O álcool melhora a fluência em línguas estrangeiras? Lagartos da África Ocidental têm cobertura de pizza preferida? E pintar vacas com listras de zebra ajuda a repelir moscas que picam? Essas e outras perguntas de pesquisa inusitadas foram homenageadas esta noite em uma cerimônia virtual que anunciou os vencedores de 2025 do Ig Nobel. Sim, é aquela época do ano em que o sério e o jocoso convergem — pela ciência.
Criado em 1991, o Ig Nobel é uma paródia bem-humorada do Prêmio Nobel; ele reconhece “realizações que primeiro fazem as pessoas rirem e depois as fazem pensar”. A cerimônia,

assumidamente camp, inclui mini-óperas, demonstrações científicas e as palestras “24/7”, em que especialistas explicam seu trabalho duas vezes: uma em 24 segundos e outra em apenas sete palavras.
Os discursos de aceitação são limitados a 60 segundos. E, como sugere o lema, as pesquisas premiadas podem parecer ridículas à primeira vista, mas não deixam de ter mérito científico. Nas semanas seguintes à cerimônia, os vencedores também farão palestras públicas gratuitas, que serão publicadas no site do Improbable Research.Eis os premiados
Biologia - Tomoki Kojima, Kazato Oishi, Yasushi Matsubara, Yuki Uchiyama, Yoshihiko Fukushima, Naoto Aoki, Say Sato, Tatsuaki Masuda, Junichi Ueda, Hiroyuki Hirooka e Katsutoshi Kino, por seus experimentos para descobrir se vacas pintadas com listras semelhantes às de zebras conseguem evitar picadas de moscas [foto].
Química - Rotem Naftalovich, Daniel Naftalovich e Frank Greenway, por experimentos para testar se comer Teflon [um tipo de plástico formalmente chamado “politetrafluoretileno”] é uma boa maneira de aumentar o volume de comida — e, portanto, a saciedade — sem elevar o conteúdo calórico.
Física -Giacomo Bartolucci, Daniel Maria Busiello, Matteo Ciarchi, Alberto Corticelli, Ivan Di Terlizzi, Fabrizio Olmeda, Davide Revignas e Vincenzo Maria Schimmenti, por descobertas sobre a física do molho de massa, especialmente a transição de fase que pode levar à formação de grumos, o que pode causar desagrado.
Design de Engenharia - Vikash Kumar e Sarthak Mittal, por analisar, sob a perspectiva do design de engenharia, “como sapatos com mau cheiro afetam a boa experiência de usar um sapateiro”.
Aviação - Francisco Sánchez, Mariana Melcón, Carmi Korine e Berry Pinshow, por estudar se a ingestão de álcool pode prejudicar a capacidade de voo dos morcegos e também sua capacidade de ecolocalizar.
Psicologia -Marcin Zajenkowski e Gilles Gignac, por investigar o que acontece quando você diz a narcisistas — ou a qualquer outra pessoa — que eles são inteligentes.
Nutrição - Daniele Dendi, Gabriel H. Segniagbeto, Roger Meek e Luca Luiselli, por estudar até que ponto um certo tipo de lagarto escolhe comer certos tipos de pizza.
Pediatria - Julie Mennella e Gary Beauchamp, por estudar o que um bebê em amamentação experimenta quando a mãe come alho.
Literatura - O falecido Dr. William B. Bean, por registrar e analisar persistentemente a taxa de crescimento de uma de suas unhas ao longo de 35 anos.
Paz - Fritz Renner, Inge Kersbergen, Matt Field e Jessica Werthmann, por mostrarem que beber álcool às vezes melhora a capacidade de uma pessoa de falar em uma língua estrangeira.