Em homenagem a defesa da tese de nossa querida amiga e blogueira: Cláudia Cruz. Parabéns, doutora!!!
"Doutor é quem faz Doutorado
No momento em que nós do Ministério Público da União nos preparamos para atuar contra diversas instituições de ensino superior por conta do número mínimo de mestres e doutores, eis que surge (das cinzas) a velha arenga de que o formado em Direito é Doutor.
A história, que, como boa mentira, muda a todo instante seus elementos, volta à moda. Agora não como resultado de ato de Dona Maria, a Pia, mas como consequência do decreto de D. Pedro I.
[...]
Pois bem!
Naquela época, a história que se contava era a seguinte: Dona Maria, a Pia, havia "baixado um alvará" pelo qual os advogados portugueses teriam de ser tratados como doutores nas Cortes Brasileiras. Então, por uma "lógica" das mais obtusas, todos os bacharéis do Brasil, magicamente, passaram a ser Doutores. Não é necessária muita inteligência para perceber os erros desse raciocínio. Mas como muita gente pode pensar como um ex-aluno meu, melhor desenvolver o pensamento (dizia meu jovem aluno: "o senhor é Advogado; pra que fazer Doutorado de novo, professor?").
1) Desde já saibamos que Dona Maria, de Pia nada tinha. Era Louca mesmo! E assim era chamada pelo Povo: Dona Maria, a Louca!
2) Em seguida, tenhamos claro que o tão falado alvará jamais existiu. Em 2000, o Senado Federal presenteou-me com mídias digitais contendo a coleção completa dos atos normativos desde a Colônia (mais de quinhentos anos de história normativa). Não se encontra nada sobre advogados, bacharéis, dona Maria, etc. Para quem quiser, a consulta hoje pode ser feita pela Internet.
3) Mas digamos que o tal alvará existisse e que dona Maria não fosse tão louca assim e que o povo fosse simplesmente maledicente. Prestem atenção no que era divulgado: os advogados portugueses deveriam ser tratados como doutores perante as Cortes Brasileiras. Advogados e não quaisquer bacharéis. Portugueses e não quaisquer nacionais. Nas Cortes Brasileiras e só! Se você, portanto, fosse um advogado português em Portugal não seria tratado assim. Se fosse um bacharel (advogado não inscrito no setor competente), ou fosse um juiz ou membro do Ministério Público você não poderia ser tratado assim. E não seria mesmo. Pois os membros da Magistratura e do Ministério Público tinham e têm o tratamento de Excelência (o que muita gente não consegue aprender de jeito nenhum). Os delegados e advogados públicos e privados têm o tratamento de Senhoria. E bacharel, por seu turno, é bacharel; e ponto final!
4) Continuemos. Leiam a Constituição de 1824 e verão que não há "alvará" como ato normativo. E ainda que houvesse, não teria sentido que alguém, com suas capacidades mentais reduzidas (a Pia Senhora), pudesse editar ato jurídico válido. Para piorar: ainda que existisse, com os limites postos ou não, com o advento da República cairiam todos os modos de tratamento em desacordo com o princípio republicano da vedação do privilégio de casta. Na República vale o mérito. E assim ocorreu com muitos tratamentos de natureza nobiliárquica sem qualquer valor a não ser o valor pessoal (como o brasão de nobreza de minha família italiana que guardo por mero capricho porque nada vale além de um cafezinho e isto se somarmos mais dois reais).
A coisa foi tão longe à época que fiz questão de provocar meus adversários insistentemente até que a Ordem dos Advogados do Brasil se pronunciou diversas vezes sobre o tema e encerrou o assunto.
Agora retorna a historieta com ares de renovação, mas com as velhas mentiras de sempre.
Agora o ato é um "decreto". E o "culpado" é Dom Pedro I (IV em Portugal).
Mas o enredo é idêntico. E as palavras se aplicam a ele com perfeição.
Vamos enterrar tudo isso com um só golpe?!
A Lei de 11 de agosto de 1827, responsável pela criação dos cursos jurídicos no Brasil, em seu nono artigo diz com todas as letras: "Os que frequentarem os cinco anos de qualquer dos Cursos, com aprovação, conseguirão o grau de Bachareis formados. Haverá tambem o grau de Doutor, que será conferido àqueles que se habilitarem com os requisitos que se especificarem nos Estatutos que devem formar-se, e só os que o obtiverem poderão ser escolhidos para Lentes".
