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05 junho 2013

Séries

Para quem gosta das séries da televisão, eis uma lista daqueles que foram consideradas as "mais bem escritas":

1 The Sopranos
2 Seinfeld
3 The Twilight Zone
4 All in the Family
5 M*A*S*H
6 The Mary Tyler Moore Show
7 Mad Men
8 Cheers
9 The Wire
10 The West Wing

Fonte: Aqui. Aproveitando, dez conselhos sobre como escrever, segundo Ogilvy, aquele que inspirou o personagem de Mad Men.

Novo Parecer


O novo parecer de auditoria, que está em gestação, deve ser um divisor de águas não apenas para os profissionais de contabilidade mas também para o mercado de capitais como um todo, na visão de Warren Allen, presidente da Federação Internacional de Contadores (Ifac, na sigla em inglês).

Além da já tradicional opinião sobre a posição financeira refletida no balanço, que pode ser emitida com ou sem ressalva, no novo relatório o auditor provavelmente deverá externar sua avaliação sobre ao menos mais três pontos: os controles internos da entidade, a manutenção da empresa em continuidade e os julgamentos contábeis com impacto relevante no balanço e como eles foram discutidos com a administração.

As informações foram reveladas por Allen, em entrevista exclusiva ao Valor. Embora não dê uma data específica para aplicação do novo modelo, o executivo garante que as mudanças devem ocorrer "no curto prazo".

O trabalho de revisão do parecer está sendo conduzido pelo Comitê Internacional de Normas de Auditoria e Asseguração (Iaasb, na sigla em inglês), um dos órgãos de autorregulação criados pela Ifac.

Segundo Allen, ele é uma resposta da profissão a uma demanda que surgiu com a crise financeira. "Já foi feita a audiência pública, que recebeu número recorde de manifestações, e agora esses comentários estão sendo processados", afirmou ele, que veio ao Brasil manter contato com entidades locais como o Conselho Federal de Contabilidade (CFC), conselhos regionais e o Instituto Brasileiro de Auditores Independentes (Ibracon).

Tendo em conta os pontos em discussão sobre o novo parecer, Allen diz que é possível adiantar que o relatório será mais longo que o atual, normalmente de um página. "Dependendo com quem você fala, se diz que ele vai ficar com duas ou três páginas", afirmou, lembrando que também se pretende reduzir parágrafos-padrão que aparecem "copiados e colados" atualmente.

Um dos pontos de atenção nesse processo de revisão do parecer, destaca o presidente da Ifac, tem a ver com o dever de sigilo. "O auditor não pode comentar uma informação que não tenha sido divulgada anteriormente pela empresa", afirma.

Entre os pontos de destaque, especialmente em um ambiente de normas contábeis baseadas em princípios, como o IFRS, o presidente da Ifac entende que está o relato do auditor sobre como chegou a uma opinião sobre julgamentos feitos pela administração da empresa no processo de elaboração do balanço, como ocorre com o uso de valor justo para avaliação de instrumentos financeiros, com avaliação de ativos biológicos e também em testes de perda do valor recuperável.

"Seria útil o auditor explicar como ele chegou a uma opinião sobre esses casos, saber que áreas consultou. E até mesmo que ele dê uma ideia de relevância. De como seria a mensuração se a administração tivesse usado outra abordagem", afirmou.

Allen admite que algumas empresas podem não gostar de ver expostas algumas informações sobre os julgamentos contábeis realizados por elas, mas argumenta que os comentários que o auditor vier a fazer estarão ligados a seu próprio trabalho.

Na visão do presidente da Ifac, o novo parecer deve ajudar a reduzir um antigo problema ligado à profissão de auditoria, que é o descasamento de expectativas entre o que o profissional do setor entende que assegura ao fazer seu trabalho e o que o público espera desse serviço. "Vai diminuir um pouco esse vão", diz.

