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Mostrando postagens com marcador Ágio. Mostrar todas as postagens
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07 abril 2009

Ágio e Intangível

Ágio e intangíveis são principais desafios para fusões e aquisições
Gazeta Mercantil

São Paulo, 7 de Abril de 2009 - A combinação entre o agravamento da crise internacional e o processo de convergência às novas normas internacionais de contabilidade já surte efeitos práticos na formatação de fusões e aquisições no mundo todo. O principal desafio das empresas envolvidas nesse tipo de transação será saber registrar com equilíbrio os valores atribuídos ao ágio das operações. Também será importante contabilizar adequadamente os ativos intangíveis existentes na empresa adquirida.

Em um momento de enorme volatilidade do mercado de capitais, o ágio - que representa em uma fusão a capacidade de ganhos futuros - está mais sujeito à perda de valor. Errar seu cálculo pode gerar insegurança para fundos de private equity e investidores institucionais, que precisam levantar fundos para levar à frente processos de compra.

Essas conclusões são apontadas por um estudo global preparado pela Ernst & Young, cedido com exclusividade à Gazeta Mercantil. O levantamento, que considerou transações realizadas por 709 companhias de 21 países até 2007, identificou que, na média, o ágio representou 47% do valor pago pelas companhias.

Já a contabilização de ativos intangíveis, onde entram, por exemplo, marcas e listas de clientes, somou 23% do total desembolsado pelos negócios. "Os times que organizam fusões e aquisições estão tendo mais trabalho com a chegada do IFRS. As empresas podem ver reduzidas suas perspectivas de lucros e ganhos futuros quando a contabilização dos intangíveis não é a adequada", explica o sócio da Ernst Eduardo Redes. "Ou o que é ainda pior para os investidores: surge a notícia de que aquilo que custou 100 pode valer apenas 80", diz.

Pelas regras do International Financial Reporting Standards (IFRS), a apuração do ágio sobre rentabilidade futura, chamado por especialistas em contabilidade de goodwill, não pode sofrer amortização. No entanto, explica Redes, as companhias têm a possibilidade de, anualmente, fazer um teste de cenário. Chamado de teste de impairment, tem o objetivo de observar se o valores ajustados anteriormente - de goodwill ou intangíveis - sofreram perdas e devem ser remarcados. "Nas operações em que o ágio é o principal componente de valor, muitas empresas estão considerando que o valor da companhia adquirida pode sofrer perdas re-levantes", afirma o especialista.

Mais ágio

Os setores de bens de consumo e tecnologia são, segundo o estudo da Ernst, aqueles cujo ágio nas transações representou a maior fatia dos valores envolvidos em fusões e aquisições: 65% e 60%, respectivamente.

Outros segmentos cujo percentual de ágio ultrapassa a metade dos montantes desembolsados pelas companhias em fusões e aquisições são os de mídia e entretenimento e o de bancos de investimentos.

Os setores de seguros e telecomunicações, cujas combinações de negócios são geralmente motivadas pela aquisição de carteiras de clientes, são os que mais intangíveis desse tipo reconheceram e contabilizaram em fusões e aquisições: 44%.

A marca foi o segundo intangível mais comum, aponta a pesquisa. Surgiu em 31% dos casos, seguido pela incorporação da tecnologia, em 20% dos negócios.

Na contramão

As indústrias de construção civil e de petróleo e gás estão na ponta oposta. São aquelas cuja maior parte do valor pago na fusão equivale a ativos tangíveis, como equipamentos ou bens materialmente palpáveis. Eles representam 62% do valor no caso da primeira e 52%, na segunda.(Gazeta Mercantil/Finanças & Mercados - Pág. 1)(Luciano Feltrin)

12 fevereiro 2009

Ágio da Perdigão

Perdigão acata CVM e reverte baixa de ágio de R$ 1,5 bi
Valor Econômico - 12/2/2009

A Perdigão reverterá a baixa integral do ágio de aquisição da Eleva Alimentos, realizada no balanço do segundo trimestre de 2008, de R$ 1,3 bilhão. Também voltará atrás na decisão, anunciada em novembro, de lançar integralmente outros ágios no balanço do quarto trimestre, que somavam mais R$ 148 milhões.

