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11 dezembro 2007

IPO numa empresa familiar

Uma reportagem interessante da Gazeta Mercantil

IPO tem custo alto IPO para empresa familiar

São Paulo, 11 de Dezembro de 2007 - Nestes tempos de elevada liquidez nos mercados financeiros, os benefícios da abertura de capital têm sido amplamente alardeados, mas os problemas que pode acarretar para a empresa familiar têm sido pouco discutidos. Este ano, das 49 companhias que abriram o capital - essas operações movimentaram R$ 62 bilhões -, a maioria era de origem familiar.

A abertura de capital implica em custos nem sempre lembrados na hora de optar pela alternativa, afirma Alex Novellino, consultor e pesquisador da Prosperare, consultoria especializada em empresas familiares. Os mais preocupantes são honorários pagos para auditoria externa e consultores, custos de publicação de balanços e outras informações, gastos para contratar e manter uma diretoria de relacionamento com o mercado, entre outros. Esses custos costumam variar de US$ 1 milhão a US$ 2 milhões por ano, conta o consultor.

Existem, também, outros custos e riscos adicionais, difíceis de se mensurar, que são potencialmente maiores que os custos tangíveis citados anteriormente. "Primeiro há a divulgação de informações sobre o patrimônio, remuneração e nomes dos sócios da família controladora da empresa. Essa publicidade traz riscos não só à segurança física desses sócios e seus familiares, mas também ao vínculo emocional que estes têm com as pessoas de seu convívio social, que poderão sentir-se ressentidas, ou ainda incomodadas, com o súbito enriquecimento da família", ressalta.

Em segundo lugar, conta o consultor, há o impacto psicológico que a divulgação do valor do patrimônio da família pode ter sobre seus membros. "É um desafio evitar que isso atrapalhe a educação da próxima geração, ou ainda, lidar com os impulsos de consumo de alguns dos membros da família. Se os sócios atuais não conseguirem transmitir esses valores e essa riqueza intangível aos seus sucessores, o futuro patrimônio tangível também estará sob risco", afirma.

Existe ainda a questão da maior transparência . "Concorrentes, fornecedores, clientes, sindicatos, entre outros, que antes tinham acesso limitado às informações estratégicas de sua empresa, também passarão a ter acesso aos dados financeiros e mercadológicos - como margens, estrutura de custos, volumes, entre outros -, que são compartilhados com os analistas do mercado financeiro."

Os benefícios são bastante conhecidos. Entre eles, Novellino cita maior acesso ao capital para financiar o crescimento da empresa; liquidez para os acionistas da família controladora que queiram vender suas ações; maior visibilidade para seus produtos, aumento de sua reputação; maior atratividade para recrutar executivos profissionais; maior disciplina na elaboração e apresentação dos resultados da empresa, conforme exigência dos órgãos reguladores do mercado e dos acionistas minoritários; além de maior transparência perante todos os sócios, familiares ou não.

(Gazeta Mercantil/Finanças & Mercados - Pág. 4)(Lucia Rebouças)

29 outubro 2007

Bovespa Holding

O lançamento de ações da Bovespa foi considerado um sucesso. Foi a maior oferta de ações (IPO) da história do País (R$6,6 bilhões) e reflete a força do mercado de capitais no Brasil. (Fonte: É dia de glória', diz Magliano Presidente da Bovespa Holding festeja primeiro pregão, Daniela Milanese Ana Paula Ragazzi, Estado de S. Paulo, 27/10/2007).

Para o investidor que fez a subscrição ocorreu uma valorização de 52,13%, afetando o comportamento do mercado. Alguns dados interessantes:

=> O volume negociado na Bolsa ao longo do dia foi o maior já registrado num único pregão: R$ 10,1 bilhões, metade só com ações da holding.
=> O Índice Bovespa subiu 3,1%, atingindo o recorde de 64.275 pontos.
=> A cotação do dólar caiu para R$ 1,769, menor valor desde abril de 2000.
=> Investidores estrangeiros foram os responsáveis por 80% da compra de ações da holding, criando a expectativa de que o dinheiro que vai entrar no Brasil para o pagamento dos papéis derrubará ainda mais o valor da moeda americana.
(Ações da Bovespa sobem 52% no dia do lançamento Sucesso dos papéis da Bovespa Holding faz bolsa bater recordes de pontuação e volume de negócios, O Estado de São Paulo, 27/10/2007)


A grande controvérsia foi o estabelecimento de um filtro para afastar especuladores que compram papéis no primeiro dia e os vende no dia seguinte, geralmente com um lucro significativo.

