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03 novembro 2021

Fiscalização das auditorias das empresas chinesas: 2024 prazo limite


Com o escândalo da Enron, o legislativo dos Estados Unidos aprovou normas para fiscalização do trabalho dos auditores das empresas com ações negociadas na bolsa. Foi criado o PCAOB e muitas jurisdições estrangeiras, incluindo o Brasil, passaram a permitir que a entidade fiscalizasse os auditores. Duas exceções: China e Hong Kong.

Em 2020, novamente o Congresso dos Estados Unidos aprovaram uma nova norma. Pela lei, as ações de uma empresas serão proibidas de serem negociadas se uma jurisdição impedir que o PCAOB inspecione a auditoria por três anos consecutivos. A SEC regulou a norma e deve iniciar antes do final de 2021. Isto significa que em 2024 o prazo deve finalizar para as empresas chinesas com ações no mercado dos EUA.

Fonte: aqui. Foto: Annie Spratt

16 julho 2021

Mais sobre PCAOB


A destituição do chefe responsável pela fiscalização das empresas de auditoria nos Estados Unidos, Duhnke, ainda traz muita polêmica:

O Wall Street Journal na Quinta-feira afirma que a SEC está investigando se Duhnke violou alguma regra relacionada ao tratamento de reclamações internas no PCAOB. Duhnke foi removido abruptamente no início deste mês pelo novo presidente da SEC, Gary Gensler, dizendo que a medida “protegeria melhor os investidores” e permitiria que o regulador de auditoria cumprisse sua missão sob a Lei Sarbanes-Oxley. Duhnke foi criticado por não realizar reuniões do Grupo Consultivo para Investidores e do Grupo Consultivo Permanente do PCAOB. (...) 

Além disto, a ex-diretora de administração 

Sue Lee acusou Duhnke de discriminar sua etnia chinesa e usar termos como "gripe kung" e "gripe chinesa" na frente dela e que ele queria substituir os liberais no PCAOB pelos republicanos. A SEC e o PCAOB não responderam imediatamente aos pedidos de comentário.

A SEC contratou Pitt [ex-presidente da SEC] em julho de 2019 para avaliar as políticas e práticas de governança corporativa do PCAOB e recomendou as alterações apropriadas. O relatório de Pitt, que custou US $ 125.000 aos contribuintes e ainda não foi divulgado, poderia esclarecer se são necessárias reformas no PCAOB e esclarecer se a SEC tem uma base legítima para revisar a participação do conselho

14 julho 2021

Ainda a renovação do PCAOB


O site Político divulga duas informações importantes sobre a substituição dos membros do PCAOB, entidade que fiscaliza as empresas de auditoria nos Estados Unidos. 

Para o site, trata-se de uma vitória política, liderada principalmente pela senadora Elizabeth Warren, que sinalizou que pressionaria por uma mudança ainda maior. O foco é que o PCAOB esteja junto na campanha para forçar as empresas a divulgarem a influência nas mudanças climáticas.

O segundo fato é que dirigir o PCAOB garantiu a Duhnke um dos empregos mais cobiçados em Washington. O motivo? Um salário de US$670 mil por ano. 

Foto: Paul Skorupskas

10 julho 2021

Interferência no PCAOB


O PCAOB (Public Company Accounting Oversight Board) foi criado com a lei Sarbox para supervisionar o trabalho dos auditores nos Estados Unidos. Desde sua criação, o PCAOB teve três "escândalos". 

O primeiro ocorreu logo após a criação, quando o governo, através da SEC, nomeou William Webster para ser o primeiro Chairman. Como advogado, Webster tinha trabalhado para o FBI e a CIA. Mas sua nomeação causou constrangimento, seja pelo critério de escolha. Sua aprovação na SEC foi apertada, por 3 votos a 2, mas logo após surgiu a notícia que Webster tinha trabalhado em um comitê de auditoria de uma empresa que estava sendo investigada por irregularidades contábeis. Webster terminou renunciando.

O segundo problema ocorreu quando alguns funcionários da entidade foram contratados por uma empresa de auditoria. A questão é que os funcionários levaram informações sobre a fiscalização que a auditoria seria submetida. As informações poderiam ajudar a auditoria a "melhorar" a qualidade do trabalho que seria investigado pela PCAOB. O resultado foi a condenação desses funcionários. Como resultado do problema, a SEC optou por renovar todo PCAOB, nomeando William Duhnke III em janeiro de 2018. 

A questão é que Duhnke tinha sido funcionário de um político republicano. 

