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19 setembro 2020

PCAF e a ética do ambiente


(...) quase 70 grandes instituições financeiras em cinco continentes com ativos financeiros totais de mais de US $ 10 trilhões formaram a Parceria para Contabilidade e Finanças de Carbono (PCAF), que visa incutir uma ética ambiental em empréstimos e investimentos e harmonizar a forma como eles medir e divulgar o impacto de carbono destes.

O PCAF é uma ideia extraordinária da Guidehouse, a consultoria global, adotada por um grupo de pequenos bancos na Holanda em 2015. A organização cresceu muito, principalmente nos Estados Unidos e na Europa. Seus membros americanos incluem Amalgamated Bank, Bank of America BAC -0,1%, Citibank, Morgan Stanley MS + 0,9% e BlackRock BLK + 0,1%. O NatWest da Grã-Bretanha ingressou recentemente.

Via aqui. Segundo o site da entidade, faz parte somente o Bradesco (junho 2020, committed) pelo Brasil.

Os padrões da instituição podem ser encontrados aqui

Avaliando o hotel de Trump


No livro Casa Branca, Inc: Como Donald Trump transformou a presidência em um negócio, de Dan Alexander (um extrato via aqui) um exemplo de uso de múltiplo 

Basicamente os métodos de avaliação podem ser divididos em dois tipos. A primeira categoria inclui todos aqueles baseados na estimativa de um fluxo de caixa projetado do negócio, descontado por uma taxa que reflita o custo de oportunidade do capital. Este é o método mais recomendado pela literatura, por diversas razões. Um outro grupo abrange a avaliação baseada em um múltiplo. A partir de transações passadas, o analista utiliza uma informação relevante, como a receita ou uma medida física, para determinar o valor do negócio, usando um múltiplo para chegar ao resultado final. Este é o método mais usado. 

Um problema do uso do múltiplo é que o parâmetro usado pode variar de analista para analista e entre os setores analisados. É comum, por exemplo, usar a receita para alguns comércios varejistas, mudando somente o múltiplo usado. Mas para outro setor, clientes pode ser mais usual. 

Voltando ao livro de Alexander, o autor discute a avaliação de duas propriedades imobiliárias de Donald Trump, especificamente dois hotéis do presidente dos Estados Unidos. E no caso narrado por Alexander, a presença de Trump e seu nome nos negócios pode ser um problema. O texto analisa do Trump National Doral, em Miami, e o Trump International Hotel, em Washington.

O primeiro, Doral, é um resort localizado em Miami, com diária de mais de mil reais, chegou a hospedar um famoso torneio de golfe nas suas dependências. A presença do evento esportivo traz um grande número de clientes para o resort. Entretanto, o polêmico presidente afastou o torneio já em 2016, quando a organização do evento transferiu o mesmo para o México. O motivo foi o fato de que o nome Trump afasta patrocinadores que poderiam investir no torneio. A transferência fez com que o resort perdesse uma grande receita. Um operador de resort, citado por Alexander, chegou a dizer que a mudança do evento matou Doral. Mas não é somente isto; outros eventos que eram realizados na propriedade foram cancelados por conta da associação com o nome Trump. Segundo o autor, a marca Trump deixou de ser um ativo e passou a ser um risco. 

Somente entre 2015 e 2016 ocorreu uma redução na receita de 5%. Uma estimativa citada fala em 100 mil diárias perdidas após a eleição de Trump. Com 643 quartos, isto significa 155 dias de lotação (cem mil por 643 quartos) ou mais de cinco meses de ocupação. Em 2017 nova queda na receita. Como afirma Alexander, “um resort que se orgulha do serviço excepcional, cortar cursos não é fácil”; em outras palavras, a queda na receita provocou uma redução mais que proporcional no lucro. Isto é alavancagem operacional. Com efeito, segundo os dados de Alexander, os lucro reduziram em 66%. Em 2018 a receita foi de 76 milhões de dólares; no ano seguinte, de 77 milhões. Em alguns momentos, a ocupação do resort é de 15%, um valor muito baixo. Um ex-empregado chegou a dizer: “acho que tiveram o azar de seu proprietário se tornar presidente”. 

A outra propriedade é o Trump International Hotel, localizado na capital, com diárias acima de dois mil reais. O prédio onde está localizado o hotel foi dos Correios e construído em 1800. Em 2011, o governo federal licitou o prédio e a família Trump venceu o leilão. A família gastou muito dinheiro no prédio para fazer a conversão em hotel. Os números do hotel não são divulgados, mas a estimativa é que a receita do hotel, localizado na Avenida Pensilvânia, é algo em torno de 50 milhões de dólares por ano. O autor estimou a margem de lucro do hotel, baseado em uma série de inferências, em 11%. Um valor reduzido para o setor. 

