claro. E apesar das mulheres terem sido mais poupadas no início do processo, a partir de setembro de 2015 a situação se inverte.
Considerando os valores acumulados, o número de destruição de vagas para o gênero feminino foi de quase quinze mil postos; para o gênero masculino este número aproxima-se de dez mil. Ou seja, uma diferença de 50% a mais para o gênero feminino.

Estes números impressionam. Além da diferença salarial existente entre homens e mulheres, haveria uma diferença no momento de demitir o funcionário.

O problema da análise acima é que não sabemos quantos homens e quantas mulheres são atualmente empregadas no mercado de trabalho contábil. E esta informação é crucial para análise. Se o setor é ocupado principalmente pelos homens, isto é um sinal claro de desigualdade de gênero. Mas se o setor for ocupado prioritariamente pelas mulheres, dependendo da proporção, teríamos ou não um problema de desigualdade de gênero.

Infelizmente não é possível obter esta informação diretamente do Caged. Mas podemos usar alguns aproximações, como o número de horas contratadas, o tempo de emprego, a soma das idades dos trabalhadores e o salário mensal. Com base nestes parâmetros temos que a participação da mulher é de 62%, 60%, 62% e 56%, na ordem. Ou seja, a mulher detém uma parcela em torno de 60% do mercado de trabalho na contabilidade, segundo esta estimativa (de dezembro de 2014). Há uma diferença no salário, mas isto deve ser resultante do fato de salário pago para mulher ser menor que do homem.

Ficando com este percentual de 60%, precisamos determinar se o número do saldo de movimentação também está próximo deste valor. Como o saldo de movimentação acumulado é de 24.674 negativos, de janeiro de 2015 a setembro de 2016, o valor para as mulheres, de menos 14.864, corresponde a 60,2%. Podemos então concluir que o número maior de redução de vagas para as mulheres que está ocorrendo no mercado de trabalho contábil no Brasil nos últimos meses não decorre de preconceito contra a mulher. Infelizmente as demissões estão ocorrendo independente do gênero do trabalhador.

31 outubro 2016

Desemprego do setor contábil

Segundo dados primários do Ministério do Trabalho, compilados por este blog, o desemprego do setor contábil continuou refletindo a crise da economia e do setor. Em setembro, o número de demitidos foi 776 a mais do que o número de admitidos. Considerando o acumulado desde janeiro de 2014, este número chega a quase 26 mil profissionais, mais precisamente 25.719. O gráfico abaixo permite visualizar que as demissões são maiores que as admissões há meses, desde novembro de 2015.


Em razão do comportamento do ano passado, este blog acredita que o próximo mês será decisivo para saber se a crise já está finalizando ou não. O gráfico também permite notar que dezembro é um mês ruim para o emprego no setor contábil, já que as duas grandes baixas nas admissões ocorreram justamente neste mês em anos anteriores.


Como tem sido praxe desde que começamos a coletar estes dados, o salário médio dos admitidos tem sido bem inferior ao salário médio dos demitidos. Mas a distância aumentou em setembro de 2016, para 24,94% (versus 19,98% do mês anterior). Na realidade, a diferença dos salários foi a quarta maior desde janeiro de 2014. Os demitidos tinham em média 34,11 meses de emprego e 30,12 anos de idade, versus uma idade média dos admitidos de 32,19 anos. A exemplo dos meses anteriores, a contratação tem ocorrido mais fortemente nos profissionais com maior idade.

Analisando o saldo entre os admitidos e os demitidos é possível notar quue a maioria deles é do sexo feminino (-658 versus -188), com ensino médio completo e escriturários. Outro ponto relevante é que dos 8.072 demitidos, 77% foram sem justa causa. Este percentual é bem superior aos dos meses anteriores.

Professores - Conforme explicamos em postagem anterior, a questão do desemprego para professores de contabilidade é analisada utilizando os 12 meses acumulado. E como nos meses anteriores (e desde janeiro deste ano, o número de demitidos tem superado o número dos admitidos, conforme é demonstrado no gráfico.


