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19 dezembro 2012

Padronização na Avaliação

Profissionais de auditorias e bancos de investimentos discutem a adoção de padrões internacionais de avaliação de empresas (valuation) no Brasil. Atualmente, a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) emite regras para esse trabalho, mas, de acordo com Cláudio Ramos, sócio da KPMG no Brasil, a convergência com práticas internacionais tende a facilitar a entrada de investidores estrangeiros em companhias nacionais.

Um código de 128 páginas contendo orientações sobre o tema foi lançado pelo International Valuation Standards Council (IVSC) no fim de 2011 e está sendo divulgado em vários países. No Brasil, o porta-voz foi Steven Sherman, presidente do conselho do IVSC e sócio da KPMG. Ele acredita que, ao seguir as normas propostas, os profissionais podem evitar um dos seus maiores pesadelos: a necessidade de republicar informações financeiras em razão de erros de avaliação. “Nos últimos dez anos, as falhas ao avaliar ativos tangíveis e intangíveis nos Estados Unidos foram responsáveis por cerca de 50% das republicações”, diz.

A adoção do padrão, entretanto, ainda levará tempo para acontecer. No momento, o documento do IVSC está sendo traduzido para o português, e o conselho internacional só reconhecerá a validade da tradução após ela ser aprovada pelas quatro principais auditorias. Depois disso, é necessário um debate com reguladores — como a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e o Banco Central — e uma série de audiências públicas com participantes do mercado. (Bruna Maia)


Rumo à padronização -18 de Dezembro de 2012 - Revista Capital Aberto


Fraudes

O livro descrito nesta resenha poderia muito bem ser o enredo de um filme de Hollywood. Todos os elementos de um bom thriller estão contidos nele: suspense, ação, tensão e um final “feliz” (bem, não foi muito feliz para os clientes de Madoff). Em No One Would Listen, Harry Markopolos, administrador de recursos, conta como, por diversas vezes, tentou alertar as autoridades norte-americanas sobre o esquema de pirâmide administrado por Bernard Madoff, um respeitado filantropista e cofundador do mercado eletrônico Nasdaq.

Entre 2000 e 2008, as denúncias de Markopolos foram ignoradas cinco vezes pela Securities and Exchange Comission (SEC), órgão equivalente à nossa Comissão de Valores Mobiliários (CVM). A inépcia e incompetência do regulador do mercado de capitais norte-americano em seguir as evidências apontadas por Markopolos e pelo grupo que ele liderava, autointitulado “os farejadores”, custaram aos investidores o estonteante valor de US$ 65 bilhões, parcialmente recuperados. Em 2009, Madoff se entregou às autoridades, sendo condenado a 150 anos de prisão por ter cometido o maior golpe financeiro da história.

O cofundador do mercado eletrônico Nasdaq tinha uma corretora e administrava recursos, investindo para seus clientes. Esses clientes eram captados por fundos de fundos (feeder funds) que recebiam de Madoff uma elevada participação na taxa de administração e parte da taxa de sucesso. Enquanto ele mantivesse sua promessa de retornos consistentes, sem muita volatilidade, todos estariam felizes e não fariam perguntas.

Markopolos teve acesso ao retorno mensal de alguns desses fundos e constatou que a performance era muito boa para ser verdade (em um determinado momento, o fundo de Madoff registrou apenas três meses de retorno negativo em um período de mais de 80 meses). Como um bom “nerd” que trabalhou por muito tempo com derivativos, Markopolos tentou replicar o retorno de Madoff, apenas para ter certeza que era impossível fazê-lo jogando limpo. Conclusão: ou Madoff se aproveitava de seu conhecimento do fluxo de dinheiro do mercado para comprar antes da alta e vender antes da baixa (ele era dono de uma das maiores corretoras de Wall Street), em uma prática conhecida como “front running”, ou ele estava pagando os retornos de seus clientes com o dinheiro novo que era continuamente alimentado pelos feeder funds. Isto é, um esquema de pirâmide clássico.

Em um determinado momento, Markopolos abandona sua carreira de administrador de fundos para dedicar-se apenas ao exercício de expor fraudes do mercado financeiro, mesmo sem ter a garantia de alguma compensação a partir dos recursos recuperados. Esse fato levou parte da mídia a criticar suas motivações para “dedurar” Madoff. No entanto, deve-se lembrar que as denúncias contra Madoff foram feitas muito antes.

O autor finaliza o livro com uma lista de mais de uma dezena de itens bastante pertinentes para melhorar a qualidade da SEC como xerife máximo do mercado. A falta de confiança no mercado alija os investidores e eleva o custo do capital para as empresas, com pesadas consequências para o crescimento econômico. Embora este Harry não use os mesmos métodos de Dirty Harry, personagem eternizado por Clint Eastwood, ambos trabalharam para livrar nossa sociedade dos pilantras.


Farejador de fraudes - 18 de Dezembro de 2012 - Revista Capital Aberto - Peter Jancso

Mais evidenciação

A porcentagem de empresas listadas na BMFBovespa que aderiu ao Relate ou Explique subiu de 45,31%, em maio, para 57,95%, em outubro de 2012. No total, 253 companhias já informam em seu Formulário de Referência, sobre a publicação de informações relacionadas às dimensões social, ambiental e de governança corporativa ou explicam por que ainda não possuem esta prática, de acordo com uma atualização dos dados, realizada pela Bolsa. Em maio, este número era de 203.

O Relate ou Explique é uma recomendação lançada pela Bovespa neste ano, na Rio+20, com o objetivo de facilitar o acesso de todos os stakeholders - especialmente investidores e analistas - a informações relacionadas aos negócios e às práticas de sustentabilidade das companhias, oferecendo transparência ao mercado. A iniciativa da Bolsa estimula as companhias a indicarem em seus formulários de referência a publicação de relatórios de sustentabilidade.

Como resultado, o público tem acesso a uma tabela, de fácil visualização, que apresenta os links para os relatórios das empresas que publicam as informações, as explicações das companhias que ainda não publicam e também aquelas que deixaram a resposta em branco. As companhias que inseriram as informações no seu Formulário de Referência (item 7.8), até 19 de outubro, integram o banco de dados atualizado.

As informações socioambientais são uma ferramenta de extrema utilidade e tem ganhado cada vez mais importância para os investidores. Segundo uma recente pesquisa realizada com fundos de pensão, desenvolvida pelo Centro de Estudos em Sustentabilidade da Fundação Getúlio Vargas (GVces), os relatórios de sustentabilidade estão entre as principais fontes de informação usadas por analistas.

A XP Investimentos divulgou sua carteira semanal para o período entre 17 e 21 de dezembro, retirando os papéis da BR Properties e da EzTec e incluiu as ações da Iochpe-Maxion e da também Metalúrgica Gerdau. Após um segundo semestre complicado para a Iochpe Maxion e outras empresas do setor, a corretora projeta novas medidas de estimulo por parte do governo, prolongando linhas especiais de financiamento, e outros estímulos.


Aumenta número de empresas que apresentam informações - 18 de Dezembro de 2012 - DCI

Multa bilionária

O banco UBS está pronto para enfrentar as consequências das suas ações. Agora, são executivos de outros bancos que querem saber o que os espera, uma vez que os reguladores dos Estados Unidos e do Reino Unido avançam com sua investigação sobre manipulação das taxas de juros.

O banco suíço deve concordar, ainda esta semana, em pagar cerca de US$ 1,5 bilhão, num acordo para solucionar acusações de irregularidades relativas a taxas de referência, tais como a Taxa Interbancária de Londres, ou Libor na sigla em inglês, dizem pessoas próximas às negociações. (...)

O acordo iminente com o UBS ocorre em meio a elevadas tensões transatlânticas devido à escala das sanções impostas aos bancos europeus pelos reguladores americanos. Os reguladores britânicos ficaram indignados com a maneira como as investigações das autoridades americanas sobre os bancos britânicos HSBC e Standard Chartered foram conduzidas.

Em uma reunião privada recente com autoridades do setor bancário em Londres o presidente da FSA, Adair Turner, normalmente um duro crítico dos bancos, implicitamente criticou os reguladores americanos.

Está havendo uma "corrida armamentista" nas multas, disse Turner, segundo pessoas a par desse comentário. Um porta-voz da FSA não quis comentar. (...)



Multa bilionária assombra bancos - 18 de Dezembro de 2012 - Valor Econômico - Jean Eaglesham e David Enrich | The Wall Street Journal

Governança

Num artigo para o Financial Times, James Spellman (Bad governance to blame for creative accounting, 17 de dez de 2012) relembra as histórias recentes de péssima governança corporativa: O Deutsche Bank, que não reconheceu 12 bilhões de dólares de perdas durante a crise ou a HP, que não viram os problemas da empresa Autonomy, comprada pela empresa.

