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Mostrando postagens com marcador Custo. Mostrar todas as postagens
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08 maio 2020

Custo do Covid-19

Muitas decisões são trocas que fazemos. Neste momento, os governos de diversos países estão discutindo entre continuar as medidas restritivas, para evitar mais mortes em razão do Covid-19, ou voltar as atividades econômicas. Há argumentos de que as mortes decorrentes da recessão talvez sejam maiores do que as mortes provocadas pela manutenção das restrições. A decisão não é fácil e será realizada diante de dados incompletos. Neste endereço uma discussão sobre este custo.

Nos Estados Unidos o custo do fechamento pode chegar a 25% do PIB anual

Inicialmente é interessante que os autores reconhecem que suas estimativas iniciais estavam subestimadas. E agora estimam um custo de 5,2 trilhões de dólares para os Estados Unidos. Como o PIB deles é de 21 trilhões, isto seria aproximadamente 25% do PIB.

An article in the Wall Street Journal suggested the economic cost of the shutdown is equal to 50% of monthly economic output, or about $900B per month. But there are two elements to the direct cost — the first is simply economic activity that would have happened but didn’t because of the shutdown — the $900B number.

The second is the cost of businesses that fail. If an extension of the shutdown leads to business failures, part of the cost of the extension is the net present value of the stream of production that would have been provided by those businesses that failed due to the shutdown. This cost is harder to quantify. A recent Goldman Sachs survey found that 51% of small businesses will fail within 12 weeks after the shutdown begins. If we assume a linear failure function and calculate the net present value of the stream of lost productivity of small business failures, costs grow exponentially as the shutdown continues. The total cost of both forgone productivity and business failure would be $1.5T for the first month and rises to $3.4T after two months. Add two months of $900B loss of economic activity for a total loss of $5.2T.


Os autores reconhecem que esta comparação é ruim, já que mesmo países que não decretaram o fechamento, como é o caso da Suécia, há uma recessão. Então a comparação precisa levar em consideração a perda sem as medidas restritivas. O problema é fazer esta estimativa. Além disto, não está incluso o custo da hospitalização, estimada em 64 mil dólares por pessoa. Em suma, há muito incerteza nos valores usados.

Aproveitando, aqui o link para um periódico chamado Covid Economics. 

21 abril 2020

Negócio das funerárias

Um interessante reportagem da Forbes dos EUA sobre o negócio das funerárias. A revista buscou a maior empresa do ramo, a SCI. Esta empresa não está feliz com o Covid-19. Pelo contrário.

Seria fácil supor que o novo coronavírus - que já matou 40.600 americanos - seria uma benção para a SCI e outros no ramo de funerais. Como o maior provedor de assistência médica do país, a SCI possui 1.471 casas funerárias e 482 cemitérios nos EUA e no Canadá. No ano passado, a SCI teve uma média de US $ 10.000 em receita em cada uma das 319.000 pessoas mortas para quem prestou assistência (cerca de 12% do total de mortes nos EUA de 2,8 milhões no ano passado). Se o COVID-19 acabar matando 100.000 americanos, e o SCI prender 12.000 deles, isso significaria um adicional de US $ 120 milhões ou mais em novo crescimento de receita. Isso não é insignificante para uma empresa que registrou vendas de US $ 3,2 bilhões no calendário de 2019.


O executivo da empresa afirma que o Covid-19 é prejudicial aos negócios. A empresa não está conseguindo vender "adicionais". Em uma situação normal, uma cremação custa três mil dólares. Mas somando certos itens adicionais, como flores e lápide, o custo pode ser de vinte mil dólares ou mais. Mas com a pandemia, a empresa não está conseguindo vender estes opcionais.

Além disto, a empresa deve reduzir as receitas antecipadas. Ou seja, as vendas obtidas com clientes que compram o enterro antes de sua morte.

As vendas pré-necessárias são críticas para a SCI, em parte porque geram um fluxo de caixa confiável, que é mantido em confiança para serviços futuros. A maioria desses fundos não é reconhecida como receita até que sejam necessários, mas a SCI pode - e usa - esse dinheiro para capital de giro. No final de 2019, a SCI possuía um estoque de US $ 12 bilhões em receitas futuras, com grande parte investida em carteiras contendo tudo, desde ações e títulos a private equity.