Dessa forma, a companhia acata a decisão da área técnica da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) de pedir a reapresentação dos balanços trimestrais da empresa com essa correção. A Perdigão não mais recorrerá da decisão ao colegiado da autarquia.

A reversão do ágio, porém, não modifica os benefícios fiscais aos quais a companhia tem direito, independentemente do tratamento contábil do tema.

Portanto, está mantido o direito de efeito caixa a uma economia tributária da ordem de R$ 500 milhões, que ocorrerá ao longo de um período de dez anos, conforme já anunciado pela companhia.

No balanço anual de 2008, o efeito líquido dessa reversão, que totaliza R$ 1,5 bilhão, será positivo em aproximadamente R$ 1 bilhão. A diferença entre o bruto e o líquido refere-se justamente ao benefício fiscal, que foi colocado integralmente no balanço, assim como o ágio - apesar de o aproveitamento estar programado para ocorrer em uma década. Ambos serão revertidos e, com isso, o impacto líquido é a diferença dos dois valores.

29 janeiro 2009

O problema do Ágio

As companhias européias poderão se ver obrigadas a provisionar um montante recorde de US$ 212 bilhões depois de pagar a mais nesta década por compras que efetuaram, o que fará com que os investidores sofram mais perdas depois do pior ano para a renda variável desde 1937. AAlcatel-Lucent e aTelecom Italia são algumas das empresas no índice Dow Jone Stoxx 600 cujo valor de mercado caiu abaixo do ágio - o item no balanço que reflete o pagamento além do valor contábil em uma aquisição, segundo dados compilados pela Bloomberg News. Ainda que o ágio passe praticamente despercebido nos mercados com tendências de alta, os reguladores contábeis exigem que seja descontado dos lucros quando a queda nos preços das ações mostra que os negócios adquiridos valem menos.

Ágio supera valor de mercado de empresas
27/1/2009 - Gazeta Mercantil/Finanças & Mercados - Pág. 3)(Bloomberg News - Com Redação, de São Paulo)

28 janeiro 2009

Ágio da Perdigão

CVM determina que Perdigão reverta baixa de ágio da Eleva
23/01/2009
Valor Econômico

A Perdigão terá de refazer e republicar os balanços trimestrais de 2008 para reverter a amortização integral do ágio de aquisição da Eleva, feita no balanço de junho. A decisão foi tomada pela superintendência de relações com empresas da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e enviada à companhia no dia 16. A Perdigão recorrerá desta decisão.

(...) O ofício da CVM, além de pedir a reversão da amortização integral do ágio, determina que a companhia corrija a forma como contabilizou e evidenciou o ágio da Eleva, separando o valor em duas contas diferentes - conforme instruções do regulador que tratam do tema. Como efeito prático, é possível que o ágio passível de ser amortizado para fins de economia fiscal seja reduzido.

A diferença entre o valor patrimonial de uma companhia adquirida e o preço de aquisição é costumeiramente tratado integralmente como ágio. Foi o que fez a Perdigão com a Eleva e o que boa parte das empresas faz nas aquisições.

Na contabilidade e nas regras da CVM, porém, o ágio é apenas o adicional pago em transações fruto da expectativa de rentabilidade futura. É somente esse adicional que pode ser amortizado para economia tributária.

Eventual saldo que venha da diferença entre o valor contábil e a avaliação de mercado da companhia adquirida deve ser considerada como mais-valia e registrada como ativo. Nesse caso, o ativo da companhia compradora aumenta, ampliando a valor de sua depreciação na mesma proporção.

Assim, a diferença entre o valor de livros e o preço pago numa aquisição pode - e deve - ser dividido em dois. Uma parte que reflete o saldo ante o valor de mercado, que significa apenas um aumento do ativo da companhia. E a parcela que é o ágio de fato, fruto da estimativa de lucros futuros com o negócio adquirido.

Normalmente, a amortização desse ágio ocorre ano a ano na mesma proporção que o resultado esperado é gerado. Segundo as regras, a amortização deve ser feita num intervalo de cinco a dez anos.