Parte do problema reside na variedade de escolha para a aplicação de normas de contabilidade, e em nenhum lugar isso é mais claro do que com o gerenciamento de resultados, como demonstra um estudo recente.


Esta pesquisa mostrou que um quinto das empresas deturpam o lucro. Além da culpa nos administradores, Spellman lembra que a governança é relevante: conselhos e comitês de auditoria sem experiência e dominados por comparsas dos gestores facilitam estas situações.

1 bilhão

Desde que assumiu a presidência da Petrobras, em fevereiro, a engenheira Maria das Graças Foster, ou Graça, como é conhecida, já teve de vir a público admitir o fiasco em dezenas de perfurações de poços ao longo dos últimos oito anos e ainda dobrar-se diante da alarmante queda no nível de eficiência de suas plataformas. Agora, o incômodo é um daqueles esqueletos escondidos no armário pela gestão anterior que, uma vez descobertos, tiram o sono. O esqueleto em questão é uma refinaria comprada pela Petrobras em Pasadena, no estado americano do Texas. O negócio é um dos mais malsucedidos da história da estatal. Em 2006, a Petrobras comprou 50% da refinaria, ficando a outra metade com a trading belga Astra Oil. A parceria foi desfeita em junho passado depois de acirrada disputa judicial. A Petrobras, então, adquiriu as ações da Astra Oil e ficou como única dona da refinaria. Não se entende por que pagou um preço tão alto por uma refinaria velha e defasada, que só dá prejuízo e dor de cabeça. A estatal brasileira já enterrou em Pasadena cerca de 1,18 bilhão de dólares. Quando, há seis meses, finalmente decidiu livrar-se dela, pondo-a à venda, entendeu o tamanho do rombo. A única oferta recebida — da multinacional americana Valero — foi de cerca de 180 milhões de dólares, pouco mais de um décimo do valor pago. Obviamente, Graça hesita em aceitar a oferta, o que a forçaria a assumir publicamente o rombo bilionário [1], mexendo em um vespeiro cujas reais dimensões estão sendo investigadas pelo Tribunal de Contas da União (TCU). Os detalhes do negócio, aos quais VEJA teve acesso, ajudam a esclarecer por que, dentro da própria estatal, pairam suspeitas de que o caso Pasadena pode não ser um erro de cálculo, um mau passo de gestão, a que todas as empresas estão sujeitas. Nada disso. A compra da refinaria tem o DNA para se tomar um escândalo. (...)

o prejuízo sendo arcado, como sempre, pelos sócios da Petrobras, entre eles, o maior, o governo brasileiro — ou seja, a conta foi mandada para os cidadãos brasileiros


1 BILHÃO PELO RALO - 17 de Dezembro de 2012 - Revista Veja - MALU GASPAR

[1] Ou seja, iria para resultado US$1 bilhão

Deficit da Previdência

Um pequeno grupo de aposentados e pensionistas é responsável por um rombo nas contas públicas duas vezes maior do que o provocado por mais de 28 milhões de aposentados pelo INSS. O regime de previdência dos servidores federais, que atende 953,5 mil aposentados, vai fechar o ano com um déficit superior a R$ 62 bilhões. Já o regime geral deve registrar resultado negativo de R$ 35 bilhões.

Os dados apontam, segundo técnicos do governo federal, para um cenário que tende a piorar, pelo menos, pela próxima década. Até 2025, o déficit produzido pelo funcionalismo federal aposentado continuará crescendo exponencialmente, num ritmo muito superior ao registrado pelo regime geral.

"O buraco vai começar a fechar em 15 anos, e estará zerado entre 2045 e 2050 [1]", afirmou Ricardo Pena, eleito na quinta-feira como diretor-presidente da Fundação de Previdência Complementar do Servidor Público Federal (Funpresp), vinculado ao Ministério do Planejamento.

"Do ponto de vista fiscal, a Funpresp é um ganho importante para as contas públicas, ainda que diluído no tempo", disse Pena ao Estado.

Aprovada no início do ano no Congresso Nacional, a Fundação entrará em vigor em fevereiro de 2013.

Reforma. A reforma do regime de previdência dos servidores começou em 1996, na primeira metade do governo Fernando Henrique Cardoso, avançou no início da presidência de Luiz Inácio Lula da Silva, quando os servidores deixaram de receber seu salário integral como benefício previdenciário, e terminou neste ano, com a criação da Funpresp.

"Nove dos dez maiores fundos de pensão do mundo são de servidores", disse Pena, que comandará até o início de 2015 a Funpresp dos servidores do Executivo, do Legislativo e do Ministério Público. Pela lei 12.618, sancionada por Dilma em abril deste ano, o Poder Judiciário têm até junho de 2013 para criar a sua Fundação.

Gigante. Os dois fundos, somados, constituirão em dez anos o maior fundo de pensão da América Latina, com cerca de 400 mil cotistas. A Previ, fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil que detém esse posto atualmente, conta com cerca de 100 mil cotistas.

De acordo com Pena, a Funpresp iguala o servidor, do ponto de vista previdenciário, aos demais trabalhadores brasileiros [2]. O servidor que ingressar na União a partir do ano que vem terá sua aposentadoria limitada pelo teto do Instituto Nacional de Seguro Social (INSS), hoje em R$ 3.916,00.

Caso deseje receber mais ao se aposentar, o servidor, tal qual os demais trabalhadores do País, deverá contribuir para seu fundo de pensão, a Funpresp, com a parcela do salário que superar o teto do INSS. O Tesouro Nacional vai contribuir em igual proporção em até 8,5%.

Caixa. Dos 37 mil funcionários públicos que o governo federal deve contratar em 2013, Pena estima que 25 mil ingressem no fundo de pensão da União. Além disso, ele afirma que cerca de 5% do total de servidores hoje na ativa devem migrar do regime atual para o novo [3], isto é, vão se tornar cotistas da Funpresp. Ao todo, Pena avalia que a fundação deve terminar 2013 com R$ 300 milhões em caixa.

"Estamos construindo um importante braço para investimentos no Brasil, que pode auxiliar em grandes empreendimentos de infraestrutura, títulos públicos, debêntures privadas", afirmou o executivo, para quem os rendimentos da Funpresp devem render ao servidor um benefício previdenciário superior ao obtido hoje.


Déficit da previdência do setor público chega a R$ 62 bilhões - 17 de Dezembro de 2012 - O Estado de São Paulo - JOÃO VILLAVERDE

[1] Não é tão simples assim. As estimativas são imprecisas e existe um claro otimismo na frase de Pena.
[2] Não é verdade. Existem diferenças ainda, mas realmente ocorreu uma redução no gap entre a previdência do servidor público e o regime geral.
[3] Novamente muito otimismo. Nenhum servidor racional migraria para este Fundo.

O governo ainda precisa resolver a questão dos pensionistas.

Gastos Sociais

As dez empresas do Ibovespa consideradas as mais sustentáveis pela consultoria Management & Excellence (M&E) gastaram R$ 1,1 bilhão em projetos sociais em 2011. Mas nem todo dinheiro investido é bem empregado. Estudo da M&E divulgado com exclusividade ao BRASIL ECONÔMICO mostra que Vale, Embraer e Natura são as que melhor usaram os recursos investidos no campo social entre 2009 e 2011, revertendo os gastos em ganhos efetivos aos seus acionistas.

(..) Vale, por exemplo, gerou no período R$ 214,9 de receitas líquidas por cada R$ 1 investido em projetos sociais. A BRF Foods conseguiu R$ 8,1 mil por cada R$ 1 investido — portanto, mais do que a Vale. No entanto, na BRF Foods essa relação se revelou mais frágil a longo prazo, ou seja, tem risco de não se repetir, enquanto a da Vale é mais consistente, segundo a M&E.

Gastos sociais da Vale dão ganho a acionistas - Léa De Luca - Brasil Econômico

Educação x Tecnologia

Claudia Goldin e Lawrence Katz (The Race between Education and Technology) analisam a evolução da estrutura educacional e de salários nos EUA durante o século 20, que chamam de século do capital humano. O sistema educacional fez dos EUA a nação mais rica do mundo, pois já em 1900 seus governantes - insatisfeitos com a universalidade apenas da educação primária - tornaram obrigatório o nível secundário. Inovações tecnológicas e educação se arremessaram numa corrida. De 1900 a 1980, o rápido crescimento dos trabalhadores qualificados aumentou a renda da maioria das pessoas e diminuiu desigualdades. Mas o reverso vem ocorrendo desde 1980: a desaceleração do progresso educacional fez-se acompanhar do aumento da desigualdade. O ritmo inadequado de crescimento da educação de nível superior reduziu a capacidade de competição americana nos mercados globais.