O tempo médio de emprego dos demitidos está em quase 42 meses. A análise dos dados permite observar que a demissão tem atingido, cada vez mais, os professores mais antigos. Para que se tenha uma ideia, em setembro de 2014 a idade média dos professores demitidos era de 26 meses. Entretanto, o salário médio dos admitidos tem sido superior aos professores demitidos, exatamente contrário ao que ocorre no setor como um todo. Existem duas possíveis explicações para isto: as escolas (instituto, faculdades, universidades etc) estão contratando empregados que lecionam uma maior carga horária; e isto pode ser reflexo da maior qualificação dos docentes.

25 setembro 2016

E a crise do emprego chegou para os professores ...

Desde meados do ano passado este blog está acompanhando o mercado de trabalho dos profissionais de contabilidade. E conforme o leitor pode ter notado no fato da semana, as notícias não são nada agradáveis. Isto derrubou um velho mito de que o mercado de trabalho na área não era afetado pelas crises. “Nunca irá faltar emprego para o contador”, ouvimos diversos profissionais dizerem sobre a profissão. Os números mostram que está faltando emprego, sim, para o contador.

A queda na perspectiva de emprego também afetou um nicho do mercado de trabalho: os professores de contabilidade. Este pequeno segmento tem algumas características peculiares: geralmente não existe muita movimentação durante o semestre letivo, contratações no início do semestre letivo e demissões no final. Assim, em dezembro de 2015, os estabelecimentos demitiram muito e contrataram pouco. Em janeiro de 2016 subiu o número de contratações e diminuiu as demissões, mas o saldo ainda foi negativo. Um mês depois ocorreu o inverso, com um aumento substancial nas contratações. Em virtude desta sazonalidade pesada a análise a seguir adotou um procedimento comum nos dados temporais: trabalhou-se com os valores acumulados dos últimos dozes meses, o que elimina este problema.

Posto isto, a figura apresenta os dados de admissão e demissão dos professores, de janeiro de 2014 a agosto de 2016. Até janeiro deste ano o número de admitidos superava os demitidos. Apesar dos números não serem tão expressivos quanto em outubro de 2014, quando as contratações superaram na sua maior margem as demissões, o panorama de 2015 foi positivo. É bom deixar claro, no entanto, que somando o número de janeiro de 2014 a agosto de 2016 o total de admitidos ainda supera os demitidos. Mas esta margem está se reduzindo gradualmente.
A figura a seguir apresenta um aspecto curioso deste mercado de trabalho: o salário dos demitidos é menor que o salário dos admitidos. É muito difícil ser peremptório nesta questão, mas uma possibilidade decorre das características do contrato dos professores. Muitos deles são horistas. Talvez esteja ocorrendo uma concentração na carga horário em alguns poucos professores. Assim, os admitidos estão respondendo por um número de disciplinas maior, o que aumenta seu salário. Outra possível explicação é que os novos contratados possuem uma titulação superior, em razão da expansão da pós-graduação no país, o que elevaria esta remuneração.

Finalmente, a última figura é muito impressionante. Mostra o tempo médio de emprego dos demitidos do cargo de professor de contabilidade. Até maio de 2015 este tempo, em meses, era abaixo de 30 meses. Isto significa que os professores que eram desligados tinham pouco tempo de ensino. Nos últimos meses, os professores que foram demitidos tinham mais de 40 meses de contrato com o estabelecimento, em média.

