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22 julho 2025

Relação custo benefício deveria incluir também o custo político?


Eis a notícia (resumida pelo GPT):

A Câmara dos Deputados dos EUA, controlada por republicanos, apresentou uma proposta orçamentária que condiciona o financiamento do FASB (Financial Accounting Standards Board) à revogação de sua norma de divulgação de tributos, aprovada em dezembro de 2023. A norma exige que empresas listadas divulguem anualmente os impostos pagos, discriminando federal, estadual e estrangeiro, e por jurisdição com pagamento acima de 5%. A medida foi considerada por críticos como excessiva e prejudicial à transparência no mercado de capitais. O projeto também prevê cortes na SEC e no IRS, afetando serviços ao contribuinte e regulações como o reporte de incidentes de segurança cibernética. 

Um das bases da estrutura conceitual é que a informação deve seguir a relação custo-benefício. O seu custo deve ser sempre menor que o benefício proporcionado. O regulador dos Estados Unidos parece estar sentindo que precisa também considerar isso em suas normas. O custo político de forçar a evidenciação de tributos está sendo visto como maior que o benefício, o que deve gerar agora um recuo nas normas já aprovadas. 

(Imagem: aqui)

Botic é o novo nome do PCAOB

George R. Botic foi nomeado Membro do Conselho do Public Company Accounting Oversight Board (PCAOB) pela Securities and Exchange Commission em setembro de 2023 e empossado em 25 de outubro de 2023. Seu mandato atual expira em 24 de outubro de 2028.

O Conselheiro Botic é Contador Público Certificado e atua no PCAOB desde 2003. Antes de sua posse como Membro do Conselho, ele foi Diretor da Divisão de Registro e Inspeções (DRI) do PCAOB, que inclui os programas de inspeção de Firmas de Redes Globais, Firmas Não Afiliadas e Firmas de Auditoria de Corretoras, bem como o programa de registro. Ele supervisionava o registro e a inspeção de todas as firmas de auditoria domésticas e estrangeiras que auditam companhias abertas cujos valores mobiliários são negociados nos EUA, assim como todas as auditorias de corretoras.

Antes de ser nomeado Diretor da DRI em 2018, Botic atuou como Diretor do Escritório de Assuntos Internacionais do PCAOB e como Assessor Especial do ex-Presidente James R. Doty. De 2003 a 2014, ocupou diversos cargos na DRI, incluindo o de Diretor Adjunto. No início de sua carreira, foi gerente sênior na PricewaterhouseCoopers.

Botic é bacharel em Ciências Contábeis pela Shepherd University e mestre em Contabilidade pela Virginia Tech.

Nessa página está como membro do BoardMas aqui é dito que é o novo Chair. Solução interna, portanto, que atuou com o ex-Doty. 

Nome do auditor importa?

Parece que sim. 

Os pesquisadores analisaram os registros de 2.829 empresas de capital aberto no período de 2016 a 2020. Eles classificaram os primeiros nomes dos sócios de auditoria associados como comuns ou incomuns, dependendo de estarem ou não entre os 50 nomes próprios mais frequentes por gênero, conforme o banco de dados da Administração da Seguridade Social dos EUA.

Comparando registros de empresas semelhantes em outros aspectos, os pesquisadores concluíram que relatórios financeiros auditados por auditores com nomes incomuns apresentaram até 8,3% mais desvios do que aqueles auditados por seus colegas com nomes comuns.


(...)

Ele também faz referência a outro estudo que descobriu que auditores com histórico de multas por excesso de velocidade “eram mais agressivos na auditoria e, portanto, a qualidade se deteriorava.” Acho que ele se refere a este estudo que constatou que clientes de sócios com infrações legais anteriores apresentam maior probabilidade de distorções materiais reveladas em reclassificações posteriores, maior propensão a erros com base no F-score, mais casos de “fraquezas materiais não detectadas” e reconhecimento menos oportuno de perdas, além de pagarem honorários de auditoria mais baixos.

Leia também aqui

21 julho 2025

As realizações de Williams no PCAOB


 Sobre a mudança no PCAOB, do Going Concern

Faltando reconhecimento específico para Williams e mais focado em como o PCAOB está ótimo agora, o comunicado de imprensa está cheio dos maiores feitos do PCAOB sob sua gestão, como:

  • Garantir acesso completo para inspecionar e investigar empresas sediadas na China pela primeira vez na história e instaurar ações de fiscalização recordes contra empresas chinesas.

