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30 setembro 2025

Custo oculto do iFood

Pedir comida pelo iFood é uma grande comodidade dos dias atuais. Junto com o desenvolvimento da entrega rápida de comida, cresceu o número de entregadores circulando com motocicletas. Uma consequência disso: mortes


O gráfico mostra um crescimento nos acidentes fatais de motocicletas, entre 2018 e 2024. Em alguns lugares, é a causa de morte mais comum entre os jovens. E isso tem impacto sobre a saúde pública, a segurança viária e os gastos públicos. 

Enquanto o crime é destaque e traz impacto político, os acidentes de trânsito não recebem muita atenção pública. 

Vídeos de investimento no TikTok são enganosos ou imprecisos

Do Business Insider:


Um estudo recente mostrou que 70% dos vídeos de investimentos no TikTok são enganosos ou imprecisos. O levantamento analisou conteúdos populares em hashtags como #FinTok e #StockTok, avaliando critérios como precisão, transparência de riscos, simplificação excessiva e valor educacional. A maioria dos criadores não tem formação em finanças, e muitos vídeos parecem focados em engajamento e receita, não em aconselhamento sério. O estudo alerta que jovens investidores, que usam cada vez mais o TikTok como fonte, devem ter cautela e verificar as credenciais de quem produz esse conteúdo.

Enciclopedia de Musk

O controverso e rico Elon Musk anunciou que estaria criando a Grokipedia, como uma alternativa à Wikipedia. A disposição de colocar recursos em uma enciclopéida decorre de sua crença que a Wikipédia não é neutra, estando sujeita a manipulações ideológicas, com tendência ao pensamento de esquerda. Nesse sentido, a nova enciclopedia seria neutra e verificável. 


Não foram divulgados detalhes, como critérios de curadoria e governança editorial. Mas parece que a nova enciclopédia será alimentada por uma IA, o chatbot Grok. Além do fato do novo projeto ser controlado por uma empresa privada,  o uso do Grok pode ser um problema. 


Viés na rede de relacionamentos acadêmica

Um estudo (via aqui) investigou vieses na formação de redes acadêmicas entre economistas no Twitter (ou X). Os autores criaram 80 perfis fictícios de estudantes de doutorado em economia, variando aleatoriamente gênero (nomes e fotos indicativas), raça (negro ou branco) e vinculação institucional (universidades de prestígio ou menos reconhecidas). Esses perfis seguiram cerca de 6.920 usuários da comunidade #EconTwitter entre maio e agosto de 2022, e o experimento mediu quantos daqueles usuários “retribuíram” o follow.


Os resultados revelaram disparidades substanciais: perfis de estudantes negros de universidades menos prestigiadas obtiveram a menor taxa de retorno de follow, enquanto mulheres brancas de universidades topo de ranking tiveram a maior taxa — a diferença entre os extremos foi de quase 10 pontos percentuais. Em média, perfis brancos obtiveram “follow-backs” 12 % mais frequentemente que perfis negros; perfis de instituições prestigiadas tiveram vantagem de 21 % sobre instituições mais modestas; e perfis femininos receberam 25 % mais retorno que perfis masculinos.

Esses achados sugerem que, mesmo em plataformas online frequentemente consideradas “democráticas”, há mecanismos de discriminação implícita que influenciam quem é aceito nas redes profissionais acadêmicas. Além disso, o estudo contribui para explicar fatores que perpetuam a falta de diversidade na economia, mostrando como redes sociais digitais podem reproduzir desigualdades já existentes.

Rir é o melhor remédio

Fonte: aqui
 

29 setembro 2025

Frase


Há uma piada clássica que diz que os egos dos professores universitários são tão potentes que, se fossem conectados entre si, gerariam energia suficiente para iluminar um campus inteiro durante uma semana. 

(Fonte aqui)

O texto traz indicações de romances sobre a vida universitária. Interessante, apesar de ter encontrado poucos títulos em língua portuguesa. Na verdade, das obras indicadas, somente o livro de Donna Tartt. 

