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16 outubro 2014

Curso de Contabilidade Básica: Risco

Imagine o leitor uma empresa conhecida nacionalmente e que pode perder, nos próximos meses, o direito de utilizar seu nome. Um evento como este é muito importante. Se isto realmente ocorrer, a empresa terá que obter outro nome comercial, fazer uma grande propaganda para que os clientes saibam a nova denominação e até fazer coisas prosaicas, como trocar o endereço na internet, os cartões de visita dos empregados e as placas do prédio do edifício sede. O volume de gastos é muito alto.

É sempre traumática esta situação. No passado uma empresa de sorvete, chamada É Bom, sofreu um processo da toda poderosa Kibom. Perdeu na justiça, mas o caso foi bastante divulgado nos jornais. A empresa mudou o seu nome para SemNome. Mas estamos falando de uma pequena empresa, que teve uma grande divulgação na imprensa. E se a empresa foi a maior do setor?

Nesta situação o investidor deveria esperar duas coisas. Em primeiro lugar, que a empresa já soubesse do risco de perder o nome e destacasse isto na análise de risco. Em segundo lugar, e não menos importante, que a empresa informasse o investidor. Se a empresa possui ações negociadas na bolsa estes dois aspectos são básicos. Afinal, para o primeiro ponto, existe um trecho das demonstrações contábeis onde a empresa é obrigada a listar os principais riscos e medidas para evitá-lo. No segundo ponto, há a obrigação de informar ao mercado através de um fato relevante.

Esta situação está acontecendo agora com a maior empresa de pagamentos do Brasil. Em 2009 a VisaNet celebrou um acordo com o nadador César Cielo. A empresa mudou de nome e o esportista entrou na justiça. Agora, em primeira instância, a justiça deu ganho de causa ao nadador e fixou um prazo para que a empresa deixe de usar o nome Cielo.

Vamos verificar os dois aspectos citados anteriormente. Primeiro, a questão do risco. Se você tiver a paciência para ler o relatório da empresa do final do ano (disponível aqui) não irá encontrar nenhuma informação sobre o risco de perder o nome.

O segundo aspecto, referente a divulgação de um comunicado ao mercado, a Cielo apresentou a seguinte argumentação (clique na imagem para ver melhor):


A leitura indica que a empresa está tranquila com respeito ao fato.

Só para finalizar: no momento que escrevíamos esta postagem o fato relevante da empresa ainda não estava no endereço da CVM, apesar de estar disponível no endereço da Cielo. Culpa de quem?


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