16 abril 2020

Custo dos Jogos de Tóquio

Com a postergação, os Jogos Olímpicos de Tóquio deverá ter um elevado custo. 

Mais elevado que Londres, quase quatro vezes o custo do Rio 2016 ou duas vezes Pequim.

10 abril 2020

Cor do papel higiênico

Qual a razão do papel higiênico ser da cor branca? Quando li esta pergunta no MentalFloss imaginei que a resposta seria devido a facilidade que a cor branca permite na determinação do término da limpeza. Isto é uma resposta plausível.

Mas a principal resposta diz respeito ao processo de produção, ao custo e as preocupações ambientais. O papel higiênico é produzido a partir da celulose; no processo, há a remoção da lignina, o que faz com que o papel fique mais macio e prolongue a vida útil do produto. Este processo faz com que o resultado final seja um produto branco. Esta seria a primeira explicação: o processo de produção.

Mas é possível produzir um papel de outra cor. Para isto, os fabricantes poderiam acrescentar corantes. Há dois problemas aqui. O primeiro, é que isto aumenta o custo de produção, o que significa preço mais elevado. O segundo problema é que os corantes podem trazer irritação na pela do cliente e provocar danos ambientais.

Custo do sequenciamento genético

Desde o início da utilização da técnica de sequenciamento de genoma, o custo caiu substancialmente. Isto ajuda a explicar, em parte, a rapidez da resposta que a ciência está dando, até agora, para o Covid.

02 março 2020

Custo de uma Pandemia

O pedido do presidente Trump ao Congresso de US $ 2,5 bilhões para combater o vírus antes que se torne uma pandemia chamou a atenção por ser muito baixo e por boas razões. Em um editorial publicado em 2016, Milbank Quarterly , professor de Direito Lawrence Gostin informou à Academia Nacional de Medicina ter estimado um custo total anual de “preparação para uma pandemia” em algo entre $3 bilhões a US$ 5 bilhões. É muito dinheiro para gastar todos os anos, mas seria diminuído pelo custo exorbitante de uma pandemia não contida.

Porém, isso levanta uma questão espinhosa: como as doenças causadas por vírus anteriormente desconhecidos podem ser detectadas por pessoas em qualquer lugar, é do interesse das pessoas de todos os lugares arcar com a significativa responsabilidade financeira de prevenir e gerenciar pandemias globais?

(...) "O custo financeiro direto da pandemia de Ebola foi estimado em cerca de US $ 6 bilhões (£ 3,9 bilhões; € 5,6 bilhões), com perdas econômicas globais superiores a US $ 15 bilhões", escreve [Allen] Ross.

Ross também aponta que os lugares mais atingidos são os que não têm recursos para apoiar os esforços dispendiosos e trabalhosos necessários para conter uma doença desconhecida. Ele argumenta que não há apenas uma moral, mas um imperativo econômico para os países ricos ajudarem os países mais pobres.


Fonte: Aqui

30 janeiro 2020

Custo da Realeza

Se você segue as notícias da realeza britânica deve saber que o príncipe Harry e sua esposa, a ex-atriz Meghan, "renunciaram" aos compromissos reais. Além disto, optaram por passar parte do tempo longe da Inglaterra, mais precisamente no Canadá.

O que isto tem com a contabilidade? Bom, há um custo de hospedar os dois no Canadá. E isto provavelmente será arcado pelos contribuintes canadenses. Mas é bom lembrar que o Canadá possui uma parcela da população francesa, os Québécois. No Parlamento do Canadá, uma deputada do bloco separatista questionou se os "Quebeckers" teriam que pagar pela segurança real.

O ministro da Segurança Pública disse que nenhuma decisão foi tomada ainda. Mas uma petição pedindo que o primeiro-ministro Trudeau não forneça segurança para o casal foi criada e mais de 80 mil contribuintes já assinaram.

29 dezembro 2019

Aplicativos de entrega e Refeição

A popularização dos aplicativos de entrega pode gerar uma boa discussão em sala de aula, com aplicação de conceitos de custos e margem.Um restaurante tradicional possui um custo de preparação da comida - próximo ao custo de produção de uma fábrica. Também possui uma grande despesa com pessoal, que inclui cozinheiro, garçom, administradores e outros. Para atrair clientela, o restaurante precisa investir em localização e design do ambiente. Este custo é fixo; no caso do design, o custo ocorre com uma certa periodicidade.