Liberdade das mulheres e sucesso no futebol feminino


O resumo

Investigamos o impacto da liberdade política e econômica das mulheres sobre o sucesso no futebol feminino internacional. Nossa hipótese é que, à medida que as mulheres conquistam liberdade política e econômica, a seleção nacional feminina do país apresenta uma queda no desempenho em campo no curto prazo, mas, com o tempo, uma maior liberdade econômica e política abre oportunidades voluntárias para que as mulheres pratiquem futebol em idades mais precoces, o que gera melhor desempenho em campo no longo prazo. As evidências empíricas apoiam essas duas hipóteses, sugerindo que os benefícios gerais do aumento da liberdade política e econômica para as mulheres no futebol internacional não são imediatos, mas são, ainda assim, concretos. 

Depken, C., & Globan, T. (2025). Women's international football success and women's economic freedom. Contemporary Economic Policy, 43(4), 714–730. 

Manobra contábil na Nvidia?


A notícia é que a OpenAI decidiu alugar GPU em lugar de comprar diretamente da Nvidia. Um artigo questiona os motivos que levaram essa decisão, onde a Nvidia mantem a propriedade do hardware, talvez através de um veículo de financiamento. Fica a impressão de ser uma engenharia financeira, mas o texto questiona se não seria uma forma de esconder resultados.

Tendo a pensar que empresas não se reinventam como financiadoras porque as coisas estão indo bem. Elas fazem isso quando os clientes não conseguem ou não querem acompanhar a farra de gastos, e quando a gestão deseja encobrir rachaduras com ginástica contábil. Ou, ainda, quando um anúncio precisa absolutamente chegar ao mercado como relações públicas antes de ter efeito concreto.

Todos nós já vimos isso antes: leasebacks de telecomunicações na era das pontocom, títulos lastreados em hipotecas antes de 2008, todo aquele lixo — tudo vendido como “inovação” até a música parar.

Segundo o autor, transformar equipamentos de alta depreciação em “ativos financeiros” lembra manobras contábeis usadas por empresas em momentos de fragilidade. 

Expansão do regime de competência no setor público mundial


Um novo relatório de status, publicado pela Federação Internacional de Contadores (IFAC) e pelo Instituto de Finanças Públicas e Contabilidade (CIPFA), com apoio do Conselho de Normas Internacionais de Contabilidade do Setor Público (IPSASB), destaca o progresso constante e gradual dos governos em todo o mundo na transição do regime de caixa para o regime de competência na elaboração de relatórios financeiros.

Principais conclusões do relatório incluem:

  • Até 2030, 56% das jurisdições deverão reportar com base no regime de competência. Isso representa um avanço constante em relação ao Índice de 2020, mas em um ritmo mais lento do que o previsto, refletindo as pressões financeiras e operacionais enfrentadas pelos governos durante e após a pandemia.

  • Em 2024, as jurisdições de alta renda representavam a maioria dos adotantes do regime de competência (57%), mas até 2030 o cenário deverá mudar: 60% das jurisdições que utilizarem o regime de competência serão provenientes de economias de renda média e baixa.

  • Até 2030, espera-se que 81% das jurisdições que reportarem pelo regime de competência estejam aplicando as Normas Internacionais de Contabilidade do Setor Público (IPSAS) — seja diretamente, com modificações ou como base para normas nacionais.

Fonte: aqui. Foto aqui

Universidade mais IA


A Mohamed bin Zayed University of Artificial Intelligence (MBZUAI), nos Emirados Árabes Unidos, foi criada com o ambicioso objetivo de se tornar o “Stanford do Oriente Médio”. Com forte apoio estatal e financiamento generoso, a universidade oferece bolsas integrais e uma estrutura que elimina a necessidade de professores conseguirem financiamento externo. Em aproximadamente seis anos, já contratou mais de 100 professores de países como Estados Unidos, China e Alemanha, e reúne mais de 700 estudantes e ex-alunos de 49 nacionalidades. 

A MBZUAI trabalha em estreita colaboração com a gigante de IA G42, desenvolvendo modelos de linguagem, dentre eles o modelo aberto “K2 Think”. A universidade também lançou modelos de linguagem para línguas como árabe, hindi e outras, buscando representar diversidade cultural com seus alunos colaboradores. 


