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07 janeiro 2009

Causa ou Efeito

Um dos grandes problemas da ciência (em qualquer área) é determinar se uma correlação não representa uma relação espúria, como uma correlação elevada entre o lucro das empresas e a quantidade de sal na água da lagoa dos Patos.

Outra questão intrigante refere-se a relação de causa e efeito. O trecho a seguir é de um artigo publicado no Estado de São Paulo e discute a questão entre inteligência e longevidade.

(...) Faz dez anos que Ian Deary descobriu que crianças com QI mais alto vivem mais. É desagradável e politicamente incorreto acreditar que um teste simples, feito aos 10 anos, possa prever a longevidade de nossos filhos. Apesar das críticas, a observação foi confirmada. O problema é que, até agora, foi impossível descobrir a causa do fenômeno.
Para entender o problema, é preciso separar o que foi descoberto da maneira como a descoberta foi divulgada. Em 1998, Deary localizou um grupo de escoceses que havia sido avaliado por testes de QI em 1932. Ele descobriu que o grupo das crianças que havia obtido resultados melhores tinha mais representantes vivos quando comparado com os grupos que tinham obtido notas piores. A maneira simplista de descrever o resultado pode ser: pessoas inteligentes vivem mais.
(...) Atualmente existem quatro hipóteses para explicar a observação.
A primeira é que pessoas “inteligentes” levam vidas mais saudáveis, pois tomam decisões “corretas”, como evitar o fumo.
A segunda é que nossa sociedade valoriza a inteligência e crianças com QI alto tendem a ter uma educação melhor e, sendo mais bem remuneradas, têm melhores condições de vida.
A terceira é que um QI mais alto na infância demonstra que a criança sofreu menos nos anos anteriores e isso seria determinante para sua longevidade. Esse sofrimento na infância pode ter origens físicas ou sociais.
A quarta é que um QI mais alto na infância é conseqüência de corpo e cérebro com menos defeitos genéticos. Essas hipóteses estão sendo testadas e ainda não existem respostas. (...)


INTELIGÊNCIA E LONGEVIDADE (aqui também)
Fernando Reinach - Quinta-feira, 4 de Dezembro de 2008

Observe que é difícil afirmar se a inteligência determina a longevidade. Mas esta é uma típica discussão que a ciência precisa responder.

Só para lembrar

É interessante ver que o Financial Accounting Standards Board (FASB) interesse em continuar com a contabilidade a valor justo, a despeito das críticas. Não digo que a contabilidade MDM [marcação a mercado] é perfeita – todo método contábil são aproximações e são imperfeitos (...)
Pode estas regras ao ser usadas distorcerem a contabilidade? Claro, no curto prazo. (...) No longo prazo, o fluxo de caixa determina o valor de um negócio.


Mark to Market Accounting: Used with Flexibility, It's a Good Thing
David Merkel - 30/12/2008

06 janeiro 2009

Links

O FBI precisa de especialistas em contabilidade para decifrar a montanha de documentos e usar seu conhecimento para determinar que lei foi violada, segundo o NY Times

A situação dos municípios nos Estados Unidos é alarmante

A discussão sobre valor justo é importante?

O melhor de 2008 da CFO sobre a IFRS

Sobre do Valor Justo em 2008, segundo a CFO

A concentração das empresas de Auditoria

Será que o escândalo Madoff irá incentivar ainda mais a concentração no setor de auditoria? Veja o seguinte texto:

A Contabilidade do senhor Madoff era auditada por uma empresa de contabilidade virtualmente desconhecida. Uma simples, mas vital lição, é nunca investir em nada – fundo hedge, fundo mútuo – cujos livros não são auditados por uma empresa contábil reconhecida com uma forte reputação e clientes numerosos, preferencialmente um das Big Four. Verifique seus investimentos pelo nome das empresas que fazem a auditoria. Se você não reconhecê-la, pesquise na internet.

Common Sense: The Lessons to Be Learned From the Madoff Scandal
James B. Stewart - SmartMoney - 31/12/2008 - The Wall Street Journal - D1

Não é um claro convite a concentração no setor de auditoria?