Traduzindo o óbvio. A) Conclusão do curso de cinco anos: Bacharel. B) Cumprimento dos requisitos especificados nos Estatutos: Doutor. C) Obtenção do título de Doutor: candidatura a Lente (hoje Livre-Docente, pré-requisito para ser Professor Titular). Entendamos de vez: os Estatutos são das respectivas Faculdades de Direito existentes naqueles tempos (São Paulo, Olinda e Recife). A Ordem dos Advogados do Brasil só veio a existir com seus Estatutos (que não são acadêmicos) nos anos trinta.
Senhores.
Doutor é apenas quem faz Doutorado. E isso vale também para médicos, dentistas, etc, etc.
A tradição faz com que nos chamemos de Doutores. Mas isso não torna Doutor nenhum médico, dentista, veterinário e, mui especialmente, advogados.
Falo com sossego.
Afinal, após o meu mestrado, fui aprovado mais de quatro vezes em concursos no Brasil e na Europa e defendi minha tese de Doutorado em Direito Internacional e Integração Econômica na Universidade do Estado do Rio de Janeiro.
Aliás, disse eu: tese de Doutorado! Esse nome não se aplica aos trabalhos de graduação, de especialização e de mestrado. E nenhuma peça judicial pode ser chamada de tese, com decência e honestidade.
[...]
Em nossa Procuradoria, Doutor é só quem tem título acadêmico. Lá está estampado na parede para todos verem.
E não teve ninguém que reclamasse; porque, aliás, como disse linhas acima, foi a própria Ordem dos Advogados do Brasil quem assim determinou, conforme as decisões seguintes do Tribunal de Ética e Disciplina: Processos: E-3.652/2008; E-3.221/2005; E-2.573/02; E-2067/99; E-1.815/98.
Em resumo, dizem as decisões acima: não pode e não deve exigir o tratamento de Doutor ou apresentar-se como tal aquele que não possua titulação acadêmica para tanto.
Como eu costumo matar a cobra e matar bem matada, segue endereço oficial na Internet para consulta sobre a Lei Imperial:
www.planalto.gov.br/ccivil_03/revista/Rev_63/Lei_1827.htm
Os profissionais, sejam quais forem, têm de ser respeitados pelo que fazem de bom e não arrogar para si tratamento ao qual não façam jus. Isso vale para todos. [...]
PROF. DR. MARCO ANTÔNIO RIBEIRO TURA , 41 anos, jurista. Membro vitalício do Ministério Público da União. Doutor em Direito Internacional e Integração Econômica pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Mestre em Direito Público e Ciência Política pela Universidade Federal de Santa Catarina. Professor Visitante da Universidade de São Paulo. Ex-presidente da Associação Americana de Juristas, ex-titular do Instituto dos Advogados Brasileiros e ex-titular da Comissão de Reforma do Poder Judiciário da Ordem dos Advogados do Brasil."
Fonte: Aqui
17 abril 2015
O outro lado da moeda
Temos comentado intensamente neste blog a questão da corrupção na Petrobras. Mas pouco sobre as empresas acusadas de corrupção. A recente divulgação das demonstrações da Camargo Correa podem agora levantar uma discussão interessante: o efeito da operação lava-jato sobre as demonstrações contábeis das empreiteiras.
No caso da Camargo Correa a questão encontra-se numa nota explicativa – a penúltima – sobre avaliação dos riscos. Eis o texto:
Em outras palavras, a empresa registrou somente uma provisão de 62 milhões. Mas não disse como chegou a este valor. A empresa de auditoria, Deloitte, em 24 de março, deu um parecer com ressalva no seguinte teor:
Particularmente não gostei da justificativa para a ressalva: “data recente dos processos, falta de jurisprudência e o fato da investigação estar em andamento”. Se fosse outro processo qualquer, que não tivesse a atenção da imprensa, órgãos de controle, polícia e políticos, isto não seria motivo para a ressalva. A Camargo Correa possui muitos processos onde isto ocorre. Talvez a empresa de auditoria tenha percebido que a Camargo Correa foi agressiva ao estimar em somente 62 milhões de reais o reconhecimento do efeito da operação Lava Jato.