(...) O flipper reserva ações de empresas que debutarão em bolsa de valores e as vende já no primeiro dia de negociações com o papel. Como, em geral, a procura por novas ações é grande, esse investidor tende a obter lucro com a operação. No entanto, do ponto de vista das empresas, a transação pode ser danosa, pois a venda de papéis pressiona a cotação para baixo. "É um tipo de especulação que, pelo momento no qual ocorre, não é saudável", afirmou Edson Garcia, superintendente da Associação de Investidores no Mercado de Capitais (Amec).
Filtro para afastar especulador pode se tornar padrão FINANÇAS Para especialistas, mecanismo usado pela Bovespa deve ser adotado em futuras aberturas de capital
Leandro Modé - O Estado de São Paulo 27/10/07


Um dos grandes ganhadores foi o Bradesco:

A Organização Bradesco vendeu parte de sua participação no capital da Bovespa Holding, no âmbito da oferta pública inicial, obtendo lucro antes dos impostos de cerca de R$ 178 milhões.
Bradesco lucra R$ 178 milhões na operação - O Estado de São Paulo - 27/10/07


Mas será que como investimento a Bovespa é interessante. Aqui uma discussão sobre isto

26 outubro 2007

A sedução do mercado brasileiro

Uma reportagem na The Economist de ontem (The view from cloud nine, 25/10/2007) tenta explicar a razão pela qual o Brasil parece um mercado emergente interessante. O texto destaca a redução da taxa de juros, a melhoria na governança e as finanças públicas (incluindo os preços dos commodities). Para a revista, a onda de IPO foi boa para a governança. O texto completo encontra-se aqui

24 outubro 2007

Irônico, não?

Segundo notícia publicada ontem (aqui), a Bovespa Holding terá que mudar sua oferta de ações (IPO), dando dois dias para os investidores que fizeram reserva de ações para desistir, diminuir ou aumentar seu pedido.

Isto foi uma exigência da CVM diante do fato de que os bancos que participam do lançamento da ação teriam fornecido informações adicionais a investidores.

No prospecto preliminar, a faixa de preço estimada inicialmente pelos bancos coordenadores era entre R$ 15,50 e R$ 18,50. A nova faixa deve ficar entre R$ 19,00 e R$ 23,00. Os novos valores devem ser alterados nesta terça e comunicados ao mercado. A nova faixa de preços é reflexo da alta demanda pelas ações da Bovespa.

03 outubro 2007

Abertura do Capital

Vale a pena abrir o capital?
Gazeta Mercantil - 03/10/2007

(...) A primeira coisa para se ter em mente antes de cogitar a abertura de capital é que o custo de capital próprio é mais caro que o de dívida. Uma companhia que não possui dívidas dificilmente está fazendo a melhor opção ao procurar o mercado.

Naturalmente, existe um limite para a alavancagem de uma companhia e se a necessidade de capital for muito grande em relação ao tamanho da própria companhia, aí sim, seria importante buscar a abertura de capital. (...)

É praticamente desnecessário dizer, mas, se vai ser feita uma captação de recursos, é preciso ter um plano para utilizar esse dinheiro, ponto que tem sido cada vez mais crítico para os investidores porque muitas empresas que fizeram a operação de abertura de capital continuam com o dinheiro captado em caixa.

Outro ponto relevante para uma companhia pensando em abrir o capital é que suas contas terão que ser aprovadas em auditoria. Claro que isso envolve uma questão de processos e rotinas contábeis, mas isso é relativamente simples de resolver - apesar de consumir bastante tempo e trabalho.

