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06 agosto 2019

Publicação em Jornais

A Medida provisória 892/2019 alterou a Lei 6404 com respeito a publicação das demonstrações contábeis. Eis as mudanças:

Anteriormente:
Art. 289. As publicações ordenadas pela presente Lei serão feitas no órgão oficial da União ou do Estado ou do Distrito Federal, conforme o lugar em que esteja situada a sede da companhia, e em outro jornal de grande circulação editado na localidade em que está situada a sede da companhia.

§ 1º A Comissão de Valores Mobiliários poderá determinar que as publicações ordenadas por esta Lei sejam feitas, também, em jornal de grande circulação nas localidades em que os valores mobiliários da companhia sejam negociados em bolsa ou em mercado de balcão, ou disseminadas por algum outro meio que assegure sua ampla divulgação e imediato acesso às informações.

§ 2º Se no lugar em que estiver situada a sede da companhia não for editado jornal, a publicação se fará em órgão de grande circulação local.

§ 3º A companhia deve fazer as publicações previstas nesta Lei sempre no mesmo jornal, e qualquer mudança deverá ser precedida de aviso aos acionistas no extrato da ata da assembléia-geral ordinária.

§ 4º O disposto no final do § 3º não se aplica à eventual publicação de atas ou balanços em outros jornais.

§ 5º Todas as publicações ordenadas nesta Lei deverão ser arquivadas no registro do comércio.


Proposta:
Art. 289. Art. 289. As publicações ordenadas por esta Lei serão feitas nos sítios eletrônicos da Comissão de Valores Mobiliários e da entidade administradora do mercado em que os valores mobiliários da companhia estiverem admitidas à negociação.

§ 1º As publicações ordenadas por esta Lei contarão com a certificação digital da autenticidade dos documentos mantidos em sítio eletrônico por meio de autoridade certificadora credenciada pela Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil.

§ 2º Sem prejuízo do disposto no caput, a companhia ou a sociedade anônima disponibilizará as publicações ordenadas por esta Lei em seu sítio eletrônico, observado o disposto no § 1º.

§ 3º A Comissão de Valores Mobiliários, ressalvada a competência prevista no § 4º, regulamentará a aplicação do disposto neste artigo e poderá:
I - disciplinar quais atos e publicações deverão ser arquivados no registro do comércio; e
II - dispensar o disposto no § 1º, inclusive para a hipótese prevista no art. 19 da Lei nº 13.043, de de 13 de novembro de 2014.

§ 4º Ato do Ministro de Estado da Economia disciplinará a forma de publicação e de divulgação dos atos relativos às companhias fechadas.

§ 5º As publicações de que tratam o caput e o § 4º não serão cobradas.


O que significa:
Acaba a obrigatoriedade de publicação em jornal. Ruim para alguns órgãos da imprensa, que tinha na publicação das demonstrações, uma fonte de receita. Também acaba, a priori, o depósito no registro do comércio. Isto será feito sem custo. Além disto, o Ministro da Economia que irá determinar sobre a publicação das companhias fechadas. Ou seja, não sabemos o que irá ocorrer.

Além disto, a Medida provisória revogou os artigos 6o e 7o.

§ 6º As publicações do balanço e da demonstração de lucros e perdas poderão ser feitas adotando-se como expressão monetária o milhar de reais.
§ 7º Sem prejuízo do disposto no caput deste artigo, as companhias abertas poderão, ainda, disponibilizar as referidas publicações pela rede mundial de computadores.


Assim como os artigos relacionados com a publicação em jornais de demonstrações resumidas.

Resultado da Petrobras

A Petrobras divulgou o resultado no final de semana passado. O destaque seria a redução da dívida da empresa, conforme aqui. Além disto, a empresa alardeia seu enxugamento, vendendo unidades. Será isto mesmo?

Os dados apresentados abaixo começam no final de 2010 e atravessam o escândalo de corrupção (na verdade, o efeito do escândalo, já que os problemas de corrupção eram anteriores). A partir das informações contábeis, temos alguns gráficos interessantes (atenção: os valores não estão corrigidos):


No final de setembro de 2015 a empresa estava lotada de caixa: quase 100 bilhões de reais. Desde então, o volume de caixa reduziu para um patamar acima dos 60 bilhões. Mas no final de março chegou a 36 bilhões. No final do primeiro semestre, aumentou para 64 bilhões, bem acima do início da década, mas ainda abaixo do ponto máximo. Isto corresponde, aproximadamente, a receita trimestral da empresa. Ou seja, a posição de maior liquidez da empresa não é tão ruim assim.

Se a empresa está reduzindo seus investimentos, o Ativo não Circulante deveria estar reduzindo. Mas o gráfico mostra que não é bem assim. Este grupo chegou a 755 bilhões (novamente em setembro de 2015), mas reduziu seu valor. Uma parte disto foi devido ao plano de venda de ativos; outra parte, resultado do reconhecimento da imparidade. No final do primeiro trimestre do ano, o não circulante chegou a 800 bilhões e caiu para 784 de agora.
O comportamento do não circulante está explicado no imobilizado. A empresa tem um imobilizado de quase 700 bilhões de reais. Se a empresa produzisse um resultado de 42 bilhões por ano com este ativo, o valor não seria nada impressionante: corresponde ao que seria obtido aplicando a taxa Selic. 

O gráfico acima mostra o peso deste ativo. No final do primeiro semestre, o ativo da empresa era de 965 bilhões. Em termos nominais é o maior valor alcançado pela empresa. Novamente é possível notar que a empresa volta a crescer, sendo que uma grande parte deste crescimento é financiada por dívida onerosa (linha vermelha do gráfico acima).
O problema é que o custo da dívida tem aumentado nos últimos tempos. Veja no gráfico acima que a divisão da despesa financeira por Empréstimos e Financiamentos é maior que 2% ao trimestre. (Aqui, comparamos a despesa do trimestre com o saldo inicial de Empréstimos e Financiamentos. Não retiramos os efeitos cambiais). Ou seja, a empresa está captando a juros maiores. Uma vez que a inflação reduziu nos últimos anos, o custo real tem aumentado. 
O gráfico acima mostra a percentagem do passivo sobre o ativo e a relação entre a dívida onerosa e o total do ativo. Ou seja, a prioridade da empresa em reduzir a alavancagem não é tão "prioridade" assim. Dois pontos positivos na empresa: desde a crise da corrupção a Petrobras tem gerado um caixa das atividades operacionais entre 20 a 25 bilhões de reais; e o ciclo de prejuízo parece ter finalizado.


O problema é que com mais ativo, a rentabilidade exigida pelo acionista tende a ser maior. Assim, apesar de estar gerando lucro, a empresa talvez ainda não esteja agregando valor para o acionista.