Fonte: Capitalismo o bom e o mau - Eliana Cardoso

18 dezembro 2012

Rir é o melhor remédio


Contabilidade nacional: evolução dos estoques


Com a publicação do Produto Interno Bruto (PIB) do terceiro trimestre, consolidou-se a sensação de que o país vive numa espécie de "armadilha do pibinho". O modelo de crescimento está esgotado e o investimento não deslancha, a despeito de todos os incentivos monetários e fiscais colocados em ação pelo governo. Um observador arguto como Delfim Netto concluiu que a verdadeira tragédia é que o investimento permanece em queda nos últimos dois anos. Não faltam agora especialistas e curiosos para explicar que o problema é o excesso de intervencionismo do governo, que está aumentando a incerteza e inibindo os espíritos animais do empresariado.
Economistas vivem num mundo de modelos teóricos que muitas vezes têm relação tênue com a realidade. Em geral, o contato dos modelos com o mundo real é intermediado por bases de dados produzidas por diversas instituições públicas ou privadas, mas nem sempre há a preocupação em entender exatamente o que está sendo medido. Pouco adianta ter boa metodologia se informações brutas adequadas não estão disponíveis.
No Brasil, um problema particularmente grave é a quase total inexistência de informações sobre a evolução dos estoques. O IBGE simplesmente não calcula a componente de variação de estoques nos números do PIB trimestral. A Confederação Nacional da Indústria (CNI) publica uma sondagem sobre estoques industriais, mas somente a partir de 2011, tendo infelizmente descontinuado suas séries mais antigas.
Apesar da carência de dados, nosso acompanhamento da conjuntura nos convenceu de que a economia brasileira passou por oscilações inusitadamente intensas nos estoques industriais nos últimos anos. Primeiro, ao longo de 2008, consolidou-se a percepção de que a crise americana seria realmente séria e que poderia sim nos contaminar, inclusive com restrições de crédito e problemas de liquidez. A partir do final do ano, empresas e cadeias de distribuição produziram forte queda na produção de modo a reduzir ao máximo os níveis de estoque. Esse movimento começou a ser revertido em meados de 2009 e, como consequência, a reposição de estoques produziu rápido crescimento da indústria no primeiro semestre de 2010. Por exemplo, nos quatro trimestres terminados em março de 2010, o crescimento da indústria de transformação foi de 18%. No junho seguinte foi de 14% e essas taxas excepcionais constituem a principal explicação para o Pibão de 2010, com crescimento médio anual de 10% para a indústria de transformação e de 7,5% para o PIB total.
O problema é que a partir de 2010 os gestores e planejadores das empresas, assim como o distinto público dentro e fora do país, resolveram acreditar que o Brasil se transformara em tigre asiático. A crença foi estimulada pela forte expansão do crédito. O resultado foi que o aumento planejado na produção se mostrou excessivo, particularmente tendo em vista que em meados de 2011 já estava claro que o ritmo de crescimento sustentável seria muito menor. Isto iniciou uma nova fase de correção para baixo nos estoques, que perdura até agora. Como a correção agora está sendo mais gradual, também é mais alongada no tempo.
Alguma evidência para essa interpretação da evolução recente da economia pode ser obtida se compararmos os dados de produção industrial do IBGE com os dados de faturamento real da CNI. Esses dados mostram que nos últimos sete trimestres desde o início de 2011 o faturamento real da indústria de transformação aumentou 8,3%, enquanto que a produção caiu 4,9%. Essa diferença de 13 pontos percentuais sugere uma redução continuada nos estoques: a indústria contraiu a produção, mas seguiu aumentando as vendas, o que só é possível quando o volume de estoques está caindo.
Esses movimentos fortes e inusitados nos estoques, que em última análise são ainda reflexo da crise de 2008, podem explicar boa parte da aparente armadilha do pibinho. Explicam também porque os dados de produção mostram dois anos de queda enquanto as vendas, em todos os níveis de comercialização, continuam evoluindo muito bem, obrigado. Por exemplo, na pesquisa mensal do comércio do IBGE, a taxa de variação em 12 meses do volume de vendas no varejo foi de 6% em dezembro de 2011 e de 9% em setembro de 2012.
Na realidade, os números de faturamento real da CNI mostram outro resultado muito importante. Enquanto nos sete trimestres a partir do início de 2011 a produção medida pelo IBGE para a indústria de máquinas e equipamentos caiu 8%, o faturamento real dessa mesma indústria, medido pelo CNI, aumentou 25%. Isto significa um crescimento médio anual do faturamento da ordem de 13%, contra uma queda média anual da produção de menos 4%. Aqui também tudo indica que há um processo de ajustamento para baixo nos estoques. Números semelhantes resultam quando usamos dados da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) ou da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg).
É verdade que essa diferença poderia resultar de a indústria estar vendendo e faturando máquinas e equipamentos importados, sem impacto, portanto, sobre a produção nacional. Isto, porém, não combina com o dado da Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior (Funcex) que mostra que o quantum da importação de bens de capital caiu cerca 3% no período. Também não vale o argumento de que a diferença resultou de algum movimento no preço médio das máquinas, já que no período esse preço caiu tanto em relação ao Índice de Preços por Atacado (IPA) da indústria de transformação como em relação ao Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).
O que não se pode ignorar é que nos últimos dois anos as vendas reais de máquinas e equipamentos cresceram fortemente, acima de 10% ao ano. Simplesmente não há como conciliar isso com a noção de que o espírito animal dos empresários está deprimido e que a economia perdeu sua capacidade de investir. Afinal se os vendedores estão entregando mais máquinas, os compradores só podem estar comprando essas máquinas para aumentar sua capacidade de produção, isto é, para investimento. A falta de um entendimento correto dessa fase conjuntural do pibinho, que é em grande parte explicada por violentas oscilações nos estoques industriais, parece estar levando a uma avaliação totalmente equivocada do que se passa na economia brasileira.
Fonte: O pibinho desacelerou o investimento?  - Valor Econômico -12/12/12 -Francisco Lafaiete Lopes é Ph.D. em economia pela Universidade de Harvard e ex-presidente do Banco Central.

Como citar o blog


(Agradecemos a ajuda do professor Cláudio Moreira Santana):

Postagens escritas pelo César Tibúrcio:
SILVA, C. A. T. Endividamento (16 mar. 2012). In Contabilidade Financeira (blog). Disponível em http://contabilidadefinanceira.blogspot.com.br/2012/03/endividamento.html Acesso em: 17 dez. 2012.

SILVA, C. A. T. Grau de alavancagem operacional (31 mar. 2010). In Contabilidade Financeira (blog). Disponível em http://contabilidadefinanceira.blogspot.com.br/2010/03/grau-de-alavancagem-operacional.html Acesso em: 17 dez. 2012.

SILVA, C. A. T. Giro do ativo (22 mar. 2012). In Contabilidade Financeira (blog). Disponível em http://contabilidadefinanceira.blogspot.com.br/2012/03/giro-do-ativo.html Acesso em: 17 dez. 2012.

Postagens escritas pela Isabel Sales:
SALES, I. C. H. Desenvolvimento da contabilidade norte-americana (6 ago. 2011). In Contabilidade Financeira (blog). Disponível em: http://contabilidadefinanceira.blogspot.com.br/2011/08/desenvolvimento-da-contabilidade-norte.html. Acesso em: 17 dez. 2012.

Postagens escritas pelo Pedro Correia:
BEZERRA, P. C. S. Congestionamentos e pedágio urbano (7 dez. 2012). In Contabilidade Financeira (blog). Disponível em: http://contabilidadefinanceira.blogspot.com.br/2012/12/congestionamentos-e-pedagio-urbano.html. Acesso em: 17 dez. 2012.


O Hobbit: Trivialidades


Peter Jackson dirigiu todos os três filmes do Hobbit* na Nova Zelândia (assim como ocorreu com a trilogia Senhor dos Anéis). No entanto, como apenas o “Hobbit: Uma Jornada Inesperada” foi lançado, ainda é cedo para saber exatamente a soma final dos custos de toda a série. Há, contudo, estimativas de que o primeiro filme tenha chegado à casa dos US$ 300 milhões.

Apesar de “O Hobbit” ser ambientado em muitas locações abertas, foram construídos 99 sets de filmagens. Para isso ocorreram gastos de USS 9.180 mil em materiais para a construção. Ademais, sabe-se que US$ 1,5 milhão do orçamento foi destinado para alimentação (foram gastos US$ 380 mil especificamente com café).

Ainda:
Ao todo foram realizados 6.750 voos domésticos.
Desde meados de 2009, quando começou a pré-produção para o filme, 93 mil diárias de hotéis foram utilizadas.
Atores neozelandeses trabalharam por 16.000 dias durante a produção (foram 226 dias de filmagem).
Entre 600 e 700 perucas foram produzidas para o filme;
Quatro toneladas de silicone foram usadas para as próteses faciais – praticamente todos os atores as utilizaram.
Os treze anões carregavam um total de 547 armas. Essas eram transportadas pela Nova Zelândia aonde quer que os anões fossem.