25 agosto 2016

Desemprego no setor contábil: sem novidades

Os dados de emprego com carteira assinada do Ministério do Trabalho, coletados com exclusividade por este blog, indicam que o problema de emprego persiste no setor contábil. Usando a classificação CBO 2002 e computando Contadores e Auditores, Escriturários de Contabilidade e Técnicos em Contabilidade, o número de admitidos em junho foi de 7406 no Brasil. E o número de desligados atingiu a 8497. Pelo nono mês seguido este número é negativo. Computando desde janeiro de 2014, o número de vagas reduzidas foi de quase 24 mil. Mais precisamente, 23.757. Em termos de salários, estas demissões correspondem a 16 milhões de reais por mês.
Como tem sido comum, o salário dos desligados é muito superior aos admitidos: R$2213 versus R$2656 em julho de 2016. Isto significa uma economia para as empresas, mas reduz a massa salarial do setor contábil. Em julho a diferença foi de 20%, um resultado melhor que junho, quando a diferença ficou em 27%. Em média, os demitidos tinha 33 meses de emprego e cerca de 30 anos de idade.

Na análise por característica do empregado, o único extrato que se salvou foi o empregado com superior completo: um saldo contrato positivo de 36. Nos demais, o número de demissões supera o de admitidos: as mulheres sofreram mais com a crise em julho (uma redução de vagas de 729 versus 362 dos homens), assim como os escriturários (menos 743 vagas).

Os números não são nada animadores.

27 julho 2016

Continua a crise na Contabilidade

Os dados divulgados hoje pelo governo sobre a movimentação da mão-de-obra no Brasil indicam que a crise de emprego continua no setor de contabilidade. Tendo por base somente o emprego formal, durante o mês de junho foram admitidos 8006 contadores, auditores, escriturários de contabilidade e técnico em contabilidade. Mas, por outro lado, foram demitidos 9.422 trabalhadores, indicando uma redução no número de vagas de 1.416. De janeiro de 2014 até junho foram reduzidas 22.666 vagas.
A exemplo dos meses anteriores, o salário médio dos admitidos é R$2.125 e dos demitidos é de R$2.695. Aqui um recorde negativo: é a maior diferença desde que este blog começou a tabular estes dados: 27% ou R$571. De janeiro de 2014 até junho de 2016 isto equivale a uma redução nominal da massa salarial de R$153 milhões. Os números deste parágrafo parecem indicar que as empresas estão demitindo os funcionários com maior salário e contratando funcionários com um salário menor.

Os trabalhadores demitidos tinham, em média, 35,4 meses de emprego. No mês passado este número era de 33,6 e em maio de 2016 era de 29,4 meses. O desemprego está afetando cada vez mais os trabalhadores mais antigos. Também a exemplo dos dois meses anteriores, o desemprego foi maior entre as mulheres: menos 823 vagas.

Em termos de formação, as pessoas demitidas geralmente tinham o curso médio completo (3309 demitidos) ou superior completo (3774).

28 maio 2016

Fato da Semana: Emprego no setor contábil



Data: 28 de maio de 2016

Fonte: Caged e Blog

Precedentes
2014 = Apesar da recessão, o setor contábil (incluindo os contadores, auditores, técnicos e escriturários) termina o ano criando mais vagas: 69. Mas entre os contadores e auditores observou-se uma redução de 1.429 vagas.
2015 = Dos meses do ano, somente janeiro e outubro ocorreu um aumento no número de empregados formais do setor. Somente em dezembro houve uma destruição de mais de três mil vagas no Brasil.
fev/16 = O pior mês dos últimos anos: foram admitidos 8.475 pessoas e demitidos 12.669, uma variação líquida negativa de 4.194.
26/05/2016 = Os dados divulgados de abril mostram uma redução de quase vinte mil vagas desde janeiro de 2014. Somente em 2016 foram quase 11 mil. Os números divulgados pelo blog mostram uma diferença salarial entre contratados e demitidos de 20% em abril.

Notícia boa para contabilidade?
A crença de que a contabilidade é imune a crise não foi comprovada pelos números de empregos formais. Não somos a profissão do presente e do futuro. É um reflexo da pior crise econômica que já enfrentamos.

Desdobramentos - A questão política ainda será central no que irá ocorrer nos próximos meses. O ajuste para que a economia volte a cresce irá significar redução dos gastos públicos e talvez até aumento de impostos. Ainda teremos redução nos empregos formais do setor.

