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11 abril 2025

Grandes nomes da história da contabilidade dos EUA: Edwards


James Don Edwards (1926–2020) - Professor J.M. Tull de Contabilidade na Universidade da Geórgia, James Don Edwards obteve seu doutorado pela Universidade do Texas. Foi presidente da American Accounting Association (1971) e membro do conselho curador do Financial Accounting Standards Board – FASB (1972–1978). Também integrou o Comitê Trueblood sobre os Objetivos das Demonstrações Financeiras (1971–1973).

Em 1960, Edwards escreveu History of Public Accounting in the United States (História da Contabilidade nos Estados Unidos), uma obra abrangente baseada em documentação original que retrata o desenvolvimento da profissão contábil pública e que continua sendo uma fonte valiosa para pesquisas históricas. Por exemplo, Edwards incluiu uma análise dos certificados de CPA emitidos por cada estado.

Em 1961, Edwards e Roland F. Salmonson coautoraram um livro que analisa as contribuições de quatro escritores pioneiros da contabilidade: Eric Louis Kohler, A.C. Littleton, George Oliver May e William Andrew Paton. Esse livro oferece uma excelente visão tanto dos autores quanto do campo da contabilidade, por meio de sinopses de suas obras. Entre outros aspectos, essas sinopses mostram: a preocupação de Kohler com a linguagem contábil; a crença de Littleton no custo histórico; o esforço de May para inserir a contabilidade no contexto da economia como um todo; e a busca de Paton por uma contabilidade baseada em valores correntes.

Edwards foi editor da edição comemorativa do centenário da AICPA publicada em maio de 1987 no Journal of Accountancy. Por seu trabalho nessa edição — onde demonstrou com excelência sua habilidade em relacionar a história da contabilidade com a prática profissional —, recebeu o Hourglass Award da Academy of Accounting Historians em 1993. Também em 1993, foi agraciado com a Medalha de Ouro por Serviços Meritórios do American Institute of Certified Public Accountants (AICPA). Em 1994, recebeu um doutorado honorário em contabilidade da Universidade de Paris.

(Do verbete de Richard Vangermeersch, The History of Accounting). 

Adicionalmente, ele lecionou nos Estados Unidos e no exterior - incluindo palestras e seminários convidados no Brasil. Sua principal obra, The Theory and Measurement of Business Income, escrita em parceria com Philip Bell, é um clássico da contabilidade. 

Novo capítulo no caso J&J

Um dos casos mais interessantes relacionados ao passivo diz respeito ao famoso talco da Johnson & Johnson. O talco foi, e ainda é, um grande sucesso de vendas em diversos países do mundo. Há tempos, a empresa sabia que o produto, por conter amianto, era cancerígeno. Mesmo assim, continuou produzindo e comercializando o talco. A ganância pelo lucro falou mais alto que a preocupação com a saúde dos clientes.


Com a descoberta da associação entre o talco e a doença, começaram a surgir processos judiciais. A negativa inicial da empresa tornou-se insustentável diante das evidências. Em alguns países, a empresa chegou a mudar a fórmula. Mas isso não impediu o avanço das ações judiciais movidas por clientes que desenvolveram a doença e por seus familiares.

Nos últimos anos, a empresa tentou uma abordagem controversa. Criou outra companhia, sediada em um local estrategicamente escolhido por ser mais favorável do ponto de vista jurídico, e transferiu todos os passivos para essa nova empresa. Dessa forma, "limpava" o balanço da Johnson & Johnson e deixava o problema com a nova companhia, que já nascia praticamente falida.

Entretanto, a manobra da empresa tornou-se evidente demais, e o Judiciário passou a desqualificar essa estratégia. A Johnson & Johnson recuou e tentou realizar um grande número de acordos judiciais. Passou então a pressionar os que resistiam ao acordo a aderirem à posição da maioria.

No final de março, a empresa sofreu outro grande revés: um juiz federal de falências rejeitou o acordo de 9 bilhões de dólares. Houve oposição tanto por parte do administrador de falências do Departamento de Justiça quanto de alguns demandantes que não aceitaram os termos propostos.