No caso da Camargo Correa a questão encontra-se numa nota explicativa – a penúltima – sobre avaliação dos riscos. Eis o texto:
Em outras palavras, a empresa registrou somente uma provisão de 62 milhões. Mas não disse como chegou a este valor. A empresa de auditoria, Deloitte, em 24 de março, deu um parecer com ressalva no seguinte teor:
Particularmente não gostei da justificativa para a ressalva: “data recente dos processos, falta de jurisprudência e o fato da investigação estar em andamento”. Se fosse outro processo qualquer, que não tivesse a atenção da imprensa, órgãos de controle, polícia e políticos, isto não seria motivo para a ressalva. A Camargo Correa possui muitos processos onde isto ocorre. Talvez a empresa de auditoria tenha percebido que a Camargo Correa foi agressiva ao estimar em somente 62 milhões de reais o reconhecimento do efeito da operação Lava Jato.
16 abril 2015
Links
Projeto Cadeira na Rua (Biscoitos Zezé)
Petrobrás quer aprovação unânime do balanço (que ocorrerá no dia 22 de abril)
Biblioteca de Stuttgart (fotografias)
Grande mestre de xadrez da Geórgia usava iPhone escondido no banheiro (foto ao lado)
Sítio sobre tribunal de contas estaduais
Pedalada fiscal é condenada no TCU
Petrobrás quer aprovação unânime do balanço (que ocorrerá no dia 22 de abril)
Biblioteca de Stuttgart (fotografias)
Grande mestre de xadrez da Geórgia usava iPhone escondido no banheiro (foto ao lado)
Sítio sobre tribunal de contas estaduais
Pedalada fiscal é condenada no TCU
15 abril 2015
Curso de Contabilidade Básica Aplicações Financeiras
Uma empresa irá destinar seus recursos para as atividades fins. Uma indústria deve alocar seus recursos para máquinas e equipamentos; um comércio, nas instalações e lojas; uma empresa de serviço, em computadores. Mas quando uma empresa deixa de investir no seu objetivo isto merece uma investigação.
Veja o caso da Richard Saigh, uma empresa de moagem de trigo e comercialização de seus derivados. O balanço da empresa encontra-se a seguir:
Observe que a empresa tinha 25 milhões de reais no final de 2014 em aplicações financeiras. Isto significava 31% do ativo da empresa, o segundo maior ativo da empresa. Qual a razão disto? A nota quatro diz que as aplicações estão concentradas em fundo de renda fixa de curto prazo. Mas a empresa não é um banco e sim uma indústria. Na nota 17 informa que a empresa obteve um rendimento com aplicação financeira de R$3,093 milhões em 2014.
Usando estas informações, vamos calcular o retorno da aplicação. Para isto é necessário dividir o rendimento da aplicação pelo valor aplicado. Aqui um aspecto importante: o correto é considerar a aplicação financeira realizada no início do período. No caso da empresa:
Retorno da Aplicação = Retorno / Aplicação = 3,093 / 20,709 = 0,1494
Ou 14,94% de retorno. Bom ou ruim? Para responder a isto é necessário comparar com o retorno dado por um fundo de renda fixa. Hoje um fundo como este produz uma rentabilidade em torno de 10%.
Veja o caso da Richard Saigh, uma empresa de moagem de trigo e comercialização de seus derivados. O balanço da empresa encontra-se a seguir:
Observe que a empresa tinha 25 milhões de reais no final de 2014 em aplicações financeiras. Isto significava 31% do ativo da empresa, o segundo maior ativo da empresa. Qual a razão disto? A nota quatro diz que as aplicações estão concentradas em fundo de renda fixa de curto prazo. Mas a empresa não é um banco e sim uma indústria. Na nota 17 informa que a empresa obteve um rendimento com aplicação financeira de R$3,093 milhões em 2014.
Usando estas informações, vamos calcular o retorno da aplicação. Para isto é necessário dividir o rendimento da aplicação pelo valor aplicado. Aqui um aspecto importante: o correto é considerar a aplicação financeira realizada no início do período. No caso da empresa:
Retorno da Aplicação = Retorno / Aplicação = 3,093 / 20,709 = 0,1494
Ou 14,94% de retorno. Bom ou ruim? Para responder a isto é necessário comparar com o retorno dado por um fundo de renda fixa. Hoje um fundo como este produz uma rentabilidade em torno de 10%.