O tema foi novamente levantado em recente entrevista do presidente global da PwC, Dennis Nally, que disse ao Valor que gostaria de ver uma resposta definitiva aos questionamentos sobre a função da auditoria a cada vez que existe uma quebra de empresa ou a descoberta de uma fraude.

Allen, que nasceu na Nova Zelândia e fez carreira na Ernst & Young, diz que concorda com Nally a respeito da necessidade de os auditores se comunicarem melhor sobre o seu trabalho, mas lembra que o tema de descasamento de expectativas não é novo. "Essa discussão existe desde que eu entrei na profissão, e acabo de completar 40 anos no ramo."

Na visão dele, um motivo para esse descasamento persistir por tanto tempo tem a ver com a mudança da expectativa do público ao longo dos anos. "A cada vez que há um problema as pessoas se perguntam: será que o auditor não deveria ter cuidado daquilo também? Ou olhado para esse ponto em particular? E isso passa a ser incorporado à expectativa, ampliando o vão."

Embora o novo parecer de auditoria possa ajudar a reduzir o descasamento no curto prazo, diz Allen, bastará haver uma nova crise para ele se expandir novamente.

Enquanto isso, o presidente da Ifac se mostra menos confiante que seus pares sobre a possibilidade de reguladores da União Europeia e Estados Unidos voltarem atrás completamente em relação às propostas que aumentam a regulação sobre a profissão de auditoria. "Uma coisa que está clara é que haverá mudança. E a maior delas deve ter a ver com rodízio de firmas", disse.

Outra mudança prevista, esta com apoio da Ifac, será a proibição de que contratos de empréstimos ou emissões tenham cláusulas exigindo que a empresa seja auditada por uma das quatro grandes mercado - PwC, Deloitte, Ernst & Young e KPMG.

Bancos vão exigir contas públicas mais claras

Grandes bancos internacionais serão atores relevantes no processo de sofisticação das práticas contábeis usadas no setor público, diz Warren Allen, presidente da Federação Internacional de Contadores (Ifac, na sigla em inglês).

Segundo ele, isso vai ocorrer porque a crise da dívida soberana europeia acabou com o conceito de aplicação de livre de risco. "Não há mais diferença entre emprestar para um governo ou para uma Coca-Cola ou Caterpillar. E os credores querem informação regular sobre a performance dos tomadores de recursos", afirmou Allen.

Ou seja, assim como a contabilidade empresarial se desenvolveu ao longo de séculos em parte pela exigência de credores e investidores (de fora da empresa) por informações adequadas sobre a situação econômico-financeira das companhias, o mesmo tenderia a ocorrer agora com os governos.

Para ele, a crise da dívida soberana mostrou o "estado horroroso" da gestão financeira de algumas entidades do setor público. "Países importantes não registravam nem mensuravam seus ativos, passivos e contingências corretamente. Como contador, não me surpreende que eles tenham tido problemas financeiros", disse Allen.

Num exemplo elementar, o executivo lembra que ainda poucos países adotam o regime de competência para fazer seus lançamentos contábeis de receita e despesa, enquanto todas as grandes companhias do mundo usam esse sistema - em vez do regime de caixa.


Novo parecer de auditoria será um divisor de águas - Por Fernando Torres - Valor Econômico - 31 de maio de 2013, via Alexandre Alcantara

O que podemos comentar sobre o assunto? O parecer de auditoria é a síntese da relação entre a empresa e seu auditor. Se esta relação não for alterada, a forma do parecer não será, em hipótese nenhuma, "um divisor de águas". O texto comenta, por exemplo, a diferença entre a expectativa criada pelo parecer e o que o auditor realmente faz. O entrevistado informa que esta diferença irá reduzir "um pouco". Ou seja, a mudança não será suficiente para alterar a percepção do público sobre a qualidade do trabalho do auditor.

Da mesma forma, acreditar que os bancos poderão transformar a contabilidade pública é realmente estranho e mostra que Allen é muito inocente com respeito a este assunto.