Uma alternativa é abrir um restaurante que serve somente os serviços de entrega, tipo iFood, Uber Eats, Rappi e outros. São denominados de "dark kitchens". O principal custo desta opção é o percentual  para a empresa que faz a entrega. Algo que varia entre 15 a 30%. Mas existem custos que podem ser evitados, presentes em um restaurante tradicional. Eis uma lista: garçom (que elimina os 10%), localização (este custo não é totalmente eliminado, mas pode ser reduzido substancialmente), design do ambiente, entre outros.

Observe que a análise aqui é incremental, não sendo necessário analisar cada um dos custos existentes de um restaurante. Por exemplo, o custo de preparação da comida talvez não se altere substancialmente. Pelo contrário, pode até reduzir, com a eliminação de pratos e talheres.

Leia mais sobre o assunto em Madureira, Daniele. Aplicativos de entrega dão as ordens na cozinha. Valro, 11 de dezembro de 2019, p. B1

19 dezembro 2019

Custo elevado do Judiciário

Custo Excessivo das Instâncias Superiores do Judiciário Brasileiro
Por Instituto Milemium

A ineficiência do sistema Judiciário brasileiro é flagrante. Basta notar a quantidade de processos que temos em curso em nosso país e acompanhar a lentidão com a qual eles são analisados e julgados. Assim podemos ter um panorama do complexo problema que perpassa todo o nosso sistema de Justiça. É evidente que muitos desses problemas vão ser agravados, por exemplo, com o impedimento da prisão de condenados após decisão em segunda instância, na medida em que isto aumenta a quantidade de contestações em tribunais superiores como o Superior Tribunal de Justiça (STJ) e Supremo Tribunal Federal (STF).

Este quadro é ainda mais grave se compararmos o caso do Brasil com a forma como julgamentos são conduzidos em outros países, até mesmo nos nossos vizinhos da América Latina, onde todo o processo de julgamento e condenação é mais ágil, garantindo a prisão dos condenados e diminuindo consideravelmente a possibilidade de protelação dos casos. O ponto que trazemos hoje aqui, caro leitor, é que isto custa dinheiro. O nosso dinheiro. Vamos olhar isto com um pouco mais de cuidado.

Como veremos abaixo, a maioria dos países autoriza a execução da pena após a sentença em primeiro grau e, garantido o direito do preso em recorrer da sentença, ele o faz já na prisão. Há casos também, como o de Portugal e França, em que a prisão é permitida somente após o julgamento de todos os recursos, mas com a diferença de que, diferentemente do Brasil, não existem tantos recursos assim. Nosso país, atualmente, dispõe de mais de trinta tipos diferentes de recursos. De acordo com o subprocurador geral da Justiça do Ministério Público de São Paulo, o professor de processo penal Sérgio Turra Sobrane, o problema é ainda mais grave pela possibilidade de repetição do uso dessas medidas judiciais. Ele afirma que temos muitas vezes “os embargos dos embargos dos embargos, e isso não termina nunca. Os processos ficam numa repetição de teorias argumentativas que só atrasam o desfecho das causas.”

E, pelo visto, isto acontece apenas no Brasil. A coordenadora da 2ª Câmara de Coordenação e Revisão (Criminal), do MPF (Ministério Público Federal), Luiza Cristina Frischeisen, em artigo publicado no livro “Garantismo Penal Integral”, afirma que “Se o STF decidir que a prisão ocorra somente após o trânsito em julgado, o país ficará extremamente isolado, em matéria penal, entre outros países democráticos. Uma decisão nesse sentido favorece a impunidade”.

Veja como funciona a execução da pena em outros países:

Alemanha
Não dispõe de recursos aos tribunais superiores que permitem liberdade, o réu aguarda preso.

Argentina
Execução da pena imediatamente após sentença em primeiro grau.

Canadá
Execução da pena imediatamente após sentença em primeiro grau. Fiança possível em alguns casos.

Espanha
Execução da pena imediatamente após sentença em primeiro grau.

