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20 julho 2013

Proposta de alteração na estrutura conceitual II

Contrariando a expectativa que alguns agentes econômicos tinham, a volta do conceito de prudência para a Estrutura Conceitual do IFRS não está contemplada diretamente na proposta apresentada ontem pelo Iasb. Mas não está totalmente descartada.

Embora muitos contadores tenham aprendido na escola que o conservadorismo é um princípio da contabilidade, já faz tempo que ele não integra mais os normativos do padrão IFRS.

Primeiro ele foi substituído pelo conceito da prudência, que parecia menos incisivo, mas depois foi totalmente eliminado, pelo entendimento de que ele seria conflitante com o princípio da representação fidedigna da situação patrimonial da entidade. Ou seja, não deveria haver viés.

Mas ainda que não traga uma sugestão para a retomada do conceito, o órgão menciona que esse tema tem sido motivo de preocupação de alguns agentes e diz que ele pode ser contemplado.

A postura de evitar mudanças se justifica pela tentativa do órgão de não rever alterações feitas em 2010 nos capítulos iniciais da Estrutura Conceitual, que tratam do objetivo das demonstrações financeiras e das características qualitativas que devem ser observadas para a elaboração dos balanços - como representação fidedigna, relevância, comparabilidade etc.

Integram a lista de temas colocados em discussão pelo Iasb também assuntos como definição de modelo de negócio, unidade de conta, entidade em marcha e manutenção de capital.


Por enquanto, prudência fica de fora - Valor Econômico - 19/07/2013

Esta é uma questão polêmica. Brevemente irei fazer um comentário sobre um texto muito interessante de John Kay. Aguarde.

Proposta de alteração na estrutura conceitual do Iasb

O Iasb está propondo uma alteração na estrutura conceitual. Isto inclui "mudanças" na definição de ativo, passivo e outros itens. A seguir um texto sobre o assunto:

Enquanto conclui a revisão de normas contábeis abrangentes e polêmicas como instrumentos financeiros, leasing, seguros e reconhecimento de receita, o Conselho de Normas Internacionais de Contabilidade (Iasb, na sigla em inglês) acaba de entrar em um tema ainda mais complexo, embora aparentemente simples.

O Iasb pretende rever conceitos contábeis básicos, mas ao mesmo tempo fundamentais, como a definição de ativo e passivo, e também dar princípios sobre quais lançamentos devem entrar na demonstração de resultados do exercício (DRE) e quais devem ser registrados diretamente no patrimônio líquido.

O órgão internacional, com sede em Londres, colocou ontem em audiência pública um documento para discussão com uma proposta de revisão da "Estrutura Conceitual" do IFRS, que no Brasil é conhecida como CPC 00.

Neste documento existem hoje definições sobre conceitos como ativo, passivo, patrimônio líquido, receita e despesa, que servem para dar sustentação teórica à diretoria do Iasb quando ela elabora os pronunciamentos contábeis específicos.

A abrangência dos conceitos sendo discutidos dá uma ideia da relevância do debate do tema o futuro da contabilidade societária mundial. "Esse documento posto em discussão dá oportunidade às pessoas nos ajudarem a modelar o futuro das demonstrações financeiras, debatendo os conceitos que guiam nosso trabalho", declarou Hans Hoogervorst, presidente do Iasb, em comunicado divulgado ao mercado.

A área técnica do Iasb tentou ser bem sucinta nas definições propostas e procurou deixar clara a diferença entre a definição de um conceito como ativo ou passivo e os critérios para sua mensuração e reconhecimento no balanço.

Conforme o texto colocado em discussão, "um ativo de uma entidade é um recurso econômico presente controlado pela entidade como resultado de eventos passados".

Em relação à definição atual de ativo, a principal diferença é a retirada do trecho que fala que se espera que de tais recursos "fluam futuros benefícios econômicos" para a entidade.

Como se nota, a ênfase ficou no recurso econômico, e não no benefício gerado por ele, o que pode ser uma fonte de discussão na audiência pública.

Do outro lado do balanço, o Iasb diz que "um passivo de uma entidade é uma obrigação presente de a entidade transferir um recurso econômico como resultado de eventos passados".

Nesse ponto, foi suprimido o trecho que diz que, quando da liquidação da obrigação, "se espera que resulte na saída de recursos da entidade capazes de gerar benefícios econômicos".

Na definição de patrimônio líquido, a área técnica do Iasb propõe que seja mantida a definição atual, que o explica apenas pela diferença entre ativos e passivos - ou seja, seriam ativos residuais, líquidos dos passivos.

A decisão de rever algumas dessas definições é consequência de um processo de consulta realizado pelo Iasb, que ouviu agentes envolvidos com IFRS em todo o mundo a respeito de que pontos deveriam estar na sua agenda futura. E a revisão da Estrutura Conceitual ficou entre as prioridades apontadas.

As definições de ativos e passivos são apenas um dos pontos do documento colocado em discussão ontem pelo Iasb, que tem um total de 239 páginas.

Os critérios para reconhecimento e "desreconhecimento" de ativos e passivos, bem como o tema da mensuração por custo histórico ou valor justo também estão contemplados.

O documento traz ainda novidades, como considerações sobre que tipo de lançamento deve transitar pela DRE ou na conta de outros resultados abrangentes, diretamente no patrimônio líquido. E apresenta também orientações sobre princípios que devem ser observados para divulgação de informações, seja nas peças contábeis como balanço patrimonial e DRE, ou nas notas explicativas, tema que até então era abordado apenas em pronunciamentos específicos.

O documento colocado em discussão ficará em audiência pública até 14 de janeiro de 2014. Depois de ouvir os comentários e sugestões dos interessados, o Iasb deverá então apresentar uma minuta com um novo texto para essa parte da Estrutura Conceitual. Feito isso, os agentes de mercado terão nova oportunidade de fazer comentários, antes da publicação da nova versão oficial.

Sobre reconhecimento, a proposta diz que devem ser reconhecidos todos os ativos e passivos que atenderem a definição, a não ser que o Iasb decida que o registro do ativo ou passivo vai proporcionar uma informação não relevante para os usuários do balanço, ou que a sua não mensuração vai resultar numa representação suficientemente fiel do ativo e do passivo.


Contadores vão reescrever o bê-á-bá - Fernando Torres | De São Paulo - Valor Econômico - 19/07/2013

Não tive condições de analisar e refletir sobre o assunto, mas parece que as alterações não são tão pronunciadas quanto parecem. A conferir.


O pobre coitado do Eike

Eike Batista escreveu um texto para o Valor ontem. Ele tenta se fazer de vítima. A seguir uma "resposta" de uma colunista da Folha de S. Paulo. Um belo texto.

O empresário Eike Batista veio a público hoje pela primeira vez se manifestar sobre a derrocada do seu império por meio de um artigo escrito para o jornal "Valor". Aconselhado por assessores de imprensa e marqueteiros, escolheu a forma mais fácil. Escreveu o que quis e evitou perguntas que o expusessem ao contraditório.

No artigo, Eike se coloca no lugar de vítima, da mesma maneira que todos aqueles que perderam dinheiro ao comprar suas ações ou investir em seus bônus. Ele não usa a palavra vítima, mas é o que dá entender ao afirmar que estava "extasiado com as informações que me chegavam". Chega a dar pena: pobre Eike!

Eike se coloca como vítima de "consultorias de renome", que estimaram as reservas de petróleo da OGX, de "auditorias de renome", que falharam em prever que havia algo de errado com suas empresas, e de "executivos de renome", que "reafirmavam dia após dia" os prognósticos otimistas para a companhia.

Ele sugere que o mercado não teve paciência em esperar os resultados da OGX e de suas demais empresas ao dizer que "se pudesse voltar no tempo não teria recorrido ao mercado de ações", mas "estruturado um private equity que permitisse criar do zero e desenvolver ao longo de pelo menos 10 anos cada companhia".

"O texto de Eike é uma tentativa patética de se vitimar e se eximir de responsabilidade pelo fracasso operacional de suas empresas e pela conduta inconsequente diante do mercado de capitais nos últimos anos", disse à coluna Ricardo Lacerda, sócio da BR Partners e um dos banqueiros mais experientes do mercado.

Eike levantou a espantosa quantia de US$ 26 bilhões em abertura de capital de empresas e venda de participações para sócios. Desde a estreia da OGX na bolsa, em 2008, o mercado esperou quatro anos para cobrar a fatura. E só começou a penalizar Eike no ano passado, quando a OGX não respondeu às expectativas de produção.

O mercado exagera na subida e na descida. Ajudou a inflar de forma irracional as empresas do grupo EBX lá atrás, e, provavelmente, está projetando para as companhias hoje um valor inferior ao que realmente valem. Mas o fato é que, sem o mercado de capitais, Eike não teria ido tão longe.