Finalmente, a fotografia é de Jack Palace, que ficou conhecido por apresentar o programa Acredite Se Quiser.

Elétricas

Pressionadas pelos altos custos da geração das usinas termelétricas, as distribuidoras de energia começam agora a sentir os impactos da alta do dólar no custo da energia comprada de Itaipu.

O repasse da desvalorização cambial chegará ao consumidor em épocas diferentes, dependendo do cronograma de reajustes tarifários. A alta do dólar leva o setor a cobrar do governo a regulamentação da lei 12783, que renovou as concessões do setor elétrico, e prevê o fim dos efeitos da variação cambial sobre as vendas de energia produzida pela usina binacional.

Vinte e nove empresas das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste são obrigadas a comprar cotas da produção da usina binacional, que são pagas em dólar e depois compensadas no período de reajuste tarifário de cada empresa.

(...) Ontem, o câmbio fechou em R$ 2,12, primeira baixa após cinco dias de altas consecutivas, e as expectativas são de que continue em patamares elevados. O valor é R$ 0,10, ou 5%, superior ao estimado pela Cemig, por exemplo, no balanço do primeiro trimestre.

A empresa tem uma exposição cambial de R$ 178 milhões de reais na compra de energia de Itaipu, que varia na mesma proporção da taxa de câmbio. A compensação pela alta de custos só virá em abril do ano que vem, quando a empresa passa pelo próximo reajuste tarifário.

O setor de energia vem amargando um ano difícil, com a redução de receitas provocada pelo esforço do governo por tarifas mais baixas e o aumento de custos resultante da maior geração térmica, lembra o professor Nivalde de Castro, do Grupo de Estudos do Setor Elétrico do Instituto de Economia da UFRJ (Gesel). (...)

Fonte: Aqui

04 junho 2013

Rir é o melhor remédio

Adaptado daqui

Análise custo-benefício

A análise custo-benefício é muito citada e pouco exemplificada. Gleeson-White apresenta um exemplo simples ocorrido na empresa Ford em 1977 (1). A empresa fabricava um automóvel denominado Pinto. 

A empresa sabia que o produto não era totalmente seguro, mas corrigir os problemas significava aumentar o custo do produto em 11 dólares por unidade vendida.

Um estudo realizado pela empresa estimou que um produto vendido sem os equipamentos adicionais de segurança provocaria 2100 incidentes, com 180 pessoas que poderia sofrer ferimentos e outras 180 poderiam morrer. O automóvel venderia 12,5 milhões de unidades previstas. O custo total seria:

Custo Total = 12,5 milhões de unidades  x 11 dólares = 137,5 milhões

O custo para empresa seria de 200 mil dólares por morte e 67 mil por ferimentos. Cada incidente produziria um custo adicional de $700 por veículo. Se a empresa não tomasse nenhuma medida para melhorar a segurança o valor da empresa, ou o benefício, seria:

Benefício = 180 mortes x 200 mil + 180 ferimentos x 67 mil + 2100 incidentes x 700
Benefício = 49, 5 milhões de dólares

Assim, a análise custo-benefício mostrou que seria mais vantajoso para a empresa não fazer nada para segurança dos seus clientes.

(1)    GLEESON-WHITE, Jane. Double-entry, New York: W.W. Norton, epilogo. 

Por que produtividade baixa?