Pressão Política sobre a Contabilidade

O texto a seguir faz um breve resumo da pressão política sobre o Iasb que ocorreu nos últimos meses.

Padrões Contábeis Sob Pressão
Por Glenn Kessler
Washington Post Staff Writer
Sábado, 27 de dezembro de 2008; A01

Os líderes mundiais juraram ajudar a prevenir futuros problemas financeiros através da criação de normas internacionais de contabilidade e com isso todas as empresas passariam a jogar pelas mesmas regras, mas o esforço tem sido mais uma vez atolado em lacunas e as pressões políticas.

Em outubro, em grande parte oculto da opinião pública, o International Accounting Standards Board mudaram as regras que os bancos europeus poderão fazer seus balanços parecer melhor. (...)

A mudança teve conseqüências dramáticas dentro do mundo da contabilidade, estilhaçando a credibilidade do IASB - o órgão cujas regras foram aprovadas por 113 países e supostamente se tornará o padrão global, inclusive para os Estados Unidos, dentro alguns anos.

Sir David Tweedie, presidente do IASB, reconheceu que o órgão necessita de mais proteção contra a manipulação política, antes de poder afirmar que se tornou o padrão mundial.

“Eu estava tão frustrado por toda a coisa”, disse ele. “Todo o tempo nós estamos tentando construir um sistema de contabilidade global, e estivemos muito perto dele e, em seguida, de repente esta coisa aparece. É absolutamente irritante.”

O episódio mostra como uma pequena e incremental alteração em regras contábeis pode afetar milhões de dólares em valor de mercado e rentabilidade das empresas. Por sua vez, o dinheiro coloca em risco os interesses políticos, como as empresas começam a desesperada pressão de líderes políticos para insistir em mudanças que normalmente teria surgido apenas após uma cuidadosa discussão e avaliação por peritos.

Por anos, tem havido uma desconexão entre os EUA e as regras internacionais de contabilidade. Com a história de litígios corporativos nos Estados Unidos, as normas tendem a ser precisas e explícitas, tornando mais fácil para as empresas de se defender em tribunal.

Regras internacionais dependem de grandes princípios, dando maior margem para as empresas apresentarem as suas próprias decisões. (...)

No entanto, mais de 110 países já adotaram as normas internacionais desde o IASB foi criado em 2001, com o Japão, Coréia do Sul, Índia e Canadá em breve para fazer a opção. Tweedie espera que 150 países terão as regras do IASB adotadas dentro dos próximos três anos. A Securities and Exchange Commission adotou um plano para ter estas normas em todas as empresas EUA para o ano fiscal que termina depois de 15 de dezembro de 2016. Mais de 100 das maiores empresas passariam a ser autorizada a adotar as regras o mais cedo no próximo ano.

Mas a crise financeira demonstrou como o sistema é vulnerável a pressões políticas.

Em outubro 8, os líderes da França, Alemanha, Itália, Grã-Bretanha e da Comunidade Européia reuniram-se em Paris para discutir a crise econômica mundial. Eles emitiram uma declaração dizendo que eles estavam trabalhando em conjunto “no seio da União Européia e com os nossos parceiros internacionais”, para garantir a segurança e a estabilidade do sistema bancário mundial. Mas a declaração avisou que os bancos europeus não devem enfrentar uma desvantagem competitiva com bancos dos EUA “em termos de regras de contabilidade e sua interpretação”. (...)

Princípios de Contabilidade e Estrutura Conceitual Básica

Um texto de Lopes de Sá (Questionamentos sobre Valor Justo e o Princípio da Prudência, aqui) mostra que a forma como está sendo alterada nossa contabilidade provoca confusão.

O texto começa afirmando que os Princípios Fundamentais de Contabilidade seriam preceitos pétreos, que, por isto, não poderiam ser desrespeitados.

Em minha opinião, o termo Princípios foi utilizado pelo CFC de maneira infeliz. Logo após sua aprovação, em 1993, a realidade, com a redução da inflação, mostrou como não correspondiam, efetivamente, ao que se denomina de “princípios”. A correção monetária deixou de ser obrigatória, e nenhuma empresa sentiu saudade disto (exceto alguns consultores e pesquisadores, que viviam de cursos e palestras sobre o assunto).