  • Lançar um esforço concentrado para melhorar a qualidade das auditorias, o que ajudou a obter melhorias significativas nas taxas de deficiência entre as firmas de auditoria.

  • Aumentar a transparência nos relatórios de inspeção e publicá-los quase um ano antes, permitindo que investidores, comitês de auditoria e outros tenham acesso a informações valiosas mais rapidamente.

  • Tomar mais ações formais para modernizar normas e regras do que qualquer outro Conselho desde a criação do PCAOB, finalizando sete projetos que cobriram 24 regras e normas.

  • Aplicar sanções recordes, enviando uma mensagem clara de que haverá consequências severas para quem colocar os investidores em risco. [Nota do editor: As maiores sanções nos últimos anos foram por “cola”, ou seja, funcionários de auditoria compartilhando respostas de treinamentos internos, muitas vezes enquanto suas firmas recebiam notas perfeitas, com zero deficiências, nas inspeções do PCAOB.]

  • Colaborar com os funcionários para tornar o PCAOB um local melhor para se trabalhar, levando a um aumento de 30 pontos percentuais no número de funcionários que recomendariam o PCAOB como um ótimo lugar para trabalhar.

  • Reimaginar o relacionamento com as partes interessadas, reconstituindo o Investor Advisory Group e o Standards and Emerging Issues Advisory Group e criando o primeiro Office of the Investor Advocate independente.

  • Conceder o maior valor de bolsas de estudo por mérito a estudantes de contabilidade na história do PCAOB.

Não mencionado no comunicado de imprensa está o que o Wall Street Journal relatou: ela deixou o cargo a pedido do presidente da Comissão de Valores Mobiliários (SEC), Paul Atkins. Eles não têm muito mais informações do que isso, mas certamente isso será esclarecido em algum momento.

IA e Deus, segundo o Vaticano

Somente agora tive conhecimento desse documento. Eis um trecho: 


IA e Nossa Relação com Deus

104. A tecnologia oferece ferramentas notáveis para administrar e desenvolver os recursos do mundo. No entanto, em alguns casos, a humanidade está cedendo cada vez mais o controle desses recursos às máquinas. Em certos círculos de cientistas e futuristas, há otimismo quanto ao potencial da inteligência artificial geral (IAG), uma forma hipotética de IA que igualaria ou superaria a inteligência humana e traria avanços inimagináveis. Alguns até especulam que a IAG poderia alcançar capacidades sobre-humanas. Ao mesmo tempo, à medida que a sociedade se afasta de uma conexão com o transcendente, alguns são tentados a recorrer à IA em busca de significado ou realização — anseios que só podem ser verdadeiramente satisfeitos na comunhão com Deus.

105. No entanto, a presunção de substituir Deus por um artefato criado pelo ser humano é idolatria, prática contra a qual as Escrituras alertam explicitamente (por exemplo, Ex. 20:4; 32:1-5; 34:17). Além disso, a IA pode se mostrar ainda mais sedutora do que os ídolos tradicionais, pois, ao contrário dos ídolos que “têm boca e não falam; olhos, e não veem; ouvidos, e não ouvem” (Sl. 115:5-6), a IA pode “falar”, ou pelo menos dar a ilusão de fazê-lo (cf. Ap. 13:15). Contudo, é vital lembrar que a IA é apenas um pálido reflexo da humanidade — ela é criada por mentes humanas, treinada com material gerado por humanos, responde a estímulos humanos e é sustentada pelo trabalho humano. A IA não pode possuir muitas das capacidades específicas da vida humana e também é falível. Ao recorrer à IA como um suposto “Outro” maior que si mesma, com quem compartilhar a existência e as responsabilidades, a humanidade corre o risco de criar um substituto para Deus. Entretanto, não é a IA que acaba sendo deificada e adorada, mas o próprio ser humano — que, assim, torna-se escravo de sua própria obra.

106. Embora a IA tenha potencial para servir à humanidade e contribuir para o bem comum, ela continua sendo uma criação das mãos humanas, trazendo “a marca da arte e do engenho humano” (At. 17:29). Jamais deve ser atribuída a ela um valor indevido. Como afirma o Livro da Sabedoria: “Foi um homem quem os fez, e um ser cujo espírito é emprestado os formou; pois nenhum homem pode formar um deus à sua semelhança. Ele é mortal, e aquilo que fabrica com mãos ímpias é morto; ele é melhor do que os objetos que adora, pois ele tem vida, mas eles jamais têm” (Sb. 15:16-17).

