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27 setembro 2011

Ducktales era um símbolo do imperialismo americano?

Há controvérsias.

Na série animada de 1987, Tio Patinhas vivia viajando para países selvagens, de onde extraía riquezas que levava de volta a Patópolis. A atitude parece repetir a prática histórica conhecida como imperialismo: a expansão econômica ou política de uma potência sobre outras nações. Essa interpretação capitalista não é recente: o livro Para Ler o Pato Donald, lançado por Ariel Dorfman e Armand Mattelart em 1976, já fazia análises que hoje podem ser aplicadas a Ducktales. [Aqui uma crítica ao livro]

A PALAVRA DO RESPONSÁVEL: A Disney diz preferir não comentar esse tipo de críticas.

TERRA DE NINGUÉM: Os tesouros estão sempre em lugares distantes, como o “pequeno país Ronguai”, na América do Sul. Além de imitar a dualidade real entre colônia/metrópole esse recurso narrativo sugeriria que o dinheiro está numa terra sem lei. Portanto, não teria herdeiros nem dono: leva quem chegar primeiro.

ÍNDIO BONZINHO: Patinhas sempre encontra nativos que, pela lógica, seriam os donos legítimos da riqueza local. Mas, seguindo o estereótipo do “bom selvagem”, elas ajudam o herói em troca de ninharias, como na época colonial. No episódio “Patos Congelados”, um pinguim troca um mapa do tesouro por... giz de cera!

DINHEIRO FÁCIL: Nos desenhos, não se vê a origem do dinheiro. Sabemos que Tio Patinhas tem vários negócios, mas quase nunca vemos funcionários produzindo. Segundo Dorfman e Mattelart, isso desvincularia as noções de riqueza e trabalho. Se o dinheiro não está lá, ele precisa vir de outro lugar – como as colônias.

LADRÃO QUE ROUBA LADRÃO? Tio Patinhas é “esperto” o suficiente para buscar mapas do tesouro e itens mágicos. Seus adversários, porém, tentam roubar diretamente dele – um artifício que serviria para deixar subentendido que, só por sua iniciativa, Tio Patinhas já é o “dono” daquilo que pegou.

Postado por Isabel Sales.
Fonte: Revista Mundo Estranho, p. 26, ed. 116.
Fonte da Imagem: Aqui.

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