Por outro lado, isso quer dizer que a empresa não poderá mais manter "esqueletos no armário" de qualquer tipo, o que é um grande problema para determinadas companhias médias. Desse modo, todo faturamento da empresa deverá ser devidamente contabilizado, todos os impostos deverão ser pagos religiosamente e não poderá haver pendências trabalhistas ou jurídicas relevantes. Para determinados setores que operam fortemente embasados em caixa dois e evasão fiscal, corrigir esses pontos seria o fim de suas operações ou, no mínimo, uma redução drástica de sua rentabilidade. De um modo ou de outro, essas questões podem inviabilizar ou pelo menos atrasar a operação.

(...) Uma vez aberta, a companhia não é mais uma companhia pertencente ao sócio controlador. Como o próprio nome sugere, ele pode continuar a ser o controlador, até pelo seu expertise, mas não é mais o único dono, ele passa a ter sócios. Uma vez que você tem sócios, não se pode mais administrar a companhia como se fosse uma extensão de sua casa.

Isso quer dizer que decisões de gestão que antes eram tomadas individualmente segundo a lógica do controlador, agora precisam ser submetidas ao escrutínio dos sócios.

Não estamos sequer falando de empresas que mandam o técnico da companhia trocar a lâmpada de casa - esse exemplo mostra uma empresa completamente não profissional e sequer deveria cogitar abrir o capital. Um exemplo que poderia ser considerado legítimo antes da abertura seria o controlador decidir a distribuição de dividendos segundo suas necessidades de caixa. Após a abertura, o critério de distribuição de lucros precisa ficar mais clara e profissional para os demais sócios do que, simplesmente, "quando o controlador precisar de dinheiro". Esse critério de distribuição de lucros tem que estar ligado às necessidades de investimento da companhia aberta, à sua geração própria de caixa, entre outros fatores. (...)

(Gazeta Mercantil/Finanças & Mercados - Pág. 4, Márcio Veríssimo)

30 agosto 2007

Seleção natural nas IPOS

A análise dos dados é simples, pois ignora os efeitos posteriores (de médio e longo prazo) das IPOs. Mas a questão se a crise imobiliária afeta ou não o mercado de novas ofertas de ações no Brasil já foi comentado anteriormente.

Seleção natural
Valor Econômico – 30/08/2007
A crise financeira internacional começou a corrigir alguns dos excessos de "exuberância" no mercado brasileiro. Segundo levantamento da consultoria Capital Partners, as empresas obtiveram em suas aberturas de capital um múltiplo médio - calculado a partir da relação preço/lucro líquido (P/L) - de 73,4 vezes, enquanto as grandes companhias do Ibovespa têm um índice médio de 14,7. A amostra tem 95 empresas que abriram o capital desde 2000. O P/L dá uma idéia de quantos anos o investidor levaria para obter o retorno do investimento e, quanto menor, mais barata está a ação. "Essas empresas terão que entregar aos investidores um crescimento extraordinário para fazer face a esses múltiplos, muitas vezes maiores que os de empresas de mercados maduros", afirma Paulo Esteves, sócio da Capital Partners. O ágio sobre o valor patrimonial obtido nas ofertas de ações no Brasil chegou a níveis altos até mesmo para o mercado japonês, onde as taxas de juros são negativas.

(...) Chama a atenção na amostra o grande número de companhias com prejuízo depois de abrir o capital. E o pior: em vários casos, foi justamente o custo do IPO - taxas aos bancos, advogados etc - que levou a companhia ao vermelho. Jorge Simino, diretor da Fundação Cesp, diz que registrar prejuízo porque pagou a abertura de capital não é normal. "É como dizer que estourou o orçamento do mês porque foi comer no McDonald's", afirma. "Isso indica que ou a empresa não tinha porte e retorno suficiente para ir à bolsa, ou que há algum problema de gestão."(...)

Quanto maior a participação de estrangeiros no IPO, mais prejudicadas foram suas ações durante a crise. Fundos hedge desesperados pela falta de liquidez no auge da crise saíram vendendo ativos em todo mundo, o que pode ter contribuído para quedas exageradas de alguns papéis, apesar de resultados e gestão positivos. Esse fator foi o principal a afetar as "blue chips" brasileiras.A valorização de algumas companhias mostra, entretanto, que a questão não é de aversão total a risco, mas de seletividade.


Mas a reportagem faz um alerta interessante para o custo de abrir o capital.