O terceiro escândalo ocorreu agora, no mês de junho de 2021. A SEC informou no início daquele mês que estava removendo Duhnke e que iria também remover os outros membros do conselho. A mudança pode ser vista como uma politização do PCAOB. O novo presidente da SEC, Gary Gensler, que assumiu o cargo em abril, entendeu que o PCAOB deveria ter uma postura mais rigorosa em assuntos como a auditoria de empresas chinesas. A pressão partiu dos senadores Elizabeth Warren e Bernie Sanders. 

26 março 2021

Estados Unidos e as auditorias na China

No final do governo Trump houve uma ameaça contra as empresas chinesas com ações negociadas na bolsa de valores dos Estados Unidos. O motivo era a auditoria. Ou melhor, a qualidade da auditoria realizada em território chinês. A China tinha alguns obstáculos que as empresas de auditoria fizessem seu trabalho. 

O governo Trump colocou a questão da seguinte forma: sem auditoria com acesso à informação contábil não era possível usar o mercado de capitais dos Estados Unidos. 

Na quarta a entidade responsável pela regulação do mercado de capitais dos Estados Unidos emitiu um comunicado sobre o assunto, agora sob nova direção. O anúncio diz que a pressão irá continuar. Ou seja, a falta de inspeção do trabalho do auditor por parte do PCAOB poderá levar a expulsão do papel nas bolsas dos Estados Unidos. 

O comunicado não significa que isto ocorrerá de imediato. O que a SEC fez foi propor diretrizes na aplicação da regra. O anúncio não é válido somente para empresas chinesas.

19 dezembro 2020

Aumento do poder do PCAOB


O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sancionou um lei que foi considerada, pela imprensa, contrária aos interesses das empresas chinesas com ações nas bolsas dos EUA. Segundo a lei, empresas estrangeiras que não cumprirem os padrões de auditoria dos EUA serão impedidas de serem listadas no mercado acionário. 

A China tem imposto restrições para fiscalização (auditoria, inclusive) das empresas chinesas, dificultando o trabalho do PCAOB, a entidade que fiscaliza a qualidade do trabalho de auditoria nos Estados Unidos. Assim, a auditoria de empresas chinesas geralmente é feita por chineses. 

Embora a lei se aplique a empresas de qualquer país, os apoiadores da lei miram companhias chinesas listadas no país, como Alibaba, a empresa de tecnologia Pinduoduo e a gigante de petróleoPetroChina. A legislação, como muitas outras que adotam uma postura mais dura em relação às empresas chinesas, foi aprovada pelo Congresso por grande vantagem neste ano. 

21 novembro 2020

Estado da Califórnia multa a KPMG


Ainda com respeito ao escândalo da KPMG, que tentou melhorar a qualidade das suas auditorias através da "contratação" de funcionários do PCAOB, o estado da Califórnia multou a empresa de auditoria. 

O motivo foi o fato do estado ter licenciado CPAs. O procurador-geral do estado aplicaram uma multa disciplinar contra a empresa. Durante a investigação da SEC, a KPMG admitiu que muitos dos seus CPA trapacearam no exame de educação continuada interno, colando respostas e manipulando a pontuação do exame. 

Segundo o procurador-geral:

“As auditorias de empresas públicas são particularmente importantes porque fornecem supervisão das empresas nas quais os americanos dependem para investir seu dinheiro suado em pensões e outros fundos de aposentadoria. Quando empresas como a KPMG optam por trapacear em vez de melhorar as práticas da empresa, isso prejudica todo o sistema. Eles serão responsabilizados. ”

Além da multa, a KPMG será obrigada a dar educação continuada em ética. (Imagem aqui)

14 novembro 2020

Entendo o caso da auditoria de empresas Chinesas


Uma das “brigas” na contabilidade atual é a questão da fiscalização dos trabalhos de auditoria de empresas chinesas com ações negociadas em uma bolsa de valores dos Estados Unidos. 

Tudo começou com a crise da empresa Enron, em 2001. Para evitar uma nova crise, que abalou a confiança do mercado no trabalho de auditoria nos Estados Unidos, o legislativo, sob o comando de Sarbanes e Oxley, fizeram uma reforma. Esta nova regra, conhecida como lei Sarbanes-Oxley ou lei Sarbox, criou o PCAOB, que faria a supervisão independente das empresas de auditoria, com inspeções rotineiras. Pela lei, todas empresas listadas em uma bolsa nos Estados Unidos deveria ser auditada por uma empresa registrada no PCAOB.  