Para os EUA e grandes polos tecnológicos internacionais, a iniciativa representa concorrência direta: recursos abundantes de computação e talentos estão no centro da estratégia dos Emirados para transformar economia dependente do petróleo em um hub global de tecnologia. 


28 setembro 2025

Avaliação na pós-graduação

Eis o resumo:

This article aimed to map the evaluation use, identify the affecting factors, and analyze how they are related in the context of the Brazilian graduate evaluation system, which involves more than 7,000 master’s and doctoral programs. Interviews were conducted with a representative sample of Professors, Graduate Program Coordinators, and Research and Graduate Studies Pro-Rectors (Deans). The analysis of conceptual, instrumental, and symbolic use examples revealed nine subcategories of evaluation use (Management, Publication Quality, Program, Evaluation, Social Insertion, Internationalization, Teaching, Graduate Studies, and Promotion). A new source was identified besides process and findings use: guidelines use. The examples of conceptual use presented in almost all subcategories indicate an increase in evaluation capacity building, which is essential for evaluation policy. Factors related to Evaluator, Context, and Stakeholders affected evaluation use more positively, while Evaluation had both stimulating and discouraging effects. The predominance of encouraging factors affecting evaluation use indicates the system’s institutionalization and maturity. 

O artigo é fruto da Tese de Edjane Oliveira da Silva, em co-autoria com seu orientador. A pesquisa é sobre o uso da avaliação, entrevistando as pessoas envolvidas no processo.  A autora encaminhou agora o fruto da pesquisa, que foi concluída em 2021. 

 

Acionistas da Disney querem registros


Um grupo de acionistas da Disney exigiu que a empresa entregasse documentos relacionados à sua decisão de tirar brevemente o show do apresentador Jimmy Kimmel, apresentador da ABC, Jimmy Kimmel (foto). Em uma carta à Disney na semana passada, advogados que representam a Federação Americana de Professores, Repórteres Sem Fronteiras e outros grupos pediram à gigante do entretenimento de Hollywood que entregasse registros do conselho relacionados à suspensão de Kimmel. Eles criticaram a decisão de disciplinar o comediante por seus comentários sobre a reação dos conservadores ao suposto atirador de Kirk, dizendo que os investidores tinham o direito de investigar se os líderes da empresa “não cumpriam adequadamente seus deveres fiduciários”.

O movimento estimulou um clamor público contra a Disney, fez com que alguns talentos de Hollywood ameaçassem cortar os laços com a empresa e cortou mais de US $ 4 bilhões de seu valor de mercado. As redes de afiliados Nexstar e Sinclair disseram que devolveriam Kimmel às suas ondas de rádio na sexta-feira – depois que o efeito Streisand da suspensão de Kimmel disparou sua classificação para o maior nível em uma década. A carta de acionistas deu à Disney cinco dias para responder, então fique atento a esse prazo esta semana.

Fonte: Semafor newsletter, 28 set . Foto Wikipedia

50 anos de pesquisa contábil

Este estudo busca identificar as características das contribuições científicas brasileiras de maior impacto na literatura contábil internacional qualificada, 50 anos após a criação do primeiro Programa de Pós-Graduação no país. Uma avaliação histórica é relevante ao revelar as principais contribuições da pesquisa brasileira para as ciências contábeis nos últimos 50 anos, permitindo reflexões sobre estruturas e eventos, melhor compreensão das transformações sociais, possibilitando avaliação e reflexão da área e detecção de indicadores, tendências e vieses. O foco em questões locais sugere um interesse internacional pelas práticas contábeis em economias emergentes como o Brasil. Esta pesquisa é relevante como um marco das principais contribuições brasileiras à ciência contábil, permitindo que atores locais reflitam sobre abordagens de pesquisa bem-sucedidas e contribuições e tópicos de maior impacto. Esta análise pode beneficiar pesquisadores contábeis em países latinos e/ou economias emergentes ao direcionar uma agenda de pesquisa que expanda o impacto da pesquisa realizada no contexto brasileiro e motive novas parcerias internacionais. A presente revisão foi realizada em artigos publicados de 1970 a 2020, nas bases de dados Scopus e Web of Science. Esses artigos foram submetidos a uma revisão sistemática da literatura para identificar suas características, os principais tópicos abordados, as áreas temáticas mais representativas, suas principais contribuições e direções para pesquisas futuras. O Brasil publicou 39 artigos com impacto relevante na literatura internacional, a maioria na década de 2000. Contribuições significativas foram encontradas em controladoria, contabilidade gerencial e contabilidade financeira. Tópicos como gestão de desempenho, custos e agronegócio, gerenciamento de resultados, divulgação e adoção das Normas Internacionais de Relatório Financeiro (IFRS) foram particularmente notáveis. Parcerias com autores de países desenvolvidos demonstraram-se importantes para viabilizar publicações com impacto internacional.