O processo de avaliação começa com a decisão da Trump Organization em vender o hotel de Washington. A estimativa do vendedor seria uma receita de 68 milhões em 2020, com lucro de 6 milhões (lucro operacional antes de juros, impostos, depreciação e amortização, LAJIDA. Provavelmente o hotel está no prejuízo, já que possui uma dívida que deve levar boa parte do LAJIDA. Ou seja, o hotel de Washington dá prejuízo ao presidente Trump, o que é irônico, já que o presidente pretende ter uma imagem de gestor eficiente. 

Entre os interessantes pela compra, um investidor ofereceu US$175 milhões. O número do vendedor talvez seja 500 milhões, segundo Alexander. Aqui entra o processo de avaliação. Será que o hotel de Washington vale realmente 500 milhões? Parece que a maior oferta máxima seja de 240 milhões para um comprador agressivo. Eis a parte que interessa sobre a avaliação: 

Existem duas maneiras principais de descobrir quanto vale um hotel. A primeira é aplicando um múltiplo a seus lucros, o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização. Isso permite que os investidores em potencial vejam quanto tempo pode levar para recuperar seu dinheiro. Quanto mais agradável for o hotel, maior será a probabilidade de eles esperarem mais tempo. Para uma propriedade super luxuosa como a de Trump, pode-se esperar que alguém pague, digamos, 20 vezes o fluxo de caixa [o LAJIDA não é bem fluxo de caixa]. Se está gerando US $ 10 milhões por ano, por exemplo, há uma boa chance de alguém pagar US $ 200 milhões pelo local. Mas o lucro antes dos impostos e antes dos juros parecem ser de cerca de US $ 5 milhões. Nesse nível, Trump estava pedindo cerca de 100 vezes os lucros anuais. Um vendedor mais realista poderia ter pedido, digamos, US $ 100 milhões por uma propriedade que estava produzindo US $ 5 milhões por ano.

Dada sua grandeza, no entanto, é improvável que o hotel Trump valia apenas US $ 100 milhões, o que nos leva à segunda maneira de avaliar um hotel. Os investidores costumam aplicar um preço a cada quarto e multiplicar esse valor pelo número de quartos. (...) é possível considerar mais de US $ 1 milhão por quarto para o hotel de Trump. Valorizar algo é uma arte e não uma ciência. Sete especialistas em hospitalidade, falando entre janeiro e início de março, ofereceram estimativas de algo entre US $ 500.000 e US $ 1,2 milhão por quarto para a propriedade de Trump, após serem informados sobre suas baixas margens de lucro. A média foi de $ 761.000. Como o local tem 263 quartos de hotel, isso sugere que vale US $ 200 milhões. Essa parecia ser uma avaliação justa que levou em consideração tanto a renda quanto o preço por quarto.

O primeiro método apresentado parece múltiplo, mas trata de uma estimativa de fluxo de caixa, considerando uma perpetuidade na sua geração e uma taxa de desconto igual a 5% ou 1/20 (1). Outra possibilidade é usar o múltiplo de um negociação próxima. O Mayflower Hotel, com 581 quartos, foi negociado a 175 milhões. Isto corresponde a 300 mil por quarto. O valor multiplicado por 263 corresponde a menos de 100 milhões de dólares. 

Mas há dois fatores adicionais nesta análise. O comprador potencial do hotel pode ostentar que comprou o hotel do presidente dos Estados Unidos. Isto pode implicar em um adicional ao valor calculado, embora seja difícil imaginar quanto valeria este capricho, mas isto pode resultado em um valor de negociação acima do valor estimado por um avaliador. 

O segundo fator é negativo, que é a questão política. Com o coronavírus, o governo dos Estados Unidos conseguiu a aprovação de ajuda para diversos setores da economia, no valor de 350 bilhões de dólares. O governo oferece o apoio, desde que a empresa não demitisse. Os hotéis estavam entre os setores que poderiam se beneficiar. Mas os legisladores, ao aprovarem a ajuda, proibiram que empresas pertencentes a funcionários com altos cargos tivessem acesso ao empréstimo. Isto incluiu os hotéis de Trump, que tiveram que demitir e na reabertura não conseguiram um número de clientes adequado. 