Contabilidade do PCC

O PCC (Primeiro Comando da Capital) criou um sistema de tributação de crimes e chegou a cobrar até R$ 250 por mês de seus integrantes para sustentar suas atividades. O esquema foi revelado pelo delegado Ricardo Hiroshi Ishida, da PF (Polícia Federal), responsável por investigações sobre crime organizado em Curitiba. Ishida acompanhou nesta manhã a operação Cravada, que visa desarticular a rede de financiamento da facção criminosa e prendeu 20 pessoas em sete estados. "É como se houvesse um sistema de tributação do crime", afirmou o delegado, descrevendo o financiamento do PCC. "Se pegarmos um salário mínimo de hoje [R$ 998], 25% desse valor iria para essas contribuições para a facção criminosa", explicou.

De acordo com o delegado da PF Martin Bottaro Purper, coordenador da operação Cravada, a estimativa é que o PCC obtinha até R$ 1 milhão por mês com essas contribuições. Esse valor era distribuído por cerca de 400 contas bancárias para evitar seu rastreamento e, de lá, saia para financiar compra de armas, drogas, pagamento de despesas de familiares de membros da quadrilha e para remunerar lideranças.

"Eles arrecadam valores em rifas ou mensalidades. Esse valor sai da base e chega para os líderes, que administram o dinheiro", disse Purper. "Tudo é feito para que os líderes tenham bastante dinheiro, a base sustente e vários crimes sejam cometidos com ajuda do financiamento". Segundo a PF, toda a contabilidade era era feita pelos próprios presos de dentro dos presídios. Na operação Cravada, a PF constatou que funcionava no presídio estadual de Piraquara, na região metropolitana de Curitiba, uma espécie de central de administração dos recursos.
(...)

O superintendente regional da PF no Paraná, o delegado Luciano Flores, disse que as mais de 400 contas bancárias usadas pelo PCC foram bloqueadas por ordem judicial. Ele espera que a operação e o bloqueio sirva para "asfixiar os meios de financiamento da facção". "Que o dinheiro deixe de circular e financiar crimes violentos", afirmou.

Fonte: Aqui

Mais sobre a contabilidade do PCC aqui e aqui.

Introdução à Contabilidade | Prof. Odair Correa



Eu fico muito feliz ao ver o pessoal da minha turma de mestrado conquistando o mundo por aí. Hoje o Odair nos enviou um vídeo, pois está adentrando o mundo do ensino a distância. No vídeo ele faz uma excelente introdução à contabilidade.

Sucesso, amigo querido! Você nasceu pra isso!!

Rir é o melhor remédio

Fonte: Aqui

05 agosto 2019

Siga o dinheiro

Nos últimos anos, a luta contra corrupção, terrorismo e outros crimes, encontraram no rastreamento da movimentação financeira um instrumento bastante importante. Brasileiros, conhecemos como isto pode ocorrer através da história recente de nosso país. Dois outros exemplos mostram como isto também ocorrem em situações distintas:

Um documento do Centro Stigler (via aqui) mostra que a crítica ao uso do rastreamento financeiro para descobrir o foco do terrorismo pode ser inadequado. O documento mostra que é possível reduzir os ataques de terroristas a partir de um estudo realizado no Paquistão.

Primeiro, o financiamento do terrorismo afeta o tipo de ataque terrorista que estão sendo planejados. (...) Em segundo lugar, [há] aumento dos ataques que está ligado aos grupos terroristas que desfrutam de um aumento no financiamento.

Outra situação foi revelado pelo ProPublica e WSJournal (via aqui) que alguns pais evitam o custo das mensalidades da faculdade nos EUA. Em alguns lugares, há ajuda financeira para os “necessitados”. Os país, para obterem este tipo de ajuda, “desistem” da custódia dos filhos. E assim, podem se qualificar para auxílios. Este tipo de fraude ocorre pelo fato do custo da educação estar aumentando nos últimos anos.

03 agosto 2019

Big Data e Pesquisa em Ciências Humanas/Sociais

Salganik, em Bit by Bit: Social Research in the Digital Age, faz um interessante apanhado sobre o uso de Big Data em pesquisa social. O autor, um sociólogo da Princeton, considera três grandes vantagens e três desvantagens neste tipo de fonte de dados.

As vantagens são: big, always-on e não reativo. O que significa isto? Segundo Salganik, o fato de termos um grande número de dados permite que o pesquisador possa estudar eventos que são raros, estudar a heterogeneidade de maneira mais completa (eu posso pesquisar o homem branco, que vive em Brasília, com idade de 20 anos e que torce para o América de Natal) e conseguir detectar diferenças que são pequenas. A segunda grande vantagem é o fato de estar constantemente coletando informações. Se uso o Twitter para saber como as pessoas estão pensando sobre a economia, posso fazer uma pesquisa com as últimas mensagens que foram postadas. Finalmente, a base de dados onde podemos obter um grande número de informações geralmente são não reativas. Ou seja, o comportamento das pessoas não muda por estarem sendo observadas ou suas opiniões não se alteram na frente de um pesquisador. Assim, uma pessoa que está pesquisando no "search" do Google tenderá a ser mais verdadeiro que aquela pessoas diante de uma questão de uma pesquisa (vide o que diz o livro Todo Mundo Mente)

Mas o uso do big data em pesquisa possui sete inconvenientes. Alguns dos problemas apontados podem ser solucionados. Mas não deixam de representar um risco para qualidade da pesquisa. Os problemas são: incompletude, inacessibilidade, não representatividade, drifting, influenciado pelo algoritmo, sujeira e o fato de ser sensível. Em geral informações derivadas de big data não foram feitas para a sua pesquisa.Isto significa dizer que nem toda informação estará disponível. Se desejo saber o efeito da raça na escolha de um time de futebol, talvez não tenha esta informação no Facebook. Assim, o big data geralmente é falho nas informações demográficas. É possível resolver parte deste problema com técnicas, como imputação ou fazendo cruzamento de bases diferentes.

Um segundo problema é a inacessibilidade. Poucos pesquisadores possuem acesso da base de dados do Facebook. E quando conseguem este acesso, precisam fazer compromissos que podem prejudicar a pesquisa. A questão da inacessibilidade é muito menos uma barreira tecnológica do que problemas legais, éticos e de negócios.

Grande número de dados é bom para pesquisa, mas muitas vezes eles não representam a população de maneira adequada. A não representatividade faz com que uma pesquisa usando as postagens do Twitter não sejam representativos já que está restrito as pessoas que possuem conta nesta rede social e utilizam de maneira regular. Assim como Salganik, não acredito que isto seja um empecilho para pesquisa. O autor faz uma discussão importante ao lembrar que dificilmente uma amostra da população consegue ser realmente representativa em todos os aspectos. 