28 agosto 2007

Duas posições sobre a IPO: Otimista

É interessante observar a guerra de palavras sobre o mercado das IPOs (oferta pública de ações). De um lado, uma visão otimista, de que a crise no mercado mundial não afetará os novos lançamentos. Veja a reportagem do Valor

Volume de trabalho deve seguir em alta
Valor Econômico - 28/08/2007

Além da previsão de que os negócios com abertura de capital continuarão firmes tanto no segundo semestre deste ano, quanto no ano que vem, as auditorias estão animadas com a projeção de ganhos com os serviços de pré e pós-oferta pública. Deloitte, PricewaterhouseCoopers (PwC), Terco e BDO relataram que um número bem maior do que aquelas cerca de 50 empresas que lançaram ações na primeira metade deste ano tem procurado os serviços de auditoria e de consultoria para se estruturarem com objetivo de fazer uma oferta. Além disso, as empresas que já abriram capital continuarão a ter que publicar suas demonstrações financeiras. "Como a maioria delas entrou no Novo Mercado, elas têm outras demandas para cumprir, como a reconciliação em US-Gaap (padrão contábil americano) e com IFRS (padrão internacional), além do balanço trimestral auditado para a CVM", lembra Bruce Mescher, sócio da Deloitte.

Sobre as companhias que estão se preparando, Mescher afirmou que "a fila é grande" e que a demanda deve "continuar aquecida nos curto e médio prazos". Fábio Cajazeira, da PwC, recorda que a elaboração para a abertura de capital envolve vários serviços, como a preparação de sucessão familiar, o planejamento fiscal e o apoio para formação da estrutura de governança corporativa da companhia. Segundo Henrique Campos, da BDO Trevisan, o mercado de candidatas a abertura de capital é o que mais está crescendo. "O 'investment grade' está chegando e o caminho para a bolsa é irreversível. As empresas sabem que se ficarem paradas serão engolidas. Por isso estão se preparando para irem ao mercado", afirma.Mauro Terepins, presidente da Terco, diz que muitas delas querem ser auditadas para conseguir investimentos de fundos de participação e empréstimos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Para Terepins, o mercado está cada vez mais dividido entre dois tipos de empresas. "Tem aquelas que são auditadas e aquelas não são e ficam fora do jogo", diz.


Esta é uma visão claramente otimista, baseada em pesquisa com empresas de auditorias. A mensagem é: "o interesse continua". Outra reportagem neste sentido, também no Valor Econômico, mostra a mesma visão:

Ofertas esquentam mercado de auditoria
Valor Econômico - 28/08/2007

O movimento crescente de companhias em processo de abertura de capital, um filão explorado por bancos, escritórios de advocacia e consultorias, não deixou de fora as firmas de auditoria. Apesar de o "boom" provocado pela forte demanda de empresas interessadas em ir à bolsa confirmar a concentração do mercado nas mãos das chamadas "Big Four" - (...) ainda sobra trabalho para firmas menores. Todas estão de olho em honorários que variam, em média, de R$ 500 mil a R$ 1 milhão por operação, de acordo com a quantidade de horas trabalhadas por oferta.As quatro grandes auditaram os balanços de 47 das 55 empresas que fizeram ofertas de ações este ano no Brasil (incluindo operações de empresas já abertas).

Essa participação equivale a 85,45%, nível superior ao que essas firmas possuem em relação ao total de companhias já abertas no país, que estava em 56% no final de 2006, segundo dados da Comissão de Valores Mobiliários (CVM). A concentração é reflexo do domínio que as quatro grandes têm do mercado internacional. Na busca de recursos, principalmente entre investidores estrangeiros (que têm comprado de 60% a 70% das ações vendidas nessas operações), é natural que as empresas queiram uma "marca" de auditoria mais conhecida. No mercado, comenta-se que haveria também uma pressão dos bancos coordenadores dos lançamentos em favor das grandes.(...) Para Sérgio Bendoraytes, sócio da firma, a questão "não é de qualidade do trabalho, mas de 'placa internacional'". "Se [o banco] não tivesse mudado, não conseguiria fazer a oferta", afirma Bendoraytes. Ele conta ainda que, antes da abertura de capital, o fato de a auditoria não ser uma Big Four foi um dos fatores que impediram que o Cruzeiro do Sul fizesse uma emissão de 10 anos no mercado internacional. Nem mesmo a associação com a firma internacional Horwath lhe garante uma participação mais expressiva nesse mercado. "Eles não querem a sétima maior [referindo-se à posição da Horwath], tem que ser uma das quatro", diz. Segundo ele, insistir em atuar nesse mercado é querer dar "murro em ponta de faca". "Não crio expectativas de participar de ofertas públicas. Cada um tem que procurar o seu nicho, o que no nosso caso são os clientes de médio porte", afirma.


