
Armas e EUA
Sobre débitos e créditos da vida real
Os problemas não se restringiram às informações desencontradas sobre o valor das carteiras cedidas e compradas. O PanAmericano também apresentava informações conflitantes em seus balanços em relação a essas carteiras. Enquanto em um determinado mês algumas delas eram apresentadas como cedidas, em outras voltavam a fazer parte da carteira de créditos do banco – sem, no entanto, haver registro de qualquer recompra dos créditos. Segundo o relatório do BC, os ativos inexistentes no balanço do banco por causa dessas operações somavam R$ 1,4 bilhão.
Outra fonte dos problemas contábeis do PanAmericano foi a forma de contabilização de contratos de empréstimo. Em alguns casos em que os tomadores de créditos estavam inadimplentes, esses valores devidos deveriam ter sido baixados da carteira de crédito e colocados na conta “bens não de uso próprio”, que incorpora as garantias dadas nos empréstimos e assumidas pelo banco. Da mesma forma, há situações em que os contratos foram quitados antes de seu vencimento pelos clientes, mas que as parcelas futuras continuavam a fazer parte das carteiras de crédito, que eram cedidas. E, em uma terceira situação, saldos devedores refinanciados foram mantidos como cedidos. Somente esses três tipos de problemas nos contratos envolvem a quantia de R$ 673,7 milhões.
a instituição divulgou seu formulário de referência de maneira equivocada, contendo números trocados. O formulário é um documento enviado anualmente para a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e informa aos investidores pontos importantes sobre a política de atuação das empresas, a remuneração de seus diretores e alguns de seus principais dados financeiros.
Nesta quarta-feira, o documento foi enviado pelo banco à CVM e informava os resultados financeiros de 2010 sem que o balanço tivesse sido divulgado. Segundo as normas de governança da autarquia, o balanço de uma companhia aberta deve ser divulgado a todo o mercado em uma data pré-estabelecida, sem que informações financeiras escapem antes de sua divulgação oficial. O balanço do Panamericano está previsto para a próxima semana e tem deixado investidores apreensivos – já que desde o segundo trimestre do ano passado a instituição não publica resultados.
Os números divulgados, tais como o patrimônio líquido de 1,3 bilhão de reais e 11 bilhões de reais em ativos totais da empresa, entraram no formulário de referência como se correspondessem aos resultados que o mercado tanto aguarda, mas não passavam de mais um erro.
Questionado por VEJA, a área de Relações com Investidores (RI) do banco inicialmente confirmou a divulgação dos números de 2010. Minutos depois, negou que os dados estivessem relacionados aos resultados do ano passado. Segundo o departamento, o sistema de dados da CVM 'entendeu' os números de forma errada e acabou contabilizando os resultados financeiros de 2009 como se fossem de 2010. "Neste momento estamos atualizando o sistema e voltando para outra versão do backup, com os números corretos de 2009", afirma o analista de RI do Panamericano, Anderson Machado Vianna. (...)
Assim, o formulário de referência traz a remuneração dos diretores e conselheiros do banco em 2010 (tanto da diretoria destituída quanto dos novos executivos), além da previsão de remuneração para 2011. De acordo com o formulário, os diretores continuarão sem receber bônus ou remuneração em ações. Já o pró-labore pode variar entre 960 mil reais e 480 mil reais anuais. O total previsto para pagar os diretores em 2011 é de 4,4 milhões de reais. Já para o conselho de administração, presidido pela presidente da Caixa, Maria Fernanda Ramos, a remuneração total anual deve chegar a 1,24 milhão de reais – ou salários anuais entre 81 mil reais e 174 mil reais.