No artigo, Eike se esquece de seus deveres de administrador. Caberia a ele desconfiar das previsões otimistas e confrontar seus executivos o tempo todo para saber quais eram as chances reais daqueles prognósticos darem certo. Caberia a ele fazer o "papel de advogado do diabo", afinal os investidores confiaram nele para tirar aqueles sonhos do papel.

Mas, pelo contrário, os relatos de executivos que trabalharam com Eike é que ele não gostava de más notícias e desafiava aqueles que vinham com previsões pessimistas, chamando-os de "calças curtas". Segundo esses relatos, Eike já contava que o mercado iria dar um desconto para suas previsões, aceitando alguma frustração.

O empresário, no entanto, tem méritos. Efetivamente apostou em projetos que o Brasil precisa e tirou dinheiro do próprio bolso para colocar em suas empresas. No texto, ele afirma que "quem mais perdeu com a derrocada no valor da OGX foi um acionista: Eike Batista". É verdade. Ele também promete que "não deixará de pagar um único centavo de cada dívida que contraiu". Menos mal. Tomara que consiga.


Pobre Eike - Raquel Landim - Folha de S Paulo

Frase

Hoje, se pudesse voltar no tempo, não teria recorrido ao mercado de ações. (Eike Batista, no Valor Econômico, 19 de julho de 2013)

Acontece que o problema das empresas é operacional. Ou seja, não é a forma de financiamento (passivo), mas a qualidade dos seus ativos.

19 julho 2013

Rir é o melhor remédio

Última chance: sem recepção nos próximos 400 quilômetros

Dinheiro e Rodízio

Na semana passada postamos sobre a decisão do Congresso dos Estados Unidos contrária a qualquer iniciativa do PCAOB sobre o rodízio. Chegamos a destacar o fato como a grande notícia da semana. O caso chama a atenção pelo fato da vitória ser esmagadora e pela rapidez que a decisão foi tomada pelo congresso (três meses somente).

Um texto da Compliance Week (Following the Money on Audit Firm Rotation) descreve as forças políticas envolvidas na decisão do congresso. Conforme o título afirma, dinheiro é a resposta para decisão tomada pelo legislativo dos Estados Unidos.

Usando dados públicos, o artigo mostra que 14 congressistas receberam doações totais de mais de 500 mil dólares em 2011 e 2012. Estas informações mostram que o setor de auditoria fez doações, desde 2007, no valor de 19 milhões de dólares para vários membros do legislativo.

IFRS no Canadá

O Canadá adotou as normas internacionais de contabilidade, promulgadas pelo Iasb, recentemente. Uma pesquisa local, realizada pelo Financial Executives International Canada encontrou que 47% das empresas tiveram custos de elaboração das demonstrações contábeis parecidos com as normas canadenses. Já 38% afirmaram que ocorreu um aumento nos custos e 15% que reduziram.

Os custos de transição variou de 10 mil dólares para uma empresa com receita de 6 milhões (menos de 0,2%) até 25,5 milhões de dólares para uma receita de 30 bilhões (menos de 0,1%). Quando questionado sobre os custos de transição, os respondentes afirmaram que foram expressivos, mas controláveis. Muitos afirmaram que não tiveram que fazer muitas alterações de TI.

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BP cria linha para evitar fraude

A empresa de petróleo BP teve que arcar com uma série de pagamentos em razão do desastre no Golfo do México e os vazamentos de petróleo. Entretanto, a empresa percebeu um número maior de pessoas solicitando pagamentos por supostos danos ao seu patrimônio em razão do desastre ambiental.

Isto significa que a empresa provavelmente terá um desembolso maior que aquele previsto no seu passivo. Surgiu a desconfiança de que algumas pessoas estavam agindo de má-fé. Para resolver este problema, a BP criou uma linha direta oferecendo recompensas para pessoas que relataram solicitações fraudulentas. A ligação para o número "1-855-NO-2-FRAUD" é gratuita.

Originalmente, a empresa britânica tinha previsto um pagamento de 7,8 bilhões de dólares. Mas os valores podem ser o dobro.

Fonte: The Telegraph

18 julho 2013

Rir é o melhor remédio




Transtorno disfórico pré-menstrual entrou para o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais. Para mais, clique aqui.

Barulho para a criatividade

Encontrar o espaço certo para fazer um trabalho criativo pode ser difícil. Dentro do escritório há constantes interrupções, reuniões de última hora e uma quantidade muitas vezes incontrolável de ruído. Por outro lado, se isolar em um ambiente silencioso pode não ser a melhor opção também.

Existe uma quantidade certa de barulho que pode contribuir para a produtividade. Talvez seja por isso que muitos criativos se retiram para espaços públicos, como cafés, que possuem um nível de ruído que provoca a mente.

Uma equipe de pesquisadores da Universidade de Illinois, Urbana-Champaign (EUA) testou os efeitos de diferentes níveis de ruído nas habilidades de pensamento criativo dos participantes. Segundo o principal autor da pesquisa, Ravi Mehta, o ambiente de trabalho perfeito para projetos criativos deve conter um pouco de ruído de fundo.

Eles separaram os participantes em quatro grupos e pediram para que todos respondessem alguns testes de pensamento criativo. Na sequência, cada um dos grupos foi submetido a um diferente nível de ruído de fundo (50, 70 e 85 decibéis, e silêncio completo). Quando eles analisaram os testes de cada pessoa, descobriram que aqueles no grupo de 70 decibéis, expostos a um nível moderado de ruído ambiente, tiveram um resultado significativo em relação aos outros três grupos. O ruído de fundo impulsionou o pensamento criativo.

O ruído de fundo cria uma distração, mas o equilíbrio é a chave. Um nível moderado de ruído de fundo é suficiente para tirar as pessoas de seus padrões de pensamento e incentivá-las a deixar sua imaginação vagar, ajudando a melhorar a criatividade. Os autores do estudo explicam que “entrar em um ambiente relativamente barulhento pode desencadear o cérebro a pensar abstratamente, e assim gerar ideias criativas”.

Mas e se você não é livre para vagar por cafés em busca de foco distraído? Você pode recriar o ambiente de um café dentro do seu cubículo ou escritório virtualmente.

Coffitivity: Inspirado pela pesquisa, Justin Kaulzer criou um aplicativo online gratuito que tem um ciclo contínuo de ruído de cafés. O programa inclui ruídos de conversas, assim como os sons de cerveja e servir café. Ele ainda inclui uma função para imitar fones de ouvido em um café, permitindo que você ajuste os níveis de volume do seu computador para o barulho de música e do café parecerem separados.

Ambient Mixer: Uma máquina de ruído em esteroides, o Ambient Mixer apresenta uma série de sons tradicionais. No entanto, este app vai um pouco mais longe e permite combinar sons, ajustar os níveis de ruído, mixar ruído de fundo e compartilhar suas criações com os outros.

Música 99U Mixes: Se você está acostumado demais com suas faixas do iTunes como ruído de fundo, tente estas playlists: cada uma tem um tema diferente para facilitar a seleção com base em onde você está e o que você precisa para começar a trabalhar melhor e aguçar a criatividade.

Foco @ Will: O Foco @ Will toca música ambiente em fases sequenciadas, chamando naturalmente a sua atenção. O aplicativo inclui um cronômetro para que você controle o tempo de trabalho.

Brian Eno’s Music for Airports: Lançado em 1978, este álbum ainda é considerado uma das melhores gravações de música ambiente. Originalmente concebido durante uma longa escala em um aeroporto europeu como forma de tolerar esse nível de tédio, a gravação do Eno realmente foi tocada dentro do aeroporto LaGuardia, em Nova York (EUA), por um breve tempo. Felizmente, ele fez o salto para mp3 e agora pode ser usado em todos os lugares, até mesmo no interior de um café.

Raining.fm: O ruído ambiente mais simples e original: chuva. Raining.fm faz exatamente o que diz e ainda permite que você aumente a quantidade de trovão.

Independentemente do método que você escolher, o truque é explorar apenas um nível moderado de ruído de fundo. Deixe sua mente vagar, mas não muito longe, e aproveite o impulso criativo de foco distraído.

Quais são os seus sites favoritos e aplicativos para lhe fornecer a quantidade certa de ruído de fundo?
Comente!

Fonte: aqui

Lei de Falências

Em vigor desde 2005, a Lei de Falências e de Recuperação de Empresas deixa bastante a desejar, segundo estudo da consultoria Moody's Investor Service direcionado a investidores em companhias brasileiras de alto rendimento. O texto examina os casos de 37 grandes empresas em processo de reestruturação das dívidas. Conclui ser a lei passível de diferentes interpretações no País e não ser capaz de promover rápida recuperação das companhias em dificuldades.

"Enquanto mais de 10 mil empresas iniciaram os procedimentos de liquidação ou de recuperação com base na nova lei, muito poucas conseguiram emergir da quebra, o que torna mais desafiador avaliar a eficácia dessa lei", afirmou Marianna Waltz, a responsável pelo estudo "Insolvência e Classificação Brasileira".