O foco da reportagem é evidentemente a concentração das empresas de auditorias. Mas não deixa de existir uma mensagem otimista.

17 agosto 2007

Crise e Oferta Pública de Ação

O Valor Econômico faz uma reportagem sobre a crise a a oferta pública de novas empresas (Companhias mantêm seus planos de oferta pública e de aquisições, 17/08/2007). Como as tradicionais reportagens da imprensa, o jornal faz uma pesquisa em algumas empresas para verificar se continua o desejo de abrir o capital.

É óbvio que a crise indica que o momento adequado para a abertura do capital da empresa talvez tenha passado.

13 agosto 2007

Remuneração e IPO

Um artigo no Valor Econômico (Os impactos da remuneração executiva nos processos de IPO, Valor Econômico - 13/08/2007) tenta vincular a oferta pública de ação a uma boa estrutura de remuneração. O início do texto destaca a situação atual do mercado de capitais, onde a oferta pública de ação (IPO) é destacada. A partir da questão do "grau de comprometimento dos executivos" da empresa que participa da IPO, o texto inicia-se um vínculo entre IPO e remuneração.

Uma das perguntas-chave, sempre feita por analistas, está relacionada ao grau de comprometimento dos executivos com o projeto e ao tempo de permanência deles no negócio. É preciso assegurar se aquele time ficará na companhia até a obtenção de resultados.


Entretanto, geralmente a empresa que faz a oferta pública de ação possui nos seus quadros pessoas vinculadas a "família" proprietária da empresa, geralmente parentes e pessoas de confiança dos donos. Mas o artigo tenta mostrar que mesmo assim, a política de remuneração é importante:

Sob este ponto de vista, um modelo de remuneração executiva de longo prazo é quase mandatório nos processos de IPO. Atrelado à valorização das ações ou ao retorno sobre o investimento, o enfoque da política de remuneração deve levar em conta os aspectos do mercado, mostrando o compromisso com o projeto apresentado e o dos executivos, garantindo que o sucesso do IPO proverá oportunidade de ganho justa para o profissional.E duas variáveis devem ser consideradas na elaboração da política de remuneração executiva: o valor e o tempo mínimo necessário de permanência do profissional na empresa. Companhias de origem familiar, por exemplo, têm uma visão de perenidade do negócio e adotam políticas com prazos maiores de retorno, aumentando a necessidade de reter os talentos por períodos mais longos.



O texto é de Leonardo Fialho Salgado, Hay Group.

06 julho 2007

U nderwrite

O que o underwrite pode ou não fazer
Gazeta Mercantil - 05/07/2007

5 de Julho de 2007 - Historicamente, períodos de aquecimento do mercado de capitais têm sido seguidos por escândalos e fraudes a investidores. No início dos anos 2000, com o mercado de IPO em ebulição nos Estados Unidos, firmas de grande reputação como Credit Suisse First Boston, Merrill Lynch, Morgan Stanley, Salomon Smith Barney, Prudential Securities, Goldman Sachs e JP Morgan Chase foram alvo de escrutínio da SEC e da Nasd por seu comportamento inadequado como underwriters. A maioria foi punida e intensificou-se um processo de moralização das atividades de underwriting.