Curso de Contabilidade Básica - Editora Atlas - César Augusto Tibúrcio Silva e Fernanda Fernandes
Rodrigues (prelo)
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14 abril 2015
Custo da Corrupção
O Estado de São Paulo informa que a Petrobras deverá isolar o custo da corrupção. Tudo leva a crer que a empresa deverá mensurar o custo da corrupção utilizando o percentual de 3% cobrado nos contratos nas diretorias envolvidas os problemas. Isto tenderá a subestimar o “custo da corrupção” e se realmente acontecer será uma oportunidade que a contabilidade da empresa perdeu em fazer uma mensuração adequada da propina.
Se alguém recebeu R$3 para um contrato de R$100 o custo da corrupção não é o valor recebido indevido pelo corrompido. Seria necessário analisar cada decisão para verificar como a empresa atuaria sem o dinheiro indevido. Imagine que a empresa não assinasse este contrato, pois não tem interesse (a exemplo a refinaria Pasadena). Neste caso, o custo da corrupção não pode ser considerado R$3, mas R$100.
Suponha outro caso: existem dois potenciais fornecedores, um deles oferecendo o produto ou serviço por R$95 e outro por R$100. O segundo fornecedor paga um “por fora” de R$3. Neste caso o custo da corrupção é de R$5 e não somente R$3. Mas se o primeiro fornecedor tiver um preço de R$105, aí o custo seria realmente R$3.
Caso a empresa ainda tenha uma despesa de investigação, constituída de pessoas contratadas para investigar os problemas ocorridos no passado, o valor pago também deverá ser incluído no custo da corrupção, pois a despesa está vinculada a propina.
Em suma, considerar que o custo da corrupção é somente o percentual cobrado pelo funcionário é subestimar, já que não considera a compra desnecessária, o valor pago a maior ou os custos para resolver o problema criado.
Se alguém recebeu R$3 para um contrato de R$100 o custo da corrupção não é o valor recebido indevido pelo corrompido. Seria necessário analisar cada decisão para verificar como a empresa atuaria sem o dinheiro indevido. Imagine que a empresa não assinasse este contrato, pois não tem interesse (a exemplo a refinaria Pasadena). Neste caso, o custo da corrupção não pode ser considerado R$3, mas R$100.
Suponha outro caso: existem dois potenciais fornecedores, um deles oferecendo o produto ou serviço por R$95 e outro por R$100. O segundo fornecedor paga um “por fora” de R$3. Neste caso o custo da corrupção é de R$5 e não somente R$3. Mas se o primeiro fornecedor tiver um preço de R$105, aí o custo seria realmente R$3.
Caso a empresa ainda tenha uma despesa de investigação, constituída de pessoas contratadas para investigar os problemas ocorridos no passado, o valor pago também deverá ser incluído no custo da corrupção, pois a despesa está vinculada a propina.
Em suma, considerar que o custo da corrupção é somente o percentual cobrado pelo funcionário é subestimar, já que não considera a compra desnecessária, o valor pago a maior ou os custos para resolver o problema criado.
Melhor para trabalhar
A relação a seguir compara o trabalhos nas Big Four. É um levantamento para o Reino Unido e deve ser tomado com muita cautela:
Melhor pelo tamanho: Deloitte
Melhor pelo crescimento global: EY
Melhor para auditoria: PWC
Melhor para consultoria e assessoria: Deloitte
Melhor para as mulheres: EY
Melhor para a contratação de graduados: Todas
Melhor para o prestígio: PwC
Melhor pelo horário de trabalho: Nenhuma
Melhor para a felicidade dos funcionários: EY
Melhor pelo pagamento: EY
Melhor pelo tamanho: Deloitte
Melhor pelo crescimento global: EY
Melhor para auditoria: PWC
Melhor para consultoria e assessoria: Deloitte
Melhor para as mulheres: EY
Melhor para a contratação de graduados: Todas
Melhor para o prestígio: PwC
Melhor pelo horário de trabalho: Nenhuma
Melhor para a felicidade dos funcionários: EY
Melhor pelo pagamento: EY
13 abril 2015
Curso de Contabilidade Básica Encerrando as Demonstrações Contábeis
Geralmente as demonstrações contábeis começam com o relatório da diretoria. Os gestores fazem uma saudação e, nas grandes empresas, uma grande descrição da empresa, dos negócios, do ambiente e outras informações relevantes. As demonstrações encerram com a data e assinatura das pessoas responsáveis pelas informações ou com o parecer dos auditores. Sobre as pessoas responsáveis, deve constar o nome e o cargo. E isto inclui o nome do contador/técnico, com seu número do CRC.