Aguardemos as próximas cenas. 

Qualis Capes

Fonte da imagem: aqui


Texto do Jornal da Universidade, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS):

Anúncio de mudanças na metodologia de avaliação da produção intelectual provoca discussões sobre o fim do Qualis

Em outubro de 2024, a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) anunciou uma nova metodologia para a classificação da produção intelectual na pós-graduação stricto sensu. Com aplicação para o ciclo 2025-2028, o novo processo muda o foco da avaliação dos periódicos científicos para o artigo publicado. Com isso, o que passa a importar é o impacto e a relevância da produção científica em si e não mais o Qualis do periódico.

O comunicado gerou alvoroço nas redes sociais [...]. Os comentários a essas postagens apontaram algumas questões recorrentes: o foco nas citações do artigo não aumentará ainda mais a relevância de quem já é bem citado? Não poderá aquecer o mercado das revistas predatórias? O que acontece se um tema ou autor vier a se tornar referência só tempos depois? Como isso impacta a avaliação?

O diretor de Avaliação da Capes, Antonio Gomes de Souza Filho, esclareceu alguns pontos.

A nova metodologia propõe três procedimentos para classificar os artigos:
 
1 - Desempenho do periódico, com foco nos artigos: utiliza indicadores bibliométricos do Qualis Capes, mas para classificar os artigos em oito níveis (A1 a A8), ao invés dos periódicos.
2 - Indicadores diretos dos artigos + indicadores dos periódicos: combina a análise quantitativa (índice de citações alcançado) e qualitativa (indexação, acesso aberto) dos artigos com atributos dos periódicos, resultando em oito níveis de classificação (A1 a A8).
3 - Análise qualitativa: classifica os artigos com base em fatores definidos por cada área de avaliação (“pertinência do tema abordado frente às áreas de concentração e linhas do programa, avanço conceitual proveniente do trabalho publicado, contribuição científica do estudo para a área de conhecimento em termos de relevância e impacto, dentre outros”), utilizando os conceitos “muito bom”, “bom”, “regular”, “fraco” e “insuficiente” que, segundo ele, é um sistema bem conhecido.

Os documentos orientadores com os detalhes da nova metodologia serão publicados em 2 de maio de 2025.

Texto completo: aqui.

Impacto da IA segundo pesquisadores


54% dos 4.260 pesquisadores globais que responderam a uma pesquisa acreditam que a inteligência artificial (IA) trará mais benefícios do que riscos para a sociedade. Isso os torna aparentemente muito mais otimistas do que o público em geral: por exemplo, em uma pesquisa semelhante, apenas 13% do público do Reino Unido compartilhou essa visão positiva. No entanto, os dois grupos apresentaram opiniões mais alinhadas em relação ao papel da tecnologia na desinformação, no uso de dados e no cibercrime: 77% dos pesquisadores e 68% do público britânico disseram que a IA torna a desinformação um problema. A descoberta mais surpreendente da pesquisa é que menos de um terço dos cientistas da área de IA acredita que as tecnologias devem ser desenvolvidas o mais rápido possível, afirma Robert Trager, diretor da Iniciativa de Governança da IA do Oxford Martin. “Eles parecem preferir uma abordagem mais ponderada para o desenvolvimento, a fim de mitigar os riscos.”

Mais sobre a pesquisa pode ser lida aqui

Representação fiel e o mapa do metrô


Os contadores passaram a adotar como mantra que a informação deve apresentar representação fiel ou fidedigna. Essa ideia tem prevalecido e sido amplamente aceita, sem maiores críticas. A presença da representação fiel na estrutura conceitual parece reforçar que isso é, de fato, algo desejável em uma informação.

É bom lembrar que isso começou nos anos sessenta e, logo depois, foi incorporado à primeira estrutura conceitual emitida por uma entidade — no caso, a estrutura do FASB, que já estava em gestação antes mesmo da criação formal dessa entidade do terceiro setor nos Estados Unidos. A estrutura conceitual pareceu tão boa que foi rapidamente incorporada pelo IASC. Com a transformação do IASC em IASB, a estrutura passou a ser repensada em conjunto com o FASB, no que ficou conhecido como Acordo de Norwalk.

