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03 março 2025

Imposto mínimo global sob ameaça

A notícia talvez seja um pouco antiga, mas, como parece ter passado despercebida, é importante registrá-la aqui. Com a subida ao poder de Donald Trump, o presidente retirou os Estados Unidos do acordo fiscal global liderado pela OCDE.

Há tempos existe uma insatisfação de diversos países com o agressivo planejamento tributário das empresas multinacionais. A carga tributária variável entre os países faz com que essas empresas busquem nos paraísos fiscais um refúgio para encaminhar os recursos advindos de suas receitas.

Esse cenário levou a OCDE, uma entidade que reúne algumas das nações mais importantes da economia mundial, a conduzir um movimento para impor uma alíquota mínima global. Isso poderia evitar a transferência de lucros para paraísos fiscais.

Os países mais pobres estão se sentindo excluídos e exigem que a condução das negociações seja realizada pela ONU. Logo após o anúncio de Trump sobre a retirada dos EUA do acordo da OCDE, a ONU retomou as negociações nesse mesmo sentido.

Naturalmente que a contabilidade é muito importante nessa conversa: afinal tributar qual lucro? Os padrões contábeis podem esclarecer tal fato. 

PCAOB absorvido pela SEC?

Logo após o escândalo da Enron, o Legislativo dos Estados Unidos começou a discutir o que poderia ser feito para evitar que a situação se repetisse. Um esforço conjunto dos dois maiores partidos políticos daquele país e das duas casas de representantes resultou em um novo conjunto de regras, que incluía algumas novidades, como a assinatura das demonstrações pelo principal executivo da empresa e a fiscalização do trabalho das empresas de auditoria.

A questão da fiscalização representava, de fato, uma grande mudança. Havia a crença de que a reputação seria suficiente para garantir que as auditorias fossem cuidadosas em sua tarefa. Se o trabalho não fosse adequado, a reputação da auditoria sofreria no mercado e o auditor perderia clientes. Isso parece bastante lógico em um mundo ideal. Na prática, porém, há um custo muito alto para trocar de auditor, e essa mudança é um processo bastante demorado. Ademais, nem sempre há interesse na substituição.

Apesar de a auditoria sofrer com eventuais quedas na qualidade, parece que o simples medo de perder reputação não era suficiente para manter o trabalho do auditor dentro de um padrão aceitável. No conjunto de medidas adotadas, foi criada uma entidade responsável pela fiscalização do trabalho dessas empresas: o PCAOB.

Mais de vinte anos depois, o PCAOB já foi alvo de escândalos envolvendo seus funcionários, desenvolveu um sistema de fiscalização que resultou em algumas multas e se impôs perante o mercado.


Agora, um novo governo, que nomeou um novo presidente para a SEC, a comissão que regula o mercado de capitais dos Estados Unidos, dá sinais de mudança. O nomeado deu a entender que defende a eliminação do PCAOB. As tarefas atualmente desempenhadas pelo PCAOB seriam assumidas pela própria SEC, o que representaria uma mudança na direção da contabilidade dos Estados Unidos.

Talvez, neste momento, fosse importante recorrer ao mundo acadêmico e verificar as evidências disponíveis sobre o trabalho realizado pela entidade. Quem sabe ali se encontre uma resposta mais adequada para essa questão.

02 março 2025

Felicidade e casamento


As pesquisas para descobrir o que influencia a felicidade das pessoas continuam. Um estudo de 2023, baseado em uma ampla base de dados — o General Social Survey — de 1972 a 2018, permitiu quantificar o "prêmio do casamento". Esse conceito representa a diferença entre a felicidade das pessoas casadas e a das não casadas.

A pesquisa revelou que esse prêmio é positivo, ou seja, os casados são mais felizes do que os não casados. Além disso, o prêmio se manteve estável ao longo do tempo e entre diferentes grupos demográficos, incluindo gênero, idade, raça, escolaridade e renda.

No entanto, não foi encontrada relação entre o prêmio do casamento e fatores como ter filhos ou a atividade sexual. Permanece um mistério o fato de o prêmio ter se mantido estável ao longo de um período marcado por grandes mudanças na estrutura social. Também não é possível estabelecer com clareza a relação de causalidade: o casamento torna as pessoas mais felizes ou a felicidade favorece o casamento?

Fonte: aqui

Diversidade e Big Four

A Deloitte dos EUA, uma das Big Four, determinou que funcionários em contratos governamentais removam pronomes de gênero das assinaturas de e-mail e encerrou programas de diversidade e inclusão. A medida segue uma ordem executiva de Trump que elimina iniciativas DEI em órgãos públicos.


A empresa justificou a mudança como uma exigência para manter a conformidade com regras governamentais. Desde 2016, a Deloitte já enfrentava críticas da ala conservadora, após um executivo vazar mensagens desfavoráveis a Trump.

Enquanto isso, a Deloitte do Reino Unido reafirmou seu compromisso com a diversidade.

Nos EUA, a decisão é vista como pragmática — ou oportunista —, já que a empresa faturou $3,54 bilhões em contratos governamentais em 2024, o que representa 11% de sua receita total no país.

01 março 2025

Um artigo polêmico de vencedores do Nobel

O resumo


Documentamos uma associação estatística entre a severidade da perseguição, deslocamento e assassinato em massa de judeus pelos nazistas durante a Segunda Guerra Mundial e os resultados econômicos e políticos de longo prazo na Rússia. As cidades que sofreram mais intensamente com o Holocausto cresceram menos, e tanto as cidades quanto os distritos administrativos (oblasts) onde o impacto do Holocausto foi maior apresentam piores resultados econômicos e políticos desde o colapso da União Soviética.

Dos três autores, dois receberam recentemente o prêmio Nobel. A distinção origina de um artigo de 2001, denominado The Colonial Origins of Comparative Development. O artigo que deu a premiação sofre críticas de fraqueza metodológica, viés de seleção e outros problemas. Dois anos antes do Nobel para essa pesquisa, muitas críticas para premiação de Bernanke.

O artigo acima foi questionado pelo fato de ser assertivo com um R2 muito baixo.