Vejamos o encerramento de uma concessionária de automóveis, a Frivel Friburgo Veículos, concessionária da Volkswagen e seu encerramento, que reproduzimos aqui:
Observe que o encerramento da empresa possui uma informação sobre a destinação do lucro, o local e a data e as pessoas responsáveis. Duas observações sobre a imagem acima. Primeiro, observe que o texto está truncado: “0 (um milhão e cem reais)” está sobrando no texto. É naturalmente que na pressa da preparação das demonstrações este tipo de erro pode ocorrer – e ocorre. (Só comete erro quem trabalha) O segundo ponto é da data; consta a data de 31 de dezembro e as informações referem-se ao exercício encerrado nesta data. O normal seria uma data após o encerramento, quando a empresa realmente fechou seu balanço e o diretor “assinou”.
Vejamos o encerramento de uma concessionária de automóveis, a Frivel Friburgo Veículos, concessionária da Volkswagen e seu encerramento, que reproduzimos aqui:
Observe que o encerramento da empresa possui uma informação sobre a destinação do lucro, o local e a data e as pessoas responsáveis. Duas observações sobre a imagem acima. Primeiro, observe que o texto está truncado: “0 (um milhão e cem reais)” está sobrando no texto. É naturalmente que na pressa da preparação das demonstrações este tipo de erro pode ocorrer – e ocorre. (Só comete erro quem trabalha) O segundo ponto é da data; consta a data de 31 de dezembro e as informações referem-se ao exercício encerrado nesta data. O normal seria uma data após o encerramento, quando a empresa realmente fechou seu balanço e o diretor “assinou”.
Curso de Contabilidade Básica - Editora Atlas - César Augusto Tibúrcio Silva e Fernanda Fernandes
Rodrigues (prelo)
12 abril 2015
História da Contabilidade Fábrica da Pólvora da Estrella
Não consegui muita informação sobre a Fábrica da Pólvora da Estrella. O Decreto 2555 de 1860 aprovou o regulamento da administração deste estabelecimento vinculado ao exercito. Nesta lei, no seu artigo 38, prevê a competência do escriturário para “fazer toda a escripturação que lhe for ordenada pelo director” (1). Típico do exercício. Sabe-se também que existia uma administração geral, que incluía um capelão e 59 escravos trabalhando, sendo 52 homens (2).
Mas o nosso interesse é recuar um pouco no tempo, mais precisamente vinte anos. Em 1840 esta fábrica apresentou seu desempenho financeiro, que correspondia basicamente a conta de receita e despesa e um quadro de dívida ativa e passiva (3). É bom lembrar que o primeiro documento corresponde a demonstração do resultado. Do lado esquerdo, a receita; à direita, a despesa. A receita começava com o saldo existente no “cofre” no dia 1º de julho de 1839, quando iniciava o ano financeiro (4). O valor era bem pequeno. Metade do total da coluna de receita refere-se a pólvora vendida para o Arsenal de Guerra, entre Junho e Abril. Quando somava-se outras vendas tinha 65% da receita. Outras pequenas receitas totalizavam 6%. Como as despesas eram maiores, para “bater” as contas de receitas e despesas, a Estrella fez um empréstimo no Arsenal de Guerra de 6 contos réis (5). Este valor era considerado como receita.
Do lado da despesa, a maioria era a despesa com pessoal, com destaque para “férias” dos mestres, operários, feitores, enfermeiros, apontador e pessoal dos armazéns. (6) O total do lado direito - da despesa – foi quase 21 contos de réis (mais precisamente 20.843 réis). Para “bater” as duas contas, somava-se o saldo final do cofre.
É possível perceber, portanto, que a conta de receita e despesa da Estrella era tipicamente uma conta de recebimento e pagamento.