Para complicar, a Trump tem uma grande dívida com o Deutsche Bank, o que significa uma posição complicada para a instituição financeira alemã. Renegociar empréstimo poderia parecer um favor ao presidente dos Estados Unidos, justamente quando o governo está investigando o banco. E não fazer pode ter um risco de retaliação. 

(1) A bem da verdade, os dois grupos de métodos devem ter uma convergência. O múltiplo nada mais é do que um fluxo de caixa descontado simplificado. 

Rir é o melhor remédio


 Bingo da Live

18 setembro 2020

Marca e a decisão legal da obra de Banksy


O artista conhecido por Banksy perdeu um processo judicial contra uma empresa de cartões comemorativos, Full Color Black, e a sua marca poderá estar “em risco”, segundo escreve o “The Guardian”, esta sexta-feira, 18 de setembro. 

O Instituto da propriedade intelectual da União Europeia (EUIPO) explicou que escolheu contra o artista por não considerar que Banksy possa ser identificado como o proprietário inquestionável das obras porque sempre manteve o anonimato.

“Banksy optou por permanecer anónimo e, na maioria das vezes, pintar grafites na propriedade de outras pessoas sem a sua autorização, em vez de pintar num quadro ou numa propriedade própria”, frisou o EUIPO.

O caso remonta a 2004, quando a empresa Full Color Black quis registar como marca comercial uma imagem desenhada por Banksy em Jerusalém, a Flower Thrower, onde surge um homem a atirar um ramo de flores.

Para impedir que a Full Color Black conseguisse comercializar a Flower Thrower, Banksy abriu uma loja em Croydon, no sul de Londres. “Uma empresa de postais de felicitações está a contestar a marca registada que atribuo à minha arte”, referiu o artista em comunicado, acrescentando que estavam a tentar “ vender legalmente sua mercadoria falsa de Banksy”.

No entanto, o EUIPO considerou que a loja do artista, que inicialmente vendia apenas através da internet, vendia mercadorias “pouco práticas e ofensivas”. Entre os itens vendidos estavam bolas de discoteca feitas de capacetes ​​da polícia, bem como réplicas do colete esfaqueado usado pelo rapper Stormzy no seu espetáculo em Glastonbury, em 2019.

O painel de três juízes concluiu que “a sua intenção não era usar a marca como marca para comercializar mercadorias. Estas ações são inconsistentes com práticas honestas”.

Aaron Mills, advogado de marcas registadas da Blaser Mills, que representou a Full Color Black , apontou que a decisão pode significar que outras marcas registadas de Banksy estão em risco. “Se não houve intenção de uso, a marca é inválida e também existe a questão da fraude. Na verdade, todas as marcas registadas de Banksy estão em risco, pois todo o portfólio tem o mesmo problema ”, disse ao “World Trademark Review” citado pelo “The Guardian”.

O advogado da Full Color Black, sublinhou ainda à “BBC News” que a empresa que representa está “muito satisfeita com o resultado”. “Banksy sempre considerou que copyright era para perdedores, e se quisesse contestar que alguém utilizasse uma das suas obras, normalmente precisaria contar com o copyright”, afirmou Aaron Mills. (Marques, Bianca. Jornal Econômico. Bansky perde batalha legal e tem marca em risco, 18 de set 2020)

Contabilidade? - A questão legal pode influenciar no reconhecimento de um ativo. Veja que a empresa que registrou a pintura agiu no sentido de aproveitar a legislação, mesmo que isto pareça "estranho". É interessante que a decisão judicial é contra um artista que não gosta da exploração comercial da arte. 

CAPM não funciona

Determining the right price for a business on the auction block can often befuddle even the most experienced valuation professionals.

For decades, the Capital Asset Pricing Model (CAPM) has been used by business school professors, CFOs, and valuation experts to gain valuable information on risk and price. Unfortunately, the method, which predicts the expected return of an asset as a function of its beta, is not always accurate.

While the CAPM’s limits are widely known, new research shows the extent to which using the method can cause significant errors in the valuation of a company that’s up for sale.

By examining 12,000 takeover bids for private companies between 1977 and 2015, the authors of a forthcoming study show that using the CAPM to value targets leads to valuation errors that correspond to an average range of 12% to 33% of deal values.

The researchers arrived at their results by developing a model that assessed the cumulative abnormal return of the bidder’s stock in response to the bid; the value of the target’s equity as assessed by the market; and the price paid by the bidder.