Algumas empresas chinesas, ou com sede em paraísos fiscais mas com capital chinês na sua origem, poderiam ser inspecionadas. O governo chinês negou que inspetores do PCAOB cumprissem a lei. A China argumentava que a contabilidade de empresas chinesas seria “segredo de estado”. Além disto, o governo forçou que as grandes empresas de auditoria cedessem o controle das filiais chinesas para os chineses. Finalmente, no início de 2020, formalizou-se a proibição de cooperação com reguladores estrangeiros.  

Tudo isto faz com que a qualidade das demonstrações contábeis de empresas chinesas seja questionável. Não se sabe como os auditores trabalham na China. Isto atinge, inclusive, empresas multinacionais, que possuem negócios no país asiático. O laço entre os controladores das empresas com o poder na China torna tudo mais complicado; muitas empresas são instrumentos do governo chinês, conforme diversas denúncias. 

O pouco que se sabe é que a qualidade das demonstrações das empresas é ruim. O caso recente do café Luckin mostrou uma empresa que enganou facilmente seu auditor (ok, isto não é exclusividade dos chineses e Wirecard está aí para provar). E uma inspeção feita em uma auditoria realizada pela Marcum LLP também mostrou isto. Além disto, a atitude do governo chinês, que impõe uma regra tão rígida para todas as empresas, é um indicativo deste ponto.  

Leia mais aqui , incluindo o caso da Marcum

Cartoon via aqui

17 outubro 2020

Saldo do escândalo PCAOB e KPMG


Há alguns anos, a KPMG contratou funcionários da entidade responsável pela fiscalização dos trabalhos de auditoria nos Estados Unidos. Na época, a KPMG estava com um problema sério de qualidade nos serviços executados. O problema é que os funcionários contratados levaram consigo algumas informações sigilosas sobre a fiscalização que iria ocorrer nos meses seguintes por parte do antigo empregador, a PCAOB.  

Depois do escândalo e a comprovação da atitude um pouco desonesta da Big Four, a justiça começou a julgar os responsáveis pelo caso. Eis um resumo das condenações até o presente momento:

David Britt - ex-sócio da KPMG, pegou seis meses de prisão domiciliar e será banido para Austrália. O juiz entendeu que Britt cometeu um crime grave, mas não teve ganho pessoal direto. Britt declarou culpado há um ano. Foi o único ex-executivo da KPMG que não foi para prisão.

Cynthia Holder - ex-funcionária do PCAOB e depois ex-diretora da KPMG. Foi condenada a oito meses de prisão em agosto de 2019. Declarou culpada. Cumpriu pena em uma prisão de segurança mínima, no Texas e foi libertada em junho de 2020. 

David Middendorf - ex-funcionário da KPMG, condenado a um ano e um dia de prisão. Está apelando da condenação. 

Thomas Whittle, ex-funcionário da KPMG, cooperou com as investigações e aguarda sentença

Brian Sweet, mesmo caso do anterior. Aguarda sentença. 

Jeffrey Wada - que entregou as informações para a KPMG, foi condenado a nove meses e está apelando da condenação.

Foto: aqui

14 setembro 2020

Herbalife, China e Trump


 Há semanas, o presidente dos Estados Unidos ameaçou as empresas chinesas com ações negociadas na bolsa de valores do seu país. O motivo foi a falta de supervisão das entidades de fiscalização dos trabalhos dos auditores dos EUA, o PCAOB. Parecia o típico imperialismo ianque, mas os problemas de falta de controle da qualidade do trabalho dos auditores chineses é sério. 

Michael Rapoport, em Herbalife Nutrition is in hot water again (The Digg, 11 de set de 2020), conta que os auditores chineses não perceberam nenhum problema nas atividades da Herbalife em território chinês. A empresa foi condenada a pagar uma multa por suborno de autoridades do país asiático: 

That’s why the recent U.S.-China showdown over corporate audits is so important for investors. The Trump administration is threatening to boot Chinese companies out of U.S. markets if U.S. regulators aren’t able to monitor Chinese audit firms.

The Herbalife case shows what might happen if a U.S.-listed company’s Chinese business is being vetted by an auditor whose performance and objectivity are big question marks. It suggests the lack of oversight over Chinese audit firms poses real risks for investors - risks that are likely to continue unless something is done to fix the problem.

Outras empresas dos EUA, que possuem uma grande operação na China, como WalMart e 3M, também podem ter problema. O que ocorre na contabilidade chinesa, só os chineses podem indicar se está correto ou não. 

09 agosto 2020

Contabilidade de empresas chinesas

O governo Donald Trump emitiu ontem suas recomendações para impedir que as companhias chinesas que não se enquadrarem nas normas contábeis dos EUA sejam listadas nas bolsas americanas. (...) 