Diferentes indicadores revelam que o nível e a taxa de crescimento da produtividade brasileira são modestos para padrões internacionais e avançaram pouco nas últimas décadas. Esse padrão está por trás do crescimento médio anual do PIB per capita de 1,2% entre 1980 e 2012.
Por que a produtividade é baixa? Ao menos seis explicações complementares nos ajudam a compreender o porquê. A primeira está associada às limitações internas das empresas, ou aos constrangimentos à produtividade relativos ao "chão de fábrica". Trata-se de restrições ao desempenho decorrentes, dentre outras, de gestão deficiente, pequeno engajamento em pesquisa, desenvolvimento e inovação, acanhados investimentos em tecnologias da informação, novas tecnologias e treinamento profissional, e baixa qualificação da força de trabalho - nada menos que 27% da população em idade para trabalhar é analfabeta ou analfabeta funcional.
A segunda explicação está associada aos constrangimentos à produtividade relativos àquilo que fica do lado de fora do "chão de fábrica", ou produtividade sistêmica. Referem-se aos problemas externos às empresas que interferem, direta ou indiretamente, no desempenho individual e coletivo e nos retornos dos investimentos. Incluem-se nessa categoria, os elevados custos e restrições associados aos impostos, burocracia e juros e às deficiências dos serviços públicos e das infraestruturas. Instabilidade macroeconômica, insegurança jurídica, problemas de coordenação entre esferas de governo e internas aos próprios governos, legislações que desestimulam a competição, elevada presença de oligopólios e monopólios em vários setores, cultura que desencoraja a meritocracia e limitada abertura da economia para o resto do mundo também contribuem para constranger a produtividade sistêmica.
Primeiro problema é gestão deficiente, falta de engajamento em desenvolvimento, pesquisa e inovação
A terceira explicação é a contínua transferência de recursos de setores de produtividade mais alta para setores de produtividade mais baixa. Enquanto a participação da indústria no PIB passou de 33,4% para 14,4% entre 1980 e 2011, a participação dos serviços passou de 45,2% para 67,1%. O problema é que a produtividade média na indústria é 36% maior que nos serviços. No comércio, hotéis e restaurantes, o maior segmento do setor de serviços em termos de emprego, o hiato de produtividade em relação à indústria passa de 500%. Muito além da realocação de emprego entre setores, a maioria dos novos empregos gerados na economia está concentrada em setores de baixa produtividade. De fato, no início da década de 2000, o setor de serviços respondia por 26,6% dos novos postos formais de trabalho criados no setor privado. Em 2012, aquela participação já havia passado de 74%.
A quarta explicação é a baixa produtividade média das micro e pequenas empresas. A produtividade dessas empresas é substancialmente menor que a de congêneres do mesmo ramo, mas que operam em escalas produtivas maiores. O problema é que nada menos que 99% do total de empresas formais são micro e pequenas e 76% delas estão no setor de serviços.
A quinta explicação está associada à pobreza e à desigualdade de renda. Evidências empíricas mostram que pobreza e má distribuição de renda explicam baixa produtividade por meio de diversos canais de transmissão, incluindo limitado acesso dos pobres a crédito, tecnologias, mercados, educação de qualidade e qualificação profissional, e limitada ou nenhuma participação das atividades econômicas da população pobre em cadeias produtivas e nas exportações. Evidências empíricas também mostram que a melhoria da distribuição de renda tende a ser acompanhada por mudanças na composição da demanda por consumo e pela maior probabilidade de obtenção de consensos em torno de agendas de políticas públicas mais sustentáveis, que são críticas para o aumento dos investimentos e da produtividade.
Por fim, a sexta explicação está associada às elevadíssimas discrepâncias de produtividade entre as empresas e entre setores de atividade. O problema é que a interdependência entre as empresas só faz crescer através de cadeias de produção, terceirização e aquisição de toda sorte de serviços e infraestruturas, de forma que o desempenho de um fornecedor ou componente de uma determinada cadeia produtiva impacta, direta ou indiretamente, o desempenho dos demais componentes daquela cadeia de produção. Por isso, a elevada discrepância de produtividade individual não é neutra do ponto de vista coletivo. Empresas mais dependentes de cadeias produtivas, como é o caso daquelas da indústria manufatureira em geral, estão mais expostas às produtividades de terceiros que empresas da área de mineração, por exemplo, o que ajuda a explicar as diferenças de remuneração do capital e de competitividade entre os setores.
Como as causas da baixa produtividade do Brasil são variadas e complexas e as soluções requerem a participação de todos, para se avançar será necessária a construção de uma agenda concreta de ações, além de muita coordenação entre os envolvidos para implementá-la com sucesso. Na medida que o avanço da produtividade pode proporcionar enormes benefícios em termos de crescimento econômico sustentado, competitividade internacional e geração de bons empregos e renda, parece-nos razoável sugerir que essa agenda deveria ser elevada à condição de prioridade nacional.