The CAPM formula doesn’t work — it doesn’t give the right price of risk,” saidDavid Thesmar,one of the study’s authors and an MIT Sloan professor of financial economics. “It becomes a problem to actually evaluate businesses when we want to buy them, because we don’t know the price of risk, and we’re using that formula.”

Experts have used the CAPM for years, especially in business schools when introducing ideas of risk and return, portfolio theory, diversification, and other fundamental concepts. The authors estimated in their research that between 73.5% and 90% of CFOs and valuation professionals still use the CAPM.

Dessaint, Olivier and Olivier, Jacques and Otto, Clemens A. and Thesmar, David, CAPM-Based Company (Mis)valuations (October 24, 2019). Rotman School of Management Working Paper No. 3050928.



Rir é o melhor remédio

 

A verdade na nossa época

17 setembro 2020

Enquanto isto, na educação nos tempos atuais....

 



Três casos. Mas outros mais aqui

Deloitte punida na Inglaterra


Uma notícia da Inglaterra: 

A Deloitte foi punida com uma multa recorde pelas “sérias e repetidas falhas” na auditoria à empresa de software Autonomy, reporta a Reuters. A multa de 15 milhões de libras (16,4 milhões de euros) foi decretada esta quinta-feira pelo Conselho de Reporte Financeiro do Reino Unido. 

Em causa estavam as demonstrações financeiras da Autonomy em 2009 e 2010, antes de ser comprada pela Hewlett Packard (HP) em 2011. Depois desta aquisição, que se fez por 11 mil milhões de dólares (9,3 mil milhões de euros), a HP viria a reduzir o valor da empresa em três quartos, alegando ter sido defraudada nas finanças da Autonomy. 

O regulador britânico veio agora dar razão à queixa da HP, tendo também sancionados dois dos sócios da Deloitte envolvidos na auditoria. A empresa e os colaboradores defendem-se dizendo que as suas práticas “evoluíram significativamente desde que esta auditoria foi realizada há mais de uma década”, cita a Reuters. A decisão surge depois de um demorado processo, incluindo um recurso posto pela consultora para os tribunais em julho.

Precisamos da Representação Fidedigna na Contabilidade?

Com o desenvolvimento da estrutura conceitual, a partir do Fasb e mais recentemente com o Iasb, a representação fiel ou fidedigna foi elevada ao patamar de verdade absoluta para a contabilidade. Mas será que efetivamente devemos considerar a representação fiel como um modelo a ser buscado pela contabilidade? 

Antes de responder, vejamos duas figuras, retiradas de um artigo da David Perell. O primeiro é um desenho de Pablo Picasso. Este pintor espanhol foi considerado um dos maiores do século XX. Entretanto, muitas pessoas, quando olham uma das suas pinturas, acredita que seja algo fácil de ser feita. No nosso primeiro exemplo temos o desenho de um touro. 


A primeira tentativa de Picasso apresenta os principais contornos do animal e realmente parece indicar o que esperaríamos de um touro. Os dois desenhos seguintes, no alto da figura, aumenta a complexidade e os detalhes do animal. A partir daí, Picasso começa um processo de reduzir a figura ao que ele entende ser a essência do touro. Ao final de mais quatro tentativas, o animal é desenhado em algumas linhas (figura do canto direito, no meio). O processo de simplificação conduz ao resultado final, onde o touro é desenhado a partir de algumas poucas linhas. 

O que seria um desenho que “qualquer criança” poderia fazer, na realidade é fruto de estudos. É preciso primeiro entender toda complexidade do animal, para entender sua essência. 

Vamos passar para o segundo exemplo apresentado por Perell. Eis o mapa do metrô de Nova York, com as suas estações.


Este mapa foi produzido para que o usuário possa usar o transporte e saber sua estação. Para isto, quem fez o mapa produziu diversas distorções. Este mapa não representa, de maneira fidedigna, as estações e o entorno do metrô: ele não mostra todas as ruas e o Central Park está representado de maneira que parece mais um quadrado do que um retângulo. São alguns dos exemplos das distorções do mapa. Seguramente o desenho seria reprovado por um rigoroso desenhista. Mas mesmo assim, este é o mapa usado pelo metrô para orientar os passageiros. É ele que tem a função de indicar a melhor estação para quem deseja chegar ao seu destino. Provavelmente deve servir ao seu propósito.

