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19 outubro 2011

Falhas no Prêmio Nobel?

Na sua última edição, o célebre Prêmio Nobel completou 110 anos de existência. Ao longo da trajetória, muitos prêmios merecidos já foram outorgados – mas nem todos. Confira uma lista com cinco decisões, digamos, controvertidas.

1 – Ausência de um prêmio para Gandhi
Idolatrado até hoje por ter libertado a Índia da colonização britânica, pautado por uma doutrina obstinada de não violência, Mohandas Karamchand Gandhi jamais foi agraciado com o Prêmio Nobel. Embora tenha sido indicado cinco vezes, o líder espiritual que passou para a história com o nome Mahatma não foi lembrado como um expoente na luta pela paz. Em 1948, ano em que a premiação ocorreria poucos dias antes de seu assassinato, a organização deixou o prêmio vago por “falta de candidato adequado”.

2 – Prêmio para o criador da Lobotomia
Você já ouviu falar em lobotomia? É um procedimento cirúrgico primário que consiste, basicamente, em cortar (literalmente, e às vezes de forma rudimentar) as vias que ligam o lobo cerebral ao tálamo. Inventada em 1936 pelo psiquiatra português António Egas Moniz, essa técnica era usada para acalmar pessoas com surto psicótico.

Em 1949, a “cirurgia” rendeu a Moniz o Prêmio Nobel de Medicina. Mas se revelaria um erro. Inicialmente concebido para ser usado apenas em casos extremos, onde o doente mental ameaçasse violência ou suicídio, a lobotomia foi banalizada por Moniz e por um médico americano chamado Walter Freedman. Hoje considerado selvagem e anti-ético, o procedimento chegou a ser aplicado mais de 20 mil vezes nos Estados Unidos.

A lobotomia jamais foi um método que realmente curou alguma coisa. Cortar ligações importantes do cérebro era apenas um paliativo, mas os surtos psicóticos retornavam no paciente pouco tempo depois, às vezes com violência. Em muitos casos, o paciente acaba ficando em estado vegetativo. O próprio Egas Moniz acabaria em uma cadeira de rodas, ao levar um tiro de um paciente que ele mesmo havia operado através de lobotomia. Apesar disso, levou o Prêmio de 1949.

3 – Israelenses e Palestinos vencem Nobel da Paz
No início da década de 90, foram muitas as reuniões entre o Primeiro Ministro de Israel Yitzhak Rabin, o Ministro de Relações Exteriores Shimon Peres e o líder da Organização para a Liberação Palestina Yasser Arafat. Apesar da série de encontros em Oslo (Noruega), mediados pela ONU entre os líderes, nenhuma proposta sólida para a paz na região foi alcançada, e eles nem chegavam a concordar em algum ponto das discussões. Apesar disso, os três foram laureados com o Nobel da Paz em 1994.

4 – Más indicações na literatura
Aparentemente, um erro de interpretação dos organizadores fez com que o Nobel de Literatura, entre 1901 e 1912, fosse entregue a autores sem expressão. Segundo a vontade expressa de Alfred Nobel, o fundador, a medalha deveria ir para o escritor que produzisse “no campo da literatura, o mais excelente trabalho de direção ideal”.

Quem outorgou os primeiros prêmios, conforme teoria do site americano LiveScience, imaginou que se tratasse de premiar autores com obras idealistas e puras. Por essa razão, autores renomados como James Joyce, Leo Tolstoy, Anton Chekhov, Marcel Proust, Henrik Ibsen e Mark Twain jamais foram lembrados. O motivo? Suas obras eram depressivas e pesadas.

5 – Ausência do criador da Tabela Periódica
O russo Dimitri Mendeleev criou, em 1869, uma ferramenta que iria revolucionar o mundo da química. Baseada no peso atômico dos elementos, a Tabela Periódica é até hoje o maior auxiliador dos cientistas em várias tarefas, e suas consequências indiretas estão em quase todos os campos da ciência.

Apesar disso, o cientista russo nunca teve a honra de levar o Prêmio. Ele morreu em 1907, seis anos depois da criação do Nobel, e não foi lembrado em nenhuma das edições. E se você acha que isso aconteceu porque o Nobel dá preferência a méritos mais recentes, é um engano: na edição de 2011, alguns dos premiados fizeram suas descobertas há mais de trinta anos.


Fontes: LiveScience e HyperScience

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