As medidas forçarão a remoção das bolsas americanas das ações das companhias chinesas auditadas por firmas cujos trabalhos não podem ser analisados pelo Conselho de Supervisão de Assuntos Contábeis das Companhias Abertas dos EUA (PCAOB), por causa das restrições do governo chinês. 

Há anos o PCAOB não consegue analisar as auditorias das companhias chinesas que possuem ações listadas em bolsas americanas. Pequim proíbe a autoridade reguladora americana de inspecionar as firmas de auditoria no país e também o compartilhamento de documentos de auditorias internos. (...)

Fonte: aqui. (Cartoon: aqui)

Há anos esta reclamação - sobre a qualidade das demonstrações contábeis das empresas Chinesas - existe. O caso da Luckin (aqui e aqui) mostrou a dimensão do problema. Existe uma possível solução:

As recomendações do governo Trump preveem uma alternativa às chinesas, a contratação de um auditor adjunto fora da China, possivelmente uma instituição baseada nos EUA e de dentro do mesmo grupo auditor, possibilitando assim ao PCAOB outros meios para analisar as auditorias. A proposta recomenda a retirada das ações de empresas que não se enquadrarem na exigência até 1º de janeiro de 2022, e a proibição de novas listagens sem o cumprimento dessa regra, o que passaria a valer imediatamente.

22 fevereiro 2020

PCAOB irá desaparecer?

O governo Trump quer eliminar a entidade que regula empresas de auditoria. A Casa Branca diz que seu objetivo é eliminar a duplicação de esforços. Mas os críticos dizem que isso eliminaria a supervisão de que o setor precisa. As quatro grandes empresas - PricewaterhouseCoopers, KPMG, Deloitte & Touche e Ernst & Young - auditam quase todas as grandes empresas americanas. Recentemente estas empresas de auditoria tiveram uma série de escândalos, auditorias deficientes e outros problemas. As empresas da General Electric, a Under Armour e a Mattel estão enfrentando questões contábeis. As inspeções do PCAOB, a entidade que seria eliminada, descobriram que quase um terço das auditorias analisadas têm algum tipo de deficiência.

(Leia mais aqui)

03 fevereiro 2020

"Modernizando" auditoria

Enquanto o FRC (Financial Reporting Council), do Reino Unido, propõe rever as normas de auditoria para fortalecer a independência, a entidade que fiscaliza o mercado de capitais nos Estados Unidos, a SEC, propõe a modernização através do afrouxamento das regras. Por coincidência, as empresas de auditoria já gastaram, desde 2017, 25,28 milhões de dólares em lobby no Congresso. Este panorama foi apresentado por Francine McKenna, que através de quatro textos para o Dig. No texto, a jornalista mostra que a KPMG pagou ao The Velasquez Group 640 mil dólares para acompanhar a regulação proveniente do PCAOB. A mesma emprega monitorou atividade legislativa relacionada com a Wells Fargo, onde fez auditoria por 87 anos, em razão de escandâlos na instituição financeira - incluindo abertura de contas sem autorização dos clientes.

Uma história interessante:

A ação de execução da SEC contra a PwC por violações da independência, curiosamente, não aconteceu até que seu contador-chefe [da SEC], Wes Bricker, voltou à PwC em julho de 2019 para assumir o cargo de vice-presidente e garantia dos EUA e do México (Audit) Líder.

E antes de estar na SEC, Bricker trabalhou na PwC entre 2011 a 2015. Muitos casos descritos no texto já foram objeto de postagem aqui no blog. Mas vale a pena ler.

“Modernizing” Auditor Independence - The Dig - Parte 1 a 4 - Janeiro de 2020

26 janeiro 2020

Crimes da KPMG

O texto a seguir analisa os problemas recentes das empresas de auditoria, o que inclui a elevada concentração do setor. Inclui uma análise dos problemas em que a KPMG se meteu.

Capitalism has a foundational dependence on auditors -- outside entities who evaluate companies' claims about their financial state so that investors, suppliers and customers can understand whether to trust the companies with their money and business -- but those auditors are paid by the companies they're supposed to be keeping honest, and to make matters worse, 40 years of lax antitrust enforcement has allowed the auditing industry to contract to a four gigantic firms that openly practice fraud and abet corruption, with no real consequences.

There've been numerous recent examples of how the Big Four accounting firms have allowed grifters to hollow out the world's largest corporations. The most egregious was Carillion, a giant contractor that had largely replaced the British government in providing vital services to large swathes of the country while sucking up billions in taxpayer money. The company had systematically defrauded the public about the state of its finances, with every one of the Big Four accounting firms signing off on its books, something that came to light in 2018 when the company collapsed in spectacular bankruptcy, leaving the people who depended on its services high and dry. To make things worse, the same accounting companies that participated in its fraud then billed Her Majesty's Government millions more to oversee Carillion's winddown.