Drifting significa aqui mudança. Grandes bases de dados precisam lidar com mudanças na forma como as pessoas usam um sistema, que pessoas usam o sistema e com as mudanças do sistema. Parece-me que o Facebook teve, ao longo do tempo, este tipo de mudança: inicialmente, a rede social no Brasil era predominantemente habitada por jovens; com o tempo, pessoas mais idosas passaram a se cadastrar na rede. Muitos jovens transferiram sua preferência para o Instagram, nos anos recentes. Este tipo de mudança pode alterar os resultados coletados com dados do Facebook, por exemplo.

Uma mudança técnica ocorre no próprio algoritmo. Recentemente, uma rede social passou a não divulgar mais o número de likes em cada postagem. Isto naturalmente afeta os dados coletados nesta rede social. Este problema é importante, já que muitos sites estão mudando constantemente sua configuração, procurando maximizar o tempo de navegação do usuário no mesmo. Se estas mudanças não estão documentadas, podem influenciar os resultados obtidos nas pesquisas.

As fontes de um grande número de dados geralmente são sujas. Ou seja, são afetadas por porcarias, como spam. O número de hastags pode ser manipulado por robôs e isto tem sido feito com bastante frequência. Mesmo uma Wikipedia pode ser editada, apesar dos controles existentes para evitar manipulações nos verbetes.

Finalmente, o Big Data é uma informação sensível. Imagine que deseja verificar o volume de pesquisa da minha universidade através do uso da rede existente lá. Se o objetivo da pesquisa é procurar saber quais as áreas que estão sendo objeto de interesse por parte dos alunos e docentes, o endereço da internet que está sendo consultado agora pode representar uma fonte de informação valiosa. Entretanto, com este tipo de informação, a pesquisa irá descobrir que muitas pessoas usam a rede para assistir um filme na Netflix, ou um jogo de futebol ou até um site pornográfico. A informação obtida pode revelar preferências sexuais e ideológicas, dados pessoais que podem constranger as pessoas. Isto explica a inacessibilidade deste tipo de informação.

50 anos da Revolução de Ball e Brown na contabilidade

In the early to mid 1960s, the finance world had a very low opinion of accounting, particularly in terms of financial statement information. The generally accepted wisdom was that such accounting was of no value in the assessment of a business’s worth, and was therefore completely unrelated to such investment matters as stock prices. It’s an attitude that seems absurd today.

The respect in which accounting is currently held is partly due to the work done by two young Australians at the University of Chicago. One was Philip Brown. The other was Ray Ball, who arrived at the university’s hallowed halls a few years after Brown.

“When I arrived the place just crackled with ideas,” Ball, who was four-and-a-half years younger than Brown, says.

“You would walk into the faculty lounge and say something and someone would immediately get up and start writing on the blackboards, trying to dissect the idea, pull it apart and play with it.

[...]

The idea that Ball and Brown challenged was the one around the value of accounting. The lowly opinion of the profession came from the fact that, at the time, there were so many different methods accountants could choose to produce various financial results. It led to the belief that number crunchers were simply employed to hoodwink investors or creditors.

This was a serious issue at the time. An academic paper written by another Australian accounting heavyweight, R.J. Chambers, concluded that from a single set of organisational transactions, the various accounting methods available meant it was possible to report 30 million different profit figures. Another problem was historical-cost accounting, which did not take inflation into account and therefore, on balance sheets, did not compare like with like.

Ball and Brown believed that accounting would never have played such a central role in business and finance for so many centuries if it truly lacked value and meaning.

They decided to run a study, which, put very simply, would find out whether and how share prices had reacted to information captured in financial statements in the past. The pair did so by crunching big data, and the data really was big. The computer (the only one at the University of Chicago) filled two rooms!

“It took up an enormous space, but the size of its memory was one two-millionth the size of my iPhone’s memory,” smiles Ball, who is now the Sidney Davidson Distinguished Service Professor of Accounting at the University of Chicago Booth School of Business.

“When one person was running a job on it, nobody else in the university could do any computing. The file of historical stock returns was on magnetic tape that took three minutes for the computer to read from one end to the other.”

The results of their study empirically demonstrated for the very first time that accounting figures were of immense value to investors. Accounting reports, such as annual reports, profit reports and profit warnings, correlated directly with shifts in stock prices.




Also, the now famous “Figure 1” graph in their published paper – “Ball and Brown (1968): An Empirical Evaluation of Accounting Income Numbers” – clearly illustrated the fact that the market anticipated profit reports, building value into a stock (or taking it away) in the lead-up to a report, as well as responding with a rise or fall in value after a report’s release.

The article was originally rejected by The Accounting Review, partly because it was all but impossible to find a referee with the knowledge to handle the submission, but also because editors felt it had “little to do with accounting”.

However, in 1968, when Nicholas Dopuch (also remembered as a transformational figure in accounting research) was appointed as editor of The Journal of Accounting Research, the study finally earned its place in history.
The result

In the pre-internet era, news didn’t spread quickly. Ball and Brown returned to Australia and got on with their lives. Academics mostly reacted to their paper with indifference. The typical financial academic, Brown says, went on believing financial statement information meant nothing. Still, in the absence of the two young Australians, their research study took on a life of its own.

As more academics cited “Ball and Brown (1968)” in their own work, people began to take notice. Eventually, those in the academic and financial realms recognised the work as a true classic.

“Overall, ‘Ball and Brown (1968)’ expressed a view of information in markets that was new to the accounting literature, and contributed to a sea change in attitudes toward financial markets, disclosure, and financial reporting,” the pair wrote in a 2014 paper called “Ball and Brown (1968): A Retrospective”, published in The Accounting Review.

“Viewed more generally, the research demonstrated that accounting is a viable area for market-based and information-economics reasoning, at a time when these areas were just being developed. It helped elevate the status of accounting research among colleagues in adjacent areas and in universities generally. We are fortunate and proud to have authored it.” 
 Figure 1.


Fonte: aqui

Rir é o melhor remédio


02 agosto 2019

Atividades do Iasb

Para quem deseja acompanhar as atividades do Iasb, aqui um sumário da reunião do Board ocorrida em julho. Pelo presidente e vice do Board. Um sumário do grupo IFRS Taxonomy Consultative Group (ITCG), que teve uma reunião em junho de 2019 pode ser encontrado aqui. O encontro do Iasb e o Fasb e a reunião do Iasb, sob a perspectiva da Deloitte que faz observações sobre os projetos da entidade internacional pode ser obtido aqui .

Novo Representante do Brasil no Board do Iasb

Em substituição ao Amaro Gomes no Board do Iasb, a entidade sem fins lucrativos com sede em Londres, colocou Tadeu Cendon (fotografia). Apesar de não existir uma "cadeira cativa" para o Brasil, Cendon seria o substituto de Amaro. Eis uma breve biografia:

Mr Cendon has almost three decades of experience in auditing and consulting. He joins the Board from PwC Brazil Accounting and Consulting Services, where he has worked as Partner responsible for providing accounting advice to audit teams and multinational companies reporting under IFRS Standards. He has also served as the Director for Professional Development at the Brazilian Institute of Independent Auditors (IBRACON).