A Lei 11.101 de 2005 substituiu legislação de 1945, cujo objetivo era dispor do patrimônio da empresa para a liquidação de dívidas. Segundo o estudo, havia apenas pequenas considerações sobre os efeitos do calote no mercado e na sociedade. A lei trouxe a preocupação com a preservação da companhia, por meio de sua recuperação financeira e mudanças em sua estrutura, e a manutenção dos seus empregos. A antiga concordata foi substituída pelo estágio de recuperação, com maior flexibilidade para a empresa se reorganizar enquanto prosseguisse com suas operações.

O estudo mostra que, desde a vigência da Lei 11.101, houve sensível redução no número de pedidos de liquidação - de 4.192, em 2006, para 1.929, em 2012. Já os pedidos judiciais de reestruturação aumentaram de 252 para 757. Em 2006, foram iniciados 156 desses procedimentos. No ano passado, 618. Ainda assim, as falhas na legislação impedem uma melhor eficácia nos processos de recuperação.

Os autores do texto defendem a extensão do atual prazo de 180 dias, a partir da apresentação do pedido de reestruturação das dívidas à Justiça, no qual as execuções de débitos ficam suspensas.

A lei tem ainda uma falha estrutural, segundo a consultoria: seus artigos estão sujeitos a diferentes interpretações e nem todos os Estados têm, como São Paulo, um tribunal especial para julgar os complexos pedidos de reestruturação da dívida e de falência. Alguns casos chegaram aos tribunais superiores, mas não houve até hoje uma consolidação das interpretações da lei.

Lentidão. O relatório chamou a atenção para a demora dos processos de recuperação, gerada por longas negociações sobre o melhor plano para escapar da falência. É citado o exemplo do frigorífico Independência, cuja recuperação foi pedida em fevereiro de 2009 e ainda não foi concluída. O Independência foi comprado por R$ 268 milhões, em janeiro, pelo grupo JBS.

A elevada complexidade da estrutura de capital das companhias brasileiras de alto rendimento, com várias categorias de endividamento, gera outra dificuldade no processo para salvar empresas. A maior parte do passivo (43%) das companhias de alta renda está registrada como bônus, debêntures e promissórias. Em seguida estão as linhas oficiais de exportação (ACC, ACE e outras), com 18%, excluídas pela lei dos processos de insolvência.

Os créditos subsidiados do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) surgem como a terceira fonte, com 11%. Segundo o estudo da Moody's, a instituição provê R$ 86,6 bilhões em fundos a todas as companhias brasileiras com risco classificado. Somente para o segmento de alta renda, o foco do estudo, são direcionados R$ 16,9 bilhões pelo banco oficial.


DENISE CHRISPIM MARIN, CORRESPONDENTE / WASHINGTON - O Estado de S.Paulo - Moody's questiona eficácia da lei de falências

Chefão da F1 envolvido em suborno

O chefão da Fórmula 1, Bernie Ecclestone, foi acusado de corrupção. Em 2005 Ecclestone foi feita por um tribunal na Alemanha e diz respeito a um pagamento de 44 milhões de dólares a Gerhard Gribkowsky, um ex-funcionário do Bayern Landesbank. Na época o banco vendeu 48% da Fórmula 1 e o funcionário "ajudou" o negócio para Ecclestone. O funcionário já foi condenado a oito anos e meio de prisão e confessou o suborno.

Ecclestone inicialmente tinha negado o pagamento e depois afirmou que tinha sido chantageado.

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Telenovelas e divórcio



Resumo desta pesquisa:

This paper studies the link between television and divorce in Brazil by exploiting variation in the timing of availability of the signal of Rede Globo—the network that had a virtual monopoly on telenovelas in the country—across municipal areas. Using three rounds of Census data (1970, 1980 and 1991) and controlling for area fixed effects and for time-varying characteristics, the paper finds that the share of women who are separated or divorced increases significantly after the Globo signal becomes available. The effect is robust to controlling for potential determinants of Globo’s entry strategy and is stronger for relatively smaller areas, where the signal reaches a higher fraction of the population.


17 julho 2013

Rir é o melhor remédio


Número de Dunbar

Quantos amigos você possui no Facebook? Se o número é maior que 150, provavelmente muitos não são tão “amigos” assim. Um antropologista chamado Robin Dunbar propôs que o ser humano possui um limite físico em manter relações sociais estáveis com as pessoas. Em razão disto, este número de pessoas que podemos relacionar é denominado de Número de Dunbar http://en.wikipedia.org/wiki/Dunbar_number.

Dunbar chegou ao número através do estudo de outros primatas, através de uma regressão. A previsão de Dunbar era de 148, que foi arredondado para 150. Mas em razão do intervalo de confiança elevado (entre 100 a 230), Dunbar pesquisou os grupos sociais na história e novamente encontrou um número próximo aos 150.

A pesquisa de Dunbar possui aplicações nos softwares sociais, no exercito, nos psicólogos, entre outras situações.

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Madoff chinês

O empresário chinês Zeng Chengjie
Zeng teria fraudado mais de 57.000 investidores em cerca de 460 milhões de dólares (Reprodução/Weibo)
O empresário Zeng Chengjie, que saiu da pobreza da província chinesa de Hunan para se tornar um grande homem de negócios, foi executado pelo governo chinês na última sexta-feira, acusado de praticar fraude e captação ilegal de recursos, por meio de um esquema de pirâmide financeira.
A execução do empresário por meio de injeção letal foi feita sem que a família estivesse ciente ou presente. A pena contraria as leis chinesas que permitem que os executados tenham chance de ver suas famílias antes da morte. Contudo, segundo a justiça chinesa, Zeng não quis que a família presenciasse sua execução.
A filha do empresário, Zeng Shen, usou a rede social Weibo para protestar. Segundo ela, os membros dos partidos locais removeram seus investimentos dos projetos de Zeng em 2009, causando pânico entre os outros investidores. Tal debandada fez com que o esquema de pirâmide se desmontasse. De acordo com o site chinês Tea Leaf Nation, Zeng teria fraudado mais de 57 000 investidores em cerca de 460 milhões de dólares.
A fraude fez com que o empresário ficasse conhecido como 'Madoff chinês' - em menção a Bernard Madoff, fundador de uma das maiores firmas de investimento de Wall Street, e também autor de uma das maiores fraudes ocasionadas por uma pirâmide financeira. Madoff drenou mais de 50 bilhões de dólares por meio do esquema e foi condenado 150 anos de prisão.
A execução de criminosos de colarinho branco na China tem se tornado cada vez mais controversa, já que o próprio governo tem uma grande participação nos assuntos econômicos. Segundo a filha do empresário executado, o governo atuou em parceria com Zeng na captação de recursos, mas os membros do Partido Comunista se apressaram em retirar os recursos dos fundos em 2009, antes de mudanças regulatórias que seriam aprovadas pelo governo e prejudicariam milhares de pequenos investidores. Ainda segundo a filha do empresário, a mídia estatal chinesa sempre se referiu a Zeng como um investidor sábio, precavido e consciente
Fonte: aqui

Efeitos das telenovelas na fertilidade



Resumo desta pesquisa:

We estimate the effect of television on fertility in Brazil, where soap operas portray small families. We exploit differences in the timing of entry into different markets of Globo, the main novela producer. Women living in areas covered by Globo have significantly lower fertility. The effect is strongest for women of lower socioeconomic status and in the central and late phases of fertility, consistent with stopping behavior. The result does not appear to be driven by selection in Globo entry. We provide evidence that novelas, and not just television, affected individual choices, based on children's naming patterns and novela content.


Numa aula no MIT da professora e economista francesa Esther Duflo, ela comenta o artigo mencionado acima:







16 julho 2013

Rir é o melhor remédio

Enviado por uma aluna de graduação

Sentimento e Recessão

Os pesquisadores já sabem que os períodos de recessão geralmente são acompanhados por uma onda de pessimismo. Mas existe uma grande dificuldade de medir o pessimismo das pessoas, sendo geralmente usadas aproximações.

Na área de finanças comportamentais tem-se estudado como os sentidos influenciam as decisões financeiras. Pesquisas já comprovaram que o mercado acionário é influenciado pelo tempo, pelos resultados dos esportes, pela superstição, pelas notícias da imprensa, entre outras situações.

Diego Garcia, um pesquisador da Universidade da Carolina do Norte, resolveu investigar o papel da imprensa e o comportamento do mercado acionário. Para isto, ele usou uma de mais de cinquenta mil artigos que foram publicados diariamente no New York Times e Wall Street Journal, desde 1905 até 2005, sobre o mercado financeiro. Analisando cada um destes textos, Garcia classificou as palavras negativas (irregular, declínio, perda, destruição, etc) e positivas. Ao confrontar a quantidade de palavras de cada um dos grupos, para cada texto analisado, Garcia elaborou um índice de pessimismo do texto. De uma maneira geral, ele encontrou que os textos dos jornais são pessimistas, já que o número de palavras otimistas é menor que as negativas.