Trabalho

A pesquisa da OIT mostra os países que estão criando mais emprego, com maior qualidade. A qualidade é medida em termos de salários, benefícios e horas trabalhadas.
A figura mostra, no primeiro quadrante (à direita, no alto) os países que conseguiram criar empregos, com melhor qualidade. No segundo gráfico, das economias em desenvolvimento, o Brasil neste primeiro quadrante. 

Países mais difíceis de serem visitados

Baseado no visto, na segurança e no transporte.

1. Angola
2. Eritreia
3. Guiné Equatorial
4. Arábia Saudita
5. Afeganistão
6. Paquistão
7. Líbia
8. Somália
9. Turquemenistão
10. Síria



Contabilidade Destrutiva

São Paulo - Imagine um gastador contumaz que decide mudar de vida. A partir de agora, ele vai poupar boa parte do que ganha até equilibrar suas contas. Para facilitar seu esforço de austeridade, porém, ele prefere não contabilizar como dívida as prestações de um apartamento na praia. Por outro lado, resolve contar como poupança os futuros dividendos de ações que acaba de comprar. Ou seja, seu impulso de gastador continua lá — mas ele tenta se convencer de que sua situação não é tão ruim assim. De maneira simplificada, é isso que o governo tem feito para cumprir a meta do superávit primário, a economia de recursos para o pagamento de juros da dívida pública.
Desde 2009, parte das dívidas, dos gastos e das receitas não é registrada adequadamente. O mercado apelidou os subterfúgios de “contabilidade criativa”. A consultoria econômica Tendências calculou os valores envolvidos nas manobras e mostra que seria melhor chamar a estratégia de “contabilidade destrutiva”. Em quatro anos, 48 bilhões de reais em receitas futuras foram incluídos no cálculo do superávit. Ou seja, dinheiro que ainda não existe foi contado como recebido. Outros 63 bilhões, de recursos empregados no Programa de Aceleração do Crescimento, foram somados à economia. E ficaram de fora dívidas de 479 bilhões de reais — o equivalente ao PIB da Finlândia — em repasses do Tesouro Nacional a bancos públicos, em especial ao BNDES.
Somando o que não entrou na conta (mas deveria) e o que foi incluído (e não deveria), o governo inflou sua economia em 590 bilhões de reais de 2009 a 2012. No papel, as metas de superávit foram cumpridas. Na vida real, a história foi bem diferente. “O governo acredita que a contabilidade criativa é a saída para ter recursos, investir e fazer o país crescer”, diz Felipe Salto, economista da Tendências responsável pelo levantamento. “Mas ela não gera crescimento, prejudica a política fiscal, deteriora as contas públicas e coloca em descrédito as regras que deram credibilidade ao país.”
A dívida brasileira é o tema central da discussão. Muitos economistas que defendem o Estado como indutor do crescimento alegam que o governo agora pode poupar menos porque a dívida pública é baixa. “Não é verdade”, diz Mansueto Almeida, economista do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada. “Nossa dívida, além de cara, é alta para o atual padrão dos emergentes.”Pelos critérios do Fundo Monetário Internacional, a dívida pública bruta do Brasil equivale a 69% do PIB — acima da de países como México (44%), Colômbia (33%), Peru (20%) e Chile (11%). A contabilidade criativa agrava o problema: cobre débitos de bilhões com o manto da invisibilidade. O quase meio trilhão de reais transferido do Tesouro para os bancos federais veio da emissão de títulos públicos. No futuro, o Brasil terá de resgatá-los e remunerar os investidores, pagando o juro prometido.
Frouxidão fiscal
Não há sinal de que o governo pretenda ser mais austero. Ao contrário. A recente saída de Nelson Barbosa da Secretaria Executiva do Ministério da Fazenda indica que a frouxidão fiscal pode aumentar.Barbosa não era um entusiasta das contas criativas. O defensor delas é Arno Augustin, o secretário do Tesouro. Com a saída de um, a posição do outro tende a se fortalecer. Augustin já reafirmou que a prioridade agora é gerar crescimento — e não economizar para pagar juro de dívida. Nem a presidente Dilma Rous­seff­ nem o ministro Guido Mantega, da Fazenda, explicaram como fica a política fiscal.O governo discute a criação de uma banda de 0,9% a 3,1% do PIB para a meta do superávit. Até o fechamento desta reportagem, em 17 de maio, ainda não havia sido tomada uma decisão a respeito.
A conta invisível, enquanto isso, continua aumentando.Pela estimativa da Tendências, os repasses do Tesouro a bancos públicos vão crescer 22% neste ano e chegar a 585 bilhões de reais. Uma Finlândia já sumiu das contas públicas brasileiras. E vem mais por aí.
Fonte: aqui