Estados Unidos
Prisão é executada após sentença em primeiro grau, em alguns casos o preso pode aguardar o julgamento em liberdade com o pagamento de fiança.

Inglaterra
O condenado aguarda o julgamento enquanto cumpre a pena.

Um ponto importante a ser levado em consideração é o tempo que cada um desses processos leva para chegar na primeira instância e, em caso de recursos, o tempo total para que o julgamento seja finalizado nas terceira e quarta instâncias. Segundo dados do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), a tramitação dos processos em primeira instância pode levar de três anos a quatro anos e sete meses.

O trâmite mais lento é dos processos envolvendo crimes dolosos contra a vida, como homicídio.
No caso, do STF e STJ, os recursos julgados levam, em média, de quatro meses a um ano.





Um sistema que, além de lento, é caro

Ora, mas dizer que o sistema Judiciário brasileiro não consegue corresponder às expectativas da população é chover no molhado. O principal problema está para além da quantidade excessiva de processos e da lentidão com que eles são julgados: o pior de tudo é que nosso Judiciário é o mais caro do mundo. E ele não é caro só com o que se gasta com juízes, desembargadores, ele é caro porque toda sua estrutura é pouco eficaz. Pelo menos é o que aponta o ex-ministro do STF, Cezar Peluso: “O Brasil é o único país do mundo que tem, na verdade, quatro instâncias recursais. O STF funciona como uma quarta instância.” O resultado disso é que, dependendo da pretensão e da insatisfação com o acórdão das instâncias inferiores, o Supremo passa a ter a função de solucionar um problema, sendo que sua função constitucional não é essa, mas apenas a de guardião da Constituição Federal, levando em conta apenas as causas constantes do art. 102 da Carta Magna. Em outras palavras, o STF se torna, na prática, uma instância para corrigir erros e omissões de outras instâncias.

Segundo dados do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), as despesas totais do Judiciário somaram, em 2016, cerca de 85 bilhões de reais, o que é o equivalente a 1,35% do PIB nacional. Em comparação com outros países, podemos ver que nosso judiciário chega a custar 9 vezes mais do que, por exemplo, EUA e Inglaterra.



Para se ter uma ideia, os órgãos judiciários chegam a custar aos cofres públicos cerca de 2 bilhões de reais por ano. Sendo 485 milhões dentro das despesas do STF, segundo dados de novembro de 2019, e 1,6 milhão do STJ, segundo dados de 2018. No caso do STF, grande parte desses gastos são de funcionários contratados que chegam a marca de 2450 pessoas, dentre elas 1216 funcionários propriamente ditos, 306 estagiários e 959 terceirizados.

Um bom exemplo (de como protelar um julgamento)

Se é verdade que a grande quantidade de recursos do judiciário brasileiro serve apenas para protelar a prisão de condenados, precisamos entender de que maneira isto é feito. Um bom exemplo está no caso do ex-senador Luiz Estevão. Em 1992, ele foi condenado por desviar R$ 169 milhões. Depois de apresentar mais de 30 recursos aos tribunais superiores, teve o seu processo estendido durante o período de 24 anos, tendo ele sido preso apenas em 2016. E isto parece não acabar nunca: em 2018, ele apresentou um outro recurso em que simplesmente junta cópias de dezenas de decisões judiciais anteriores, que confirmaram sua condenação, sustentando ter havido erro judicial. Para se ter uma ideia, ele já teve 38 recursos negados no total.

Para evitar isto, por exemplo, é que se propôs a prisão após a segunda instância, na medida em que, após este ponto, só o que o STF faz é julgar a constitucionalidade do processo e se, no caso, ele cometeu algum abuso ou vício no decorrer do julgamento. A intenção é que os recursos deixem de ser dispositivos de evitar que condenados sejam presos, estendendo o processo pelo máximo de tempo possível. A questão é que o STF vem mudando de opinião em relação a este assunto desde 2009.