Além disto, ele comparou o índice, que representaria uma aproximação do sentimento do mercado ao longo do tempo, com o comportamento do próprio mercado. E encontrou que o sentimento é bastante pronunciado durante as recessões. Durante as expansões o número médio de palavras positivas (normalizado) era de 1,21 versus 2,05 para palavras negativas. Já nas recessões esta relação era de 1,15 versus 2,09. Esta diferença é significativa em termos estatísticos.

Leia mais em GARCIA, Diego. Sentiment during Recessions. Journal of Finance. Vol. LXVIII, n. 3, jun. 2013.

AICPA e NASBA

No mês passado o AICPA, uma entidade dos Estados Unidos que agrega os contadores certificados, soltou uma minuta referente as normas contábeis para pequenas e médias empresas. Outra entidade, a NASBA, imediatamente criticou o documento do AICPA. Isto mostra como a minuta do AICPA era polêmica, já que ambas entidades são responsáveis pela gestão do teste de CPA. Isto num momento que o PCC foi criado justamente para disciplinar as normas contábeis para entidades de capital fechado dos Estados Unidos.

Agora as duas entidades soltaram um comunicado conjunto mostrando que estão empenhadas em trabalha em conjunto, mas reconhece que a proposta da AICPA é uma estrutura conceitual que não deve ser confundida com o GAAP (Princípios Contábeis Geralmente Aceitos).

Promiscuidade entre Eike e o BNDES

Contratos de financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) sofreram alterações para beneficiar empresas de Eike Batista. As mudanças adiaram prazos, estenderam recursos e relaxaram exigências. Documentos enviados ao Congresso e obtidos pelo 'Estado' mostram que foram firmados 15 contratos no valor de R$ 10,7 bilhões com empresas do grupo de janeiro de 2009 a dezembro de 2012 com juros baixos, garantias em ações das próprias companhias ou bens que ainda seriam adquiridos.
Uma das prorrogações foi assinada a apenas quatro dias do prazo em que a empresa deveria ter feito o pagamento. Em 15 de setembro de 2012 a UTE Parnaíba, que tem a MPX como sócia, deveria ter pago ao BNDES R$ 242,7 milhões. No dia 11 de setembro de 2012, porém, um aditivo mudou o pagamento para março de 2013.
O adiamento ocorreu também em contrato de R$ 240 milhões firmado em dezembro de 2009 com a empresa UTE Porto de Itaqui Geração de Energia S.A., que tem a MPX como sócia. O contrato original previa amortização equivalente a cinco parcelas em junho de 2012, mas um aditivo postergou a quitação em 13 meses.
Outro acordo, com a Porto do Pecém Geração de Energia, na qual a MPX está envolvida, o BNDES prorrogou a exigência de desempenho técnico em seis meses: de dezembro de 2011 para junho de 2012.
Juros baixos. No entanto, as vantagens oferecidas a projetos ligados ao empresário não se resumem a adiamentos. O maior dos contratos individuais entre BNDES e empresas de Eike, de R$ 1,4 bilhão, foi firmado em julho de 2009 para a implantação de uma termoelétrica dentro do complexo industrial de Pecém, em São Gonçalo do Amarante (CE), que tem como acionista a MPX.
A unidade está em operação e, segundo o contrato, os pagamentos do financiamento do BNDES serão realizados até junho de 2026. Os juros cobrados são de 2,77% ao ano acima da Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP), atualmente em 5% ao ano. A taxa é inferior à Selic, que foi elevada pelo Banco Central para 8,5% ao ano na semana passada, usada pelo Tesouro para levantar recursos no mercado.
Há taxas de juros ainda mais favoráveis ao grupo. Em dezembro de 2009, um contrato de R$ 407,7 milhões com a LLX Sudeste para a compra de equipamentos para a construção do porto de Sepetiba, em Itaguaí (RJ), tem juros fixos de 4,5% ao ano. Na época da assinatura do contrato, a Selic era em 8,75%. O BNDES justifica que, em linhas específicas, outras empresas também receberam juros subsidiados (leia mais abaixo).
Garantias. As garantias também chamam a atenção. Penhor de ações das próprias companhias, cartas de fiança assinadas por empresas do grupo e bens que ainda seriam comprados estão entre as garantias ofertadas pelo grupo EBX.
Num contrato que assina como pessoa física, no valor de R$ 1,344 bilhão, para a construção de um estaleiro pela OSX, Eike oferece entre as garantias dividendos uma de suas empresas, com sede na Holanda. Firmado em 2012, o contrato prevê amortizações a partir de 2016 e pagamento até 2034.
Projetos de infraestrutura, como estaleiros, usinas e portos, geralmente são financiados no longo prazo. No caso de Eike, a maior parte dos empréstimos vence na próxima década.

Coréia do Norte

Para um estado comunista internacionalmente condenado e recluso, a economia da Coréia do Norte não está muito mal. A economia cresceu 1,3% no ano passado, de acordo com o Banco Central da Coréia do Sul, que analisa os dados recolhidos por instituições sul-coreanas. Isto corresponde ao segundo ano de crescimento e seu ritmo mais rápido desde 2008. Essa taxa é melhor do que a economia do Brasil, que cresceu apenas 0,9% no ano passado

Fonte: Aqui

15 julho 2013

Rir é o melhor remédio

No Japão, onde a leitura da mão continua sendo um dos mais populares meios de adivinhação, algumas pessoas descobriram uma maneira de mudar o seu destino. É uma ideia simples: mudar a palma da mão, mudando a leitura e mudando o futuro. Tudo que você precisa é de um cirurgião plástico competente com um bisturi elétrico que tem um conhecimento básico de quiromancia.

Fonte: Aqui

História da Contabilidade - Guarda-livros, Escriturário, Amanuense e Conferente

Na segunda metade do século XIX o número de profissionais que trabalhavam na contabilidade de uma empresa brasileira cresceu substancialmente (1). Quando o número de funcionários cresce é natural que comece a surgir graduações entre aqueles com maior poder e os subalternos. Isto também ocorreu com a contabilidade.

Sabemos que o profissional era conhecido como “guarda-livros”, que era o corresponde ao bookkeeper (2) da língua inglesa. Mas afirmar que o guarda-livros era o profissional contábil do passado é uma simplificação, já que um departamento de contabilidade de uma grande empresa possuía vários tipos de profissionais (3).

Um deles era o escriturário. Algumas empresas nos dias de hoje ainda possuem este cargo na sua estrutura e geralmente corresponde a função de nível subalterno, relacionada com a burocracia. No passado, o escriturário era aquele que fazia a “escrita” da empresa e esta é a origem da palavra. Os mais antigos associam o termo “fazer escrita de uma empresa” como sendo igual a “fazer a contabilidade de uma empresa”. Isto significa dizer que o escriturário correspondia a uma função onde se fazia os lançamentos contábeis.

Outro profissional era o amanuense (4), responsável pela copia de textos à mão. É bom lembrar que na época não existia nem computador nem máquina de datilografar. Então, para a função do amanuense era necessária ter boa caligrafia.
Finalmente tem-se o conferente, uma profissão que ainda existe nos dias de hoje. O número deste profissional era bem menor que o amanuense (5).

Considere a empresa citada anteriormente Central do Brasil, uma empresa férrea. Em 1902 a divisão de contabilidade tinha (6) como chefe o bacharel em engenharia João Baptista Maia de Lacerda. Junto à ele trabalhavam dois oficiais, um amanuense e um contínuo. Esta divisão estava subdividida em seções. A primeira seção tinha um contador (7), seu ajudante, oito primeiros escriturários, dez segundos escriturários, doze terceiros escriturários, um arquivista, 24 amanuenses, 25 praticantes, um impressor, um ajudante, um autografista e um contínuo. A segunda seção era comandada por um guarda-livros, com um ajudante, 2 primeiros escriturários, dois segundos escriturários, um terceiro escriturário, um amanuense e um contínuo. A contagem revela um total de cem empregados, mas existiam escriturários em outras divisões.

Uma repartição menor, a Repartição Geral dos Telegraphos, vinculada ao Ministerio da Instrucção Publica, Correios e Telegraphos (8) possuía na seção de contabilidade um chefe, um ajudante, um tesoureiro, um fiel (9) e dez escriturários (10). A contadoria do Correio Federal, na mesma época, possuía 32 funcionários, sendo oito amanuenses, nove praticantes e dez oficiais (11).