Estes dois exemplos mostram que nem sempre a representação fiel é o desejável em outras áreas. Por que isto também não seria verdadeiro na contabilidade? Pegue qualquer demonstração contábil, de qualquer empresa. A partir da representação fiel feita pelo contador, o usuário tem uma boa noção do que é relevante? Provavelmente não. Tanto é assim que algumas empresas aperfeiçoam o desenho feito pelo contador (talvez o quarto, no canto direito, da figura do touro) e apresentam sua configuração sob a forma de transparências na apresentação para os investidores (talvez os desenhos do meio da figura do touro). 

Rir é o melhor remédio

 

corte orçamentário 

16 setembro 2020

Quando os pareceristas não olham o Background Studies


Uma das razões da revisão pelos pares é que os especialistas na sua área deveriam conhecer as principais referências. E saberiam dizer se os estudos que suportam as hipóteses de um estudo (ou a expectativa de resultado), também conhecido como Background ou Revisão de Literatura, realmente expressam isto. 

Tem muito, muito, mas muito comum um autor usar Garrison - autor de custos - para falar sobre a importância da informação para decisão ou Hendricksen para afirmar que os estudos atuais de história ... Nada contra Garrison ou Hendricksen, mas o primeiro é autor de um bom livro de custos para graduação e o segundo escreveu um bom livro de Teoria nos anos 80 (traduzido no Brasil nos anos 90). É muito comum usar o CPC para falar sobre o usuário da contabilidade (a Estrutura Conceitual é rasa neste ponto). E assim por diante. 

O Retraction Watch - um site muito bom sobre problemas de pesquisa na ciência em geral - publicou um texto sobre uma retratação dos autores quando algumas referências não suportavam as conclusões. Parece básico e que deveria ter sido observado pelos pareceristas. Mas não foi. 

Eis um trecho da retratação: "Fomos notificados de possíveis discrepâncias entre três artigos citados na seção Background Studies do artigo publicado. Os artigos citados não aparecem relacionados aos dados que estavam sendo usados para descrever."

Ah, sim, já tive experiência diversas com esta questão do Background. Em algumas poucas delas eu deixei registrado minha discordância; em outras, confesso que me acomodei, pois geralmente a Revisão é a parte mais "chata" de um artigo; no último grupo, deixei de dar atenção para este ponto. Mea culpa

Imagem aqui

Presidente mundial da EY manifesta arrependimento pela Wirecard

 Demorou um pouco, mas...

En una carta dirigida a sus clientes, el presidente mundial de EY ha expresado su pesar por el hecho de que los auditores de su empresa no descubrieran antes el fraude cometido por la empresa alemana de tecnología financiera Wirecard, que ha quebrado

Para aqueles que não lembram, a empresa alemã Wirecard foi auditada muitos anos pela EY. Os auditores fizeram uma barbeiragem e não perceberam que a empresa estava manipulando a conta bancos. O arrependimento é um pouco tardio, já que jornalista do FT já tinham notado problemas com 

Caridade com o bolso alheio


Recentemente comentamos um ranking das empresas que mais fizeram caridade:

Realmente não sei se faz sentido uma instituição ficar fazendo doação. O executivo aparece como "mocinho", mas o dinheiro é do acionista. Parece hipocrisia. Mas quando imagina que uma doação pode gerar uma imagem favorável da empresa perante seus clientes, talvez a decisão não seja tão inadequada assim. Talvez.

Nos 50 anos do famoso artigo de Milton Friedman (postamos há dois dias), eis um argumento neste sentido de Oliver Hart:

Um exemplo que acho que Friedman estava certo foram as contribuições de caridade. Este é um exemplo famoso. Não acho que as empresas tenham uma vantagem comparativa em doar para instituições de caridade. Seria muito melhor para eles pegar o dinheiro que dariam para a caridade, entregá-lo aos acionistas e deixar que cada um deles decida quanto dar à sua instituição de caridade favorita

Mas quando se trata de coisas como a pegada de carbono, as empresas estão, na verdade, em uma posição muito melhor para ajudar nas mudanças climáticas do que os indivíduos. E se você perguntar aos acionistas individuais: Você estaria disposto a abrir mão de algum lucro, algum dinheiro, algum valor de longo prazo para os acionistas e, em troca, sua empresa se tornará mais verde? Muitos acionistas, os mesmos que instalam painéis solares ou compram carros elétricos, podem muito bem dizer "sim". E, nesse caso, se a maioria pensa assim, acho que a empresa deveria fazer a coisa verde.