KPMG is easily the most-scandal haunted company of the Big Four, a latter-day Arthur Anderson  Co. The company has been embroiled in scandal after scandal including instances in which they bribed government regulators to steal state documents so that KPMG could anticipate which of its audit-reports would be inspected by government officials and go back and unfuck the numbers they had frauded into those books. Then, incredibly, KMPG admitted that it knew that its own senior staff routinely cheated on their annual ethics examinations.

Now, the Project on Government Oversight has published a long, detailed story about KPMG's criminal conspiracy to recruit employees of the Public Company Accounting Oversight Board -- the government agency that oversees the Big Four -- specifically targeting those employees who were in charge of investigating KPMG's conduct and then pressuring them to hand over secret government documents that showed which of KPMG's audit reports would come under government scrutiny, again so that the company could unfuck those books and hide the evidence of their criminal conspiracies.

The testimony reveals how ex-govies conspired with their former co-workers to set up a pipeline for ongoing access to internal government documents while dangling the promise of high-paid work at KPMG as a reward for their service, and how the top execs at KPMG leaned on them to do more of the same. One government employee -- a former FBI agent named Cynthia Holder -- used her expertise to set up communications channels that would be resistant to law-enforcement investigations.

It's easy to be cynical about this, treating it as just another part of the great Age of the Grifter, but Big Four accountancy fraud is fundamental to the functioning of markets. It's impossible to know how the economy is doing when the firms that measure company performance can't be trusted -- it's as if NOAA had to depend on a cartel of thermometer and barometer manufacturers who were known to deliberately make instruments that lied about the weather.

The closest analogy here is what happened with AIG during the 2008 crisis: AIG was the insurer that investigated and rated all the weird, complex derivative bonds that the big banks were issuing -- and AIG also depended on those banks to pay its bills. AIG gave its seal of approval to trillions of dollars' worth of garbage paper that pension funds, national governments and individual investors bought, trusting AIG's ratings. The entire pump-and-dump scheme that destroyed the world's economy and destabilized dozens of countries, leading to Brexit and the Trump election, was only possible because AIG was engaged in systematic, long-term fraud.

If anything, the Big Four accounting firms' audit reports are even more fundamental to the economy, and we've known for years that they can't be trusted. And yet we keep on relying on them, because the sector is so concentrated that they're the only game in town -- as though NOAA kept on buying thermometers that they knew didn't work because no one else was manufacturing thermometers.

Both the Lehman collapse and the Anderson collapse were so traumatic that governments and regulators have lost their taste for issuing the corporate death-penalty. Yet if there was ever a firm that was in want of a firing-squad, it's KPMG.

“This was confidential information that had been stolen from the PCAOB, and rather than report it back, we were deciding to take action to do things to improve, potentially manipulate the PCAOB's inspection results,” Sweet said.

As part of the effort, Sweet recalled proposing changes to audit records.

The review of one audit uncovered “very significant audit deficiencies,” prompting KPMG to change the conclusion of its audit, Sweet said. By preemptively flagging problems at that company, KPMG deterred the oversight board from inspecting that audit.

The covert program succeeded, Sweet said. Generally, inspections of the audits subject to the “stealth rereviews” showed “significant improvement,” Sweet said.

In a presentation KPMG prepared for a meeting with the PCAOB, the audit firm attributed the improvement to its internal quality control efforts. The results, the presentation said, had been “terrific.”

18 janeiro 2020

Efeito colateral da inspeção de auditoria

 A presença e a possibilidade de inspeção, por parte do PCAOB, faz com que a empresa de auditoria concentre seus esforços nos clientes de maior risco, deixando de lado os clientes de menor risco.

Veja que é algo como acontece com um professor que orienta dois alunos: aquele com maior risco de ser reprovado talvez tenha mais atenção do professor. Mas nem sempre é isto que ocorre: sabendo disto, o professor pode focar no melhor aluno e deixar abandonado o "caso perdido". O que ocorre mais?

No caso do auditor, há um risco reputacional. Isto pode fazer com que a conclusão da pesquisa pareça meio óbvia, mas é algo novo sobre a forma como o auditor trabalha.