Somente seria justificável que fosse feita a baixa numa única parcela se o motivo da expectativa de lucro futuro deixasse de existir ou ocorresse de forma antecipada (pela venda, por exemplo). Mas não foram esses os motivos da Perdigão.

A empresa alegou, durante as conversas com a CVM, que optou por lançar tudo numa única vez porque integrou os ativos da Eleva na atividade da Perdigão de forma que, a partir de então, tornava-se inviável apurar o desenvolvimento do saldo do ágio separadamente. (...)

25 janeiro 2009

Incentivo

São Paulo, 21 de Janeiro de 2009 - Após um ano de negociação, foi anunciada ontem a compra da Aracruz pela VCP, que dá origem à maior produtora mundial de celulose. Pelo acordo, a compradora pagará R$ 2,71 bilhões às famílias Lorentzen, Almeida Braga e Moreira Salles, pela participação de 28%. A incorporação de ações permitirá que a VCP obtenha benefícios fiscais com o ágio pago aos acionistas e com os prejuízos acumulados pelas empresas. (...)

VCP obtém benefícios fiscais com aquisição da Aracruz - 21/1/2009 - Gazeta Mercantil - Pág. 1)(Anna Lúcia França e Vinícius Pinheiro)

16 janeiro 2009

Uso do Ágio

Empresas aceleram reestruturações para garantir uso do ágio
13 Janeiro 2009
Valor Econômico

A mudança na lei contábil provocou uma corrida das empresas de capital aberto para implementar reestruturações societárias com o objetivo de garantir o uso do benefício tributário que permite descontar do Imposto de Renda (IR) o ágio pago em aquisições.
Em 2008 foram enviados à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) 15 comunicados anunciando a acionistas incorporações ou cisões que tinham como uma das justificativas possibilitar o aproveitamento do ágio. Somente em dezembro de 2008 foram enviados à CVM quatro comunicados, metade dos oito emitidos em todo o ano de 2007 para o mesmo tipo de operação.
É fácil entender o motivo da pressa das empresas em aproveitar o ágio. Criado em 1997 para viabilizar as privatizações do governo Fernando Henrique Cardoso, o benefício fiscal do ágio corre risco de ser extinto. Em janeiro de 2008 a nova lei contábil eliminou a amortização do ágio, procedimento que tinha como resultado tributário a dedução integral da parcela amortizada não só no IR como na Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL).
(...) O receio existiu durante todo o ano de 2008, quando as companhias não tinham a neutralidade tributária da nova lei contábil garantida. "Muitas empresas ficaram em compasso de espera e emitiram os fatos relevantes somente quando a MP garantiu um regime de transição com manutenção do benefício até 2009."
(...)

12 agosto 2008

Ágio, CPC e Receita

Agenda lotada na contabilidade
Valor Econômico - 12/08/2008

(...) Ainda neste mês, a CVM vai devolver para a consulta pública a regra que discute ativos intangíveis, como o registro de marcas e patentes. A diferença é que agora a norma não tratará mais de ágio. "Grande parte das sugestões pedia que não fosse feita ainda nenhuma adaptação sobre o ágio", contou José Carlos Bezerra, diretor interino de normas contábeis da Comissão de Valores Mobiliários (CVM). O ágio é o prêmio pago em aquisições sobre o valor contábil de bens e companhias.

Trata-se de uma das questões mais delicadas quando o assunto é a nova legislação contábil. A aprovação da Lei 11.638 no apagar das luzes de 2007 deixou pouco tempo para a CVM regular o novo ambiente.

Ficou faltando também um entendimento da Receita Federal sobre as alterações das regras e seu impacto fiscal. A previsão é que não haja efeito tributário, mas ainda falta o pronunciamento do Fisco garantindo esse entendimento. A nova legislação coloca o Brasil definitivamente na rota da convergência aos padrões contábeis internacionais, o IFRS. As normas domésticas que detalham como aplicar a diretriz dada pela lei, a serem emitidas pela CVM, serão inspiradas nos princípios internacionais.