Imagem: aqui

Escreva de manhã


Um conjunto de dicas sobre escrita, preparada pelo Grammarly, a segunda dica é Escreva de Manhã. Eis o que diz a dica: 

Para muitas pessoas, escrever é mais fácil logo após uma boa noite de sono. A pesquisa da Grammarly também mostra que os madrugadores cometem menos erros de escrita. 

30 Writing Tips to Make Writing Easier - Karen Hertzberg

Será? 

Rir é o melhor remédio


 Preocupações quando se tem um bom contador

Consequências da Precificação via Algoritimos

 Resumo:

Increasingly, pricing algorithms are supplanting human decision makers in on-line markets. To analyze the possible consequences, we study experimentally the behavior of algorithms powered by Artificial Intelligence (Q-learning) in a workhorse oligopoly model of repeated price competition. We find that the algorithms consistently learn to charge supra-competitive prices, without communicating with one another. The high prices are sustained by classical collusive strategies with a finite phase of punishment followed by a gradual return to cooperation. This finding is robust to asymmetries in cost or demand, changes in the number of players, and various forms of uncertainty.


Calvano, Emilio and Calzolari, Giacomo and Denicolo, Vincenzo and Pastorello, Sergio, Artificial Intelligence, Algorithmic Pricing and Collusion. American Economic Review.



15 setembro 2020

Mesmo erro há 300 anos


Os contemporâneos de Newton o viam como o homem mais inteligente do mundo. Se ele podia dar tão errado - arriscar algo como metade de sua riqueza de uma forma imprudente - o mesmo poderia acontecer com qualquer pessoa. A pesquisa publicada no ano passado pelo matemático Andrew Odlyzko sobre as ações de Newton durante a bolha do Mar do Sul ilumina não apenas os erros antigos do grande pensador, mas também um padrão de loucura humana que se repete continuamente. Quando os mercados financeiros oferecem a tentação de valores sempre crescentes, nem mesmo as pessoas mais inteligentes conseguem resistir.

Investidores têm cometido o mesmo erro há 300 anos. Imagem da Wikipedia

Precificação do risco e sua relevância


Sobre os incêndios na costa do pacífico dos Estados Unidos, eis uma observação interessante da The Economist:

A Califórnia está agravando seus problemas ao minar a correta precificação do risco, o que seria essencial para encorajar os proprietários de imóveis a se mudarem das áreas mais perigosas. O Estado impôs regras novas e mal concebidas às seguradoras, impedindo-as temporariamente de rejeitarem a renovação de apólices em áreas de alto risco. E os reguladores estão desencorajando o setor de usar o risco de incêndio como razão para recusar negócios em qualquer região do Estado.

Foto aqui

(Desastre ambiental da Califórnia é produzido por ela mesma - 15 set 2020 - publicado no Estado de S Paulo)

Quando o regulador atua, isto pode terminar criando incentivos errados. A precificação do risco errada gera problemas graves como este. 

Contabilidade? - as vantagens e desvantagens da regulamentação, mesmo em outras áreas, merece atenção da contabilidade. Além disto, normas como esta podem influenciar as demonstrações contábeis das seguradoras. 

Rir é o melhor remédio

 

Ignorando a tarefa de casa

14 setembro 2020

Herbalife, China e Trump


 Há semanas, o presidente dos Estados Unidos ameaçou as empresas chinesas com ações negociadas na bolsa de valores do seu país. O motivo foi a falta de supervisão das entidades de fiscalização dos trabalhos dos auditores dos EUA, o PCAOB. Parecia o típico imperialismo ianque, mas os problemas de falta de controle da qualidade do trabalho dos auditores chineses é sério. 

Michael Rapoport, em Herbalife Nutrition is in hot water again (The Digg, 11 de set de 2020), conta que os auditores chineses não perceberam nenhum problema nas atividades da Herbalife em território chinês. A empresa foi condenada a pagar uma multa por suborno de autoridades do país asiático: 

That’s why the recent U.S.-China showdown over corporate audits is so important for investors. The Trump administration is threatening to boot Chinese companies out of U.S. markets if U.S. regulators aren’t able to monitor Chinese audit firms.

The Herbalife case shows what might happen if a U.S.-listed company’s Chinese business is being vetted by an auditor whose performance and objectivity are big question marks. It suggests the lack of oversight over Chinese audit firms poses real risks for investors - risks that are likely to continue unless something is done to fix the problem.

Outras empresas dos EUA, que possuem uma grande operação na China, como WalMart e 3M, também podem ter problema. O que ocorre na contabilidade chinesa, só os chineses podem indicar se está correto ou não.