O processo evidenciou como underwriters podem receber lucros anormais em operações de oferta pública. Durante o período de bookbuilding, o underwriter pode perceber que a demanda pelos papéis a serem emitidos ultrapassará a oferta - os casos de IPO quentes. O underwriter poderá eventualmente subscrever significativa porção de valores mobiliários para si, explorando informação não pública para seu próprio benefício. Poderá vender partes da sua quota para terceiros com quem mantenha relações comerciais. Poderá vender grandes blocos de ações no aftermarket. Numa IPO quente, poderá cobrar comissões de outros investidores dispostos a pagar um prêmio para adquirir os valores mobiliários escassos. O preço da oferta inicial poderá ser inflado artificialmente no book-building ou no mercado secundário. O underwriter poderá auferir compensação excessiva ou incorrer em conflitos de interesse entre atividades de investment banking e research analysis.

Tanto a SEC quanto a Nasd rejeitaram essas práticas. Na visão dos reguladores, se significativa porção dos papéis emitidos ficar retida para underwriters e insiders a ele ligados, a oferta pública não gozará de boa fé e poderá ser caracterizada como materialmente falsa. No mercado americano, a Regulation M da SEC proíbe que underwriters comprem papéis da companhia cuja oferta eles estão distribuindo, até que tenham terminado completamente sua participação no processo de colocação - o chamado "período restrito" de negociações. Segundo essa regulação, com exceção das práticas de estabilização de preço, underwriters devem se abster de realizar ações ou comunicações que possam induzir à realização de ofertas durante o período de distribuição - mesmo que estas não resultem em incremento de atividades de mercado -, evitando dar aos compradores a impressão de que existe excesso de demanda dos valores mobiliários.

Chama a atenção o papel primordial que a Nasd (National Association of Securities Dealers), uma associação privada cujos membros são underwriters, brokers e dealers, assume na regulação do mercado americano. A Nasd regula operações e condutas desses agentes financeiros, emitindo normas, fiscalizando seu cumprimento, e aplicando sanções aos infratores. Suas normas sobre compensação de underwriters em ofertas públicas requerem que o underwriter se abstenha de auferir formas de compensação consideradas não razoáveis, como: 1) adquirir valores mobiliários do emitente a um preço inferior ao praticado na oferta por um prazo de doze meses antes da oferta; 2) receber warrants para comprar os valores mobiliários em quantidade superior a 10% dos papéis ofertados; 3) revender warrants ou ações recebidas como compensação da companhia emissora até um ano após a oferta estar completa. Essas regras vedam a compensação adicional conhecida como "cheap stock" - isto é, ações adquiridas abaixo do preço de mercado. Nota-se que práticas semelhantes a estas vedadas em outros sistemas vêm atualmente ocorrendo no mercado brasileiro.

A regulação das atividades de underwriter entre nós é ainda incipiente. A Instrução 400 da CVM enfatiza a divulgação de informações quanto ao contrato de distribuição e remuneração, sem adentrar no mérito destas questões. Apesar de a CVM estar mais rigorosa com informações discriminadas no prospecto sobre financiamentos de bancos coordenadores a companhias emissoras, existe muito espaço para aperfeiçoamento. É desejável que existam regras mais claras sobre condutas impróprias, a exemplo da normatização empreendida pela SEC e pela Nasd. É necessário fiscalizar mais, já que casos de punição de conduta irregular de underwriters ainda são raros na jurisprudência administrativa.

A Anbid editou em 2006 o seu "Código de Auto-Regulação Para as Ofertas Públicas de Distribuição". Porém, suas regras também precisam ser aprimoradas. Apesar de o código dispor que as instituições participantes deverão "zelar para que os serviços relacionados com as Ofertas Públicas sejam remunerados de forma adequada e compatível, com a observância das condições de mercado", a falta de critérios claros para avaliar o que é "adequado e compatível" torna o tema ainda nebuloso, sendo difícil caracterizar o que seria compensação reprovável.

Com o aquecimento do mercado de capitais brasileiro e com parcela crescente da remuneração de bancos de investimento advinda de processos de colocação de valores mobiliários, os temas aqui discutidos devem merecer maior atenção, tanto de agentes de mercado como das instituições reguladoras. Devemos buscar evitar problemas já ocorridos em outros países para aumentar a confiança no nosso mercado.