Quando o tema é ágio as companhias abertas tremem. De acordo com levantamento do Valor com base em dados da Economática, as empresas têm um estoque de R$ 35,5 bilhões de ágio. A amortização desse saldo tem efeito de despesa no balanço, o que gera economia fiscal às empresas por reduzir o lucro tributável. Numa conta simples, é o mesmo que dizer que as companhias têm economias fiscais da ordem de R$ 12 bilhões esperando para serem aproveitadas pelos próximos 10 anos. Pela nova legislação, a demonstração de resultado que for levada ao investidor não mais poderá ter essa amortização - mesmo que a Receita permita a continuidade dessa prática.

(...) Para as companhias, é um alívio não ter que pensar nesse tema [ágio] neste ano. Com a retirada do ágio da minuta sobre ativos intangíveis, o pronunciamento se concentrará no detalhamento técnico das novidades inseridas pela lei - como o registro do valor da marca, em casos de aquisições. Há ainda explicações sobre como contabilizar patentes e até sistemas de tecnologia desenvolvidos internamente.Os demais temas que serão normatizados ainda neste ano são os mais essenciais para aplicação das diretrizes estabelecidas pela Lei 11.638. "Não tem opção de não fazer", comentou Papellás.

Segundo ele, que também participa do CPC, o comitê já tem praticamente prontos os próximos cinco pronunciamentos. Embora haja poucas normas emitidas, os participantes do processo acreditam que ainda não há porque falar em atraso na divulgação das regras. (...)

30 julho 2008

Importância do Ágio 2

Empresas têm R$ 35,5 bi de ágio estocado nos balanços
Valor Econômico - 30/7/2008

O estoque de ágio das companhias abertas brasileiras é mais um motivo para os investidores se interessarem pelo tema. Esse saldo está presente no balanço de 76 empresas e soma R$ 35,5 bilhões, segundo pesquisa do Valor, baseada em dados da Economática. O tratamento contábil a ser dado a esse estoque ainda está indefinido. A regra para o ágio será feita pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e pelo Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC) no próximo ano. Por isso, no balanço anual de 2008, nada mudará. Só quando o assunto for normatizado é que será definido o futuro dos estoques nos balanços, explicou Eliseu Martins, professor da Fipecafi e membro do CPC. "Esse é um dos nós do processo de convergência com o IFRS", afirmou Sérgio Citeroni, sócio da Ernst & Young.

Ainda não se sabe se as companhias terão de refazer suas contas para reclassificar o ágio já registrado - dividindo-o corretamente entre expectativa de resultado futuro e mais valia (valor de mercado) - ou se deixarão tudo como está. "O que fazer com as compras realizadas no passado?", questionou Citeroni.

A expectativa é que a regra não incidirá sobre o estoque do ágio, ou seja, valerá só para as aquisições realizadas a partir da normatização. Como o ágio pode ser amortizado por um prazo longo (mínimo de cinco e máximo de dez anos), é possível que muitas companhias nem tenham informações suficientes sobre os negócios passados para promover tal análise.

Uma eventual reclassificação do estoque do ágio poderia afetar as economias fiscais esperadas pelas empresas. O resultado líquido, entretanto, não deverá sofrer impacto tão forte. A partir da nova regra, o ágio não poderá mais ser amortizado no balanço societário - aquele apresentado ao mercado. Para Eliseu Martins, pode ser uma boa notícia aos investidores. Como a amortização era uma despesa, o lucro aumentará e, portanto, é possível que os dividendos distribuídos também cresçam. Reginaldo Alexandre, vice-presidente da associação dos analistas de investimentos de São Paulo (Apimec-SP) e membro do CPC, é menos otimista. Segundo ele, apesar de não haver regra da CVM obrigando, a maioria das empresas que amortiza ágio exclui esse efeito para calcular os dividendos.(GV e SF, com Nelson Niero)

Importância do Ágio

Quando o prejuízo vira lucro
Valor Econômico - 30/07/2008

Se ainda havia alguma dúvida sobre a importância para o investidor de um assunto tão árido quanto o ágio, há uma chance de ela se dissipar nesta safra de balanços. Só a Perdigão amortizou numa única tacada o ágio das principais aquisições: nada menos do que R$ 1,5 bilhão. A medida transformou o que seria um lucro de R$ 102,5 milhões, no segundo trimestre do ano, num prejuízo de R$ 881,8 milhões. A Energias do Brasil fez o mesmo com o ágio da Enersul, de R$ 129 milhões, e o resultado líquido de abril a junho ficou negativo em R$ 4 milhões.