*A trilogia é composta pelos filmes: “Hobbit: Uma Jornada Inesperada”, “A Desolação de Smaug” e “Lá e De Volta Outra Vez”.

17 dezembro 2012

Rir é o melhor remédio

Papai Noel e Pedidos de Amizade

The Great Crash of 1929

“In many ways the effect of the crash on embezzlement was more significant than on suicide. To the economist embezzlement is the most interesting of crimes. Alone among the various forms of larceny it has a time parameter. Weeks, months, or years may elapse between the commission of the crime and its discovery. (This is a period, incidentally, when the embezzler has his gain and the man who has been embezzled, oddly enough, feels no loss. There is a net increase in psychic wealth.) At any given time there exists an inventory of undiscovered embezzlement in — or more precisely not in — the country’s businesses and banks. This inventory — it should perhaps be called the bezzle — amounts at any moment to many millions of dollars. It also varies in size with the business cycle. In good times people are relaxed, trusting, and money is plentiful. But even though money is plentiful, there are always many people who need more. Under these circumstances the rate of embezzlement grows, the rate of discovery falls off, and the bezzle increases rapidly. In depression all this is reversed. Money is watched with a narrow, suspicious eye. The man who handles it is assumed to be dishonest until he proves himself otherwise. Audits are penetrating and meticulous. Commercial morality is enormously improved. The bezzle shrinks.

[...]

Just as the boom accelerated the rate of growth, so the crash enormously advanced the rate of discovery. Within a few days, something close to a universal trust turned into something akin to universal suspicion. Audits were ordered. Strained or preoccupied behavior was noticed. Most important, the collapse in stock values made irredeemable the position of the employee who had embezzled to play the market. He now confessed.”

John Kenneth Galbraith, The Great Crash of 1929

Frase

"Eu sempre digo ao meu contador: se você está em dúvida sobre os impostos, pague a mais".

Arnold Schwarzenegger

IFRS

A CFO traz uma discussão sobre as consequências da aceitação mundial das normas contábeis emitidas pelo IASB.

Apesar de a SEC tem sinalizado que a convergência das normas internacionais (IFRS) como princípios contábeis geralmente aceitos nos Estados(GAAP) não ser a maior prioridade da SEC, o resto do mundo não está parado. Na verdade, novas iniciativas podeam trazer desafios para muitos CFOs que trabalham para as multinacionais dos EUA.

A Fundação IFRS, por exemplo, está propondo a criação de um Accounting Standards Advisory Forum (Fórum Consultivo de Normas de Contabilidade), que será composto por organismos de normatização contábil e representantes regionais que podem fornecer conselhos e feedback para o International Accounting Standards Board (IASB) (...)


Assim, os diretores financeiros das empresas dos EUA, que até o momento estão aguardando ou a convergência dos EUA ou o desaparecimento das IFRS, estão num dilema: ao invés de acabar, as IFRS estão ganhando força, segundo a CFO.

Outra consequência é uma visão de que o Iasb deveria se preocupar não com a convergência com os EUA mas em focar os países que usam as IFRS.

Mais ainda, a participação crescente de outros países tende a diminuir a influência dos EUA. E o número de assentos que este país possui começa a incomodar os países que adotam as normas.

Leia mais em: SEC Stands Pat as Global Accounting Forges Ahead, Kathleen Hoffelder, CFO

Imposto, Margem e Automóveis

O texto a seguir discute a questão do elevado preço dos automóveis no Brasil. É um bom exemplo para discutir a questão do custo Brasil, da margem praticada pela indústria e do peso dos impostos:

Os dirigentes das montadoras disseminam há décadas a tese de que a causa do alto preço do carro no Brasil é o imposto. O mantra pegou e é quase senso comum que a carga tributária é que faz o brasileiro pagar o carro mais caro do mundo.

Outro fator que costuma ser citado é o custo Brasil, um conjunto de dificuldades estruturais e burocráticas, destacando-se a falta de qualificação profissional e uma estrutura logística cara, insuficiente e arcaica.

As enormes dificuldades que o empresário enfrenta para produzir no Brasil explicam, em parte, o alto preço praticado --não apenas do carro, mas de em qualquer produto.

Mas impostos nem o custo Brasil justificam os US$ 37.636 que o brasileiro para por um Corolla, enquanto o seu colega americano paga US$ 15.450. Na Argentina, país mais próximo tanto geograficamente quanto em relação às dificuldades e problemas, o Corolla também custa mais barato: US$ 21.658.

No Paraguai, o consumidor paga pelo Kia Soul US$ 18 mil, metade do preço no Brasil. Ambos vêm da Coreia. Não há imposto que justifique tamanha diferença. O Volkswagen Jetta custa R$ 65 mil no Brasil, menos de R$ 40 mil no México e R$ 30 mil nos EUA (...)
(...) A chegada dos chineses desvendou o mistério. Equipados e baratos, ameaçaram as marcas tradicionais.

O QQ, da Chery, chegou recheado de equipamentos, alguns inexistentes mesmo em carros de categoria superior, como airbags, freio ABS, sistema de som e sensor de estacionamento. Preço: R$ 22.990. Mas daria pra vender por R$ 19,9 mil, segundo uma fonte da importadora, não fosse a pressão dos concessionários por uma margem maior.

Em março de 2011, a também chinesa JAC Motors começou a vender no Brasil o J3 por R$ 37,9 mil. Reação imediata: a Ford reposicionou o Fiesta hatch, passou a vender o carro pelos mesmos R$ 37,9 mil e instalou nele alguns dos equipamentos que o chinês trazia de série, mas apenas em São Paulo, Rio e Brasília --onde o J3 ameaçava o concorrente.

Mesmo assim, as montadoras instaladas no Brasil se sentiram ameaçadas e, argumentando a defesa do emprego na indústria nacional, pediram socorro ao governo, sendo prontamente atendidas: medida editada em setembro de 2011 impôs super IPI às empresas que não têm fábrica no país. Pela primeira vez, a Anfavea (associação das montadoras), cujos associados não foram atingidos pelo imposto extra, não se rebelou contra nova carga tributária. (...)


O "lucro Brasil" das montadoras - JOEL SILVEIRA LEITE - Folha de S Paulo

Fibria e Receita

A Receita Federal autuou a Fibria em 1,666 bilhão de reais em um caso relacionado a um acordo de troca de ativos acertado em 2007 com a International Paper, informou a companhia no final da quinta-feira.

A punição envolve recolhimento de imposto de renda e contribuição social sobre o lucro, num valor de 556 milhões de reais em principal mais 1,11 bilhão de reais em multa e juros, segundo a Fibria.

Antes da formação da companhia em 2009, a partir da união da Aracruz Celulose com a Votorantim Celulose e Papel, a VCP tinha acertado dois anos antes um acordo de permuta de ativos com a International Paper, assumindo o Projeto Horizonte, no Mato Grosso do Sul.

Pelo acordo, a VCP transferiu à International Paper a unidade de produção de celulose e papel e base florestal em Luiz Antonio (SP) e recebeu ativos referentes a uma planta de celulose em construção em Três Lagoas (MS), além de terras e florestas plantadas no entorno.

"No entendimento de nossos consultores, a permuta foi rigorosamente legal e seus resultados comprovados para a Receita Federal do Brasil, com a construção e entrega em Três Lagoas", afirmou a Fibria no comunicado.

"Apesar da autuação não trazer qualquer impacto financeiro para a companhia no curto e médio prazo, considerando o valor elevado, a companhia entende adequado comunicar este fato ao mercado", acrescentou a maior produtora mundial de celulose de eucalipto.

A Fibria afirmou que não tomará nenhuma medida por enquanto, "a não ser apresentar a defesa administrativa no prazo legal".

Na quinta-feira, o conselho de administração da companhia ratificou um acordo de 37,5 milhões de dólares com investidores dos Estados Unidos que tinham aberto uma ação coletiva contra e empresa após a crise de 2008.


Fonte: Aqui

Beatbox + Bach = Música de qualidade



A união da música de Bach, executada por Kadar Quian, e o beatbox de Kevin Olusola é magnífica.
 O trecho tocado é uma parte da obra Variações de Goldeberg, originalmente composto para cravo  e publicado em 1741. É magnífico , pois é a junção do hip-hop e de música de barroca. Nunca tinha pensado nessa possibilidade musical. Infelizmente, são menos de 2 minutos.

PME e Bolsa

Pereira [presidente da CVM] falou ainda sobre a perspectiva de a CVM emitir um parecer orientando o mercado sobre como deverão ser contabilizados os ativos das empresas de energia após decisão sobre aderência ou não à antecipação da renovação das concessões do setor elétrico. "A forma de contabilização está sendo analisada", afirmou. Questionado sobre um prazo para a emissão do parecer, o executivo disse que é possível que isso ocorra ainda este ano.