(1) Em postagem anterior mostramos isto.
(2) Vide http://pt.wikipedia.org/wiki/Guarda-livros
(3) No Almanak Administrativo, Mercantil e Industrial do Rio de Janeiro, edição 48, p. 396, mostra uma organização onde a seção de contabilidade era dividida em Chefe, Escriturário, Amanuenses e Conferente.
(4) http://pt.wikipedia.org/wiki/Amanuense
(5) Conforme a organização existente no Almanak, citada em (3), existia uma proporção de 1 para 4 entre o escriturário e o amanuense e a mesma relação entre o conferente e o amanuense.
(6) Conforme Almanak Administrativo, Mercantil e Industrial do Rio de Janeiro, edição de 1902, p. 1220 e seguintes.
(7) É sempre bom destacar que “contador” não corresponde ao que hoje conhecemos como profissional formado em contabilidade. Era um cargo público, geralmente voltado para área de arrecadação.
(8) Grafia da época.
(9) Trata-se de um cargo que ainda existe nos dias de hoje, como por exemplo na gestão de armazéns. Vide http://pt.wikipedia.org/wiki/Gest%C3%A3o_do_armaz%C3%A9m
(10) Também Almanak (...) , 1902, p. 669. Os três exemplos citados são de entidades vinculadas ao governo. Isto pode sugerir um número mais elevado de funcionários do que o necessário, em razão do tradicional apadrinhamento na área pública.

História da Contabilidade – Relatório do Banco da Republica do Brazil

Em 29 de abril de 1900, o jornal O Paiz publica o relatório do Banco da Republica do Brazil, referente ao ano de 1899 (1). O relatório inicia-se com o Parecer do Conselho Fiscal. Este conselho recomenda, no seu segundo parágrafo, a aprovação das contas do “anno bancario findo”. Este relato do conselho fiscal inclui uma breve análise do desempenho da instituição financeira, relacionando com a situação econômica do país.

A seguir tem-se o Relatório do Presidente da instituição financeira, dirigido aos acionistas. Após breves comentários sobre a situação da instituição, o texto explica, de forma detalhada, a distribuição do resultado. É também comentado sobre o “movimento da caixa”, das letras, do auxilio às indústrias, dos empréstimos efetuados, entre outros itens. É um relatório bastante longo, que corresponderia as notas explicativas e ao próprio relatório da administração atual.

Logo após tem-se o balanço em 30 de junho de 1899 e 31 de dezembro de 1899, seguido da Demonstração de Lucros e Perdas do ano bancário findo em 31 de dezembro. Esta demonstração segue o padrão da época, muito próximo a um razonete.

Finalmente, a exposição do Ministro da Fazenda, Joaquim Murtinho (2), sobre um acordo ocorrido em 1899 entre a instituição financeira e o Tesouro.

(1) O Paiz, 29 de abril de 1900, p. 4-5. Naquela época era o jornal de maior circulação. Os textos entre aspas estão com grafia da época.
(2) Murtinho foi um dos melhores ministros que o Brasil já teve. Organizou as finanças públicas, que tinha sido objeto da gestão Rui Barbosa. Veja em http://pt.wikipedia.org/wiki/Joaquim_Murtinho

Boeing

O gráfico mostra a reação do mercado ao saber do acidente do avião da Boeing:

Hannah Brencher: Cartas de amor para estranhos

A mãe de Hannah Brencher sempre escreveu cartas para ela. E então quando ela se encontrou numa depressão profunda depois da universidade, ela fez o que pareceu natural -- escreveu cartas de amor e as deixou para que fossem encontradas por estranhos. Este ato se tornou uma iniciativa global, "O Mundo Precisa De Mais Cartas De Amor", que leva cartas escritas à mão para aqueles que estão precisando de um impulso.


Como aconteceu o desastre Eike

Eike Batista está abalado e alterna momentos de euforia e depressão. Sai pouco de sua casa, na zona sul do Rio de Janeiro, evitando aparecer em restaurantes e correr na lagoa Rodrigo de Freitas.

Ele não deixou, porém, de dar expediente no grupo EBX, e tem participado das negociações para vender seu império numa das maiores liquidações de ativos do país.

O estado de espírito de Eike é um reflexo da profunda crise de confiança que derrubou as ações de suas empresas e o atolou em dívidas. As empresas X devem R$ 23 bilhões. Na holding, precisa pagar outros R$ 5 bilhões.

A razão para a derrocada é simples: com base em alguns bons projetos, Eike prometeu resultados exorbitantes, mas não entregou. A OGX seria a "mini-Petrobras", a MMX, a "mini-Vale", o porto do Açu, a "Roterdã dos trópicos", a OSX, a "Embraer dos mares".

Ele previu que a MMX atingiria 33,7 milhões de toneladas em 2013. Produziu no ano passado apenas 7 milhões.

A OGX prometeu produzir entre 40 mil e 50 mil barris por dia neste ano. Em maio, estava com 10 mil.

Para entender o que ocorreu com o grupo, é preciso entender quem é Eike Batista.

A Folha conversou com 13 pessoas próximas a ele: executivos, ex-executivos e interlocutores no governo. A maior parte falou sob condição de não ter o nome citado.

Eike e o grupo EBX não deram entrevista. Alguns o classificam como megalomaníaco --o que ele admite na autobiografia "O X da questão": "Um pouco de megalomania e ousadia é recomendável".

VENDEDOR DE SEGUROS

Mineiro de Governador Valadares, Eike mudou-se criança para a Europa, acompanhando o pai, Eliezer Batista. Iniciou a faculdade de engenharia na Alemanha, mas não terminou. Vendia seguros para se manter.

Voltou ao Brasil no início dos anos 80 para buscar ouro na Amazônia. Na época, Eliezer o outorgou num pedaço de papel um "diploma de idiota" por se embrenhar naquelas fronteiras.

A mãe, Jutta Fuhrken, dizia aos filhos que deveriam ser melhores que o pai, tarefa difícil se tratando de Eliezer, que presidiu a Vale e construiu a mina de Carajás.

Eike prosperou, virou dono de mineradora de ouro e chegou ao primeiro bilhão de dólares. Mas só passou a ser conhecido ao se casar com a ex-modelo Luma de Oliveira.

O casamento ganhou os jornais e a TV. Eike chegou a participar de um leilão de um biquíni no Domingão do Faustão usado pela esposa.

Em 2005, depois de se divorciar, ele criou a MMX. Era o início da trajetória de empreendedor serial. Eike levou seis companhias à Bolsa. Criou outras sete. No total, levantou R$ 27 bilhões. O empresário aproveitou o apetite chinês por commodities e investiu em projetos estruturantes para o país.

Ele tirou dinheiro do bolso para colocar nas suas empresas. Foi assim na MMX, quando subscreveu R$ 200 milhões em debêntures para debelar uma crise.

Acreditava nos seus projetos e convencia os outros. Em 2008, vendeu por US$ 5,5 bilhões duas minas para Anglo American. O negócio ilustra o talento de Eike para vender.

Ele chegou até a levar a então presidente da Anglo, Cynthia Carroll, para passear em sua lancha em Angra dos Reis. Encantada com o projeto, ela assinou o cheque.

A Anglo tenta até hoje tirar minério --e dinheiro-- do investimento. Em 2012, foi obrigada a fazer uma baixa contábil de mais de US$ 4 bilhões por causa da mina comprada de Eike. Carrol renunciou.

Mas a maior aposta foi a OGX, que levou 21 blocos em leilão. As áreas eram nas "franjas" do pré-sal, o que gerou críticas na Petrobras. "O leilão deveria ter sido cancelado. Eike é cria do compadrio do governo", diz Ildo Sauer, ex-diretor da estatal.

Também vieram da Petrobras para a OGX vários executivos, como Rodolfo Landim e Paulo Mendonça.

Com a OGX, Eike traçou uma meta: ser o homem mais rico do mundo. Em 2009, passou a ser o mais rico do Brasil. Em 2012, o sétimo do mundo, com US$ 30 bilhões, segundo a revista Forbes.

A OGX, sob comando do geólogo Paulo Mendonça, exagerou no otimismo.

Na maior parte das petroleiras, engenheiros de reservatório, responsáveis por calcular as reservas, estão subordinados à produção e "jogam água fria" no entusiasmo dos geólogos. Na OGX, respondiam a Mendonça.

O primeiro poço do campo de Tubarão Azul chegou a produzir 18 mil barris ao dia. Mas a equipe falhou em prever que o declínio da produção seria rápido. Com base em estimativas irrealistas, a OGX encomendou plataformas e se endividou.

"É como preparar uma festa para 2 mil pessoas e só comparecerem 100", diz um ex-executivo.

As ações da petroleira desabaram depois do anúncio de que vai interromper a produção em vários campos. Na sexta, fecharam a R$ 0,43. Segundo especialistas, a área é rica em petróleo, mas o óleo é pesado e a rocha tem pouca porosidade. Ou seja, a produção é difícil e cara.

CALÇAS CURTAS

O estilo de gestão de Eike também pode ter comprometido o negócio. Ele costumava levar seus funcionários ao limite, pedindo audácia nos projetos. Quando recebia más notícias, dizia: "Vocês têm calças curtas".

Nos últimos quatro anos, o grupo EBX perdeu 25 executivos. Os salários eram acima do mercado, mas, na avaliação deles, a divisão da riqueza criada foi desigual.