A iniciativa dessas empresas pode estar relacionada com o ambiente de incerteza gerado pelo processo de convergência do padrão contábil brasileiro ao internacional (IFRS), iniciado com a aprovação da Lei 11.638, no fim do ano passado. É possível que o ágio emagreça, assim como o benefício fiscal auferido.

O assunto está cercado de dúvidas, tanto por conta das novidades inseridas pela legislação, como pela ansiedade em torno do entendimento da Receita Federal sobre as novidades. Assim como nos países que usam o IFRS, aqui também o ágio deixará de transitar pelo resultado das empresas. Embora a expectativa seja de que a economia fiscal continue ocorrendo, a partir do momento em que a Receita Federal garantir que as regras não mudarão, isso ainda não foi definido.

Mas, passado o susto com a perda inesperada, os acionistas das companhias que acelerarem a amortização do ágio podem começar a comemorar a economia fiscal. No caso da Perdigão, haverá um ganho tributário de R$ 501 milhões. Durante dez anos, uma parcela desse montante será reduzida do imposto a pagar. Assim, o que o investidor vê agora no balanço não é o que acontecerá no caixa da companhia. Por isso, ambas as empresas já esclarecem que o dividendo a ser distribuído não sofrerá impacto dessa medida contábil. As empresas podem reduzir o lucro de cada exercício em até 30% com amortização de ágio. Essa amortização nada mais é do que dar tratamento de despesa ao ágio, o que diminui a lucratividade da companhia e, portanto, a base de incidência dos tributos. Como o imposto sobre o lucro é de 34%, essa é a proporção do ágio que se transforma em economia tributária.

Por se tratar de um tema difícil e altamente técnico, os investidores se acostumaram a conviver com as amortizações de ágio nos balanços e a desconsiderar esse efeito para avaliação do desempenho operacional do negócio, por recomendação dos próprios administradores. Mas a verdade é que deveriam sim entender da questão. Justamente porque esses procedimentos contábeis têm um efeito importante sobre o caixa - motivação das companhias para apresentarem publicamente um prejuízo que, na realidade, não tiveram com suas atividades. Na nova contabilidade, o ágio sairá da demonstração de resultado, mas continuará no balanço patrimonial.

(...) Pelo conceito purista e técnico, ágio é o prêmio pago em aquisições por expectativa de rentabilidade futura. Porém, Eliseu Martins, professor da Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras (Fipecafi), explica que historicamente, no Brasil, seu cálculo foi distorcido. As companhias consideravam como ágio toda diferença entre o preço pago por um negócio e seu valor patrimonial. Mas não é assim que a conta deveria ser feita.

Segundo Martins, que também é vice-coordenador técnico do Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC), a diferença entre o valor de aquisição e o contábil de um bem deveria ser repartida em dois itens: a mais valia (valor de mercado) e a expectativa de resultado futuro. A regra da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) que trata do assunto já faz essa recomendação. A economia fiscal pode ser obtida a apenas sobre o ágio existente por expectativa de lucro futuro.

Guillermo O. Braunbeck, da Hirashima & Associados, explica que era interessante para as companhias fazer o cálculo da forma simplificada. Quanto maior fosse o ágio, maior seria o benefício fiscal.

(...) Outro conceito inserido no processo de convergência do padrão brasileiro ao IFRS que pode afetar o ágio das aquisições é o da baixa contábil - conhecido como "impairment". Trata-se de uma avaliação periódica pelas empresas de seus bens, para verificar se eles ainda podem trazer o resultado esperado. Caso a expectativa se reduza, o valor do bem, tangível ou intangível, deve ser ajustado para baixo. O ágio é um dos ativos que deverá passar, periodicamente, por essa análise.