Fonte: Aqui

Isto não deveria ser tarefa do CPC? Ou será que o processo no CPC é lento demais para uma situação como esta? Ou a questão é política, não técnica?

Impostos e Dividendos

As incertezas sobre as negociações políticas para evitar o abismo fiscal estão levando as empresas americanas [dos EUA] a acelerar a distribuição de lucros. Nada menos que 160 grandes empresas, como Oracle, Walmart e Dillard's, anunciaram nos últimos dias que vão antecipar a distribuição de resultados ou criaram um dividendo especial para distribuir até o fim do mês.

A estratégia das empresas não é ilegal e tem como objetivo evitar um aumento de taxas sobre a distribuição de lucro, que pode ocorrer a partir de janeiro. Por isso, as companhias correm para distribuir lucros até o dia 31. A empresa de tecnologia Oracle, por exemplo, antecipou para este mês três pagamentos de dividendos que faria em 2013. (...)

Temor de impostos faz empresas dos EUA anteciparem dividendos - Estado de S Paulo - 15 de dez 2012

Aumente o potencial do seu cérebro

- Pesquisadores descobriram que adultos tiveram um desempenho em um teste criativo muito melhor após passar quatro dias desconectados da tecnologia moderna e curtindo a natureza’
- Isso pode melhorar o poder do cérebro em até cerca de 50%
- Adultos na Inglaterra passam cerca de 3,5 horas assistindo televisão (15% de suas vidas).

Da próxima vez que você se deparar com um problema complexo, não se preocupe ^.^ - a resposta pode estar no meio do seu jardim. Deixar seu notebook em casa, desligar o smartphone e dar uma caminhada meio a natureza pode ajudar a aumentar o poder do cérebro em até 50%. Pesquisadores concluíram que o desempenho dos adultos era superior em testes criativos após quatro dias meio a natureza, desconectados da tecnologia moderna.

Acho que todo mundo sabe disso, mas ao mesmo tempo prefere ignorar - e conformismo é o inimigo do seu crescimento. É extremamente saudável sair de casa sem celular, tablets e demais eletrônicos. Ainda, o excesso do uso desses dispositivos está ligado à doenças cardiovasculares, obesidade e diabetes. Sim, você já sabia disso.

Excesso de algo bom, não é bom. Para que a criatividade floresça, é necessário se desconectar da tecnologia e se reconectar com o mundo natural. Não se sabe se o que ajudou foi o aumento da exposição à natureza ou a redução da exposição à tecnologia, mas é provável que tenha sido a mistura. No “mundo real” é difícil fazer uma imersão nas duas realidades – ligar-se à natureza ficando em frente a um computador ou conseguir prestar atenção em um aparelho eletrônico quando se está no meio de um parque.

A pesquisa foi publicada em 12 de dezembro no periódico PLOS ONE. Leia mais aqui (em inglês).

16 dezembro 2012

Rir é o melhor remédio


Demanda por PhDs


Em comum, Gustavo Manso, Newton Campos e Sandra Jovchelovitch têm o fato de lecionar em renomadas escolas de negócios fora do Brasil. Além disso, os três, nascidos no país, também são PhDs e fizeram parte dos estudos no exterior. Essas duas características, aliás, parecem ser essenciais para quem quer dar aulas em instituições de primeira linha nos Estados Unidos e na Europa. "É raro alguém que não tenha esse perfil lecionar nas melhores escolas", diz Gustavo Manso, hoje professor associado de finanças na Haas School of Business, da Universidade da Califórnia, em Berkeley.

Os três brasileiros preenchem requisitos que nem sempre as escolas de negócios encontram facilmente para completar seus quadros. Em uma recente entrevista ao Valor, Arnoud de Meyer, presidente da Singapore Management University, afirmou que não há professores suficientes para atender a demanda por ensino de qualidade para os jovens que estão entrando no mercado. "Não temos gente com PhD que possa, de fato, elevar o nível de ensino", disse ele.

A AACSB, associação que reúne aproximadamente 1.200 escolas de negócios de 70 países, tem números que corroboram a percepção de Meyer. Dados coletados entre 2011 e 2012 mostram que os membros da AACSB reportaram 1.350 vagas para professores com doutorado que não foram preenchidas no período. Essas mesmas escolas informaram que 2.704 acadêmicos doutores devem se aposentar nos próximos cinco anos. "Com a desaceleração das contratações e o crescente número de aposentadorias, a demanda por professores com PhD está aumentando", disse um porta-voz da AACSB. Entre as áreas que mais sofrem estão contabilidade, finanças, economia e gestão.

[...]

Poder passar boa parte do ano debruçada sobre pesquisas é uma das características que agradam a professora da London School of Economics (LSE) Sandra Jovchelovitch em sua atividade profissional. Na escola britânica, ela passa entre 60 e 70 horas por ano lecionando. Ela ressalta que enquanto no Brasil o foco é a sala de aula, nas escolas de elite do Reino Unido e dos Estados Unidos o ensino é dirigido pela pesquisa. "A condição de trabalho para o acadêmico que tem ambição de desenvolver conhecimento é excelente nesses países", diz. Isso não quer dizer que os professores sejam menos cobrados ou sofram menos pressão. Eles são avaliados constantemente e o avanço na carreira é centrado na produção de pesquisa.

Com quatro livros publicados e diversos papers e artigos, Sandra já está no Reino Unidos há 21 anos. Depois de cursar psicologia e concluir o mestrado na PUC do Rio Grande do Sul, ela deu aulas na instituição antes de fazer um doutorado na LSE. "Escolhi o Reino Unido porque eles tinham os maiores centros de produção de conhecimento na minha área", diz. A intenção dela, no entanto, era voltar para o Brasil após o curso. "Mas acabei me casando com um suíço em Londres e fiquei", conta.

Com o título de PhD, Sandra participou de processos seletivos para lecionar no Reino Unido. Foi chamada por Cambridge também, mas escolheu a LSE. Ela acredita que o fato de ter feito doutorado na instituição britânica ajudou a conseguir a vaga. "Quando as escolas de elite buscam pesquisadores, elas avaliam as instituições de formação desses profissionais", diz. Hoje com uma função de acadêmica sênior, Sandra é diretora do mestrado em psicologia social e cultural e dá aulas nesse mesmo programa.

Newton Campos, professor na IE Business School, da Espanha, ainda não se considera um acadêmico - como Manso e Sandra -- embora dê aulas no MBA de uma das melhores escolas de negócios do mundo. Isso porque ele ainda não consegue se dedicar à pesquisa como gostaria. "É o próximo passo na minha carreira", diz. Campos deixou o Brasil em 2000 para fazer um MBA no IE, logo após ter concluído a graduação em contabilidade na PUC de São Paulo. Parte do programa executivo foi cursada na Índia, no Indian Institute of Management.

Foi durante o curso que ele se interessou mais pelo empreendedorismo em economias emergentes, disciplina que leciona hoje no IE. Antes de dar início à carreira de professor, no entanto, Campos trabalhou na Telefónica em Madri e, pouco depois, foi convidado pelo IE para divulgar a escola no Brasil. Assim, foi country manager da instituição no país entre 2003 e 2010. Alguns anos depois de difundir o nome e os programas da escola por aqui, achou que o trabalho poderia ser feito em meio-período. Proposta aceita pelos espanhóis, ele começou um doutorado na Fundação Getulio Vargas e, após obter o título de PhD, começou a dar aulas no IE. Ali, também passou a ser diretor de admissões dos programas de MBA "blended", com aulas presenciais e on-line.

Segundo ele, uma das maiores qualidades das escolas de negócios mais bem posicionadas nos principais rankings de ensino executivo é a diversidade em sala de aula. "Tenho 54 alunos de 44 países diferentes. Isso eleva o nível dos debates e traz uma dinâmica muito diferente", afirma. Campos acredita que seu vínculo com o IE o ajudou a conseguir uma vaga como professor. Martin Boehn, vice-reitor dos programas de MBA da escola, afirma, no entanto, que muitos não estudaram na instituição. "Temos o objetivo de recrutar os melhores ao redor do mundo e nem todos se formaram na IE", diz. Em sua opinião, o fundamental é que o profissional combine expertise em pesquisa e prática docente. "Isso assegura que nossos alunos não aprendam apenas sobre as novas pesquisas, mas também sobre a aplicação dessas teorias."

A diversidade cultural no quadro de professores também é relevante para o IE. Boehn ressalta que ser exposto a diferentes visões de mundo estimula o aprendizado e ajuda a desenvolver uma mente aberta. "Além disso, um quadro de professores internacional pode oferecer aos estudantes uma perspectiva global de como fazer negócios em um mundo cada vez mais conectado". Já na LSE, 45% dos professores vêm de fora do Reino Unido. Essa mistura de nacionalidades, segundo um porta-voz da instituição, ajuda a criar um ambiente estimulante intelectualmente.