Ou seja, Cendon é originário de uma Big Four. Seu mandato deve ir até julho de 2024

Desfile da Victoria´s Secret

Adriana Lima se despedindo em seu último desfile, em 2018
O badalado desfile anual da Victoria's Secret foi cancelado. Seguem trechos interessantes da reportagem da Vogue:

[...] o desfile da Victoria’s Secret não acontecerá este ano. A informação ainda não foi confirmada pela grife, que já havia comunicado em maio que a apresentação de 2019 não seria televisionada pela primeira vez em quase duas décadas.

Sendo confirmada ou não, a possibilidade do show acabar representa o fim de uma era: o evento acontecia anualmente desde 1995 e ao, longo do tempo, se transformou no maior acontecimento do business, com apresentações apoteóticas de celebridades como Rihanna e Justin Bieber. Ser eleita uma Angel era o ápice da carreira de uma modelo.

A marca, no entanto, já vinha sendo amplamente criticada pela falta de diversidade na passarela. Enquanto novas grifes de lingerie como a Savage X Fenty, comandada por Rihanna, celebram todos os tipos de mulheres e corpos, a VS seguia presa ao seu próprio padrão de beleza, completamente ultrapassado.
[...]

A polêmica declaração de Razek é o perfeito retrato de que a Victoria´s Secret não tem olhado para o mundo ao seu redor, presa a seu antigo case de sucesso, que ficou ultrapassado. O desfile fazia sentido em uma época que a moda valorizava um único padrão de beleza. Mas – finalmente! – a indústria mudou. Estamos vivendo um novo momento, que celebra a diversidade, a personalidade, homens e mulheres reais. O consumidor passou a ter voz ativíssima, nada mais é imposto. [...]

A própria audiência do desfile já havia sofrido um enorme impacto: ao longo dos últimos anos, os expectadores caíram de 9,7 milhões de pessoas (2013) para 3,3 milhões (2018). [...]

O descontentamento com a marca já podia ser sentido também nas vendas: em 2018, as ações da L Brands caíram 41% devido à desaceleração das vendas na Victoria´s Secret. No mesmo ano, foram fechadas 30 lojas da marca – para 2019, a previsão é que outros 53 endereços encerrem as atividades. “O problema vai muito além do desfile em si”, pondera Ju Ferraz, colunista do Vogue Gente. [...]

Fundada nos anos 70, a Victoria´s Secret nasceu em meio a uma revolução sexual (a pílula anticoncepcional havia chegado ao mercado na década anterior) e foi um importante marco para a época, uma das primeiras marcas a vender lingerie tão abertamente, em lojas dedicadas exclusivamente à roupa íntima – era empoderador (e sexy) ter controle sobre o próprio corpo.
“Já nos anos 90, as supermodels agregavam à marca de underwear um status que nenhuma outra teve no mundo”, relembra Pedro Sales, diretor de moda da Vogue. “Ganhando fortunas, Gisele, Stephanie Seymour e Naomi riscavam a passarela, ovacionadas como grandes artistas do showbiz. No Brasil, fazer parte do casting foi o sonho de muitas meninas, que viam em modelos como Adriana Lima, Alessandra Ambrosio e Lais Ribeiro uma carreira cheia de fama e altos cachês.”

[...] Mas o mundo mudou e a Victoria´s Secret se afundou no próprio case que criou, hoje antiquado.”

Em 1982 a The Limited (L Brands, atualmente) comprou a Victoria’s Secrets por US$ 1 milhão. Les Wexner, dono da marca, é hoje a 413ª pessoa mais rica do mundo, segundo a Forbes.

Rir é o melhor remédio


01 agosto 2019

Gerenciamento de Impressão

The aim of this study is to investigate the evidence of impression management in terms of selectivity or improved presentation in the graphs and charts used by companies. The reports of 180 Brazilian companies between 1997 and 2014 were analysed. The variables tested were: company size, profitability, age, variation in results, report size and publication period. The results indicated that there is a significantly positive relationship between financial performance and the total amount of graphs and charts, in particular those with key financial information (net income, net revenue and dividends) and those with improved or enhanced presentation. This is a sign of impression management in the reports analysed. It was verified a relationship between the company’s age and the low amount of graphs and charts used by the company during the initial years of the analysis period to disclose financial information in their reports.

Impression management using graphical resources in Brazilian company reports. Keylla Dennyse Celestino da Silva; Fernanda Fernandes Rodrigues; e César Augusto Tibúrcio Silva. Int. J. Accounting and Finance, Vol. 9, No. 1, 2019

Números de Brumadinho

Ontem a Vale divulgou suas informações referentes ao segundo trimestre. A divulgação desperta interesse, não somente pelo tamanho e importância da empresa. Mas também pela posição da gerência com respeito a tragédia de Brumadinho.

É bem verdade que o assunto não é novo, já que o problema ocorreu em janeiro e a empresa já tinha divulgado uma informação anteriormente. Mas passados alguns meses, é possível perceber que o desastre ambiental ainda repercute no desempenho. E ainda irá afetar este desempenho nos próximos meses.

O principal número é a provisão que a empresa faz para cobrir os problemas causados pela barragem. Os números indicam um valor de 6 bilhões na DRE dos seis primeiros meses, sendo 4,5 relacionados com o primeiro trimestre (fonte: aqui). Este valor inclui os acordos na justiça, a compensação dos danos, multas e despesas. O fato de ser o segundo desastre ambiental em menos de quatro anos certamente afetou o valor da provisão (o outro desastre, da Samarco, a Vale fazia parte da joint-venture).

Já segundo o Valor o impacto seria de 23 bilhões! Eis o trecho:

O provisionamento de R$5,3 bilhões feito pela Vale no segundo trimestre devido ao rompimento da barragem em Brumadinho se somou aos 17,315 bilhões de provisões e despesas registrados pela empresa no primeiro trimestre. Contando outros R$621 milhões em despesas incorridas pela empresa no segundo trimestre, o acidente com a barragem causou até o momento impacto de R$23,236 bilhões no balanço da mineradora.

Confesso que não encontrei este valor de R$17,315 bilhões. Isto contraria até o valor divulgado pela empresa.

Rir é o melhor remédio


31 julho 2019

Muito trabalho para o IASB

A figura acima resume os próximos trabalhos para o IASB. (Foi elaborada a partir de informação deste site). Mais normas. Dois projetos grandes - relatório da administração e demonstrações primárias - e várias "emendas" as normas existentes.