Érica Gorga - Professora da Escola de Direito de São Paulo da Fundação Getulio Vargas e da Cornell Law School dos Estados Unidos

05 julho 2007

Recorde de IPO

As companhias brasileiras captaram no mercado de ações, no primeiro semestre deste ano, um volume de recursos nunca visto na história recente do País. Como mostra pesquisa da Thomson Financial, realizada especialmente para a Gazeta Mercantil, foram US$ 12,74 bilhões em ofertas públicas de ações, o dobro (99,7%) do registrado no mesmo período de 2006. As operações de abertura de capital, mais conhecidas pela sua sigla em inglês IPO (Initial Public Offerings) responderam pela maior fatia desse crescimento. Somaram US$ 9,25 bilhões, movimento quase duas vezes superior ao do primeiro semestre de 2006.


Captação de recursos é recorde histórico - Gazeta Mercantil - 05/07/2007 - Lúcia Rebouças

02 julho 2007

Importância da Contabilidade numa IPO

(...) é preciso ter uma contabilidade de excelente padrão. A maioria das companhias fechadas mantém uma contabilidade mínima, apenas voltada para o pagamento de impostos.

Para ir ao mercado, os controles precisam ser significativamente melhorados, garantindo não apenas números confiáveis, mas também sólidas análises gerenciais, como margens por produtos, por exemplo.

Indo além, não devemos desprezar o fato que muitos setores da economia brasileira são absolutamente informais - um jeito um tanto mais polido de dizer que o caixa dois é uma instituição no segmento. Na verdade, só o fato de ter que limpar as contas - e isso é absolutamente necessário para ter um parecer favorável dos auditores e conseguir listar - já é um impeditivo para um bom número de companhias, principalmente nesses setores.


Gazeta Mercantil/Finanças & Mercados - Pág. 4, Márcio Veríssimo - Preparando-se para abrir o capital - 27/06/2007


Clique aqui para ler completo

27 junho 2007

IPO

Regulamentação de IPO está defasada
Gazeta Mercantil - 26/06/07

São Paulo, 26 de Junho de 2007 - Este ano 33 empresas fizeram ofertas, superando todas as operações realizadas em 2006. As ofertas públicas iniciais de ações (Initial Public Offering, IPO na sigla em inglês) deste ano já superaram as de 2006. Do início do ano até agora, 33 empresas fizeram IPO (contando com Drogasil, Daycoval, Tegma, Redecard e Marfrig, que estão no período de reserva). O valor das operações atingiu R$ 14,5 bilhões (sem contar as do período de reserva). Durante todo o ano de 2006 foram 29 IPO, com um total de R$ 14,2 bilhões.

Esse expressivo aumento no ritmo de entrada de novas empresas no mercado, porém, não vem sendo acompanhado por avanços em outras áreas que envolvem essas operações. É o caso, por exemplo, da regulamentação das responsabilidades dos coordenadores das ofertas e da própria atuação da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), na comunicação das informações ao mercado.

Mais de uma vez, informações sobre a oferta de ações ou outros fatos relevantes apareceram no site da CVM com a data de dias antes de sua efetiva colocação no seu site. O mais recente foi o da Cosan. A informação de que a empresa faria uma nova oferta de ações entrou no site na última segunda-feira (com data do dia 20/06/07). No mesmo dia a noticia já estava publicada em um veículo de imprensa. A situação, certamente, indica problemas na divulgação de informação por parte do órgão regulador. Além disso, aponta para um vazamento de informações pelos participantes da operação da Cosan.

Conflito

Outra questão que merece nova atenção da CVM é a fixação de responsabilidade para os bancos de investimentos que coordenam IPO, na opinião de investidores. Segundo afirmam, a instrução n 400 da CVM que regula o IPO preocupou-se mais com a distribuição das ações e deixou de lado a possibilidade de existência de conflitos de interesses.

Apesar de a CVM estar sendo mais rigorosa com as informações que devem constar no prospecto ainda existe muito espaço para aperfeiçoamento em termos de regulação, na opinião de Érica Gorga professora do curso de Direito do Mercado de Capitais (cadeira Direito dos Negócios) na Escola de Direito de São Paulo da Fundação Getulio Vargas e o curso de Governança Corporativa Comparada na Cornell Law School. A professora se refere a casos em que o coordenador financiou a empresa para que tivesse condições de fazer o IPO, mas não colocou a informação no prospecto, o que caracteriza uma situação de conflito de interesses.