Em 2009, o STF determinou que o réu só podia ser preso após o trânsito em julgado, ou seja, depois ter havido julgamento em todas as instâncias. Antes do esgotamento de recursos, ele poderia no máximo ter a prisão preventiva ou provisória decretada contra si. Já em fevereiro de 2016, o Supremo decidiu que um réu condenado em segunda instância já pode começar a cumprir sua pena – ou seja, o réu pode parar na cadeia mesmo enquanto recorre aos tribunais superiores. Naquele momento, a regra foi aplicada ao caso de um réu específico. No mesmo ano, o STF reafirmou a decisão, que passou a ter validade para todos os casos no Brasil. Entretanto, este ano, o STF voltou a entender que um condenado só pode ser preso após o trânsito em julgado, decisão que permitiu, por exemplo, a soltura do ex-presidente Lula.

O desdobramento disto é que, não bastasse o grande impacto econômico que a justiça brasileira tem em nossos cofres – que chega a 1,8% do PIB, ou seja, R$ 110 bilhões por ano, quase o orçamento do Ministério da Educação – esta decisão da prisão somente após o esgotamento de todos os recursos vai interferir diretamente nos condenados e ainda não julgados da operação Lava Jato, podendo colocar em liberdade cerca de 4,9 mil presos, segundo dados do CNJ. Estima-se, também, que cerca de 100 mil processos chegam ao STF anualmente, com muitos casos que poderiam ter sido decididos anteriormente, dando prioridade a casos de maior complexidade e que necessitem de maior cuidado na avaliação. O fato é que o Brasil conta apenas com 8,2 mil magistrados para 100 mil habitantes, uma das últimas posições nesse quesito do mundo.

O impedimento de que recursos de casos criminais chegassem a passar de segunda instância poderia representar uma boa aceleração do sistema assim como uma grande economia aos cofres públicos, levando o Brasil a ter uma redução de até dez vezes nos gastos judiciais, equiparando-se as despesas de países como a Argentina que consome cerca de 0,12% do PIB. Como sempre, estamos diante novamente de um caso de mau uso do dinheiro público, problemas de gestão e pouca transparência. Com uma máquina judiciária tão inchada e tão lenta fica difícil imaginar que estamos perto daquela coisa chamada justiça.

Dica do Imil
Todos esses dados do Judiciário (envolvendo todos os seus setores, servidores e etc) podem ser encontrados dentro dos portais da transparência que temos disponíveis no país. No entanto, há uma dificuldade no acesso, na medida em que, em cada setor, ele está colocado de forma diferente e sem um padrão. Por conta disso, o Imil recomenda que você cobre mais transparência no Conselho Nacional de Justiça para que essas informações sejam disponibilizadas em locais de fácil acesso e com formas mais simples de verificação. Transparência também é isso.

19 junho 2019

Nasa acusada de manipular custos

Pense em uma entidade confiável. Nasa? Não mais. A entidade responsável pelo programa espacial dos Estados Unidos pretendia levar astronauta à Lua novamente em 2024 (ou até 2024). Mas uma reportagem do Washington Post descobriu que a entidade tem problemas graves. Um relatório de prestação de contas do governo dos EUA mostrou que o custo real do programa foi manipulado na sua contabilização. Além de falta de transparência sobre os voos tripulados. Na realidade, o GAO, que fez o documento sobre a NASA, afirma que não é possível saber o custo do programa.

Apesar do atraso no programa, a Nasa continuou pagando "prêmios" para Boeing, principal fornecedora do foguete, relacionada com o desempenho. Ou seja, a Boeing atrasou o programa e sua avaliação não mudou.

Uma estimativa do custo do programa: entre 20 a 30 bilhões de dólares em cinco anos. Mas o custo do foguete, a parte mais importante do programa, não é conhecido, segundo o GAO

04 fevereiro 2019

Obsessão por custos

A Ryanair é uma empresa de baixo custo, reestruturada em 1990, a partir do modelo da Southwest. Em 1994 assume a direção da empresa Michael O´Leary. Este executivo, contador de formação, é conhecido por ter obsessão com o corte de custo. Um especialista do setor diz que O´Leary

"Ele foi mais longe do que qualquer outro chefe de companhia aérea em termos de apenas cortar, cortar e cortar"

A forma como a empresa reduz seus custos é bastante variada, incluindo check-in oline (ou pagam por isto), cobrança pela colocação de malas no porão, dos clientes que querem escolher o assento. Ou como indicamos no ano passado:

Se o foco é o custo, voar pela Ryanair significa assento não reclinável, sem bolso no banco, colete salva-vida no teto, limpeza rápida entre os voos, entre outras medidas. Mesmo com este foco, a margem operacional da empresa é bastante elevada (acima de 20%) e apresenta lucro (16% de margem líquida). Para conseguir isto, a empresa enfrenta a ira dos consumidores e dos empregados, usa publicidade polêmica (como uma declaração do seu executivo afirmando que a empresa estava pretendendo cobrar pelo uso do banheiro).