Fonte: Novos horizontes para PhDs - Valor Econômico - Adriana Fonseca -13/12/12

15 dezembro 2012

Rir é o melhor remédio


Teste da Semana


Este é um teste para verificar se você acompanhou de perto os principais eventos do mundo contábil. As respostas estão nos comentários.

1 – A Petrobras possui uma pendência que pode gerar uma multa de 2 bilhões de dólares em razão:
Da aprovação da distribuição dos royalties do pré-sal
Da refinaria que deveria ser construída em parceria com a PDVSA
De uma plataforma que afundou em 2001

2 – A pendência da Petrobrás é com
O BNDES
O fisco
Os governos estaduais

3 – A história dos últimos meses no Brasil mostrou que estas entidades erraram feio em apontar instituições com problemas financeiros como se fossem saudáveis:
Agências de ratings
Entidades reguladoras
Investidores institucionais

4 – Num artigo para Compliance Week, Matt Kelly afirma, com respeito a convergência das normas internacionais por parte dos EUA, que
A contabilidade dos EUA pode ter um upgrade
A convergência pode ajudar a atrair capital para as empresas dos EUA
Nenhuma das razões para adotá-las se aplica aos EUA

5 – O Brasil exportou plataformas de petróleo. Esta operação ocorreu
Em razão do crescimento da indústria local
Para melhorar o balanço de pagamentos do país
Por questões tributárias

6 – A Austin Rating atribuía uma nota elevada para o BVA antes da intervenção. Esta semana descobriu-se que isto ocorria
Pelo fato do funcionário responsável ter sido subornado
Pelo fato do presidente da agência ser sócio do banco
Por erro na metodologia de rating da agência

7 – Uma boa nota de rating numa empresa permite
Que a empresa tenha desconto no imposto de renda
Que fundos de pensão comprem ações da empresa
Que o beta da empresa seja inferior a unidade, indicando baixo risco

8 – Esta semana a CVM publicou a atualização do CPC 18. Trata-se da
Primeira atualização
Segunda atualização
Terceira atualização

9 – A punição ao HSBC diz respeito a operações realizadas por este banco em termos de
Falta de parecer do auditor
Falta de provisão para certas contingências
Lavagem de dinheiro

10 – A Amazon é conhecida como livraria e pelo excelente planejamento tributário. Para isto, esta empresa usa uma filial existente em
Ilhas Cayman
Luxemburgo
Suiça

Fato da Semana

Fato: O pagamento de uma multa de 1,9 bilhão por parte do HSBC para encerrar uma acusação de lavagem de dinheiro.

Qual a relevância disto? Numa semana sem muitas emoções, a notícia que a maior instituição financeira do mundo estará pagando uma multa recorde chama a atenção para a importância dos controles internos. No caso do HSBC, gerentes de agências transformaram o banco numa grande lavanderia de dinheiro do tráfico de drogas e do terrorismo. A punição do governo dos Estados Unidos, além da mancha na reputação da instituição, foi o resultado de uma investigação que durava mais de quatro anos, cujo desfecho até mesmo o banco previu: tinha feito uma provisão de 1,5 bilhão para o caso.

Positivo ou Negativo? A situação em si tende a mostrar para os gestores a relevância de se ter bons controles internos. Neste ponto é positivo, já que reforça estes instrumentos de gestão.

Desdobramentos – A punição poderá ter um efeito educativo para o mercado. Além disto, servirá de estudo de caso para nossas aulas de controladoria.

Earth, Wind & Fire

Há  tempos assisti o filme  Intouchables. O filme é diferente e bom. Uma cena engraçada é esta acompanhada da música Boogie Wonderland do grupo Earth, Wind & Fire. Alors, on danse!



A original direto de 1979:


Algoritmo Gale-Shapley

Apesar das poucas chances, o nerd Leonard, da série de TV "Big Bang Theory", tinha mesmo de tentar conquistar a vizinha bonitona e loira Penny. Eventualmente poderia dar certo, como deu de fato. Isso não é coisa só de TV.

O estudo que rendeu ao matemático norte-americano Lloyd Shapley, 89, o Prêmio Nobel de Economia de 2012 (dividido com outro matemático dos EUA, Alvin Roth) é sobre combinações e parcerias. Os resultados podem ser aplicados em decisões como escolher uma escola para seu filho, racionalizar a doação de órgãos e até conseguir um casamento mais feliz.

Uma de suas conclusões na vida prática, segundo explica em entrevista ao UOL o economista e professor da FGV-SP Samy Dana, é a seguinte: uma pessoa nunca deve deixar de flertar com alguém só por achar que não tem chances.

[...]


UOL - Quais são os principais conceitos dos estudos que deram os prêmios Nobel de Economia deste ano a Alvin Roth e Lloyd Shapley?
Samy Dana - Os principais conceitos dos estudos dos pesquisadores são as alocações de recursos da melhor maneira possível. Esse é um tema bastante recorrente na economia, inclusive porque algumas pessoas definem a economia como o estudo dos recursos escassos.
Isso porque reconhecemos diversas situações em que os recursos, e não só os financeiros, como é mais comum pensar, estão mal distribuídos, podendo haver outra distribuição que melhorasse o bem-estar de todas as partes, sem prejudicar o de ninguém.
Essas distribuições melhores necessitam de alguma intervenção para acontecer, como um contrato ou uma instituição, porque, normalmente, as pessoas não têm informação perfeita e não conseguem atingi-las sozinhas.
[...]

Como as pesquisas ajudam a escolher uma escola para seu filho?
As pesquisas ajudaram nessa escolha no caso americano, onde há um processo de seleção nas escolas de Ensino Médio. Nos Estados Unidos, os estudantes devem concorrer às vagas para as escolas de ensino médio.
Como poucos podem chegar às melhores, com o passar do tempo, os estudantes estavam colocando como sua primeira opção as piores escolas, para ter a garantia de aprovação, embora não quisessem estudar lá. Após as pesquisas dos dois [ganhadores do Nobel], criou-se um sistema que reúne as inscrições de todos os alunos, que devem ranquear 12 escolas de seu interesse. As escolas também devem especificar seus critérios de preferência e, assim, o sistema seleciona a melhor alocação possível.

No caso brasileiro, algumas escolas particulares realizam seus próprios exames de seleção e, nesse caso, o modelo funcionaria da mesma forma, os alunos deveriam prestar os exames das escolas de que gostassem. Também deveria  ter, mentalmente, uma ordem de preferência, e estudar naquela em que fosse aprovado e estivesse na posição mais alta de sua lista.

De que forma os estudos facilitam ou racionalizam o transplante de órgãos?
Caso uma mulher tivesse problemas em seu rim, por exemplo, e seu marido quisesse doar um dos seus para ela, mas não fosse um doador compatível, eles deveriam esperar até que um doador anônimo surgisse. Tal evento poderia demorar muito a ocorrer ou nem mesmo acontecer.
Os pesquisadores sugeriram, então, a criação de um sistema com cadastro das necessidades dessas pessoas, de modo que pessoas das mais diversas regiões pudessem doar a outras desconhecidas e assim salvar a vida dos cônjuges. Esse sistema foi implementado e funcionou nos EUA.

Pode explicar como as teorias auxiliam na escolha de um parceiro para namorar ou casar?
Lloyd Shapley desenvolveu, com outro pesquisador, David Gale, o chamado algoritmo Gale-Shapley, para criar casamentos estáveis. Suponha quantidades iguais de homens e mulheres. O algoritmo prevê que, na primeira rodada [de encontros feitos no estudo], os homens deveriam propor casamento a sua mulher solteira preferida. Ela deveria dizer "talvez" ao proponente que mais gostasse e "não" aos demais. Assim, casais seriam provisoriamente formados.
Na rodada seguinte, os homens solteiros devem propor novamente às mulheres, e essas devem novamente dizer "talvez" aos proponentes que mais preferirem e "não" aos demais (podendo ser inclusive, o seu parceiro provisório). Ou seja, a uma mulher é permitido "mudar para melhor".
O modelo prevê que, uma vez que uma mulher se case, ela deve estar sempre casada, mesmo que com parceiros diferentes. No final das rodadas, não poderá haver nenhum homem ou mulher solteira, e garante-se que os casamentos formados serão estáveis.

O que garante que esses casamentos se tornem estáveis?

É que o homem e a mulher sabem que não podem ficar com ninguém melhor que aquele parceiro. Foram rejeitados nas outras possibilidades.

Pode-se dizer, então, que existe uma "fórmula do amor"?

Sim, essa fórmula poderia ser o algoritmo Gale-Shapley.

Como aplicá-la na vida real e achar seu par ideal?
Na vida real, aplicar o modelo é bastante complicado, pois uma pessoa nunca conhecerá todos os homens ou mulheres do país ou até mesmo do mundo, mas, simplificadamente, é possível inferir que uma pessoa nunca deve deixar de flertar com alguém que prefira só por achar que não tem chances com aquela pessoa.
Da mesma forma, alguém nunca deve ficar com uma pessoa, sendo que há outra que ela prefira, flertando com ela.