Em 2009, por exemplo, Eike reduziu o bônus de seus principais executivos. Em seguida, os convocou a aplicar dinheiro na MMX. A maior parte se negou.

O empresário também é resistente a entregar participações nas empresas. O caso mais ruidoso foi o de Rodolfo Landim. Eike teria prometido 1% da holding ao executivo. Na época, a fatia valia US$ 270 milhões. Landim o processou e perdeu.

Há dois meses, Eike pediu ajuda ao governo.

Sempre cultivou boas relações em Brasília e chegou a pagar R$ 500 mil num terno de Lula num leilão beneficente. Dilma foi à inauguração da plataforma da OGX.

O BNDES aprovou R$ 10 bilhões em empréstimos a seus projetos. A decisão foi socorrê-lo, porque sua falência seria ruim para o país.

A Petrobras foi acionada e ministros foram mobilizados. Mas o governo foi atropelado por protestos, e o risco político tornou-se grande demais. As negociações com a Petrobras, contudo, seguem.

Sem apoio do governo, Eike vem sendo obrigado a vender ativos. No início de junho, foi ao encontro de Graça Foster, presidente da Petrobras, junto com André Esteves, do banco BTG. Dias depois, viajou ao exterior para encontrar Ivan Glasenber, CEO da Glencore, para quem tenta passar parte da MMX.

A avaliação de executivos e banqueiros é que parte dos projetos de Eike é importante para o país e vai sobreviver, mas na mão de outros. Ele pode sair dessa com um bom dinheiro, mas perdeu o toque de Midas.


Fonte: Folha de S Paulo, 14 de julho de 2013

Comenta-se que Eike conseguiu grande parte da sua forte graças ao apoio do pai, quando participava do governo, e ao apoio político, nos últimos anos.

14 julho 2013

Rir é o melhor remédio

O treinador Sir Alex Ferguson é muito vitoriosa. Durante décadas comandou o Manchester United e recentemente anunciou a aposentadoria. O vídeo a seguir presta uma homenagem ao treinador sob a forma de um joguinho de Mario. Muito criativo.

Entrevista

Nesta semana entrevistamos a bibliotecária Lúcia Helena de Figueiredo, responsável pela biblioteca do Conselho Federal de Contabilidade - CFC. Para quem não conhece, a biblioteca (foto) talvez seja aquela com o acervo mais especializado na área contábil. Situada no quinto andar do prédio do CFC em Brasília (SAS Quadra 05, Lote 03, Bloco J), esta biblioteca possui desde revistas históricas até livros mais modernos e atuais. Eis a entrevista:

Contabilidade Financeira: Quantos exemplares possui a biblioteca do CFC?

Lúcia Figueiredo: O acervo bibliográfico da Biblioteca do CFC conta com 10.304 exemplares.

Contabilidade Financeira: Qual o livro mais antigo que consta do acervo da biblioteca?

Lúcia Figueiredo:O livro mais antigo da Biblioteca do CFC é o Código de Contabilidade da União de 1923.

Contabilidade Financeira: E a revista?

Lúcia Figueiredo: A revista é o exemplar n.1 da Revista Brasileira de Contabilidade de 1912 ( temos somente uma cópia).

Contabilidade Financeira: Hoje muitas bibliotecas estão fazendo a digitalização do seu acervo. Como isto está ocorrendo na Biblioteca do CFC?

Lúcia Figueiredo: O processo de digitalização de obras ainda é muito complicado devido às questões de direitos autorais. As bibliotecas estão disponibilizando on-line livros cujos os direitos autorais são de domínio público, publicações editados pelas suas mantenedoras e as publicações acadêmicas mediante autorização dos autores. Na linguagem técnica da área, podemos dizer que a Biblioteca do CFC é uma biblioteca híbrida, disponibiliza acesso a informação, em suporte impresso e digital. Atualmente, por meio da nossa base de dados, disponível no site do CFC (http://www.cfc.org.br/sisweb/biblioteca/ ) , os usuários poderão acessar mais de 2000 referências bibliográficas on-line ( livros, artigos, trabalhos técnicos e científicos, dissertações e teses).

Contabilidade Financeira: Existe alguma diferença significativa entre uma biblioteca comum e uma biblioteca especializada, como é este caso?

Lúcia Figueiredo: Entende-se como biblioteca especializada aquela que atenda a uma instituição, seja ela empresa pública ou particular, restrita a um campo de atuação. Ela servirá de suporte e apoio às decisões e planejamentos técnico cientifico da instituição, para isso terá documentos específicos da área na qual atua, documentos como “livros, periódicos, teses, dissertações, CDs, DVDs, etc. Por se tratar de um acervo que não demanda grande volume de livros, a avaliação e atualização de sua coleção poderá ser constante. As bibliotecas especializadas têm características peculiares, principalmente em relação a um acervo mais seletivo e atual, se comparado aos modelos de bibliotecas tradicionais, como bibliotecas públicas e escolares, e mesmo às bibliotecas universitárias, com seus acervos mais diversificados em termos de áreas de conhecimento.

Contabilidade Financeira: A RBC é o periódico de contabilidade mais antigo de contabilidade no Brasil ainda publicado. Quais são os cuidados na preservação deste acervo tão importante para os contabilistas?

Lúcia Figueiredo: Procuramos, dentro do possível, seguir as recomendações para conservação e preservação das coleções. Além disso, estamos em processo de digitalização dos exemplares da revista, visando a preservação, acessibilidade e disseminação da informação.

Contabilidade Financeira: Antes da RBC existir, tivemos no Brasil no século XIX a publicação de um periódico dos guarda-livros, antiga denominação dos profissionais. Você sabe a existência de algum exemplar desta publicação?

Lúcia Figueiredo: Não.

Contabilidade Financeira: Parte das referências brasileiras estão relacionadas com obras publicadas em Portugal. Existe algum intercâmbio da biblioteca do CFC com bibliotecas daquele país?

Lúcia Figueiredo: Não.

Petrobras 2

Além da mudança contábil anunciada esta semana, que aliviará perdas no balanço decorrentes da alta do dólar, a Petrobrás estuda duas saídas para resolver problemas de caixa, desta vez com operações off-balance (fora do balanço).

A estratégia não seria imediata, depende de entraves contábeis e de vencer resistências dentro da área de exploração e produção da companhia. Mas conta, segundo fontes, com a simpatia da presidente da empresa, Graça Foster, e da diretora-geral da Agência Nacional do Petróleo (ANP), Magda Chambriard.

Uma das propostas é ampliar a Sete Brasil ou criar uma empresa espelho dela - uma companhia nos mesmos moldes para deter ativos novos com o objetivo de alugá-los à Petrobrás. A proposta foi apelidada jocosamente de "Oito Brasil".

Outra medida seria criar uma empresa para a qual a Petrobrás venderia algumas plataformas que já existem, de sua propriedade, embolsaria o dinheiro e passaria a alugar as mesmas embarcações. As duas propostas seriam off-balance, ou seja, tirariam pesos do balanço da Petrobrás, aliviando os limites de endividamento e dando mais fôlego para investimentos.

Graça Foster já externou a interlocutores seu apoio a soluções off-balance nos moldes da Sete, embora não para este ano. A área de exploração & produção prefere ter ativos próprios.

A diretora-geral da Agência Nacional do Petróleo (ANP), Magda Chambriard, é defensora de saídas off-balance. "A experiência passada mostra que a Petrobrás consegue soluções criativas, com operações off-balance, para driblar dificuldades", disse, em entrevista ao Broadcast em marco.

Uma fonte graduada envolvida nas negociações estima que a venda de seis FPSOs (plataformas flutuantes) renderia de US$ 10 bilhões a US$ 12 bilhões à Petrobrás. Um dos impedimentos para esta solução está nas novas regras contábeis internacionais (IFRS), adotadas no Brasil há três anos.

As normas impedem que uma empresa venda uma plataforma e alugue o mesmo equipamento por período indeterminado, o que seria apenas uma maquiagem financeira. Deveria haver um limite para o aluguel, de forma que a plataforma pudesse ser oferecida a outra empresa. Mas a fonte diz que uma empresa nos moldes da Sete Brasil solucionaria esse impasse


SABRINA VALLE / RIO - O Estado de S.Paulo

Lupatech

A Lupatech deu ontem mais uma demonstração do tamanho da crise que vive: a empresa informou ao mercado que não pagou uma dívida de US$ 6,7 milhões relativa a juros devidos sobre bônus emitidos na Bolsa de Luxemburgo. A falha em saldar uma obrigação relativamente pequena é, segundo analistas, um sinal da grave situação de caixa da companhia.

Ao fim do primeiro trimestre, a empresa, que presta serviços para a indústria de petróleo, só contabilizava R$ 21 milhões em caixa, ainda menos do que as magras reservas do quarto trimestre de 2012, de R$ 31,8 milhões. É muito pouco diante das obrigações que a empresa tem pela frente - mais de R$ 700 milhões da dívida total de R$ 1,3 bilhão vencem no curto prazo - e da ausência de perspectiva de melhores resultados operacionais.