I provide theory-based causal evidence on the effects of risk-based regulatory inspections, modeled after the PCAOB's, on auditor behavior in a multi-client setting where clients with relatively higher misstatement risk ("higher-risk" clients) have a higher risk of being inspected than clients with relatively lower misstatement risk ("lower-risk" clients). I predict and find inspections increase auditor effort, but only for higher-risk clients. Inspections impair auditors' decision performance for lower-risk clients relative to a regime without inspections and relative to higher-risk clients within an inspections regime, ceteris paribus. Theory-based process model results show inspections increase auditors' perceived inspection risks, which increase auditor effort for higher-risk clients, but also increase auditors' task-related anxiety resulting in decreased decision performance for lower-risk clients. Notwithstanding the previously-identified benefits, this study identifies potential unintended consequences of risk-based regulatory inspections.

Lori Shefchik Bhaskar (2019) How do Risk-Based Inspections Impact Auditor Behavior? Experimental Evidence on the PCAOB's Process. The Accounting Review In-Press.  

27 dezembro 2019

Um resumo de 2019

Foram quase 1200 postagens durante o ano de 2019. Você já leu aquelas postagens que tiveram maiores leituras. Nesta aqui iremos lembrar o principais fatos contábeis no Brasil e no mundo.

Brasil
1. Publicação obrigatória de demonstrações contábeis nos jornais - O atual presidente anunciou que estava assinando uma medida provisória derrubando a obrigatoriedade de publicação das demonstrações contábeis nos jornais. Parecia ser uma vingança contra a Rede Globo e seu jornal de negócios, o Valor Econômico. No final do ano, a medida provisória deveria ser convertida em lei. Como o governo não editou outra medida provisória, tudo ficou como antes. A principal notícia contábil do Brasil em 2019 terminou sendo uma “não notícia”.

2. Crise no emprego contábil - Ao longo do ano este blog acompanhou o que estava ocorrendo no setor contábil de mercado de trabalho. E 2019 não foi um bom ano para a contabilidade. Apesar de uma discussão sobre o impacto da tecnologia na contabilidade e o efeito sobre a profissão, o mercado de trabalho não seguiu a tendência da economia, que começou a recuperar os postos de trabalho existentes antes da grande crise econômica brasileira. Desde 2014, foram mais de 40 mil vagas de empregos formais reduzidas.

3. Estrutura Conceitual - Em março tivemos a aprovação da EC pelo Iasb. No final de dezembro, a tradução para o Brasil foi aprovada pelo CPC. É pena que um assunto tão importante não tenha tido a devida discussão (mea culpa: inclusive por parte deste blog).

4. Cendon - A representação brasileira no Board do Iasb mudou: saiu Amaro Gomes, que ficou dois mandatos, funcionário do Bacen, e entrou Tadeu Cendon, da área de auditoria.

5. B3 e as empresas na bolsa - O número de empresas brasileiras com ações na bolsa nunca foi tão pequeno. Mesmo uma empresa como a XP preferiu ter suas ações negociadas no exterior. Qual a razão? A B3, que detém o “monopólio” do mercado de transações de títulos no Brasil é uma empresa muito rentável, conforme destacamos no início do ano no blog. Faz sentido?

6. A Inflação na Contabilidade voltou - Depois de décadas, o CPC incorporou a regra de tratamento inflacionário nas demonstrações contábeis para as empresas brasileiras que fazem transações com economias inflacionárias (Argentina e Venezuela, por exemplo). A Ambev já incorporou a norma na sua demonstração.

7. Finanças públicas - novo governo e novamente a preocupação com as finanças públicas. Diversos unidades da federação estão falidas e muitas delas não fazem nada para reverter o quadro. No segundo semestre, saiu um comentário sobre a possibilidade de acabar com municípios de pequeno porte, reduzindo, em muito, os atuais 5.570 municípios existentes.

Mundo
1. Aramco - a principal oferta pública de ações começou a ser discutida há algum tempo e no final do ano somente uma pequena parcela das ações foram vendidas, em um mercado local. A Aramco terminou escolhendo a IFRS como padrão contábil e o lançamento contou com o apoio de grandes instituições ocidentais.

2. Exxon - A empresa foi processada em Nova Iorque por uma contabilidade enganosa. A origem estaria na opinião que a empresa emitiu sobre os efeitos dos combustíveis fósseis na mensuração dos ativos da empresa. No final do ano o caso foi julgado e vencido pela empresa. Em julgamento estava a contabilidade baseada em opinião, o padrão atual seguido pelo Fasb e Iasb.

3. KPMG e PCAOB - no passado a KPMG contratou ex-funcionários da entidade que fiscaliza as empresas de auditoria nos EUA. Junto com os funcionários, a empresa teve acesso a informações sigilosas que ajudaram a auditoria a melhor se preparar para a fiscalização. Este ano, os funcionários envolvidos no processo foram julgados e condenados.