03 junho 2013

Rir é o melhor remédio

Adaptado daqui

História da Contabilidade: Tratado da prática de Arismética, de Nicolas Gaspar

Esta foi a primeira obra de matemática publicada em língua portuguesa. A primeira edição ocorreu logo após a descoberta do Brasil, em 1519. Outras dez edições foram impressas nos seguintes anos: 1530, 1541, 1559, 1590, 1592, 1594, 1607, 1613, 1679 e 1716, indicando que a obra foi bastante usada na sua época (1).

Sobre o autor pouco se sabe. Talvez seja natural da cidade de Guimarães, localizada no norte de Portugal (2). O livro ensina os números indo-arábicos, a somar, a subtrair, as principais tabuadas, a dividir números inteiros e fracionários, a extrair raiz quadrada e obter progressões. Usando exemplos simples, o autor apresenta soluções.

Para nós interessa de perto o seguinte trecho do livro, extraído da página 146 da edição de 1559:

O texto está em português arcaico mas cita um tal de “Frei Lucas”. Isto chamou-me a atenção para a obra, pois o autor afirma que este Frei Lucas copilou obras de aritmética, geometria, incluindo livros de Euclides. Seria o nosso Frei Luca Pacioli?

Eis o que diz Francisco Gomes Teixeira (3) citado por Antonio Amaro das Neves

Dá-lhe um interesse especial a circunstância de o autor do livro ter recolhido alguns problemas considerados nas obras de Frei Lucas de Burgo, como êle próprio diz, sendo assim talvez o primeiro a fazer notar na nossa Península o célebre matemático italiano que depois Marco Aurel, na Espanha, e principalmente Pedro Nunes, em Portugal, engrandeceram, ensinando as suas teorias algébricas.

Isto não esclarece muito sobre o Frei Lucas, aqui dito como “célebre matemático italiano”. Já Pedro Nunes (4) denomina de Frei Lucas de Burgo e cita uma Suma Aritmética. Já Ferreira, na Revista Brasileira de História da Matemática cita Smith que afirma(5):

o Frei Lucas de Burgo referido naquelas duas citações de Nicolas era, na verdade, Frei Lucas Paciuolo (também Paioli e, em Latim, Patiulus), nascido em Borgos ( e não Burgo) de San Sepolcro entre 1450 e 1455, e falecido pouco depois de 1509; a segunda citação do tratado português visa, sem dúvida, a Suma de Arithmetica, Geometria, Proportioni e Proportionalita saída do seu punho (Veneza, 1494), grosso incunábulo de 308 fólios, com uma parte inicial e mais extensa dedicada à arimética, e as folhas finais consagradas à geometria.