A The Economist é considerada a revista semanal mais influente do mundo. Seu surgimento ocorreu em 1843! No número 3, de setembro de 1843, o principal assunto era o Brasil. O assunto tratado foi:
café
escravidão
situação política do Império
Resposta do Anterior: Na distribuição de drogas, enviando o produto através da fronteira do México com os Estados Unidos. Fonte: aqui
O governo brasileiro divulga regularmente a taxa de inflação da economia. Entretanto, desde o tempo do regime militar, existe uma desconfiança generalizada de que a medida da inflação não reflete a variação de preço real da economia. Por que isto ocorre? Mas antes disto, será que isto é verdade?
Já foi provado que o governo militar brasileiro, na década de 1970, realmente manipulou o cálculo da inflação. Mas depois disto, não se tem notícia que isto tenha ocorrido novamente. Então, a princípio isto parece não acontecer.
Na realidade, alguns trabalhos já realizados mostraram que em geral a variação dos preços tende a estar superestimada no cálculo da inflação. É isto menos, o valor da taxa de inflação geralmente é maior que a inflação real. Existem duas explicações para que isto ocorra e para entender é necessário fazer um breve retrospecto sobre como é calculada uma taxa de inflação.
Para começar é feita uma pesquisa para determinar qual a cesta de consumo de uma família típica. Assim, determina-se que alimentação representa, por exemplo, 15% do orçamento doméstico. Esta pesquisa é realizada de tempos em tempos, em intervalos razoavelmente grandes, em razão da sua complexidade e do seu custo. Com o passar do tempo é óbvio que o hábito de consumo muda; assim, há alguns anos nenhuma família tinha no seu orçamento "gasto com telefonia celular", hoje um item quase que obrigatório. Assim, se a pesquisa sobre a cesta de consumo foi realizada num passado distante, a variação de preços do telefone celular pode não entrar no cálculo da inflação. Mas existe outro problema na forma como se calcula a inflação. Se o preço de um produto aumentou de forma expressiva num período, em geral as pessoas tentam substituir o seu consumo. Por exemplo, se o preço do chuchu aumentou as pessoas não irão comprar chuchu, mas talvez comprem mais cenouras. Mas como o índice apresenta uma ponderação constante no tempo, o aumento no preço do chuchu termina sendo incorporado à inflação como se as pessoas continuassem comprando o produto na mesma proporção. Esta é a primeira explicação sobre a superestimação da inflação.
Existe uma segunda explicação: o progresso tecnológico. Um produto recém-lançado tende custar mais na fase inicial; mas neste momento a procura é reduzida, pesando pouco no orçamento doméstico pesquisado. Entretanto, com o passar do tempo, o preço tende a cair. Assim, uma televisão LCD talvez não esteja no índice de preços calculado pelos institutos de pesquisa. A queda no seu preço não irá aparecer no índice de inflação.
Então já sabemos que o índice em geral pode estar superestimado. Mas qual a razão para que tenhamos a impressão de que o valor da inflação é menor que a inflação real? Provavelmente nós lembramos mais dos aumentos de preços do que das reduções. Além disto, temos a tendência de considerar como a inflação o aumento de um preço específico. Assim, se o preço da gasolina aumentou 10%, temos a tendência de imaginar que a inflação aumentou 10%.
A revista The Economist apresentou um cálculo interessante. Usando o índice Big Mac, que mede se a taxa de câmbio está valorizada ou não, comparou-se com a taxa de inflação oficial para um período longo de tempo. O resultado encontra-se no gráfico abaixo. 
A Argentina aparecendo como a maior diferença entre a taxa de inflação oficial e a variação do preço do Big Mac não é uma surpresa. Afinal, sabemos que nossos hermanos estão calculando a inflação de maneira inadequada. A inflação anual do hambúrguer ficou em 19%, enquanto a inflação oficial foi de 10% no período de 2000 a 2010. Mas observe que o Brasil está logo após. A diferença anual estaria em 10%. Uma parte da variação talvez seja explicada pelo fato de que no início do século o câmbio está muito desvalorizado e agora está valorizado. Mas só isto ajudaria a explicar isto? Será que não existe uma manipulação dos preços?