E tudo isso garante um casamento duradouro e feliz?
Não, isso é só um modelo. Na vida real, as pessoas podem mudar de preferências ao longo do tempo e o desgaste do convívio pode fazer com que elas queiram terminar seu relacioname
nto.

14 dezembro 2012

Rir é o melhor remédio

Ótimo comercial natalino da 'Oi'!

Teoria do Custo das Transações

Uma exposição da teoria dos custos de transação, descrevendo seu desenvolvimento histórico, pode ser encontrada em Williamson (1996). Ele afirma que a teoria dos custos transacionais era “(...) uma aliança interdisciplinar da lei, da economia e das organizações (...)” (WILLIAMSON, 1996, p. 25). Essa matéria foi iniciada pelo trabalho de Cyert e March (1963) intitulado A Behavioural Theory of The Firm, um trabalho que se tornou um dos pilares da indústria econômica e da teoria de finanças. A visão deles foi uma tentativa de considerar a empresa não como uma unidade econômica impessoal em um mundo de equilíbrio e mercados perfeitos, mas sim como uma organização envolvendo pessoas com diferentes pontos de vista e objetivos. A teoria do custo das transações é baseada no fato de que as empresas se tornaram tão grandes que, em vigor, substituem o mercado na determinação da alocação dos recursos. De fato, as companhias são tão grandes e tão complexas que o movimento dos preços fora da empresa direciona a produção e as transações coordenadas do mercado. Dentro das entidades, tais transações de mercado são eliminadas e a administração gerencia e coordena as transações (Coase, 1937). [Leia mais sobre Coase aqui e aqui]. A organização de uma companhia aparenta determinar barreiras além da qual as empresas podem definir o preço e a produção – a forma pela qual as empresas são organizadas determina o seu controle sobre as transações.

Claramente é do interesse da empresa internalizar as transações tanto quanto possível. A razão principal se dá pela remoção dos riscos e incertezas sobre preços futuros e sobre a qualidade dos produtos – até certo ponto, permite, ainda que as empresas removam o risco de lidar com fornecedores (ao possuir tanto a cervejaria quanto os bares, uma empresa de cerveja retira as dificuldades de negociação entre fornecedores e varejistas). Qualquer maneira de remover os problemas de assimetria informacional é vantajosa para a administração e leva à redução de riscos de negócios para as empresas. Existem custos proibitivos e não triviais em executar transações no mercado e, de tal modo, é mais barato para as empresas fazerem elas mesmas por meio de integração vertical.

A economia tradicional considera todos os agentes econômicos como racionais e o objetivo primário do negócio é a maximização do lucro. Inversamente, a economia dos custos tradicionais se esforça para incorporar o comportamento humano de uma forma mais realista. Nesse paradigma, administradores e outros agentes econômicos praticam a ‘racionalidade limitada’. Simon (1957) definiu a racionalidade limitada como o comportamento que foi intencionalmente racional, porém de forma limitada. A economia dos custos transacionais também toma suposições da existência de ‘oportunismo’. Isso significa que os administradores são oportunistas por natureza. A teoria assume que alguns indivíduos são oportunistas em alguns momentos.

Devido aos problemas do oportunismo e da racionalidade limitada, administradores organizam as transações de acordo com o seu melhor interesse e essa atividade deve ser controlada. Tal comportamento oportunista pode ter consequências diretas nas finanças corporativas já que desencorajaria potenciais investidores.

SOLOMON, J. Corporate Governance and Accountability. 3. ed. Wiley: Reino Unido, 2011.

Sobre PME

Com respeito ao Fato da Semana, dois comentários pertinentes do leitor David Cardoso:

Na verdade o próprio IASB já havia reconhecido a necessidade de se editar uma norma para as chamadas "microentidades". A princípio a ideia era criar uma nova norma mesmo, mas o que foi decidido foi algo semelhante ao que o CFC adotou, editar uma interpretação técnica do IFRS for SME. A diferença é que o IASB se refere apenas a "microentidades" e o critério de definição das entidades que se enquadrariam nesse conceito talvez teria como base o número de empregados (10 empregados).

Enviei algumas sugestões de melhoria na redação da ITG durante o período de audiência pública e estou aguardando a redação definitiva da interpretação. Provavelmente o CFC está esperando a publicação no DOU para disponibilizar a ITG em seu site. Pelo menos na minuta da interpretação, nada ia contra o CPC PME. A interpretação apenas estabelecia requisitos mínimos a serem seguidos pelas microempresas e empresas de pequeno porte e dizia claramente que, quando algum assunto não fosse coberto pela ITG, a orientação deveria ser buscada na Resolução 1255.

A única simplificação que vi na minuta foi a dispensa da DFC. Vários pontos tratados pelo CPC PME já não se aplicavam mesmo a esse tipo de empresa, como a parte relativa a investimento em controlada e coligada, tributos sobre o lucro etc. 


E o segundo

Outro ponto importante também é que, entre as microempresas e empresas de pequeno porte e as empresas de grande porte e/ou obrigadas a prestação pública de contas, há um universo considerável de empresas, as quais ainda podem se beneficiar do CPC PME. 

Grato

Normas ...

A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) divulgou hoje três atualizações do texto referente às regras de concepção e publicação de balanços das companhias, de forma a seguir o padrão contábil internacional.

A primeira deliberação foi a de nº 696/12, que revisa o texto da regra de investimentos em coligada, controlada e empreendimento controlado em conjunto (joint venture). Trata-se de uma atualização do pronunciamento CPC 18 (R2), do Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC) — entidade criada para adaptar as normas brasileiras aos padrões do International Accounting Standards Board (Iasb). O Iasb é a organização internacional sem fins lucrativos que publica e atualiza as regras contábeis internacionais (IFRS) em língua inglesa.

“A revisão do CPC 18 contempla substancialmente as alterações no texto da IAS 28 –Investments in Associates, emitida pelo Iasb, cuja vigência para fins das IFRS é requerida a partir de 2013”, informou a autarquia.

“O objetivo do CPC 18 é prescrever a contabilização de investimentos em coligadas e em controladas, além de definir os requisitos para a aplicação do método da equivalência patrimonial quando da contabilização de investimentos em coligadas, em controladas e em joint ventures”, completou.

Outra atualização aprovada, a deliberação nº 695/12, refere-se ao pronunciamento CPC 33 (R1), que trata da contabilização de benefícios a empregados. A regra estabelece que a empresa reconheça um passivo quando o empregado presta serviço em troca de benefícios a serem pagos no futuro; e uma despesa quando a entidade se utiliza do benefício econômico proveniente do serviço em troca de benefícios a esse empregado.
A CVM também aprovou outra deliberação, a de nº 697/12, sobre o pronunciamento Técnico CPC45 – Divulgação de Participações em Outras Entidades. Essa regra contempla a convergência com o texto da IFRS 12 – “Disclosure of Interests in Other Entities”, emitida pelo Iasb, que também entra em vigor em 2013.

“O objetivo do Pronunciamento Técnico CPC 45 é orientar a entidade quanto à forma de divulgação de informações sobre sua participação em outras entidades. Dessa forma, permite-se aos usuários das demonstrações contábeis avaliar os riscos inerentes a essas participações e seus efeitos sobre sua a posição patrimonial e financeira, o seu desempenho financeiro e seus respectivos fluxos de caixa”, explicou a CVM.


CVM divulga atualizações do texto das regras contábeis - 13 de Dezembro de 2012 - Valor Online - Luciana Bruno | Valor

Conflito de interesses

O escândalo do Banco BVA revelou um caso interessante de conflito de interesses:

Sob intervenção do Banco Central desde o dia 19 de outubro, o Banco BVA mantém negócios em sociedade com Erivelto Rodrigues, presidente e sócio da Austin Rating, uma das agências que fazia a classificação de risco da instituição. A agência classificava o BVA como uma instituição de baixo risco até dois meses antes da intervenção no banco. A Austin também é responsável pela avaliação da Vitória Asset Management, gestora de um dos sócios da instituição, três fundos de recebíveis e pelo menos 18 cédulas de crédito bancário (CCB) com lastro em financiamentos do banco.

A Austin avaliava o BVA e as CCBs com coobrigação do banco com nota 'BBB+', o que significa um risco baixo pelos critérios da agência. Essa classificação era suficiente para os ativos da instituição se enquadrarem na política de investimentos dos fundos de pensão, que costumam exigir um rating mínimo 'BBB' para aplicar seus recursos.