Prever sucesso empresarial é difícil

Resumo:

We compare the absolute and relative performance of three approaches to predicting outcomes for entrants in a business plan competition in Nigeria: Business plan scores from judges, simple ad-hoc prediction models used by researchers, and machine learning approaches. We find that i) business plan scores from judges are uncorrelated with business survival, employment, sales, or profits three years later; ii) a few key characteristics of entrepreneurs such as gender, age, ability, and business sector do have some predictive power for future outcomes; iii) modern machine learning methods do not offer noticeable improvements; iv) the overall predictive power of all approaches is very low, highlighting the fundamental difficulty of picking competition winners.


Fonte: Predicting entrepreneurial success is hard: Evidence from a business plan competition in Nigeria

Seminário Internacional


Caixa e Equivalentes

O gráfico abaixo mostra a evolução, nos últimos meses, do Caixa e Equivalente de 278 empresas brasileiras. 

O volume de caixa tem-se mantido estável nos últimos anos. Entretanto, o número é influenciado por grandes empresas. Usando somente a mediana temos:
A Petrobras, que chegou a ter quase 100 bilhões de reais em setembro de 2015. Este valor caiu para 54 bilhões em março de 2019 e 36 bilhões em junho de 2019. 

Rir é o melhor remédio


30 julho 2019

Máquinas não vão dominar o mundo


Stephen Hawking envisioned an AI apocalypse and noted astronomer Sir Martin Rees envisions cyborgs on Mars. A tech analyst thinks robots should run for office. Never mind, Dilbert’s creator, Scott Adams, thinks we’ll soon be ruled by The Algorithm anyway. And cosmologist Max Tegmark explains how he thinks AI could end up running the world. It’s a cool apocalypse but does that make it more likely?

Here are some of the true limitations on machine intelligence, for the next time the subject comes up over coffee:

● Computer science professor Robert J. Marks points out that machine intelligence is much more sophisticated today than in the past but it hasn’t fundamentally changed: “A bigger computer would be like a bigger truck. All a truck can really do is haul things and all computers can really do is calculate. Limitations on computer performance are constrained by algorithmic information theory. According to the Church-Turing Thesis, anything done on the very fast computers of today could have been done—in principle—on Turing’s original 1930’s Turing machine. We can perform tasks faster today but the fundamental limitations of computing remain.”

● Software pioneer François Chollet points out that an intelligence is not capable of designing an intelligence greater than itself.

Melanie Mitchell, Professor of Computer Science at Portland State University warns that machines do not understand what things mean. However powerful, they will always be vulnerable to malicious takeovers:


Numerous studies have demonstrated the ease with which hackers could, in principle, fool face- and object-recognition systems with specific minuscule changes to images, put inconspicuous stickers on a stop sign to make a self-driving car’s vision system mistake it for a yield sign or modify an audio signal so that it sounds like background music to a human but instructs a Siri or Alexa system to perform a silent command.
Melanie Mitchell, “Artificial Intelligence Hits the Barrier of Meaning” AT New York Times

Those who say that a system can be designed that is sophisticated enough to prevent that miss the point: The hacker is looking for a vulnerability due to the fact that the system only mimics understanding but does not possess it. To the extent that the system does not possess understanding, such points will probably always exist.

● Computer engineer Eric Holloway reminds us that a defining aspect of the human mind is its ability to create mutual information. You might understand a sign you have never seen before because you can guess, on your own, what someone might be trying to tell you. Machines operate according to randomness and determinism but Levin’s Law of independence conservation states that “no combination of random and deterministic processing can increase mutual information.”

● Software architect Brendan Dixon adds that human intelligence is not simply a matter of IQ; culture plays an important role. The geniuses who develop great ideas are working within a surrounding culture of other unique people with ideas. One can input a great deal of information into a system but the system isn’t a culture in the same way.

● Finally, physicist Alfredo Metere of the International Computer Science Institute (ICSI) insists that AI must deal in specifics but humans live in an indefinitely blurry world that is always changing:


AI is a bunch of mathematical models that need to be realised in some physical medium, such as, for example, programs that can be stored and run in a computer. No wizards, no magic. The moment we implement AI models as computer programs, we are sacrificing something, due to the fact that we must reduce reality to a bunch of finite bits that a computer can crunch on.Alfredo Metere, “AI will never conquer humanity. It’s too rational.” at Cosmos

So, given these limitations, is AI a threat to democracy? The main problem that neurosurgeon Michael Egnor sees is its obscurity. We often don’t know how AI is being used:


What algorithms does Google use when we search on political topics? We don’t know. It is inevitable that such searches are biased, perhaps deliberately, perhaps not… It is not far-fetched to imagine self-driving cars “choosing” routes that go past merchants who “advertise” surreptitiously, using the autonomous vehicles. How much would Mc Donald’s pay to route the cars and slow them down when they pass the Golden Arches? How much would a political party pay to skew a Google search on their candidates?

In short, the real concern is not that the machine will run the show but that the machine’s owners will run it and we won’t know exactly how they are doing it. They’ll say they don’t know how they are doing it either. It just somehow happened.

Assuming we get past that, non-hype experts think that our future is more likely to include coexisting with AI and robots than having our lives run by them:


Once people come to understand how limited today’s machine learning systems are, the exaggerated hopes they have aroused will evaporate quickly, warns Roger Schank, an AI expert who specialises in the psychology of learning. The result, he predicts, will be a new “AI winter” — a reference to the period in the late 1980s when disappointment over the progress of the technology led to a retreat from the field… David Mindell, a Massachusetts Institute of Technology professor who has written about the challenges of getting humans and robots to interact effectively, puts it most succinctly: “The computer science world still has a long way to go before it has a clue about how to deal with people.” Richard Waters, “Artificial intelligence: when humans coexist with robots” at Financial Times

And with that, of course, supercomputers are not going to be much of a help.

Fonte: aqui

Resultado de imagem para ai winter

Ordem dos fatores

Salganik, em Bit by Bit, conta uma história bem curiosa para reforçar que a forma como é feita uma pergunta pode mudar a resposta. No caso, Salganik usa esta história para destacar os riscos de um questionário e de uma pergunta.

Dois padres, um dominicano e um jesuíta, estão discutindo se é pecado fumar e rezar ao mesmo tempo. Como não chegaram a uma conclusão, cada um vai consultar o seu superior. Tempos depois, ao se encontrarem, o dominicano pergunta:

- O que seu superior disse?

O Jesuíta responde:

- Ele disse que está tudo bem.

- Isto é engraçado, diz o dominicano. Meu superior disse que é pecado.

- O que você perguntou?, quer saber o jesuíta

- Eu perguntei se está certo fumar enquanto rezava.

- Oh, eu perguntei se está certo rezar enquanto fuma.