O quadro de dívida ativa e passiva apresentava do lado esquerdo a pólvora fornecida a Marinha, Repartição da Guerra, Cassa de Correcção, além da pólvora vendida. Isto incluía “tiros pagos por as embarcações que desobederão ao Regulamento do Porto”, totalizando 250 mil réis. A dívida passiva referia-se a gratificações, “ferias”, aluguel, gêneros, entre outros itens. O total desta dívida passiva foi de 58 contos de réis, indicando um excesso de dívida ativa sobre a passiva de 192 mil réis. Uma grande diferença, sem dúvida nenhuma. Um “note bem” afirmava que do excesso “poderia contar-se seguramente com cento e vinte contos de réis de vantagem do Estabelecimento”.
(1) Decreto 2555 de 1860
(2) Ministério da Fazenda. Proposta e Relatório. Rio de Janeiro: Typographia Nacional, 1869. Este é um documento bem interessante, pois se trata da proposta de lei orçamentária.
(3) Publicado no Correio Oficial, Ed. 57, p. 4, 1840.
(4) Observe que isto é diferente do nosso costume de coincidir o ano financeiro com o ano civil.
(5) Moeda da época
(6) Acredito que o termo “férias” significava, aqui, remuneração.
Mas o nosso interesse é recuar um pouco no tempo, mais precisamente vinte anos. Em 1840 esta fábrica apresentou seu desempenho financeiro, que correspondia basicamente a conta de receita e despesa e um quadro de dívida ativa e passiva (3). É bom lembrar que o primeiro documento corresponde a demonstração do resultado. Do lado esquerdo, a receita; à direita, a despesa. A receita começava com o saldo existente no “cofre” no dia 1º de julho de 1839, quando iniciava o ano financeiro (4). O valor era bem pequeno. Metade do total da coluna de receita refere-se a pólvora vendida para o Arsenal de Guerra, entre Junho e Abril. Quando somava-se outras vendas tinha 65% da receita. Outras pequenas receitas totalizavam 6%. Como as despesas eram maiores, para “bater” as contas de receitas e despesas, a Estrella fez um empréstimo no Arsenal de Guerra de 6 contos réis (5). Este valor era considerado como receita.
Do lado da despesa, a maioria era a despesa com pessoal, com destaque para “férias” dos mestres, operários, feitores, enfermeiros, apontador e pessoal dos armazéns. (6) O total do lado direito - da despesa – foi quase 21 contos de réis (mais precisamente 20.843 réis). Para “bater” as duas contas, somava-se o saldo final do cofre.
É possível perceber, portanto, que a conta de receita e despesa da Estrella era tipicamente uma conta de recebimento e pagamento.
O quadro de dívida ativa e passiva apresentava do lado esquerdo a pólvora fornecida a Marinha, Repartição da Guerra, Cassa de Correcção, além da pólvora vendida. Isto incluía “tiros pagos por as embarcações que desobederão ao Regulamento do Porto”, totalizando 250 mil réis. A dívida passiva referia-se a gratificações, “ferias”, aluguel, gêneros, entre outros itens. O total desta dívida passiva foi de 58 contos de réis, indicando um excesso de dívida ativa sobre a passiva de 192 mil réis. Uma grande diferença, sem dúvida nenhuma. Um “note bem” afirmava que do excesso “poderia contar-se seguramente com cento e vinte contos de réis de vantagem do Estabelecimento”.
(1) Decreto 2555 de 1860
(2) Ministério da Fazenda. Proposta e Relatório. Rio de Janeiro: Typographia Nacional, 1869. Este é um documento bem interessante, pois se trata da proposta de lei orçamentária.
(3) Publicado no Correio Oficial, Ed. 57, p. 4, 1840.
(4) Observe que isto é diferente do nosso costume de coincidir o ano financeiro com o ano civil.
(5) Moeda da época
(6) Acredito que o termo “férias” significava, aqui, remuneração.
11 abril 2015
Fato da Semana (semana 15 de 2015)
Fato da Semana: A condenação das pessoas envolvidas no escândalo da Santyam. A empresa Satyam atua na área de serviços, incluindo desenvolvimento de software. Diversas grandes empresas eram (são) clientes da empresa: GE, Caterpillar, NCR, entre outras. Há alguns anos, em 2009, o então presidente da empresa, Ramalinga Raju, afirmou que existiam problemas na sua contabilidade. Esta confissão chocou já que Raju era considerado um guru pelos indianos. Na época o auditor era a PwC, através do seu braço indiano. A SEC multou a auditoria. O empresário foi preso e liberado no final de 2011.