4. Ghosn - o executivo brasileiro era considerado um exemplo para os gestores mundiais. Comandando uma empresa japonesa e outra francesa do setor de automóveis, Ghosn foi acusado de ter usado recursos da empresa em seu benefício pessoal. Algo chamado “entidade”. O tratamento exemplar incluiu prisão, multa e humilhação.

5. Facebook - a empresa dona da rede social e do serviço de mensagens What´s up lançou no meio do ano uma moeda digital que não aconteceu. A falta de apoio, a pressão dos reguladores, a desconfiança sobre a tecnologia do negócio e que a moeda poderia ser usada para fins ilícitos, foram algumas das razões para o fracasso. E esteve envolvida em situações de utilização de dados pessoais sem autorização.

6. Não GAAP - a utilização de medidas não contábeis é uma grande preocupação dos reguladores. O Iasb vem tratando tentando incorporar as medidas de desempenho nas suas discussões. A SEC também se preocupa, uma vez que estas medidas são manipuláveis.

7. Normas, normas e normas - A agenda do Iasb está cheia. A promessa do atual presidente em parar um pouco a produção das normas parece que foi esquecida. Nos EUA, onde está o “melhor padrão contábil mundial” (segundo as palavras deles), o processo levou ao adiamento do início de diversas normas complexas.

Quem partiu
Vocker, um ex-presidente do Fed e pioneiro no Iasb, faleceu no final do ano. Schnurr, contador-chefe da SEC que tinha sofrido um acidente de bicicleta, também faleceu no meio do ano.

Gigantes que caíram
Thomas Cook, uma agência de viagens centenária, faliu este ano. General Electric e Sears, duas ex-potencias empresariais, estão perto do mesmo destino.

Escândalo do ano
O curso ministrado na EY indicava como as funcionárias deveriam se portar. Em lugar de reconhecer a besteira, a empresa tentou atacar que deu a notícia. Piorou a situação. A palestrante falou coisas como: O cérebro das mulheres é como panqueca e elas possuem dificuldade de concentração, ao contrário dos homens. E cérebro das mulheres é menor que os homens.

19 novembro 2019

Mattel e falhas contábeis

A entidade que regula o trabalho dos auditores dos EUA, o PCAOB, está investigando o que ocorreu na Mattel e sua auditoria. A própria empresa disse que as demonstrações contábeis de 2017 possuem distorções materiais e que encontrou problemas nos controles internos da empresa. A auditoria foi feita pela PwC, que também está sendo verificada, já que o auditor parece ter quebrado a norma de independência, recomendando um executivo para um cargo.

The Public Company Accounting Oversight Board’s scrutiny comes after Mattel said last week that some financial statements from 2017 “should no longer be relied upon due to material misstatements.” The El Segundo, California-based company, which makes Barbie dolls and Matchbox cars, also said on Oct. 29 that it found “material weaknesses” in its internal controls for financial reporting.

And the PCAOB is probably looking into findings of an internal Mattel investigation that revealed Joshua Abrahams, the PwC partner who led the Mattel audit team, had violated independence rules by recommending candidates for Mattel’s senior finance positions, according to the WSJ. He has been placed on administrative leave and isn’t expected to work for PwC much longer.

14 outubro 2019

KPMG e PCOB

Mais uma pessoa foi condenado no escândalo PCAOB e KPMG. Jeffrey Wada, um funcionário o regulador das empresas de auditorias, PCAOB, pegou noves meses de prisão e outros três anos de liberdade vigiada. Wada entregou para KPMG os planos que o regulador tinha na supervisão da empresa de auditoria. Ele fez isto esperando obter um emprego na empresa de auditoria. E disse que estava com raiva, pois não recebeu uma promoção interna na entidade.

Outros dois funcionários do PCAOB e da KPMG já foram condenados: Cynthia Holder (ex-PCAOB e depois KPMG), que recebeu oito meses de prisão, Middendorf (ex-KPMG), que recebeu um ano e um dia. Aguardam sentença David Britt (ex-KPMG), Thomas Whittle (idem) e Brian Sweet (idem).

27 setembro 2019

Porta giratória na regulação contábil

A seguir um texto crítico, de Eleanor Eagan, sobre o fato de funcionários de agências reguladoras serem contratados por empresas de auditoria.

Em maio, Wesley Bricker, contador-chefe da Comissão de Valores Mobiliários (SEC), anunciou que estava deixando o cargo. No início do mês passado, soubemos onde ele havia ido: PricewaterhouseCoopers (PwC), uma das auditorias "Big Four", como vice-presidente e líder de garantia para os EUA e o México. Com esse movimento, Bricker completou sua quarta volta pela porta giratória entre a PwC e a SEC. Embora aparentemente notável, sua trajetória de carreira é emblemática das linhas quase inexistentes entre reguladores e aqueles que eles são encarregados de regular. Como esse exemplo deixa claro, agências como a SEC, para que trabalhem para o bem público, não serão apenas uma questão de escolher bons funcionários, mas também de mudar a cultura e as expectativas do pessoal em todos os escalões dessas entidades.