Setor público consolidado tem déficit primário de R$12,7 bilhões

Saiu na Exame:

O setor público consolidado brasileiro registrou um déficit primário de R$ 12,706 bilhões em junho, divulgou o Banco Central nesta segunda-feira, queda de 5,8% sobre igual mês do ano passado, puxada por melhor desempenho do governo central, que teve um déficit melhor que o esperado, de R$ 11,4 bilhões, divulgado na sexta.
(...)

Isso porque junho de 2018 foi marcado por gastos atípicos do governo federal, incluindo 3,6 bilhões de reais em emendas parlamentares e 1,7 bilhão de reais em aumento de capital de empresas estatais, entre as quais a Emgepron, empresa ligada à Marinha brasileira.

Enquanto isso, os governos regionais tiveram um déficit de 55 milhões de reais em junho, enquanto as empresas estatais apresentaram um saldo negativo de 439 milhões de reais.

No acumulado do primeiro semestre, o déficit do setor público consolidado é de 5,740 bilhões de reais, ante rombo de 14,424 bilhões de reais de igual etapa de 2018, melhoria calcada sobretudo nos resultados mostrados até aqui por Estados e municípios.

De janeiro a junho, o superávit dos entes regionais chegou a 19,077 bilhões de reais, alta de 44,4% sobre o mesmo período do ano passado. Apesar disso, a equipe econômica já ressaltou que espera que esse dado se deteriore daqui para frente, calculando que, no ano, haverá uma frustração de 10,3 bilhões de reais em relação à meta estabelecida para Estados e municípios.

O alvo de déficit primário do setor público consolidado para 2019 é de 132 bilhões de reais, composto por rombo de 139 bilhões de reais do governo central (Tesouro, Banco Central e Previdência), de déficit de 3,5 bilhões de reais das estatais federais e de superávit de 10,5 bilhões de reais de Estados e municípios.

Em 12 meses, o déficit do setor público consolidado alcançou 99,574 bilhões de reais, mostraram dados do BC nesta segunda-feira.

Dívida
No mês, a dívida bruta ficou estável em 78,7% do PIB. Já a dívida líquida subiu a 55,2% do PIB, sobre 54,7% em maio.

Em junho, o dólar acumulou a maior queda para o mês em três anos, de 2,13%, na esteira de maior confiança na aprovação da reforma da Previdência e da expectativa de aumento de liquidez no mundo a partir de cenário de cortes de juros nos Estados Unidos.

Denominadas em dólares, as reservas internacionais passaram a valer menos em reais, aumentando assim a dívida líquida.

Banco Central
O chefe do Departamento de Estatísticas do Banco Central, Fernando Rocha, afirmou nesta segunda-feira, 29, que permanece a tendência de melhoria no resultado primário do governo federal, mas com piora no do INSS.

Rocha afirmou também que a dívida líquida do setor público aumentou em função da apreciação cambial no período, de 2,8%. Segundo ele, o 0,5 ponto porcentual de alta da dívida líquida deve-se a esse impacto do câmbio.

Rocha ponderou ainda que a trajetória de crescimento da dívida líquida – e também da dívida bruta – é uma tendência esperada em função dos déficits primários do setor público.

De acordo com Rocha, permanece no setor público uma trajetória de melhoria do déficit primário. Segundo ele, o déficit primário de R$ 5,740 bilhões no primeiro semestre representa o melhor resultado para o período desde 2015 quando houve superávit de R$ 16,2 bilhões.

Rocha avaliou que a redução das despesas do setor público no primeiro semestre está por trás da melhora do resultado primário. Em meio ao processo de redução de despesas, o governo central (Tesouro, BC e INSS) apresentou déficit de R$ 24,674 bilhões no primeiro semestre, ante R$ 28,718 bilhões de rombo no mesmo período de 2018.

Os governos regionais (Estados e municípios) também contribuíram para o resultado, com superávit primário de R$ 19,077 bilhões no primeiro semestre ante superávit de R$ 13,214 bilhões no mesmo período do ano passado.

Rocha lembrou que no primeiro semestre, tradicionalmente, os resultados dos governos regionais são mais favoráveis. Isso porque as despesas com servidores e aposentadorias e pensões são menores. Além disso, os entes federativos recebem transferências do governo central.

“Os resultados regionais geralmente são melhores no primeiro semestre e piores no segundo semestre”, disse Rocha. “As receitas e despesas não são recebidas nas mesmas proporções em todos os meses do ano. Os gastos com funcionários ou aposentadorias e pensões aumentam no segundo semestre. Do lado das receitas, há concentração de arrecadação no primeiro semestre”, resumiu.

O chefe do Departamento de Estatísticas disse ainda que, de forma geral, ocorre mais contingenciamento de despesas no primeiro semestre, com os governos ajustando os gastos no segundo semestre para cumprir as metas.

Rir é o melhor remédio

Exemplo de correlação espúria

29 julho 2019

Caudas pesadas mantêm a taxa de juros baixos

Resumo:



Riskless interest rates fell in the wake of the financial crisis and have remained low. We explore a
simple explanation: This recession was perceived as an extremely unlikely event before 2007.
Observing such an episode led all agents to re-assess macro risk, in particular, the probability of
tail events. Since changes in beliefs endure long after the event itself has passed, perceived tail
risk remains high, generates a demand for riskless, liquid assets, and continues to depress the
riskless rate. We embed this mechanism in a simple production economy with liquidity
constraints and use observable macro data, along with standard econometric tools, to discipline
beliefs about the distribution of aggregate shocks. When agents observe an extreme, adverse
realization, they re-estimate the distribution and attach a higher probability to such events
recurring. As a result, even transitory shocks have persistent effects because, once observed, the
shock stays forever in the agents' data set. We show that our belief revision mechanism can help
explain the persistent nature of the fall in the risk-free rates
Fonte: The Tail that Keeps the Riskless Rate LowJulian Kozlowski, Laura Veldkamp, and Venky VenkateswaranNBER Working Paper No. 24362February 2018

Economista esperto?

Em Can you Outsmart an Economist?, Steven E. Landsburg, repete os surpreendentes Economista do Sofá e Mais Sexo é Sexo mais Seguro. O texto é parecido: Landsburg traz algumas ideias que parecem absurdas, mas ao explicá-las, ele faz com que o leitor fique com "cara de idiota": como não pensei nisto antes?

Veja o caso dos professores bonitos. Em muitos rankings de avaliação dos docentes, os alunos atribuem uma nota mais elevada para estes professores. Isto faz parecer que os alunos são frívolos ou que não levam em consideração a qualidade real da aula do professor. Landsburg afirma que não, que provavelmente a avaliação é adequada. Eis a lógica desenvolvida por ele: existe um grande número de trabalhos onde a beleza física é uma vantagem (modelo, ator, vendedor etc); aqueles que escolheram a profissão de ensinar são pessoas que são realmente talentosas ou possuem um grande amor por repartir o conhecimento; então, eles devem realmente serem bons no que fazem.