Qual a relevância disto? Escândalo na Índia como fato da semana? A adoração e decepção Raju parece muito com o que ocorreu no Brasil com outro empresário. A empresa de auditoria é a mesma que não viu os problemas na Petrobras. Talvez possamos aprender com a Índia, que levou executivos para prisão.
Positivo ou Negativo – Positivo, se pensarmos que isto é mais um caso onde é possível pensar que o mundo é justo (não é, mas é sempre bom ter esperança). Mas será que a prisão do auditor é a solução?
Desdobramentos – O escândalo da Satyam foi muito importante, pelo tamanho da empresa, pelo fato de incluir um empresário de “sucesso”, auditoria, BRICs etc. Um bom estudo de caso.
Qual a relevância disto? Escândalo na Índia como fato da semana? A adoração e decepção Raju parece muito com o que ocorreu no Brasil com outro empresário. A empresa de auditoria é a mesma que não viu os problemas na Petrobras. Talvez possamos aprender com a Índia, que levou executivos para prisão.
Positivo ou Negativo – Positivo, se pensarmos que isto é mais um caso onde é possível pensar que o mundo é justo (não é, mas é sempre bom ter esperança). Mas será que a prisão do auditor é a solução?
Desdobramentos – O escândalo da Satyam foi muito importante, pelo tamanho da empresa, pelo fato de incluir um empresário de “sucesso”, auditoria, BRICs etc. Um bom estudo de caso.
10 abril 2015
10 motivos para você aprender TEX/LATEX
Why TeX?
Compared to word processors most people have used a word processor, so a comparison may be helpful.
With a word processors your text is placed while you type it, referred to as "what you see is what you get." In contrast, TeX is a formatter: it separates the steps of entering the material and placing it on the page.
[...]
Beginners like word processing but when they graduate to complex jobs the appeal fades. Word processing a twenty page technical article is hard; for instance, keeping the vertical space between sections uniform is error-prone, and so is making sure that all of the bibliographic entries follow the required format. In particular, very few people have both the knowledge and the eye to correctly lay out equations — people often say their equations "just don't look right." That is, as a user becomes more experienced and knowledgable the TeX approach of having the typesetting done by the program becomes the better choice. (Some word processors offer as advanced features TeX-like facilities for organizing input text, although few users take advantage of them.)
We'll give you ten good reasons ..
These are the reasons most often cited for using TeX, grouped into four areas: Output Quality, Superior Engineering, Freedom, and Popularity.
1. TeX has the best output.
What you'll end up with is of the highest quality that a non-professional can produce.
2. TeX knows about typesetting.
As those plain text samples show, TeX's has more sophisticated typographical algorithms such as those for making paragraphs and for hyphenating.
TeX's expertise comes into its own in setting technical material. TeX lets the software handle this task as much as is possible. For instance, it automatically classifies each mathematical symbol as a variable, or a relation, etc., and sets them with appropriate amounts of surrounding space. It also sizes superscripts and subscripts, radicals, brackets, and many other things. The result is that, because your document follows the conventions of professional typesetting, your readers will know exactly what you mean. You almost never have to fret about the formulas. They just come out looking right. 3. TeX is fast.
On today's machines TeX is very fast. It is easy on memory and disk space, too.
4. TeX is stable.
It is in wide use, with a long history. It has been tested by millions of users, on demanding input. It will never eat your document. Never.
But there is more here than just that the program is reliable. TeX's designer has frozen the central engine, the actual tex program. Documents that run today will still run in ten years, or fifty. So "stable" means more than that it actually works. It means that it will continue to work, forever.
5. TeX is stable, but not rigid.
A system locked into 1978's technology would have gaps today. That's why TeX is extendible, so that innovations can be added on.
An example is the LaTeX macro package, which is the most popular way to use TeX today. It extends TeX by adding convenience features such as automatic cross references, sectioning, indexing, a table of contents, automatic numbering of chapters, sections, theorems, etc., in a variety of styles, and a straightforward but powerful way to make tables.