A situação se reflete diretamente nas ações da companhia: os papéis, que valiam R$ 10 há dois anos, hoje são negociados a R$ 0,50. No auge da euforia da Lupatech, que coincidiu com o anúncio das reservas do pré-sal, em 2008, os papéis passaram da marca de R$ 40.

Segundo os analistas Bruno Piagentini e Marco Aurélio Barbosa, da corretora Coinvalores, não há como a Lupatech seguir no mercado sem receber novos aportes de capital dos sócios. "O backlog (carteira de projetos futuros) não é suficiente para garantir uma melhoria do ponto de vista operacional", dizem os analistas.

Neste cenário, a perspectiva é que o bloco de controle - formado por BNDESPar, Petros (o fundo de pensão dos funcionários da Petrobrás) e a GP Investimentos - deverá ser acionado novamente. À medida que as dificuldades da Lupatech se amontoaram, os sócios com maior capacidade de investimento foram sendo acionados. A participação do braço de investimentos do BNDES na empresa saltou de 11,4% para 31% entre o fim de 2011 e o primeiro trimestre de 2013.

O problema, de acordo com Adriano Pires, diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), é que o cenário atual é desfavorável para novos investimentos do banco de fomento no negócio. "A situação econômica mudou, com o País vivendo dificuldades para controlar a inflação e para fechar a conta do superávit primário", diz o especialista no setor de petróleo. "Com o atual clima político, vai ser mais difícil o BNDES explicar um aporte numa empresa que não está dando certo. É um problema semelhante ao que vive o empresário Eike Batista."

Não faz muito tempo que o BNDES e a Petros capitanearam uma tentativa de resgate para evitar a quebra da Lupatech. Em abril do ano passado, foi feito um aumento de capital de R$ 700 milhões, no qual BNDESPar e Petros tiveram preferência de compra das novas ações.

Segundo fontes, há duas razões para o drama vivido pela Lupatech. O primeiro é de gestão. Com o caixa inflado pela abertura de capital, em 2006, a Lupatech foi às compras: gastou cerca de R$ 400 milhões em 17 aquisições. No entanto, quando começou a enfrentar dificuldades, ficou claro que algumas das compras não tinha sido acertada. A partir de 2011, a empresa se desfez de negócios como Microinox e Metalúrgica Ipê.

A outra face do problema é a lentidão da Petrobrás em fazer os investimentos para tirar os projetos do pré-sal do papel. Hoje, cerca de dois terços do faturamento da Lupatech estão ligados à estatal. O problema, segundo os analistas da Coinvalores, é que a fornecedora não pode mais esperar, já que suas obrigações são de curto prazo.

O ritmo lento do desenvolvimento do pré-sal, segundo Pires, do CBIE, pode ser explicado por duas exigências do governo à Petrobrás: ao mesmo tempo que tinha de ser a operadora do pré-sal, a empresa foi obrigada a segurar o aumento da gasolina, o que prejudicou sua capacidade de investimento.


FERNANDO SCHELLER - O Estado de S.Paulo

Petrobras

Uma mudança promovida pela Petrobrás na forma de contabilizar sua dívida exposta à variação cambial deve permitir à estatal melhorar o resultado do segundo trimestre em cerca de R$ 7 bilhões, reduzir sua exposição ao câmbio em cerca de R$ 70 bilhões e aumentar seu lucro. No fim, isso deve significar uma elevação do pagamento de dividendos aos acionistas, sendo o principal deles a União.

Para analistas, o novo cálculo inclui a empresa na "contabilidade criativa" do governo no esforço de atingir a meta fiscal.

Gustavo Gattass, do BTG Pactual, disse que a medida o fez elevar a estimativa do resultado da companhia no segundo trimestre. Mas disse acreditar que, no médio prazo, o efeito pode ser negativo. "Vejo esta movimentação como negativa, com uma ainda mais negativa conclusão por trás dela. Triste, porque o momento não é adequado", disse, defendendo mais transparência na empresa.

As novas regras permitirão à Petrobrás registrar de forma diluída, ao longo dos próximos sete anos, parte do prejuízo causado pela variação cambial na dívida. A parcela exposta ao câmbio, cerca de US$ 50 bilhões no fim de março, subiu em reais na mesma proporção em que se valorizou a moeda estrangeira.

No último trimestre, a alta de 10% do dólar representou, portanto, um prejuízo contábil de R$ 10 bilhões (US$ 5 bilhões). Procurada, a Petrobrás informou que não falaria sobre o assunto.

A manobra contábil é legal e não é inédita. Grandes empresas, como Usiminas e BRF, também adotam o modelo. Mas a decisão da Petrobrás ganha maior repercussão por ocorrer em um momento de forte valorização do dólar. No segundo trimestre de 2012, quando o dólar se valorizou 10,93%, a Petrobrás registrou prejuízo de R$ 1,346 bilhão, o primeiro resultado trimestral negativo desde a maxidesvalorização do real, em 1999.

Com a perspectiva de um balanço melhor, as ações ordinárias (ON) da companhia, que pagam dividendos ao governo, subiram ontem 7,25%, a maior alta do Ibovespa. Mas, para analistas, o movimento seria especulativo, não teria trazido novos acionistas para a empresa, e pode inverter posição no médio prazo. A adoção da contabilidade de hedge reduz a volatilidade das ações no curto prazo, mas é insuficiente para alterar a visão do investidor de longo prazo sobre a companhia.

"O que a gente espera hoje para ficar mais positivo com a Petrobrás não é uma mudança de contabilidade, mas de resultado", diz Will Landers, gestor na América Latina de fundos da BlackRock, uma das maiores gestoras de investimentos do mundo. Para ele, a mudança depende do que a presidente da estatal, Graça Foster, conseguirá entregar em termos operacionais. A BlackRock mantém, nos fundos geridos pelo executivo, a classificação da Petrobrás como "underweight" - abaixo da performance do índice de mercados emergentes da América Latina.

Landers prefere não classificar a alteração contábil da Petrobrás de "criativa", por considerar que ela está em linha com os padrões de contabilidade internacional. "Mas, sem dúvida, (a mudança) vai ajudar na meta do governo de arrecadar mais divisas por meio de dividendos altos", disse. Procurado, o Ministério da Fazenda informou que não faria comentários sobre a mudança, pois se trata de uma decisão empresarial.

A equipe de analistas do BES Securities também acredita que a utilização de uma prática contábil que permite a redução de impactos por variações cambiais vai melhorar "artificialmente" os resultados da Petrobrás no segundo trimestre. Com ela, a despesa financeira excepcional ocasionada pela valorização do dólar, que seria de R$ 10 bilhões no período, deve cair para R$ 3 bilhões, estima a instituição.

"Vemos esta mudança contábil como negativa, uma vez que vai melhorar artificialmente os resultados do segundo trimestre, embora ela seja uma alteração permitida", destacou o banco O cálculo dos analistas é baseado na variação de aproximadamente 10% do dólar ao longo do segundo trimestre. Como a Petrobrás possui uma exposição líquida ao dólar estimada em R$ 100 bilhões, o impacto da variação cambial seria de R$ 10 bilhões.


SABRINA VALLE, MARIANA DURÃO / RIO, ANDRÉ MAGNABOSCO / SÃO PAULO - O Estado de S.Paulo

13 julho 2013

Rir é o melhor remédio

Colocando na nuvem

Fato da Semana

Fato: Derrota do Rodízio de Auditoria nos Estados Unidos 

Qual a relevância disto? – Os defensores do rodízio das empresas de auditoria acreditam que isto poderá melhorar a qualidade do serviço prestado. Mas aqueles que são contra o rodízio também possuem bons argumentos, incluindo o aumento no custo do trabalho. Alguns países já implantaram o rodízio, incluindo países desenvolvidos. Na maior economia do mundo, onde a contabilidade é mais avançada, o regulador das empresas de auditoria tentou criar normas para obrigar as empresas a fazerem o rodízio.

Num primeiro momento a proposta foi derrotada no congresso, dentro de uma das suas comissões, por 52 votos a zero. Agora o Congresso aprovou, por 321 a 62, o Audit Integrity and Job Protection Act. Isto praticamente enterra as chances de se ter o rodízio naquele país nos próximos anos.
O ato teve aprovação do AICPA, uma entidade historicamente dominada pelas grandes empresas de auditoria, que são contrárias ao rodízio. Mas alguns comentaristas lamentaram a aprovação, por entender que o rodízio poderia ser uma experiência que melhoraria a qualidade dos pareceres.

Positivo ou Negativo? – Depende. Se você é favorável ao rodízio, a aprovação realmente é negativa. Impede que empresas da maior economia sejam obrigadas a mudar seus auditores. Se você acredita que o rodízio é ruim, o fato da semana é positivo.

