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13 maio 2013

Cruzeiro do Sul

As supostas fraudes que levaram o banco Cruzeiro do Sul a um rombo contábil de R$ 2,23 bilhões foram praticadas por, no mínimo, uma década. É o que aponta o relatório final da comissão de inquérito do Banco Central obtido pela Folha.

Desse total, R$ 1,27 bilhão --praticamente a metade-- foi gerado por "operações falsas e inexistentes" envolvendo a venda de títulos para FDICs (Fundo de Investimento em Direito Creditório).

Um deles, por exemplo, envolvia uma empresa que estava inativa desde 2008.

Entre maio e agosto de 2011, foram detectados 7.572 clientes com mais de duas operações ativas contratadas (crédito consignado). Cada uma delas estava vinculada a órgãos conveniados distintos, muitas vezes em Estados diferentes. A análise feita pelos interventores não identificou qualquer liberação de recursos pelos clientes.

Esse resultado foi obtido a partir da inspeção, pela equipe do BC, de 320 mil contratos em cinco empresas financeiras do grupo Cruzeiro do Sul.

No total, o rombo contábil gerado por todos os contratos fictícios (não somente os de FDICs) somou R$ 1,38 bilhão, afirma o relatório.

ESMERALDAS

A diferença (R$ 848 milhões) em relação ao rombo total seria explicada por outras operações irregulares. Uma das principais teria sido a simulação de empréstimos aos controladores do Cruzeiro por meio de "laranjas".

Segundo o BC, o banco "vendia" títulos para esses "clientes" e usava os recursos supostamente pagos para aplicar em cotas de fundos de investimento. Esses fundos, por sua vez, compravam papéis emitidos por uma empresa, a Patrimonial Maragato, de Luís Octávio e Luiz Felipe Indio da Costa, ex-controladores do Cruzeiro do Sul.

O maior dos fundos, o Prosper Flex, concentrou R$ 147 milhões em transações supostamente simuladas. Os tomadores de empréstimos não tinham capacidade financeira, de acordo com o BC.

Ainda de acordo com o relatório, houve transações com laranjas para envio de recursos ao exterior. Também foram encontrados R$ 2,5 milhões em esmeraldas no cofre do banco. Um especialista contratado para fazer a investigação atestou que as pedras eram falsas.

(JULIO WIZIACK E TONI SCIARETTA)

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