11 janeiro 2019

Cordel

A literatura de cordel é um gênero popular com origem no século XVI. O nome vem da forma como os folhetos eram expostos para venda, pendurados em barbantes. Desde o ano passado, a literatura de cordel é um patrimônio cultural imaterial do Brasil.

Um texto interessante mostra a dificuldade mostra a luta dos autores para manter viva a tradição da literatura de cordel. O texto descreve as perseguições e os problemas de manter o acervo produzido durante muito tempo. Também mostra como a migração interna, ocorrida no Brasil, foi importante para a divulgação deste tipo de literatura. Há anos conheço o "seu Manoelzinho", que produz cordel e lançou livro com este tipo de poesia.

Um ponto importante é a questão da produção e reprodução impressa da literatura. Veja um trecho onde se comenta a questão do custo de produção e reprodução da literatura e sua evolução recente:


Na tentativa do cordel de sobreviver, os poetas buscaram, ao longo das décadas, diferentes maneiras de concretizar seu trabalho. Inicialmente, os folhetos eram impressos em gráficas nas capitais e pequenas tipografias em cidades do interior. Com a proliferação de jornais e a diminuição do custo dos equipamentos, alguns poetas adquiriram suas próprias máquinas, ganhando autonomia no processo de produção e, consequentemente, de divulgação do trabalho. Entre 1910 e 1960, inicialmente no Nordeste, e depois com a circulação do cordel por outras regiões do país, constituiu-se uma rede de produção e venda que permitiu a autores e editores sobreviver dos folhetos.

30 novembro 2018

Simplicidade e custo

O novo padrão de reconhecimento da receita parece que aumenta a complexidade da contabilidade. Nos Estados Unidos, o Fasb permitiu duas formas para implementar este padrão, que já está em vigor. Uma opção é fazer um retroscesso completo para os investidores referente aos três anos anteriores. O segundo, mais simples, não faz esta “comparação” histórica, mas determina que a contabilidade da empresa mantenha as duas formas de contabilização (a que existia antes e a atual) durante o ano de adoção.

Uma análise da escolha da empresa diz muito sobre a questão do custo da contabilidade. Parece que a maioria das empresas optaram pela abordagem mais simples de reconhecimento da receita.

Outra notícia é que o Fasb emitiu uma minuta para discutir os conceitos de materialidade, que inclui a questão do conceito e o escopo. Além disto a norma lista aquilo que deve ser considerado na aplicação do conceito.

19 setembro 2018

Custo do Casamento e Duração

Qual o segredo de um casamento? Certamente não são os gastos com a cerimônia. Nos dias atuais, uma cerimônia de casamento é um ritual complexo e luxuoso (ou seja, caro), mesmo em países pobres. Pesquisas anteriores já mostraram que o casamento possui suas vantagens, indicando a existência de um prêmio pelo casamento (aqui também).

Um aspecto chama a atenção nesta discussão: a cerimônia. E a pergunta que segue: é um investimento ou uma perda? Uma pesquisa analisou, de forma inédita, os efeitos da cerimônia sobre a duração do casamento. Se os gastos com a cerimônia forem elevados, isto poderia indicar um grande comprometimento do casal e elevaria a duração do casamento. Mas o resultados não indicaram existir esta relação. Pelo contrário, controlando as variáveis, o gasto é inversamente proporcional com a duração do casamento. Gastar pouco, aumenta a duração. Outro efeito interessante: ter lua de mel aumenta a chance de sucesso.

Será que o desgaste com os preparativos conduzem a isto? A pesquisa parece indicar que a cerimônia é uma perda, não um investimento.