Assim, as dúvidas sobre o futuro do ágio nos balanços não são poucas. O professor Ariovaldo dos Santos, da Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras (Fipecafi), acrescenta que, no lugar da despesa de amortização, as empresas poderão ter baixa contábil. Então, não dá para saber se os resultados das companhias serão maiores ou menores, assim como os dividendos. "Dependerá de cada empresa", afirma.Para ele, a nova lei vai melhorar a informação para os investidores, que saberão qual é o valor de mercado dos ativos. Também aumenta a transparência das aquisições, pois a composição do preço pago ficará mais clara.

19 junho 2008

Lei 11.638 e Tributação 3

Nova lei deve trazer efeito fiscal em 2008
Valor Econômico - 19/6/2008

Conformismo. Essa é a palavra que parece definir o atual status da discussão a respeito de possíveis impactos tributários da nova lei contábil brasileira, depois de tanto se falar da neutralidade fiscal.

Já se comenta abertamente a perspectiva de efeitos sobre o pagamento das impostos pelas companhias neste ano.

Durante seminário realizado pelo Instituto Brasileiro de Relações com Investidores (Ibri), os especialistas já tratavam da questão como certo que, pelo menos sobre o balanço de 2008, haverá impactos fiscais sim, ao contrário do previsto e acordado durante a discussão da legislação.

Mais uma vez, o fato de a Lei 11.638 ter sido aprovada no apagar das luzes de 2007, para vigência neste ano, foi apontado como causa principal do ambiente de incertezas em que o processo de normatização está inserido.Reginaldo Alexandre, vice-presidente da associação de analistas de São Paulo, Apimec-SP, e membro do Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC), lembra que a expectativa por uma posição da Receita Federal definitiva sobre a questão preocupa. No entanto, explica que qualquer ato normativo do Fisco só deve ter validade sobre os números de 2009, ou seja, o desempenho deste ano ficaria descoberto. Ainda assim, mantém a aposta na possibilidade de se alcançar a neutralidade fiscal a partir do próximo ano. "Tudo indica que há intenção do governo de trabalhar por isso (ausência de impactos). "Francisco Papellás, presidente do Instituto dos Auditores Independentes do Brasil (Ibracon) e sócio da Deloitte, explica que a Receita não pode simplesmente isentar as companhias. É preciso resolver a questão adequadamente. O problema, segundo ele, é que as normas da Receita remetem à Lei das Sociedades Anônimas, mas essa foi reforma pela Lei 11.638, aprovada no final do ano passado. Ainda não foram criadas as normas ligando a Receita à nova lei e, quando forem, valerão só para o próximo ano.

"A Lei (11.638) e as normas da Receita deveriam ter sido aprovadas juntas", diz Wanderlei Olivetti, sócio da área de auditoria da Deloitte. Juntas, novas regras fiscais e a lei reformada tornariam o cenário atual menos conturbado. Ele apontou os pontos cruciais dentro discussão sobre os impactos fiscais. Os ajustes por conta de contratos de leasing e ainda o ágio de aquisições de empresas são dois dos principais temas. Quanto ao leasing, Olivetti é mais otimista. Acredita que a regra atual da Receita oferece espaço para manutenção do cenário praticado, até então, em que as parcelas mensais desses contratos eram tratadas como despesas, para efeito fiscal. Porém, em relação ao ágio, as margens para questionamento quanto à manutenção dos benefícios fiscais são mais duvidosas. Isso porque o benefício existe sobre a amortização que a companhia decide contabilizar. Como pela nova regra, a amortização deixa de existir, não haveria como garantir a sustentação das economias fiscais sem uma posição clara da Receita.

Olivetti acredita que, para algumas questões, a figura do balanço para fins tributários criado pela lei reformada, o chamado Laluc - Livro de Apuração do Lucro Contábil - pode resolver. No entanto, ele não oferece solução para todos os aspectos. O artigo 177 da nova lei contábil garante isenção para os ajustes que forem feitos exclusivamente para harmonização contábil. O texto da legislação refere-se ao processo de convergência das normais brasileiras ao padrão internacional de contabilidade (IFRS) que a 11.638 deu início. No entanto, as lacunas existentes são de pontos específicos, como o do ágio. A despeito do discurso pela neutralidade fiscal, as companhias, internamente, acreditam pouco no sucesso pleno dessa medida. A Associação Brasileira das Companhias Abertas (Abrasca) promete brigar por esse aspecto, pilar que sustentou sua decisão de apoiar a reforma da lei.