Outra questão interessante: se a medicina é tão boa em aumentar a idade média, qual a razão de não ser boa o suficiente para estender o limite superior? Ou seja, não é muito comum uma pessoa viver mais que 100 anos, apesar da média de idade estar aumentando. A resposta é muito interessante (e os professores de custos deveriam usar o exemplo):

Diz a lenda que a [Henry] Ford despachou uma equipe de engenheiros para um ferro-velho para ver se ainda havia peças em excelentes condições nos carros velhos. Quando identificavam, no ferro velho, uma peça que funcionava perfeitamente em todos os carros, a Ford instruía seus engenheiros a economizar recursos, reduzindo a qualidade da peça excessivamente durável.

A atitude de Ford era bem racional e não prejudicava em nada seus clientes. De que adiantava ter uma peça de excelente qualidade, se o carro não durava tanto. Landsburg usa isto para lembrar que o corpo humano possui várias peças que são essenciais para vida. Se a medicina cria condições para que uma destas peças consiga funcionar bem com mais de 100 anos de uso, isto não resolve o problema de estender a idade máxima das pessoas, pois outra peça só "funciona" cem anos. Assim, para que as pessoas possam viver 120 anos, todas as peças devem funcionar perfeitamente com 120 anos de uso.

A partir daí, Landsburg afirmar que o casamento é bom para os homens, mas não para as mulheres. Os resultados das pesquisas mostram que após um divórcio, o padrão de vida da mulher cai, enquanto o padrão de vida do homem aumenta. Se o casamento continua, isto significa que o homem está disposto a pagar pelo privilégio de estar casado.

São mais de 100 "desafios" para "treinar seu cérebro". Particularmente, achei um pouco irregular o livro. Mas nem por isto uma leitura desagradável. Vale a pena.

Rir é o melhor remédio

Você sabe que é um contador quando usa o excel para organizar as férias

28 julho 2019

Inferência Causal na pesquisa em contabilidade

Resumo:

This paper examines the approaches accounting researchers use to draw causal inferences using observational (or non-experimental) data. The vast majority of accounting research papers draw causal inferences notwithstanding the well-known difficulties in doing so. While some recent papers seek to use quasi-experimental methods to improve causal inferences, these methods also make strong assumptions that are not always fully appreciated. We believe that accounting research would benefit from: more in-depth descriptive research, including a greater focus on the study of causal mechanisms (or causal pathways); increased emphasis on structural modeling of the phenomena of interest. We argue these changes offer a practical path forward for rigorous accounting research.


Gow, Ian D. and Larcker, David F. and Reiss, Peter C., Causal Inference in Accounting Research (May 2016). Journal of Accounting Research, Vol. 54, No. 2, 2016; Rock Center for Corporate Governance at Stanford University Working Paper No. 217; Stanford University Graduate School of Business Research Paper No. 16-16. Available at SSRN: https://ssrn.com/abstract=2729565 or http://dx.doi.org/10.2139/ssrn.2729565


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Rir é o melhor remédio


27 julho 2019

Lista: Cursos de Idiomas mais Procurados

Para quem fala inglês, os cursos mais procurados no Duolingo são:

Espanhol = 22,7 milhões
Francês = 13,1
Alemão  = 7,48
Japonês = 5,95
Italiano = 5,18
Coreano = 3,61
Chinês = 3,42
Russo = 3,04
Português = 2,22

E são 27 milhões matriculados no curso de inglês, para quem fala espanhol.

To be Fucked

Um curso na Universidade do Oregon, com o professor Sanjay Srivastava foi considerado por Cochrane como o programa mais hilário. O curso chama "Everything is Fucked".

Na introdução, o professor explica o que significa, na ciência, "to be fucked". O curso mostra situações onde algo está errado e que, por isto mesmo, representa um desafio. O conteúdo inclui, por exemplo, "psicologia is fucked".

Rir é o melhor remédio

Não fique triste em um sábado. Espere até segunda. Você tem que chorar em horário comercial. Não deixe o capitalismo vencer.

26 julho 2019

Entrevista com Hoogervorst

O presidente do Iasb, Hans Hoogervorst (foto), concedeu uma entrevista, onde analisou as realizações e o trabalho que ainda está por ser feito. Isto inclui:

a) medidas não GAAP
b) a questão da mudança no clima e seu reflexo na contabilidade
c) um provável estudo sobre o relatório da administração,
d) projeto de demonstrações financeiras primárias

Alguns destes tópicos já foram comentados neste blog. Um ponto importante é que Hoogervorst parece ainda não estar satisfeito com a contabilidade de seguradoras:

‘It has been clear that a lot of investors avoid investing in insurance companies because they cannot understand the accounting’, he says. ‘The existence of the new standard might draw more investors to the business of insurance’. At present he says that ‘it is a bit of a mess’.


Honestamente espero que o projeto do Iasb de se intrometer no Relatório da Administração não siga adiante. É necessário que a administração tenha liberdade para falar o que deseja nesta parte. Sem ter que cumprir "regrinhas" ditadas pelo regulador.

Aqui também. Eis o resumo do vídeo: Q1: Climate Change and financial risks. Q2: Climate-related financial disclosures. Q3: The Management Commentary Practice Statement. Q4: The potential impact of IBOR. Q5: The likely Changes to IFRS17. Q6: The benefits of the Primary Financial Statements project. Q7: The evolution of IFRS. Q8: Plans for the remaining years of Hoogervorst’s Chairmanship.

Precificação de ativos via Deep Learning

Resumo:

We propose a novel approach to estimate asset pricing models for individual stock returns that takes advantage of the vast amount of conditioning information, while keeping a fully flexible form and accounting for time-variation. Our general non-linear asset pricing model is estimated with deep neural networks applied to all U.S. equity data combined with a substantial set of macroeconomic and firm-specific information. We estimate the stochastic discount factor that explains all asset returns from the conditional moment constraints implied by no-arbitrage. Our asset pricing model outperforms out-of-sample all other benchmark approaches in terms of Sharpe ratio, explained variation and pricing errors. We trace its superior performance to including the no-arbitrage constraint in the estimation and to accounting for macroeconomic conditions and non-linear interactions between firm-specific characteristics. Our generative adversarial network enforces no-arbitrage by identifying the portfolio strategies with the most pricing information. Our recurrent Long-Short-Term-Memory network finds a small set of hidden economic state processes. A feedforward network captures the non-linear effects of the conditioning variables. Our model allows us to identify the key factors that drive asset prices and generate profitable investment strategies.