Para entender por que a decisão da Bricker nos preocupa, é preciso investigar brevemente o mundo das auditorias corporativas. Embora a maioria das pessoas associe a SEC à aplicação de informações privilegiadas, a Comissão também desempenha um papel importante para garantir que as empresas sejam honestas sobre sua situação financeira, ajudando a evitar fracassos no estilo da Enron.

Então, como isso se desenrola? As empresas de capital aberto devem passar por uma auditoria externa de suas finanças e controles internos a cada ano. Essas auditorias são realizadas por empresas privadas supostamente independentes, geralmente uma das “Big Four” (PwC, KPMG, Deloitte ou Ernst  Young). As auditorias dos auditores são, por sua vez, auditadas periodicamente pelo Conselho de Supervisão Contábil de Empresa Pública (PCAOB) , uma empresa sem fins lucrativos que se reporta à SEC.

O problema está na suposta independência dos auditores privados. Os auditores são pagos por seus clientes - as empresas que eles investigam - por seu trabalho. Portanto, eles dependem de relacionamentos positivos com aqueles que estão auditando para criar clientes recorrentes. Destacar os erros de uma empresa com muita freqüência pode levar a outros caminhos e é por isso que os auditores geralmente corrigem, em vez de reportar , os erros de uma empresa.

O PCAOB e a SEC devem impedir que os auditores se comportem dessa maneira. No entanto, como muitas pessoas já trabalharam (e parece que provavelmente trabalharão novamente) para os quatro grandes auditores em questão, sua capacidade de agir como uma salvaguarda robusta contra abusos desenfreados gera ceticismo.

Isso nos leva de volta ao funcionário em questão, Wesley Bricker. Como contador-chefe , Bricker tinha um grande poder para influenciar os padrões contábeis e determinar o escopo e a severidade da aplicação. Dada sua vasta experiência trabalhando para uma das entidades que ele foi encarregado de regular, no entanto, é difícil acreditar que ele tenha se dedicado totalmente a esse trabalho.

Mesmo se ele tivesse, no entanto, sua decisão de retornar à PwC justifica uma preocupação por si só. Em seu tempo como contador-chefe, Bricker, sem dúvida, adquiriu um conhecimento íntimo dos pontos fortes e fracos da SEC. Ele está, atualmente, em uma posição sem dúvida melhor do que qualquer pessoa no mundo para ajudar os auditores a evitar um escrutínio regulatório. Talvez por isso, a PwC esteja tão feliz por tê-lo de volta.

A integridade das auditorias financeiras pode parecer um assunto sem graça, mas tem implicações importantes para os trabalhadores. O colapso da Enron tirou milhares de pessoas do emprego e destruiu suas economias de aposentadoria. Os auditores das "Grandes Quatro" negligenciaram grande parte da fraude que ajudou a travar a economia em 2007.

Idealmente, poderíamos confiar que os reguladores de todo o sistema estavam trabalhando firmemente para avançar e defender o interesse público. Como a trajetória de carreira de Bricker demonstra, no entanto, essa confiança pode ser irracional.

Fonte: SEC Chief Accountant's Trip(s) through the Revolving Door are Emblematic of a Broader Problem, Eleanor Eagan, Center for Economic and Policy Research (CEPR)

16 setembro 2019

PCAOB

Continua a saga KPMG + PCAOB (leia um resumo aqui). David Middendorf, ex-sócio da KPMG, foi condenado a um ano e um dia de prisão. Se tiver bom comportamento, ele deverá ficar 10 meses na prisão. A promotoria pedia 3 anos de prisão. O juiz disse que o crime dele era de alguém que não tinha benefício para si, mas para seu empregador. Ele era responsável pela qualidade das auditorias da KPMG.


São cinco os executivos da KPMG envolvidos. Cynthia Holder, ex-líder de inspeções do PCAOB e que depois foi trabalhar na KPMG, recebeu uma pena de oito meses de prisão e deve começar a cumprir a pena em 15 de outubro. Além dos dois, Thomas Whittle, Brian Sweet e David Britt (será julgado em 21 de outubro). Os dois primeiros testemunharam contra Middendorf.

No PCAOB, Jeffery Wada, foi condenado. A KPMG deverá pagar uma multa de 50 milhões de dólares.