A nota dada pela Austin deveria ser válida até março de 2013, de acordo com relatório divulgado em junho no qual decidiu manter a classificação. Mas no fim de agosto, com o atraso do banco na divulgação do balanço semestral e a necessidade de um aporte de capital, a agência decidiu rebaixar o rating em dois degraus, para 'BBB-'. Um mês depois, voltou a reduzir a nota em dois níveis, que caiu para 'BB'. No dia da intervenção, a Austin voltou a rebaixar a classificação para 'CC', que representa um risco "muito alto".

A Austin não foi a única agência a dar boas notas ao BVA. A LF Rating também mudou de opinião sobre a instituição em um período de pouco menos de dois meses. Entre agosto e a data da intervenção, a nota do banco caiu de 'A-' para 'D'.

Sócio da Austin Rating tem negócio com BVA - 13 de Dezembro de 2012 - Valor Econômico - Vinícius Pinheiro

Excesso de oferta: navios chineses

Saúde Mental

Rubem Alves

Fui convidado a fazer uma preleção sobre saúde mental. Os que me convidaram supuseram que eu, na qualidade de psicanalista, deveria ser um especialista no assunto. E eu também pensei. Tanto que aceitei. Mas foi só parar para pensar para me arrepender. Percebi que nada sabia. Eu me explico.

Comecei o meu pensamento fazendo uma lista das pessoas que, do meu ponto de vista, tiveram uma vida mental rica e excitante, pessoas cujos livros e obras são alimento para a minha alma. Nietzsche, Fernando Pessoa, van Gogh, Wittgenstein, Cecília Meireles, Maikóvski. E logo me assustei. Nietzsche ficou louco. Fernando Pessoa era dado à bebida. van Gogh se matou. Wittgenstein se alegrou ao saber que iria morrer em breve: não suportava mais viver com tanta angústia. Cecília Meireles sofria de uma suave depressão crônica. Maiakóvski suicidou.

Essas eram pessoas lúcidas e profundas que continuarão a ser pão para os vivos muito depois de nós termos sido completamente esquecidos.

Mas será que tinham saúde mental? Saúde mental, essa condição em que as idéias se comportam bem, sempre iguais, previsíveis, sem surpresas, obedientes ao comando do dever, todas as coisas nos seus lugares, como soldados em ordem unida, jamais permitindo que o corpo falte ao trabalho, ou que faça algo inesperado, nem é preciso dar uma volta ao mundo num barco a vela, basta fazer o que fez a Shirley Valentine (se ainda não viu, veja o filme!), ou ter um amor proibido ou, mais perigoso que tudo isso, que tenha a coragem de pensar o que nunca pensou. Pensar é coisa muito perigosa...

Não, saúde mental elas não tinham. Eram lúcidas demais para isso. Elas sabiam que o mundo é controlado pelos loucos e idiotas de gravata. Sendo donos do poder, os loucos passam a ser os protótipos da saúde mental. É claro que nenhuma mamãe consciente quererá que o seu filho seja como van Gogh ou Maiakóvski. O desejável é que seja executivo de grande empresa, na pior das hipóteses funcionário do Banco do Brasil ou da CPFL. Preferível ser elefante ou tartaruga a ser borboleta ou condor. Claro que nenhum dos nomes que citei sobreviveria aos testes psicológicos a que teria de se submeter se fosse pedir emprego. Mas nunca ouvi falar de político que tivesse stress ou depressão, com excessão do Suplicy. Andam sempre fortes e certos de si mesmos, em passeatas pelas ruas da cidade, distribuindo sorrisos e certezas.

Sinto que meus pensamentos podem parecer pensamentos de louco e por isso apresso-me aos devidos esclarecimentos.

Nós somos muito parecidos com computadores. O funcionamento dos computadores, como todo mundo sabe, requer a interação de duas partes. Uma delas se chama hardware, literalmente coisa dura e a outra se denomina software, coisa mole. A hardware é constituída por todas as coisas sólidas com que o aparelho é feito. A software é constituída por entidades espirituais - símbolos, que formam os programas e são gravados nos disquetes.

Nós também temos um hardware e um software. O hardware são os nervos, o cérebro, os neurônios, tudo aquilo que compõe o sistema nervoso. O software é constituído por uma série de programas que ficam gravados na memória. Do mesmo jeito como nos computadores, o que fica na memória são símbolos, entidades levíssimas, dir-se-ia mesmo espirituais, sendo que o programa mais importante é linguagem.

Um computador pode enlouquecer por defeitos no hardware ou por defeitos no software. Nós também. Quando o nosso hardware fica louco há que se chamar psiquiatras e neurologistas, que virão com suas poções químicas e bisturis consertar o que se estragou. Quando o problema está no software, entretanto, poções e bisturis não funcionam. Não se conserta um programa com chave de fenda. Porque o software é feito de símbolos, somente símbolos podem entrar dentro dele. Assim, para se lidar com o software há que se fazer uso de símbolos. Por isso, quem trata das perturbações do software humano nunca se vale de recursos físicos para tal. Suas ferramentas são palavras, e eles podem ser poetas, humoristas, palhaços, escritores, gurus, amigos e até mesmo psicanalistas.

Acontece, entretanto, que esse computador que é o corpo humano tem uma peculiaridade que o diferencia dos outros: o seu hardware, o corpo, é sensível às coisas que o seu software produz. Pois não é isso que acontece conosco? Ouvimos uma música e choramos. Lemos os poemas eróticos do Drummond e o corpo fica excitado.

Imagine um aparelho de som. Imagine que o toca-discos e acessórios, o software, tenha a capacidade de ouvir a música que ele toca, e de se comover. Imagine mais, que a beleza é tão grande que o hardware não a comporta, e se arrebenta de emoção! Pois foi isso que aconteceu com aquelas pessoas que citei, no princípio: a música que saía do seu software era tão bonita que o seu hardware não suportou.

A beleza pode fazer mal à saúde mental. Sábias, portanto, são as empresas estatais, que têm retratos dos governadores e presidentes espalhados por todos os lados: eles estão lá para exorcizar a beleza e para produzir o suave estado de insensibilidade necessário ao bom trabalho.

Dadas essas reflexões científicas sobre a saúde mental, vai aqui uma receita que, se seguida à risca, garantirá que ninguém será afetado pelas perturbações que afetaram os senhores que citei no início, evitando assim o triste fim que tiveram.

Opte por um software modesto. Evite as coisas belas e comoventes. Cuidado com a música. Brahms e Mahler são especialmente perigosos. Já o roque pode ser tomado à vontade, sem contra indicações. Quanto às leituras, evite aquelas que fazem pensar. Há uma vasta literatura especializada em impedir o pensamento. Se há livros do Dr. Lair Ribeiro, por que arriscar-se a ler Saramago? Os jornais têm o mesmo efeito. Devem ser lidos diariamente. Como eles publicam diariamente sempre a mesma coisa com nomes e caras diferentes, fica garantido que o nosso software pensará sempre coisas iguais. A saúde mental é um estômago que entra em convulsão sempre que lhe é servido um prato diferente. Por isso que as pessoas de boa saúde mental têm sempre as mesmas idéias. Essa cotidiana ingestão do banal é condição necessária para a produção da dormência da inteligência ligada à saúde mental. E, aos domingos, não se esqueca do Sílvio Santos e do Gugu Liberato.

Seguindo esta receita você terá uma vida tranquila, embora banal. Mas como você cultivou a insensibilidade, você não perceberá o quão banal ela é. E, ao invés de ter o fim que tiveram os senhores que mencionei, você se aposentará para, então, realizar os seus sonhos. Infelizmente, entretanto, quando chegar tal momento, você já não mais saberá como eles eram.

13 dezembro 2012

Rir é o melhor remédio


Fonte: The New Yorker Cartoons

BRF, Brasil Foods, Perdigão?


A dúvida sobre qual o nome da fusão entre Sadia e Perdigão ainda é comum, passados três anos e meio do anúncio do negócio e quase um ano e meio da aprovação pelo Cade.

A partir de 2013, a empresa vai se chamar BRF e uma campanha institucional vai divulgar essa marca corporativa. Perdigão e Sadia serão apenas marcas dos produtos fabricados pela BRF.

Seguindo todo o ritual acertado com o Cade, a Sadia vai ser oficialmente absorvida este mês e deixa de ser empresa. O processo de fusão estará, então, totalmente concluído.

A escolha por BRF demandou pesquisas e estudos. É melhor por ser nome mais curto, mais fácil de assimilar, enquanto os outros dois carregam desvantagens. BR Foods, porque já existem muitas BRs. Algumas estão entre as negociadas na bolsa: BR Malls, BR Properties, BR Towers. E é o público de investidores que a marca corporativa BRF pretende atingir.

Brasil Foods foi rejeitada porque a BRF está entre as maiores exportadoras do Brasil. E o nome Brasil enfrenta muito preconceito no exterior, principalmente na Europa, onde a imagem do país está muito ligada ainda a desmatamento, favelas, violência. Além disso, a marca seria inevitavelmente associada à comida típica, como feijoada.


Fonte: Aqui