Com a promulgação da Estrutura Conceitual Básica os princípios deixam de ter sentido. Isto pareceu muito claro desde o início, mas não é isto que transparece no artigo de Sá. O autor ainda se debate com estes conceitos, que foram eliminados da nossa contabilidade.

Assim, no meu entender, não existe polêmica.

Evidenciação nos clubes de futebol

O objetivo desta pesquisa é verificar se as demonstrações contábeis dos clubes brasileiros de futebol adotam critérios contábeis uniformes para eventos semelhantes envolvendo os direitos federativos, depois da publicação da NBC 10.13. A importância da pesquisa deve-se a fato de que a comparabilidade é importante para aumentar a transparência na divulgação contábil dos clubes, auxiliar as decisões de eventuais investidores e possibilitar o acompanhamento por torcedores, governo e outros interessados. A metodologia utilizada é a análise documental das demonstrações contábeis do período 2006/2007 de onze clubes da primeira divisão do campeonato brasileiro de 2007. Entre as conclusões da pesquisa, verifica-se a adoção de critérios contábeis bastante distintos entre um clube e outro. Por exemplo, os gastos com contratação e renovação de contratos de atletas profissionais são registrados em alguns clubes no ativo imobilizado, enquanto outros contabilizam tais valores como despesas do período. Ainda, observa-se que, salvo exceções, os clubes não atendem as determinações da NBC 10.13, pois deixam de fornecer informações determinadas na norma. A falta de atendimento dos clubes à NBC 10.13 diminui a comparabilidade entre as demonstrações dos clubes e a transparência contábil dessas entidades.

A EVIDENCIAÇÃO DOS DIREITOS FEDERATIVOS NAS DEMONSTRAÇÕESCONTÁBEIS DOS CLUBES DE FUTEBOL BRASILEIROS - Ricardo dos Santos Custódio & Amaury José Rezende (USP)

05 janeiro 2009

Rir é o melhor remédio



Liberdade dos EUA
Feito na China

Fonte: Aqui

Links

Proposta de novas regras da SEC para evidenciação da contabilidade financeira para petróleo e gás natural

Sobre retornos dos ativos e as propriedades estatísticas dos modelos financeiros


Hospitais que se parecem com hotéis


Mercados Eficientes, mercado de futuros e terrorismo

Ignorando os Oráculos

Em 2005, segundo o Wall Street Journal, Raghuram Rajan, numa conferência em honra a Alan Greenspan, notou que o aumento da exposição dos baqncos no mercado de capitais poderia fazê-los menos aptos como fonte de crédito num momento de crise.

Veja aqui também

Já em Risk Mismanagement & VaR (via Barry Ritholtz) um grande debate sobre o uso do Value at Risk (VaR). O VaR é um modelo baseado na distribuição normal do mercado de títulos. Por sua simplicidade e facilidade de uso, o VaR começou a ser difundido e usado no setor financeiro (existem livros sobre o assunto que podem ser encontrados numa boa livraria).

Mas o VaR foi duramente criticado por alguns pesquisadores (entre eles Taleb, autor de The Black Swan, que considerava o modelo uma fraude).

Mania de Ajuda

A ajuda do governo dos EUA as instituições financeiras e as montadoras despertou o apetite de outros setores. Segundo notícia publicada no New York Times (via este blog) outros setores começam a reinvindicar o apoio do governo (siderúrgicas e jornais)

Pior de 2008

O blog Footnote publica, diariamente, trechos de notas explicativas (ou de outros textos narrativos) de empresas de capital aberto dos Estados Unidos. É uma proposta interessante e em várias situações o blog foi escolhido como sendo um dos melhores na área financeira.

No final do ano, foi feita a eleição da “pior” nota explicativa. E o vencedor foi a empresa A. Schulman. Basicamente a empresa comenta que durante o ano de 2008 a empresa manteve um arrendamento de um avião para transporte dos executivos. A nota informa que a aeronave é usada somente para fins de negócios. Mas o fim do contrato de arrendamento tornou poibitivo o acesso a um campo de pesca no Canadá. Este campo era usado somente para “propósitos de business entertainment” e foi colocado à venda em 2008.