Ou seja, Nicolas Gaspar, autor do primeiro livro de aritmética em língua portuguesa, baseou-se na obra de Pacioli. Isto é intrigante por dois motivos.

Em primeiro lugar, Gleeson-White descreve a profunda influencia do livro de Pacioli na europa e informa que a sua presença ocorreu em Portugal somente em 1758. Mas Nicolas Gaspar mostra que conhecia a obra de Pacioli e a utilizou no seu livro.

Em segundo lugar, e talvez explicando a questão anterior, Gaspar não ensina o método das partidas dobradas na sua obra. Ora, o livro de Pacioli também era um livro de geometria e aritmética, mas era uma obra enorme. Talvez por uma delimitação temporal de Gaspar, este autor resolveu não incluir na sua obra as partidas dobradas. Se isto for verdadeiro, significa dizer que a divulgação do método em nossas terras (e nas terras portuguesas) sofreu um atraso de mais de duzentos anos em razão da escolha infeliz de Gaspar.

Isto reforça a ideia de que a utilização do método das partidas dobradas no Brasil talvez tenha-se iniciado no Nordeste, com a invasão holandesa (7).

(1) Vide Gaspar Nicolas, pioneiro da matemática em Portugal. Em Memórias de Araduca
(2) A cidade de Guimarães é o berço da nação portuguesa e origem da minha família paterna.
(3) [Francisco Gomes Teixeira, História das Matemáticas em Portugal, Biblioteca de Altos Estudos, Lisboa, 1934, consultado aqui]
(4) Fonte: aqui
(5) ONZE AVOS,DOZE AVOS, ...DE ONDE VEM ESTE TERMO AVO?. os, Doze Avos, ... De onde vem este termo Avo?, vol. 6, n. 11
(6) Vide comentário sobre a obra aqui
(7) Vide aqui

História da Contabilidade: Dicionário de Contabilidade de 1723

sabemos que a obra de matemática de Nicolas Gaspar, de 1519 a sua primeira edição, usou como fonte de inspiração o livro de Pacioli. Entretanto, Gaspar não ensina as partidas dobradas, restringindo a álgebra e geometria.

Provavelmente a primeira obra em língua portuguesa que trata efetivamente da contabilidade foi o Diccionario do commercio, de Alberto Jacqueri de Sales. A obra é uma adaptação do Dictionnaire universel de commerce, de Jacques Savary des Bruslons (1657-1716), que foi editado em Paris. O livro, escrito à mão e em quatro volumes, pode ser encontrado na BibliotecaNacional de Portugal. A data de publicação informada pela Biblioteca Nacional é de 1723.

Mas estamos sendo otimistas ao afirmar que se trata da primeira obra de contabilidade. Em primeiro lugar, como é um dicionário do comércio, as páginas dedicadas a assuntos como “pano” são extensas, mas sobre as partidas dobradas a obra é sucinta (em linguagem da época):

Termo mercantil, que seria decerto methodo, que os Italianos inventarao para escriturar os livros dos commerciantes por Debito e Credito. Vide Arte de Escriturar.

No verbete “Arte de Escriturar” quatro páginas descrevendo as partidas dobradas. Mas aqui percebemos o segundo motivo para sermos cuidadosos em afirmar que se trata da primeira obra sobre partidas dobradas em língua portuguesa. Num determinado trecho do verbete, o autor faz uma adaptação, citando uma legislação portuguesa de 1756, a “Lei das Quebras” e outra de 1757, o “Estatuto dos Mercadores de Retalho”.


Assim, temos bons motivos para crer que esta obra não pode ser considerada a primeira a tratar das partidas dobradas, seja pelo seu caráter restrito, seja por ter sido publicada após 1757.