Francis-Tan, Andrew e Mialon, Hugo M., 'Um diamante é para sempre' e outros contos de fadas: A relação entre as despesas do casamento e a duração do casamento (15 de setembro de 2014). Disponível no SSRN ou http://dx.doi.org/10.2139/ssrn.2501480

10 agosto 2018

Custo da obesidade

Nos Estados Unidos, a obesidade, que é um problema de saúde pública, tem aumentado mais rapidamente entre as pessoas de baixa renda e as minorias raciais. Um dos efeitos é a expectativa de vida e no custo para a sociedade:

De acordo com a Associação Americana de Diabetes , o custo anual do diabetes em 2017 foi de US $ 327 bilhões, incluindo US $ 237 bilhões em despesas médicas diretas e US $ 90 bilhões em produtividade reduzida do trabalhador. (Mais de 90% dos casos de diabetes são do Tipo 2, que está fortemente associado à obesidade.) O impacto total da obesidade e suas complicações relacionadas na produção econômica dos Estados Unidos foi estimado entre 4 % e 8% do produto interno bruto. Mesmo na extremidade inferior, isso é comparável ao orçamento de defesa de 2018 (US $ 643 bilhões) e ao Medicare (US $ 588 bilhões).

(Continue lendo aqui)

07 agosto 2018

Custo da compra de um produto

O comercial abaixo lembra que quando compramos produtos no supermercado também estamos consumindo recursos naturais. E isto tem um custo.


The Real Cost from Jorch Diaz on Vimeo.

Valor Pago por aluno adicional no Reuni

O programa Reuni foi um ambicioso plano de expansão do ensino superior nas universidades federais do Brasil. Muito dinheiro foi alocado pelo governo pensando na expansão das vagas, além do aumento no número de instituições. A análise deste programa já foi realizada, individualmente, em uma série de trabalhos acadêmicos. Uma análise geral era necessária e o seu resultado foi publicado agora na Revista da Controladoria-Geral da União. Usando os dados orçamentários e tendo como medida de atividade o número de matrículas, o artigo Valor Pago por Aluno Adicional nas Universidades Federais Brasileiras com o Programa Reuni procura verificar, por universidade e pelo conjunto das universidades, qual o peso para sociedade desta expansão.

Os dados corrigidos pela inflação mostram que cada aluno adicional que entrou em uma universidade federal representou um valor pago de 36,6 mil reais. O texto toma o cuidado de não indicar que este é o custo, pois está tratando de orçamento (financeiro). Entretanto, como uma universidade federal típica tem como maior custo o pagamento de funcionário (professor e administrativo), muito provavelmente o valor pago pode ser considerado uma proxy bastante razoável deste custo.

Como se trata de um artigo acadêmico, o juízo de valor é deixado de lado. Em algumas universidades, o valor adicional é bem superior a média encontrada; principalmente, nas instituições localizadas em grandes centros e com o foco na área de saúde. Mesmo tratando do valores médios, a quantia de 36,6 mil reais é muito elevada. Observe que muitas instituições poderiam aproveitar a economia de escala e de escopo, mas preferiram optar pela diversificação dos cursos ofertados. Em alguns casos, o foco foi na contratação de pessoal administrativo ou área meio; em outros, a expansão geográfica, que garante votos, mas muitas vezes significa investimentos com baixa rentabilidade social.

Neste primeiro retrato mais amplo do Reuni, o programa não resiste na análise econômica-financeira.

Observação adicional: Durante anos, a Universidade de Brasília procurou mensurar o custo por aluno, segundo as grandes áreas do conhecimento. Além de desenvolver um trabalho pioneiro, a equipe responsável pelo sistema foi dar sua contribuição na docência em diversas universidades do país: Beatriz Morgan, Fernanda Fernandes (co-autora do Curso Prático de Contabilidade), Francisca Souza, José Lúcio Tozetti, entre outros. Infelizmente, recentemente a UnB descontinuou o sistema de apuração de custos, mas a série histórica, de 2002 a 2015, ajuda a contar um pouco a história do custo do aluno. A decisão de descontinuidade, infelizmente, está muito mais associado a atender a certos interesses do que a decisão de mensuração efetiva de desempenho.