Mas a semana só teve isto?
Não. As medidas econômicas anunciadas para tentar corrigir as finanças públicas foram relevantes. O escandalo na Alibaba mostra a fragilidade da contabilidade chinesa.

27 maio 2016

(Des)emprego do Setor Contábil em Abril

Os dados do emprego formal do setor contábil em abril mostram que nada mudou. E isto é muito ruim.

Antes de detalhar é importante destacar que este blog expandiu o critério, incorporando os técnicos em contabilidade e os escriturários. Acreditamos que esta incorporação irá refletir melhor o que ocorre no setor em termos de mercado de trabalho. O desempenho ruim apontado nos levantamentos anteriores nos meses de outubro de 2015 torna-se positivo com esta mudança. Mas nos demais meses, o levantamento continua mostrando uma crise generalizado do emprego formal. É também importante destacar que a base primária dos dados é o Caged, do Ministério do Trabalho.

No mês de abril foram admitidos 9.135 novos empregados e demitidos 11.758, indicando uma redução no número de vagas no setor de 2.623. O gráfico a seguir mostra que esta foi uma tendência dos últimos meses.

As informações mostram que desde outubro de 2015 o setor não abre novas vagas. Em fevereiro de 2016 tivemos o pior mês em termos de emprego no setor, batendo dezembro de 2015, um mês onde geralmente existe dispensa de empregados.



A variação acumulada mostra que desde janeiro de 2014 foram reduzidas quase 20 mil vagas no setor. O tempo médio de emprego dos desligados em abril foi de 29 meses. Entre os admitidos, a idade média era de 29,2 anos, enquanto os desligados tinham uma idade média de 30,7 anos. As mulheres foram as maiores vítimas, com 57% dos desligados. 60% dos desligados tinham o ensino médio completo e 77% eram escriturários.



O gráfico a seguir mostra uma realidade persistente na movimentação do setor: o salário médio dos admitidos é bem inferior ao dos admitidos. Em abril a diferença ficou em 20%, acima da média dos períodos anteriores (de 17%) e dos valores de janeiro e fevereiro deste ano (5% e 9%, na ordem).

É interessante notar que não existe relação estatística entre a perda salarial admitidos e demitidos com o saldo de movimentação no mês (correlação de 9,7% no período).

19 maio 2016

Emprego e salário na contabilidade

Mensalmente este blog está divulgando os dados de desemprego no setor contábil. E o quadro é muito ruim: o número de demitidos tem sido muito superior aos admitidos. Outro efeito da crise econômica tem surgido nos dados de emprego formal do Caged: a troca de funcionários com maior salário por novos com menor salário.

Usando os dados de “contadores e auditores”, “escriturários de contabilidade” e “técnicos em contabilidade” do Caged este blog tabulou o número de admitidos e de demitidos entre janeiro de 2014 a março de 2016. (Observação importante: nos dados que geralmente divulgamos a “família” é somente de contadores e auditores. Ou seja, esta base é mais ampla)

Também se obteve o salário médio mensal dos dois grupos (admitidos e demitidos). O resultado, ao longo deste período, encontra-se no gráfico a seguir:


Ao longo dos últimos meses o salário médio dos admitidos é muito menor que o salário médio dos demitidos. As empresas estão contratando menos e quando contratam são pessoas com menor salário. Profissionais com maiores salários são demitidos e quando as empresas contratam a oferta é por um salário menor. No período analisado a diferença entre os salários ficou em 17%. (Falta considerar o efeito da inflação) (Em outubro de 2015 a diferença ficou em 28%). Em termos monetários, o demitido custava R$338 a mais que o admitido.

22 abril 2016

Desemprego bate recorde

O Ministério do Trabalho tem o costume de divulgar os dados do emprego formal na sexta-feira. E novamente os números não são bons, expressando o elevado desemprego no setor contábil.