Desdobramentos – Pelo menos nos Estados Unidos, o assunto rodízio não voltará a ser debatido pelos reguladores nos próximos anos. Como os Estados Unidos possuem uma grande influencia em outras economias, isto também pode significar que esta experiência talvez não seja implantada em muitos países.

Outro fato relevante: a escolha de um fato relevante é sempre difícil. Além deste, é interessante notar que a semana apresentou, em dois países distintos, um problema com o ativo “mais” líquido existente: a moeda. Nestes países, a moeda corrente pode não possuir o valor de face.

Teste da Semana

Este é um teste para verificar se você acompanhou de perto os principais eventos do mundo contábil. As respostas estão ao final.

1 – Este país está vendendo sua moeda para colecionadores por um valor menor que o valor de face. Isto é um exemplo interessante de que o dinheiro pode, em certas circunstâncias, ser avaliado por um preço menor que o valor nominal. Este país é
Argentina
Irã
Venezuela

2 – Já este outro país está incentivando sua população a denunciar quem não aceita a moeda de maior valor, que possui a figura de um líder carismático para uma parcela da sua população. Este país é
Argentina
Irã
Venezuela

3 – Finalmente ficamos sabendo que os sócios estrangeiros do Banco Renner são brasileiros com domicilio no exterior. Tratam-se
Bispo Edir Macedo e Esposa
Cantor Roberto Carlos
Luciano Huck e Angélica

4 – Esta empresa anunciou, entre 2009 a 2012, 55 comunicados sobre descoberta de petróleo e informações derivadas. Hoje sabe-se que alguns dos comunicados eram manipulados:
BHP
OGX
Petrobras

5 – E esta outra está sendo investigada por suposta prática de esquema de pirâmide no Brasil:
Anway
Herbalife
Telexfree

6 – O Comitê da Basileia está estudando mudar as normas recentemente aprovadas denominadas de Basileia 3. Trata-se de normas sobre
O capital das instituições financeiras
O hedge que deve ser feito em derivativos
O valor do sinistro das seguradoras

7 – A Thomson Reuters suspendeu a divulgação antecipada para alguns clientes vips do índice de confiança do consumidor. A divulgação antecipada significava que estes clientes recebiam a informação com antecedência de quanto tempo em relação aos clientes normais?
1 hora
1 minuto
2 segundos

8 – Neste país, o partido do governo está sendo investigado por uso de caixa dois. Inclusive com pagamentos ao principal estadista do país. O tesoureiro responsável pela distribuição do dinheiro acumulou uma boa fortuna
Argentina
Brasil
Espanha

9 – A inflação deste país está perto dos 40% anuais. Para o Goldman Sachs isto é hiperinflação.
Equador
Venezuela
Zimbabue

10 – Um grande jornal anunciou-se que a Petrobrás estará usando a contabilidade de _____ para proteger-se do movimento do câmbio.
Derivativos
Equivalência patrimonial
Hedge

Acertando 10 ou 9 questões = medalha de ouro; 7 ou 8 = prata; 5 ou 6 = bronze

Respostas: (1) Irã; (2) Argentina; (3) Bispo Edir Macedo e Esposa; (4) OGX; (5) Telexfree; (6) O capital das instituições financeiras; (7) 2 segundos; (8) Espanha; (9) Venezuela; (10) Hedge

O que Bernanke e os protestos têm em comum?

O que Bernanke e os protestos têm em comum?"
Texto de Ilan Goldfajn para O Estado de S. Paulo e O Globo.
Publicado em: 02/07/2013

Tudo está mudando ao mesmo tempo. Choque internacional, protestos no País. Até a Seleção Brasileira mudou e voltou a jogar como campeã.
 
Parece obra do acaso. Mas não acredito em coincidências, o choque externo sinaliza proximidade do fim de um ciclo global e, através de caminhos diversos, desperta a insatisfação local já existente. Por isso acontecem ao mesmo tempo. A economia global certamente está mudando de rumo. E pressionando a economia brasileira. Após anos de juros zero, fluxos de capitais abundantes para países emergentes e pressão para apreciação do real, a maré está mudando. O Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) deixou claro que já está preparando a diminuição dos estímulos dos últimos anos e, no futuro, a subida de juros. Agora os fluxos de capitais estão voltando aos EUA e o real deprecia, pressionando a inflação e requerendo políticas mais austeras. O Banco Central do Brasil (BC) tem intervindo no mercado de câmbio tentando suavizar o impacto do choque, mas o movimento é forte.
 
Ao mesmo tempo, os protestos indicam necessidade de mudanças: melhores serviços públicos, mais crescimento, menos inflação e, de uma forma geral, aumento do bem-estar. Essa situação reduz o espaço de manobra da política econômica, no curto prazo. Mas a dificuldade abre espaço para a oportunidade que, se bem aproveitada, pode melhorar a economia no longo prazo.
 
São vários protestos no mundo, cada um diferente do outro. O que têm em comum é que ocorrem no fim de um longo ciclo global, que começou com uma década de crescimento forte (sem discriminar por país ou tipo de política econômica, não havia política errada) e passou por uma crise financeira global, que quase levou à depressao no mundo e à quebra do euro, só evitadas graças a políticas extremas de estímulo por parte dos governos. O fim do ciclo está próximo, pelo menos nos EUA, onde o desemprego cai e aproxima-se do patamar de 6,5%, ponto focal para reversão das políticas de estímulo. O excesso de estímulo fica para trás. A nova realidade assusta o mundo.
 
A princípio não haveria por que temer a nova realidade nos EUA. Se, por um lado, juros mais altos nos EUA e reversão dos fluxos de capitais têm consequências negativas, como a liquidação de ativos nos países desenvolvidos, queda nas bolsas e nos outros ativos, sem falar na depreciação cambial, por outro lado, o país que primeiro entrou em crise, com o problema dos empréstimos "subprime", está começando a sair dela. E a volta do crescimento nos EUA pode significar, com alguma defasagem de tempo, o começo do fim da recessão na Europa e a volta para um "novo normal". Até mesmo a desaceleração recente das economias emergentes  pode ser revertida com a ajuda da volta do crescimento nos países avançados. Entendo a desaceleração atual nos emergentes como efeito da desaceleração global – retardado alguns anos pelas políticas domésticas de estímulo que conseguiram adiar o efeito do choque global. Agora seria o começo do caminho na direção contrária.
 
A subida dos juros no mundo é a outra face da volta do crescimento global. Uma não vai ocorrer sem a outra. O impacto em cada uma das economias no mundo emergente vai depender da combinação do impacto financeiro negativo com o impacto da volta do crescimento global.
 
Na América Latina acredito que existam defesas bem construídas para choques financeiros. A grande maioria dos países (inclusive o Brasil) construiu grandes (e custosos) estoques de reservas internacionais que servem de defesa, pois podem ser usados para suavizar qualquer ajuste necessário na economia, sem grandes traumas. Muitos governos tornaram-se credores em moeda forte, os passivos externos são menos rígidos e a maturidade da dívida pública é mais longa. As defesas foram construídas como lições das crises das décadas anteriores, essencialmente financeiras. Acredito que após o choque inicial e o ajuste aos tremores que se seguem haverá reversão dos eventuais exageros e a volta da calmaria.
 
A vulnerabilidade maior na América Latina hoje é a um choque real. Uma desaceleração mais forte da China, que venha a impactar negativamente as commodities e os termos de troca e, portanto, a renda na região teria um impacto maior. Qual  a probabilidade desse cenário? Num contexto em que a economia global se recupera lentamente, uma desaceleração mais forte da China seria consequência do estouro da bolha de crédito e de investimento, estímulos usados para revitalizar a economia depois da quebra do Lehman Brothers. Uma desaceleração específica da China teria um impacto maior nas economias da América Latina (e no Brasil) do que o impacto do choque de juros de Bernanke.
 
O impacto do novo ciclo mundial no Brasil depende, portanto, das idiossincrasias na China, mas também de suas próprias. O que temos de específico no Brasil em relação ao resto do mundo? Em que divergimos mais? Entramos nesta nova fase com inflação mais alta que nossos vizinhos, muitos com inflação abaixo das suas metas. Isso coloca limites na depreciação do câmbio que pode ser absorvida pela economia (pelo menos sem que a alta da inflação exija mais medidas de austeridade, difíceis no contexto atual). Também adotamos política fiscal mais estimulativa do que os outros, em parte porque o Brasil começou a desacelerar antes das outras economias do mundo. Precisamos fazer ajuste fiscal e ao mesmo tempo atender às novas demandas de velhos problemas. Está claro que a dificuldade de hoje é também a oportunidade de rebalancear a economia. Precisamos voltar a investir em infraestrutura, mas também em serviços públicos consistentes com a alta carga tributária. Reformas que privilegiem a educação são muito bem-vindas, há que se olhar o longo prazo. Só assim reagiremos à altura ao choque externo combinado aos protestos.
 
 Ilan Goldfajn é economista-chefe e sócio do Itaú Unibanco.