10 novembro 2006

Ágio distorce resultado de Bancos

Apesar do ágio, os bancos ainda são lucrativos. A seguir, reportagem do Valor Econômico de hoje:

Ágio distorce resultado dos bancos

Maria Christina Carvalho
Apoiados em confortáveis colchões de lucro, os três maiores bancos privados de varejo - Bradesco, Itaú e Unibanco - realizaram no terceiro trimestre vultosas amortizações de ágios pagos em aquisições. Apesar disso ter implicado em despesas elevadas, a decisão contábil não chegou a empanar os resultados e, de modo geral, não afetou significativamente a distribuição de dividendos para os acionistas.

A onda de amortização de ágio foi desencadeada pelo Itaú que seguiu sua política habitual e anunciou que iria amortizar de uma só vez os R$ 2,7 bilhões de ágio pagos na compra do BankBoston. A despesa reduziu o lucro líquido contábil dos nove meses em 20,835 para R$ 3,03 bilhões em comparação com igual período de 2005.

O Bradesco resolveu acompanhar o movimento e antecipou a amortização integral de seu estoque de R$ 2,11 bilhões em ágio. Com isso, o lucro líquido de nove meses caiu 17,29% para R$ 3,35 bilhões.

Já o Unibanco preferiu antecipar de dez para cinco anos a amortização de R$ 1,062 bilhão em ágio que tinha em estoque, o que previa fazer até 2016. Isso implicou a amortização extraordinária no terceiro trimestre de R$ 464 milhões. Desse modo, o lucro líquido de nove meses caiu 11,63% para R$ 1,17 bilhão.

Não fossem essas medidas, o Bradesco teria aumentado em 34,76% o lucro de nove meses; o Itaú, em 42,65; e o Unibanco, em 23,27%, calculou a consultoria Austin Ratings.

A legislação contábil brasileira permite a amortização de ágio em dez anos; e a fiscal, em cinco anos, no mínimo.

O presidente da consultoria Austin Ratings, Erivelto Rodrigues, afirmou que a decisão facilita a comparação dos resultados dos bancos brasileiros com seus equivalentes internacionais.

Já o vice-presidente do Unibanco, Geraldo Travaglia, afirmou que amortização do ágio é "uma distorção contábil. O normal seria amortizar o ágio de acordo com o resultado obtido com a aquisição. A idéia é que o ganho é suficiente para cobrir o preço pago". O banco só acompanhou os demais, disse, para não distorcer a comparação dos analistas. Os investidores de varejo, acredita, nem compreendem profundamente a operação.

Travaglia também observou que o Unibanco preferiu utilizar o crédito tributário decorrente da amortização do ágio para reforçar as provisões porque considera incoerente contabilizá-lo no ativo, como fizeram os outros bancos.

A amortização de ágio também tem impacto no patrimônio dos bancos, reduzindo o número. Todos, porém, mantiveram a política de distribuição de dividendos.

Para não afetar os acionistas e os indicadores de alavancagem, os bancos tomaram diferentes medidas. O Itaú aumentou o capital com a incorporação do BankBoston; e o Bradesco, com a emissão de ações. O Unibanco informou que, se tivesse amortizado integralmente o estoque de ágio, seu índice de Basiléia teria caído 0,8 ponto para 14,7%. O índice fechou setembro em 15,5%.

07 novembro 2006

Bradesco

O lucro anunciado do Bradesco sofreu com a amortização do ágio, realizado integralmente neste período. Isto também foi feito pelo Itaú. Entretanto, a distribuição dos dividendos terá como base um lucro maior. Seria esta amortização interessante? A reportagem a seguir, do Estado de hoje, diz que sim.