Em março de 2016 o número de trabalhadores admitidos foi de 2.123, bem abaixo dos 2.581 do mesmo mês do ano anterior. Já o número de demitidos foi de 2.742, um pouco menor que os 2.878 de março de 2015.


Mas enquanto no ano de 2015, no mês de março, a redução de vagas foi de 297, no último mês o número foi de 619. Deste total, 346 vagas reduzidas eram do gênero masculino. Em termos acumulados a redução de vagas no setor atinge a quase oito mil (7.984 vagas).

Um aspecto importante: o salário médio dos contratados no mês de março 21% que o salário dos demitidos. Ou seja, está existindo um achatamento salarial no setor, com troca de empregados mais caros por outros mais baratos.

22 março 2016

Desemprego na Contabilidade

Conforme fazemos há meses, este blog acompanha a evolução do mercado de trabalho formal para contadores e auditores, a partir da coleta de dados do Ministério do Trabalho.

Os dados de fevereiro de 2016 indicam a persistente crise de contratação na área, reflexo da crise econômica do nosso país. No último mês foram reduzidas 540 vagas. Isto num universo de milhares de empregos não parece ser muito. Mas considerando desde janeiro de 2014 a destruição de vagas foi de 7365 (gráfico a seguir). Em janeiro tivemos uma aparente reversão de queda. Mas naquele mês, em postagem neste blog, alertávamos que o mês de janeiro é tipicamente de contratação de pessoal e a queda de 44 vagas era preocupante.
Com efeito, em fevereiro de 2014 foram reduzidas 82 vagas; um ano depois o número de desligados superou ao de admitidos em 553; na última informação o número praticamente não mudou (540 vagas a menos). Péssimo sinal, talvez indicando que o problema de emprego deverá continuar.

Provavelmente estamos diante de uma das maiores crises de emprego no setor de todos os tempos (nunca antes neste país ..., já dizia aquele político).

27 fevereiro 2016

Desemprego

Como temos feito regularmente, este blog acompanha os dados de desemprego formal do TEM (Ministério do Trabalho e Emprego), mais especificamente de Contadores e Auditores (Classificação do Código Brasileiro de Ocupação). Desde janeiro de 2016 o número de desligados supera o número de admitidos. Isto significa um aumento nos desempregados do setor. Se em dezembro a redução dos postos de trabalho foi de 1.016, um recorde negativo no setor, em janeiro isto diminuiu substancialmente: o número de admitidos foi somente 44 postos menor que o número de demitidos. O gráfico mostra a evolução no quadro de emprego do setor:

Boa notícia? Infelizmente não. Janeiro é um mês tipicamente de contratação. Nos anos anteriores o número deste mês era sempre positivo, conforme o gráfico a seguir. No ano passado, por exemplo, o único mês positivo em termos de mercado de trabalho foi exatamente janeiro.

O gráfico a seguir é mais alarmante. Mostra a evolução acumulada do emprego/desemprego de contadores e auditores. Iniciando em 2014, o número tornou-se negativo em abril de 2014 e não para de cair. São quase sete mil vagas no setor que foram reduzidas.

22 janeiro 2016

Aumenta o Desemprego no Setor Contábil

Segundo dados divulgados pelo Ministério do Trabalho, referente ao emprego formal no Brasil, o número de postos extintos para contadores e auditores atingiu o pior valor desde que esta informação foi divulgada. A informação foi compilada por este blog, que tem acompanhado a questão da empregabilidade da área. Em dezembro foram extintos 1.016 postos de trabalho, sendo que 2.828 trabalhadores foram desligados e 1.312 admitidos. Dos desligados, 1.626 foram sem justa causa. O desempenho de dezembro de 2015 é muito pior que no mesmo ano de 2014, quando 584 postos foram extintos. De janeiro de 2014 até dezembro de 2015 foram extintos 6.781 postos de trabalho. Nestes 24 meses, somente em quatro ocorreram criação de postos. Em dezembro de 2015 o gênero feminino foi o alvo das demissões: extinção de 535 postos ocupados por mulheres versus 481 por homens.