[...]
And, LaTeX itself can be extended. There are thousands of "style files" that do everything from adapting the basics to the needs of the American Math Society, to making cross-references into hyper-references, all the way to allowing you to add epigraphs, the short quotations that sometimes decorate the start or end of a chapter.
6. The input is plain text.
TeX's source files are portable to any computing platform. They are compact; for instance, all of the files for my 450 page textbook and 125 page answer supplement fit easily on one floppy disk. And, they integrate with other tools such as search programs.
Use of this type of input file stems from TeX's roots in the world of science and engineering where there is a tradition of close cooperation among colleagues. A binary input format, especially a proprietary one, is bad for cooperation: you probably have had to go through the trouble of upgrading a word processor version because coworkers upgraded and you could no longer read their files. With TeX systems that rarely happens — the last time that a LaTeX release lost even a small amount of compatibility was in 1995.
Another advantage of plain text is that the text may be automatically generated, for instance if it is drawn out of a database for a report. Getting a word processor into that work flow is a challenge. But TeX fits right in.
There are even ways to run TeX directly from XML input, which many people think is the standard input format of the future. So, with the TeX engine in the middle the input may be adjusted to meet your needs, and changing times.
7. The output can be anything.
As with inputting, TeX's outputting step is separate from its typesetting. The TeX engine's results can be converted to a printer language such as PostScript or to PDF or HTML, or, probably, to whatever will appear in the future. And, the typesetting — line breaks, etc. — will be the same no matter where your output appears. (Did you know that word processing output depends on the printer's fonts, so that if you email your work to someone with a different printer then for them the line and page breaks are likely to come out differently?)
Many people find that TeX's input language fits with how they think about their material. For instance, a scientist might describe a formula to a colleague over a telephone using TeX constructs. Freedom
Most computer users have heard about Free and Open-Sourced software and know that, as with the GNU programs, Linux, Apache, Perl, etc., this style of development can yield software that is first class. TeX systems fall into this category.
8. TeX is free.
The source of the main tex engine is open; the Free Software Foundation uses it for their documents. All of the other main components are open, also.
9. TeX runs anywhere.
Whatever platform meets your needs — Windows, Macintosh, a variety of Unix, or almost anything else — you can get TeX, either freely distributed or in a commercial version.
So although the core of TeX was written some time ago it fits well with today's trends. Popularity
Using the same system as many other people has advantages. For instance, you can get answers to your questions. And, because of this large user base, your system is sure to be around for years.
10. TeX is the standard.
Most scientists, especially academic scientists, know TeX. Research preprints, drafts of textbooks, and conference proceedings, all are regularly produced with TeX. As a result, many publishers of technical material are set up to work with it.
Having to use a bad system simply because it is popular would be sad. But nonetheless, the existence of such a base is itself one argument in favor of a software package.
Fonte: aqui
Caso queira mais dicas, acesse aqui.
Satyam
A justiça da Índia condenou Raju, o ex-executivo da empresa de terceirização Satyam, numa fraude contábil que ficou conhecida como a "Enron da Índia". Além de Raju, seu irmão e oito outras pessoas foram consideradas culpadas pela fraude, que ocorreu há seis anos, em 2009.
O processo gerou milhares de páginas, informou o Business Insider. Em 2009 o próprio Raju confessou a fraude. Considerado um guru entre os empresários indianos, os problemas com a Satyam abalaram a Índia. Ele ficou preso até novembro de 2011.
Um detalhe importante é que o tribunal também condenou dois ex-funcionários da empresa Price, S. Gopalakrishnan e Srinivas Talluri, com uma sentença de sete anos de prisão. O escritório da PwC em Bengaluru negou participação dos ex-funcionários. Aqui uma cronologia do escândalo.
O processo gerou milhares de páginas, informou o Business Insider. Em 2009 o próprio Raju confessou a fraude. Considerado um guru entre os empresários indianos, os problemas com a Satyam abalaram a Índia. Ele ficou preso até novembro de 2011.
Um detalhe importante é que o tribunal também condenou dois ex-funcionários da empresa Price, S. Gopalakrishnan e Srinivas Talluri, com uma sentença de sete anos de prisão. O escritório da PwC em Bengaluru negou participação dos ex-funcionários. Aqui uma cronologia do escândalo.
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