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03 agosto 2025

História da contabilidade: computador Hotbit

Se o computador Poly estava voltado para a empresa, o Hotbit tentava captar também o público doméstico, incluindo as finanças pessoais e o uso dos filhos nos estudos e nos jogos. 

Eis algumas das especificações técnicas: memória ROM 32K, RAM 64K, expansível até 512, com interface para cassete...

(Manchete, 1985, ed 1756, p 33) 

História da contabilidade: Computador Poly 105 DP

O anúncio prometia um microcomputador que ocupa o mínimo de espaço e soluciona ao máximo. Publicado na revista Manchete, em 1983, edição 1622, p. 43. Ou seja, há 42 anos.  

O computador "brasileiro" anunciava o seguinte:

Dos diários aos balanços, o POLY 105 DP faz tudo em contabilidade, emite folhas de pagamento, faturamento, fornece relatórios e informações com rapidez, executando também aplicações técnico científicas. (...) POLY 105 DP, uma grande conquista que abre novos espaços e perspectivas para sua empresa

A características da máquina: 64 KB memória RAM, drives de 5 1/4, terminal de vídeo/teclado. 

Desde os primórdios da automoção, a contabilidade lidou com máquinas que reduziriam o trabalho do profissional. Eis um exemplo disso.   

História da Contabilidade: O Show de Sinatra na Maracanã

Em janeiro de 1980, Frank Sinatra se apresentava para um Maracanã lotado, diante de mais de 150 mil pessoas. Até então, o cantor evitava visitar a América do Sul — segundo rumores, por conta de uma previsão feita por uma cigana, que teria vaticinado sua morte caso ele se apresentasse no continente. Na realidade, Sinatra faleceu dezoito anos depois, aos 83 anos.

Para trazê-lo ao Brasil, o empresário Roberto Medina desembolsou 32 milhões de cruzeiros somente de cachê do cantor — o equivalente a cerca de 800 mil dólares na época, ou aproximadamente 3,2 milhões de dólares em valores atualizados.

E qual a conexão com a contabilidade? É que o evento foi tão marcante que a revista Manchete (edição nº 1452, p. 22) chegou a publicar uma Demonstração de Resultado do Exercício (DRE) com as contas do show de Sinatra no Maracanã.

(Clique na imagem para ver melhor)

História da contabilidade: duas demonstrações

 Duas demonstrações contábeis do início dos anos 1980. A primeira da casa de show Canecão e destaco a DRE:

O formato é interessante, no sentido de apresentar as contas de débito e de crédito. (Obtido no jornal A Luta Democrática, ed 8020, 12 de setembro, p. 5. Do mesmo jornal:  

O balanço é do exercício encerrado em 31 de dezembro de 1978. A edição do jornal foi de número 8015, p. 9, de 5 de setembro de 1980. Quase dois anos depois. A favor do contador/empresa: a Lei 6404 tinha acabado de entrar em vigor e havia muitas novidades. 

História da contabilidade: Um escritório de contabilidade em 1980

 

Do Jornal O Cartaz, de Três Rios (RJ), edição 479 p. 23

História da contabilidade: IHGB e a contabilidade

O Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro é a mais antiga e tradicional entidade de fomento à pesquisa no Brasil. Foi fundado em 1838, há 187 anos, juntamente com o Arquivo Público do Império e a Academia Imperial de Belas Artes. Na sua criação, o IHGB tinha como foco os documentos relevantes da história do Brasil e o incentivo ao estudo histórico. Muitos dos seus primeiros membros eram nascidos em Portugal, formados em Coimbra e atuavam no governo imperial.

O IHGB está localizado no Rio de Janeiro. Um dos integrantes foi Dom Pedro II, que chegou a presidir sessões e contribuía com o orçamento do instituto. A revista do IHGB, editada desde 1839 com periodicidade trimestral, é uma rica fonte de dados. Em uma edição de 1983 (ed 338), encontrei o quadro de sócios efetivos na época da fundação da entidade. Veja que interessante:

Isso significa que 13% dos fundadores do IHGB eram formados em contabilidade — mais do que médicos, padres e militares, embora menos que os formados em direito.

História da contabilidade: vantagem de ser um curso rápido


Já comentei aqui que a contabilidade era uma forma de ascensão social. As pessoas escolhiam fazer o curso para melhorar de vida. Mas achei interessante um depoimento da atriz Zezé Motta. (Módulo Brasil Arquitetura, Edição 58, p. 32-34: 

Sempre digo que ser artista no Brasil é uma barra e ser artista negra é uma barra vezes alguma coisa. É uma barra pesada, isto falando mais em relação ao teatro porque em relação à música há uma abertura maior para o negro. É uma coisa menos condicionada. 

Vou contar um caso que me aconteceu assim que terminei o ginásio. Eu queria fazer teatro, Jader Brito, então meu professor, hoje meu amigo, me incentivava muito para o teatro e me deu uma bolsa para o curso de Maria Clara Machado. Meu pai, que era músico muito talentoso mas desiludido com a profissão, só me permitiria fazer teatro se eu continuasse os estudos. Resolvi fazer contabilidade porque era um curso rápido. Eu vivia correndo: trabalhava no laboratório Moura Brasil, estudava contabilidade à noite e fazia o curso da Clara três vezes por semana, à tarde. 

Além de contribuir para a ascensão social, a contabilidade tinha a vantagem de ser um curso rápido — como a própria Zezé comentou na entrevista.

(Por sinal, ela conta que uma vizinha perguntou por que ela não brincava mais com as meninas do prédio. Zezé explicou o que estava acontecendo, e a vizinha respondeu: “Mas eu não sabia que, pra fazer papel de empregada doméstica, precisava fazer curso de teatro”)

Conforme a Wikipedia, Zezé Motta é uma das maiores artistas do Brasil. Imagem do cartaz do filme Xica da Silva, com a atriz no papel principal.