Com aquisições, lucro do Bradesco cai para R$ 3,35 bi

Sem efeito das amortizações, lucro de janeiro a julho ultrapassou R$ 5 bilhões, 24% maior que o de 2005

Renée Pereira

O lucro líquido do Bradesco, maior banco privado do País, atingiu R$ 3,35 bilhões entre janeiro e setembro deste ano, resultado 17,27% inferior ao de igual período do ano passado. A redução, a exemplo do que ocorreu com o Itaú (que lucrou R$ 3 bilhões), foi provocada pela amortização integral do ágio referente a aquisições feitas no passado, como American Express (Amex) e Banco do Estado do Ceará (BEC). O retorno sobre o patrimônio ficou em 22%.

Sem o efeito das amortizações, o lucro do banco ultrapassou os R$ 5 bilhões, valor 24% superior ao do mesmo período de 2005. 'O resultado veio dentro das expectativas do mercado e foi considerado bastante satisfatório', disse o analista João Augusto Salles, da consultoria Lopes Filho. Com o anúncio do balanço, as ações preferenciais valorizaram 2,25% e as ordinárias, 1,65%. A amortização integral de ágio dá mais transparência aos números dos bancos.

O presidente do Bradesco, Márcio Cypriano, informou que a distribuição de dividendos será feita com base no valor de R$ 4,74 bilhões. Esse é o lucro líquido ajustado, com amortização do primeiro semestre. O executivo destacou ainda que 67% do ganho veio da atividade bancária e 33%, de seguros.

A carteira de crédito, incluindo avais e fianças, mais uma vez foi um dos destaques do balanço, com um avanço de 27,8%, somando R$ 110,30 bilhões. Entre essas operações, o maior crescimento, de 27%, foi detectado no portfólio para pessoa física, especialmente nas linhas de crédito pessoal e veículos. Na modalidade cartão de crédito, houve um salto na carteira de 76,6%, explicado pela aquisição da Amex, explicou Cypriano.

Na carteira para pessoa jurídica, os empréstimos para pequenas e médias empresas aumentaram 25,6%. Já a demanda das grandes empresas atingiu 13,1%, porcentual explicado pelo acesso à modalidades de financiamento no mercado de capitais, observa Cypriano. 'O crédito veio em linha com nossa expectativa de crescer entre 22% e 25% este ano. Para 2007, a previsão é de avanço de 20%.'

Ele destacou ainda que o crédito consignado com carteira adquirida - por meio de parcerias com bancos médios - cresceu bem menos que a carteira com recursos próprios - 7,5% ante 84,7%. 'Hoje esses bancos médios estão encontrando outras formas de se financiarem e não precisam tanto das parcerias com grandes bancos como no passado', explica Cypriano.

Em relação à inadimplência, o índice médio dos atrasos acima de 59 dias atingiu 4,2% em setembro, ante 3,1% em igual período do ano passado. O presidente do banco explicou que esse aumento é resultado do novo mix da carteira de crédito, com maior participação dos empréstimos para pessoa física. Nessas linhas, o risco é maior, mas o retorno compensa, já que os juros são extremamente elevados.

Por causa do aumento da inadimplência e do crescimento da carteira de crédito, o Bradesco elevou em 83% as despesas com Provisão para Devedores Duvidosos, de R$ 1,74 bilhões para R$ 3,22 bilhões. O valor excede em R$ 79 milhões o exigido pelo Banco Central (BC). A notícia positiva, segundo Cypriano, é que a inadimplência se estabilizou em agosto e já apresenta algum recuo.

O executivo também se mostrou otimista em relação ao crédito imobiliário. Ele afirmou que até setembro o volume de financiamento já tinha atingido R$ 1,6 bilhão, esbarrando na meta de R$ 2 bilhões estabelecida para o ano. 'Devemos chegar a esse valor até o fim de novembro.' Cerca de 83% dos empréstimos foram para construtoras e 17%, consumidor final.

Outra conta que teve resultado bastante positivo foi a receita de prestação de serviço, que subiu 21,3%, para R$ 6,47 bilhões. Neste ano, esse faturamento respondeu por 26% do resultado. Os ativos totais somaram R$ 243 bilhões e o patrimônio líquido, R$ 21,77 bilhões.