Fonte: Deep Learning in Asset Pricing (with L. Chen and J. Zhu)

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Investidores não pensam em retorno percentual

Can the Market Multiply and Divide? Non-Proportional Thinking in Financial Markets
Kelly Shue e Richard Townsend, R&R Journal of Finance

First Prize AQR Insight Awards, 2019

Abstract: Nominal stock prices are arbitrary. Therefore, when evaluating how a piece of news should affect the price of a stock, rational investors should think in percentage rather than dollar terms. However, dollar price changes are ubiquitously reported and discussed. This may both cause and reflect a tendency of investors to think about the impact of news in dollar terms, leading to more extreme return responses to news for lower-priced stocks. We find a number of results consistent with such non-proportional thinking. First, lower-priced stocks have higher total volatility, idiosyncratic volatility, and market betas, after controlling flexibly for size. To identify a causal effect of price, we show that volatility increases sharply following pre-announced stock splits and drops following reverse stock splits. The returns of lower-priced stocks also respond more strongly to firm-specific news events, all else equal. The economic magnitudes are large: a doubling in a stock's nominal price is associated with a 20-30% decline in its volatility, beta, and return response to firm-specific news. These patterns are not exclusive to small, illiquid stocks; they hold even among the largest stocks. Non-proportional thinking can explain a variety of asset pricing anomalies such as long-run and short-run reversals, as well as the negative relation between past returns and volatility (i.e., the leverage effect). Our analysis also shows that the well-documented negative relation between risk (volatility or beta) and size is actually driven by nominal prices rather than fundamentals.


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Registro de encontros com partes interessadas

Como resolver uma situação quando um membro de uma entidade tem algum envolvimento com uma parte interessada? Uma primeira solução é evidenciar claramente esta relação. Parece que é isto que a Fundação IFRS, que cuida das normas internacionais de contabilidade, pretende fazer a partir do final de 2019. A Fundação anunciou que haverá um registro público do envolvimento dos membros do Iasb com partes interessadas. Isto deve aumentar a transparência e a "demonstrar a independência dos membros do Board".

O registro incluirá somente encontros com duração superior a 30 minutos, com informações sobre a data, nome da organização, localização e finalidade. A iniciativa decorreu de um relatório da Comissão Européia (copia aqui) que constatou que quando um membro da Fundação tinha encontros com stakeholders nenhum registro formal era mantido. É interessante que este documento "lembrava",  no seu apêndice 2, que a Comissão Europeia era o segundo maior financiador da Fundação IFRS (após as Big Four).

É inocente supor que a mera divulgação dos encontros seja suficiente para impedir conflitos de interesse. Existe um velho ditado que diz "A mulher de César não basta ser honesta, deve parecer honesta".

Imagem: Pompeia, a mulher de César.

Rir é o melhor remédio


25 julho 2019

Como aumentar o rating no Xadrez: método Carlsen

Enquanto uns conseguem aumentar o desempenho usando as regras ou por trapaça, veja a evolução do rating de Magnus Carlsen:
Depois de atingir um bom desempenho em 2015, o campeão norueguês teve uma redução no rating, chegando perto dos 2820 e bem abaixo do seu máximo. Mas o ano de 2019 tem sido glorioso para ele. Recentemente ele venceu um torneio de Zagreb, com seis empates e cinco vitórias. Em 190 dias, ele ganhou 54 partidas, empatou 55 e perdeu somente três. Os últimos oito torneios que participou, ele venceu ... oito.

Cowen, do blog Marginal Revolution, economista e ex-jogador de xadrez, afirmou que Carlsen está melhor nas aberturas que seus oponentes pela primeira vez na carreira.  Mas a estratégia dele é surpreendente:

Outros grandes mestres preparam a abertura na esperança de conseguir uma vantagem antecipada sobre seus oponentes. A preparação de Magnus, em contraste, é direcionada para alcançar uma desvantagem inicial no jogo, talvez disposta a tolerar até -0,5 ou -0,6 pelos padrões do computador ... No entanto, essas são posições "fora do livro" onde Magnus, no entanto, sente que pode superar seu oponente

Ou seja, ele busca o desconhecido. É bem verdade que a opinião de Cowen não é unânime.

Mas o próprio Carlsen cita que busca a inspiração no AlphaZero, um programa desenvolvimento originalmente para jogar Go e que foi adaptado para jogar xadrez também.

Como aumentar o rating no Xadrez: lição de Rausis

A figura acima mostra a incrível evolução no rating de xadrez de Igors Rausis. Até meados de 2013 seu rating era em torno de 2500. Desde então, seu desempenho aumentou consideravelmente, chegando perto da barreira dos grandes jogadores, os 2.700 pontos. É bem verdade que o rating de xadrez rápido e blitz, onde o jogador tem menos tempo para jogar, não mudou muito nos últimos anos.

O surpreendente é que Rausis tem 58 anos de idade. Nesta idade, poucos jogadores possuem um desempenho tão expressivo. Entre os jogadores com mais de 2700 pontos, o ex-campeão Anand é o mais velho, com 49 anos. Qual o segredo de Rausis?

Duas respostas possíveis. A primeira é que ele aproveitou uma regra do xadrez para fazer pontos. Quando um jogador de melhor nível joga com um muito ruim, a regra da confederação de xadrez manda contar como se a diferença entre os jogadores fosse de 400 pontos. Se um jogador de 2500 joga com outro de 1700 (um rating de um diletante, como eu), provavelmente o jogador de 2500 irá ganhar. Só que se calcula como se a partida estivesse sendo jogada entre um jogador de 2500 versus 2100. Parece que Rausis disputou muitos torneios fracos e usou esta regra para aumentar seu rating.

A segunda explicação também ajuda a entender o bom desempenho no xadrez normal contra o xadrez mais rápido: Rausis foi pego usando um celular no banheiro. Ou seja, trapaceando. Eis uma imagem de Rausis:
Depois da notícia, um jogador chegou a afirmar nas redes sociais que não estava surpreso.

Mais um mês decepcionante no mercado de trabalho

O Ministério do Trabalho divulgou os dados do mercado de trabalho formal no Brasil para junho. Enquanto a economia teve um desempenho positivo, criando mais vagas que existiam no mês anterior, o setor contábil, que inclui os profissionais que trabalham como técnico, escriturário, contador e auditor, aconteceu o inverso. O gráfico mostra em azul o comportamento ao longo do tempo do setor contábil. Em vermelho, para fins comparativos, o desempenho da economia como um todo.
Enquanto a economia encontra-se em um processo de lenta recuperação da maior recessão da nossa história, o mesmo parece não ocorrer com a contabilidade. A distância entre as linhas está aumentando cada vez mais. Assim, a recessão continua castigando a área contábil. Mas será que é só a recessão?

A tabela mostra o comparativo entre junho de 2019 e o ano anterior. É possível perceber que nenhuma das classificações apresentadas ficaram isentas do desempenho ruim de junho.

Viés de publicação