107. Em contraste, os seres humanos, “por sua vida interior, transcendem todo o universo material; experimentam essa profunda interioridade quando entram em seu próprio coração, onde Deus, que sonda o coração, os aguarda, e onde decidem seu próprio destino diante de Deus.”É no coração, como nos recorda o Papa Francisco, que cada indivíduo descobre a “misteriosa conexão entre o autoconhecimento e a abertura aos outros, entre o encontro com a própria singularidade e a disposição de doar-se aos demais.” Portanto, é somente o coração que é “capaz de colocar nossas outras faculdades e paixões, e toda a nossa pessoa, numa atitude de reverência e obediência amorosa diante do Senhor,”que “se oferece para tratar cada um de nós como um ‘Tu’, sempre e para sempre.”

O texto é de janeiro, durante a gestão de Francisco, com mais de 200 citações.  

Correios: análise das demonstrações mostra que o problema é antigo


A decisão dos Correios de suspender pagamentos que somam R$ 2,75 bilhões evidencia um cenário financeiro delicado, mas a análise do fluxo de caixa ajuda a compreender a raiz desse problema. O fluxo de caixa operacional (FCO), que demonstra a capacidade da empresa de gerar recursos a partir de suas atividades principais, vinha apresentando sinais de deterioração ao longo dos últimos anos. Entre 2020 e 2023, embora positivo, o FCO seguiu uma tendência de queda, culminando em 2024 com um resultado negativo de R$ 2,35 bilhões. Esse déficit só não foi mais grave porque houve uma redução nos investimentos, que gerou um fluxo de caixa de atividades de investimento positivo. Entretanto, recorrer à venda de ativos ou à redução de investimentos é uma estratégia insustentável no longo prazo. Uma empresa precisa gerar caixa com suas operações, e não depender de ajustes pontuais para manter a liquidez. Mas sendo estatal, é dinheiro do contribuinte...

O fraco desempenho operacional, especialmente em 2024, encontra explicações em diversos fatores. O prejuízo contábil aumentou, passando de R$ 634 milhões para R$ 2,6 bilhões. Isso ocorreu em um contexto de queda na receita, que recuou 1,7%, enquanto os custos operacionais cresceram 4,7%. A análise comparativa entre 2023 e 2022 mostra que esse movimento não foi isolado: já naquele período a empresa havia registrado redução de 2,9% na receita e aumento de 5,2% nos custos. A alta nas despesas administrativas e de vendas também contribuiu para o agravamento do resultado.

O fluxo indireto indica ainda outras pistas. Houve aumento em contas a receber, o que pode significar que os Correios estejam concedendo mais prazo aos clientes para tentar reter mercado em meio à queda de receitas, ou que estejam enfrentando dificuldades de cobrança. Já a redução no saldo de fornecedores, mesmo com custos maiores, sugere que a empresa pode ter reduzido prazos de pagamento ou que os fornecedores estejam mais restritivos na concessão de crédito, reflexo da piora na percepção de risco.

Correios: suspensão dos pagamentos


A Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (Correios) suspendeu o pagamento de R$ 2,75 bilhões em obrigações financeiras, incluindo dívidas com fornecedores, tributos e repasses a planos de saúde, para preservar a liquidez e reequilibrar o fluxo de caixa. A estatal enfrenta uma grave crise financeira, com 11 trimestres consecutivos de prejuízo, e registrou no 1º trimestre de 2025 um déficit recorde de R$ 1,7 bilhão, o pior desde 2017. Entre os valores adiados estão R$ 741 milhões do INSS patronal, R$ 652 milhões para fornecedores e R$ 363 milhões ao plano Postal Saúde. A empresa também responde a cobranças judiciais de prestadores de serviços de transporte, que exigem R$ 104 milhões. Os Correios aguardam um empréstimo de R$ 4,3 bilhões do Novo Banco de Desenvolvimento, destinado a projetos de descarbonização e reestruturação logística, sem uso para cobrir déficits. A crise resulta de mudanças regulatórias, queda no volume de postagens e forte concorrência, agravada por uma estrutura de custos fixos de 88% das despesas. A estatal, porém, garante continuidade operacional.

Fonte: aqui