Levaram anos para finalizar a nova estrutura conceitual, mas, quando o texto ficou pronto, a representação fiel permanecia entre as características — assim como já constava nos documentos anteriores. E tem sido considerada tão importante que recebe o selo de característica "fundamental". Parece um tanto óbvio afirmar que a informação deve representar a realidade. Mas será essa uma verdade absoluta?

Veja o mapa do mundo. Há uma história rica sobre o tema, que inclui as primeiras tentativas feitas pela humanidade desde a Antiguidade até Mercator. Mercator viveu no século XVI e propôs uma representação do mundo por meio de um mapa que transformava uma esfera — a Terra — em um desenho plano: o seu mapa. O mapa de Mercator é tão influente (e veja que uso o verbo no presente) que, quando imaginamos uma representação do mundo, a imagem proposta por ele é a que nos vem à mente. Pense no Brasil e no mapa do Brasil. Agora pense na América do Norte. Ao juntar ambos, se você imaginou o Brasil na parte inferior do mapa e a América do Norte na parte superior, isso é resultado da influência dessa antiga representação do mundo, especialmente do mapa de Mercator. Mas será uma representação fiel? Talvez seja uma das possíveis representações do mundo — mas não é fiel, pois estamos desenhando algo em duas dimensões quando, na verdade, temos uma esfera.

A representação nada fiel do mundo em um mapa é um exemplo que me vem à mente quando lemos sobre estrutura conceitual e suas características fundamentais. Em muitos casos, a falta de fidedignidade não compromete o objetivo da informação. Uma situação em que isso aparece de forma clara, além do mapa de Mercator, é no mapa do metrô de Nova York. No passado, o blog apresentou esse exemplo.

Agora, temos a notícia de que o famoso mapa do metrô está mudando. Segundo as informações, o mapa foi redesenhado, tornando-se muito parecido com um modelo usado brevemente nos anos 1970. Esperamos que ele não esteja buscando representar fielmente a cidade, mas sim oferecer algo útil para os usuários.

10 abril 2025

Auditores culpados


Apresentamos as primeiras evidências descritivas abrangentes sobre as consequências no mercado de trabalho e na vida pessoal para profissionais de auditoria nos Estados Unidos que são mencionados em ações de fiscalização da SEC (Securities and Exchange Commission) ou do PCAOB (Public Company Accounting Oversight Board). Três descobertas principais emergem: Entre 38% e 73% dos auditores considerados culpáveis deixam suas firmas dentro de um ano após o evento de fiscalização. Essas taxas de saída são de três a quatro vezes maiores quando comparadas a uma amostra de auditores não culpáveis. 83% dos auditores culpáveis que saem de firmas da Big 4 deixam a profissão, em comparação com 58% do grupo de comparação não culpável que também saem dessas firmas. Em contraste, cerca de 77% dos auditores culpáveis que deixam firmas que não são da Big 4 permanecem na auditoria pública, comparado a 51% do grupo de comparação não culpável nessas mesmas firmas. Utilizando dados inéditos sobre bens imobiliários pessoais, constatamos que os auditores culpáveis não parecem realizar transações imobiliárias significativamente diferentes no período ao redor da fiscalização, quando comparados com uma amostra de indivíduos não culpáveis.

Eis aqui onde o texto pode ser encontrado. 

Nova norma sobre continuidade


A International Auditing and Assurance Standards Board (IAASB) publicou uma versão revisada da norma internacional de auditoria ISA 570 (Revisada 2024) — "Continuidade Operacional" — em resposta a falências corporativas que levantaram questionamentos sobre as responsabilidades dos auditores. A nova norma aprimora significativamente o trabalho do auditor na avaliação da capacidade de uma entidade continuar operando.

As normas podem ser acessadas aqui. Imagem aqui