Seria desejável, diz a professora, que todas as situações de conflitos de interesse fossem reveladas, havendo regras mais claras, a exemplo da normatização empreendida pela National Association of Securities Dealers ( NASD ) - uma associação privada que regula as operações e condutas desses agentes financeiros, emitindo normas, fiscalizando o seu cumprimento e aplicando sanções aos infratores.

Também tem sido alvo de discussão, a questão do coordenador participar da oferta, vendendo ações junta com a empresa na mesma operação. Consultada recentemente sobre essa conduta, a CVM informou que nesses casos não há conflito de interesses porque a informação está no prospecto e o investidor pode dar o desconto que achar necessário (oferecer um preço menor) aos papéis ofertados. A professora tem opinião contrária.

Conduta inadequadaFontes do mercado afirmam que tem muito joio no meio do trigo, referindo-se as mais de 84 empresas que fizeram IPO a partir de 2004, quando começou o boom de crescimento do mercado de ações. Segundo as fontes, a farta liquidez no mercado abriu a oportunidade de pegar dinheiro rápido. Isso fez do IPO um nicho de negócios para os bancos de investimento, que estariam induzindo empresas sem vocação de bolsa a abrir o capital.

Fontes dos bancos de investimento, por sua vez, refutam a acusação. Conforme afirmam, a credibilidade impede os bancos de agir incorretamente. Para a professora, porém, esse argumento não é suficiente para a inexistência de regras claras de responsabilização no caso de conduta inadequada na realização de um IPO.

"A questão mais importante é saber se existe possibilidade real para os underwriters serem pegos realizando condutas inadequadas. E de acordo com a legislação atual, isso é praticamente impossível", afirma. "Existem muitas lacunas legais que permitem a busca do ganho no curto prazo, sem que o underwriter corra o risco de perda de credibilidade, pois pela regra atual sua responsabilização é impossível.

Se não houver um desenvolvimento maior da regulação, fraudes como já ocorreu em mercados mais desenvolvidos, serão inevitáveis, dependendo apenas de uma questão de tempo", acrescenta.

(Gazeta Mercantil/Finanças & Mercados - Pág. 4)(Lucia Rebouças)

25 junho 2007

IPO traz risco

Reportagem da Folha de S. Paulo de 25/06/2007 (IPO traz risco para quem vê ganho fácil na Bolsa)

O investidor que busca ganho fácil de até 30% em apenas um dia, como aconteceu em fevereiro do ano passado na estréia da Gafisa na Bolsa, corre o risco de fazer mau negócio ao pedir a reserva de ações de empresas que abrem o capital.

(...) Uma das vantagens de comprar ações durante um IPO é que grande parte tem demanda maior do que a oferta para os papéis emitidos -nesse caso, há rateio.

Com o rateio, alguns investidores que não conseguiram a totalidade das ações pleiteadas tendem a comprá-las nos primeiros dias -daí a forte valorização em algumas estréias.

Outro ponto positivo é que as empresas contratam um "market maker", banco que compra e vende os papéis, com o objetivo de assegurar liquidez e evitar grandes oscilações nos preços nas primeiras semanas.

Em terceiro lugar estão elencados a transparência e o respeito ao investidor, já que muitas delas entram direto no chamado Novo Mercado da Bovespa, que zela pelas boas práticas de governança corporativa, e lançam apenas ações ON (com direito a voto).


Clique aqui para ler a reportagem completa

06 fevereiro 2007

Oferta de ações

A oferta inicial de ações acontece quando uma empresa decide abrir seu capital. Tivemos no Brasil recentemente diversos casos de sucesso de oferta inicial, onde as ações da empresa apresentaram uma grande valorização.

Historicamente diversos são os casos de sucesso de oferta inicial (IPO em inglês). Se um 1970 você tivesse comprado um dólar de ação da WalMart seu valor hoje seria de 5.809 dólares. Em 1981 quem gastou o mesmo dólar para a Home Depot atingiu a $1153 hoje. Cinco anos depois a Microsoft abriu seu capital; quem acreditou e investiu $1 dólar tem hoje 374. Mais recente ainda foi o caso da Yahoo: quem investiu teve um retorno de 72 dólares para cada um dólar gasto em 1996.