23 julho 2018

Foco no Custo

A Ryanair é a maior empresa de aviação da Europa. Com receita de 7 bilhões de euros, obtida com mais de 400 Boeing 737-800. O que torna a empresa interessante é o foco no custo. Ou, como diz a Bloomberg, é a empresa que toda pessoa ama odiar, mas continua usando mesmo assim.

Se o foco é o custo, voar pela Ryanair significa assento não reclinável, sem bolso no banco, colete salva-vida no teto, limpeza rápida entre os voos, entre outras medidas. Mesmo com este foco, a margem operacional da empresa é bastante elevada (acima de 20%) e apresenta lucro (16% de margem líquida). Para conseguir isto, a empresa enfrenta a ira dos consumidores e dos empregados, usa publicidade polêmica (como uma declaração do seu executivo afirmando que a empresa estava pretendendo cobrar pelo uso do banheiro).

(Fotografia: cabine de um avião da empresa, mostrando propaganda no bagageiro)

17 julho 2018

Custo da arena

Barry Ritholtz analisa o custo de construir e manter instalações esportivas nos Estados Unidos. Segundo dados do New York Times, cerca de 330 mil novos assentos em arenas esportivas tiveram um custo de 7,5 bilhões de dólares, sendo 2,75 bilhões pagos pelos contribuintes dos Estados Unidos. Ou 8.200 mil dólares por assento.

O colunista apresenta quatro razões para a não construção destas arenas:

1. Concorrência : Esportes e música ao vivo são negócios incrivelmente bem-sucedidos e lucrativos em geral. Eles devem ser capazes de competir por conta própria pelos dólares dos consumidores. Se um local não puder gerar a receita necessária, isso indica que ele é mal administrado ou visto como não é necessário pelo mercado. Em ambos os casos, os contribuintes não deve subsidiá-lo.
2. Riquezas para os ricos: as equipes esportivas são propriedades extremamente valiosas. Por que os não-proprietários devem subsidiar empresas que podem facilmente construir suas próprias instalações? Os subsídios do contribuinte também distorcem o cálculo do mercado, destruindo os sinais que a oferta e a demanda devem enviar. Portanto, os donos ricos não apenas evitam pagar o custo total por seus locais, mas também obtêm toda um aumento do valor de suas equipes. E diminuindo o custo real da operação, os subsídios tornam muito mais fácil para os proprietários ricos obter lucro.
3. Impacto econômico : os acadêmicos analisaram os dados e há pouca dúvida: os estádios acrescentam pouco ou nada à economia local. Certamente não vale a pena dar bilhões de dólares para essas empresas. O retorno do investimento para o público é nulo. Esses subsídios perdulários têm demonstrado pouco ou nenhum impacto econômico positivo nos municípios e estados.
4. Prioridades : Dado o estado da infra-estrutura do país , é possível imaginar que possa haver projetos com maior prioridade para os dólares dos contribuintes. (...)

Nós, brasileiros, temos experiência sobre este assunto.  Talvez o nosso caso seja pior, já que os estádios construídos geraram não somente valores elevados de construção, mas representam hoje um grande problema em razão do custo elevado de manutenção. A falácia do custo perdido impede que a quase totalidade destas obras seja simplesmente derrubada.

Em 2012 fizemos uma análise do custo dos estádios da Copa. Afirmamos que “talvez” (em negrito) o custo da copa não estivesse tão superfaturado assim. Naquele momento, com um câmbio a 2,02, 587 mil assentos custavam 4,1 bilhões de dólares ou cerca de 7 mil dólares por assento para o contribuinte, um pouco abaixo do valor citado pelo colunista (aqui outros valores). Quatro pontos nestes cálculos: (1) os valores brasileiros precisariam ser atualizados (2) cada arena esportiva possui sua estrutura e torna-se complicado fazer estas comparações; (3) o desembolso do contribuinte brasileiro continua, já que ainda existem gastos de manutenção das arenas; e (4) o valor de 8.200 dólares refere-se somente a parcela paga pelo contribuinte, enquanto que os 7 mil dólares dos estádios brasileiros dizem respeito ao custo total. Provavelmente os três primeiros pontos podem significar um aumento no valor do estádio no Brasil, enquanto o último seria desfavorável ao caso dos EUA.

(Fotografia: Estádio Mané Garrincha, um dos estádios que deveriam ser derrubados, se prevalecesse a análise dos números)