Fonte: aqui 

26 setembro 2025

Apple reage ao regulador europeu

A empresa de tecnologia Apple ameaçou deixar de vender iPhones e outros produtos na União Europeia. A companhia pressiona para que a UE recue em uma lei antimonopólio que obriga a Apple a permitir que terceiros ofereçam serviços aos usuários do iPhone.

A UE tem mais de 400 milhões de habitantes e uma das maiores rendas per capita do mundo. Diante desses números, é difícil acreditar que a Apple esteja falando sério. Para o Pluralistic, trata-se de uma estratégia de pressão, uma chantagem regulatória. O curioso é que a Apple justifica a ameaça dizendo que está defendendo a privacidade dos usuários. Mas a própria empresa, assim como outras de tecnologia, coleta e explora dados pessoais sem pudor.

Uma das maiores batalhas dos defensores de medidas contra as big techs é garantir que os usuários possam sair dos sistemas controlados por essas empresas sem perder acesso ao seu conteúdo.

25 setembro 2025

Usando IA para flagrar abusos de direitos autorais em músicas por IA


As gravadoras têm uma relação cada vez mais complicada com a inteligência artificial. A tecnologia pode ajudar a promover seus artistas e inspirar novos tipos de criatividade — mas, temem executivos e músicos, também pode se apropriar de seus trabalhos.

A startup SoundPatrol, cujos fundadores incluem Michael Ovitz, ex-superagente de Hollywood e ex-presidente da Disney, afirma ter uma ferramenta para proteger contra infrações de direitos autorais. E a empresa firmou parceria com duas das três maiores gravadoras, a Universal Music Group e a Sony Music, como noticia em primeira mão Michael de la Merced.

Contexto: artistas e gravadoras têm argumentado que músicas geradas por IA roubam de artistas já existentes, tanto criativa quanto financeiramente. Universal Music, Sony Music e Warner Records aderiram a processos contra dois populares geradores de música por IA, Suno e Udio.

“Precisamos proteger nossa P.I. e nossos direitos autorais”, disse Lucian Grainge, CEO da Universal Music, ao DealBook. Ele acrescentou que, para seu negócio, música, propriedade intelectual e direitos autorais são “o sangue que corre em suas veias”.

A ascensão da IA ocorre enquanto a indústria musical se recupera de um período de pirataria generalizada no início dos anos 2000, com as receitas globais no ano passado superando o nível da era do CD, em 1999.

Como funciona a SoundPatrol: a empresa usa o que chama de “impressão digital neural”, tecnologia de IA que consegue identificar elementos distintivos de uma música — voz, letra, melodia, acordes, timbre e outros fatores, segundo Walter De Brouwer, outro fundador da SoundPatrol — e os cataloga. Isso ajudará a SoundPatrol a criar um painel em que os clientes poderão ver onde potenciais infrações estão ocorrendo e de onde vêm, acrescentou.

“Pela primeira vez, haverá um sistema rastreável e reportável de violações de P.I., mesmo as menores”, disse Ovitz ao DealBook. “Podemos captar pedacinhos de qualquer música.”

A Universal Music e a Sony Music ajudarão a treinar os sistemas da SoundPatrol, dando à startup acesso a seus acervos. “É meu trabalho e meu dever fazer tudo o que posso, do meu ponto de vista, para garantir que a música seja protegida, monetizada e respeitada”, disse Grainge ao DealBook.

“Nossa colaboração com a SoundPatrol diz respeito a respeitar os direitos dos artistas para construir um ecossistema sustentável e equitativo para todos”, acrescentou Dennis Kooker, presidente do negócio digital global da Sony Music.

A música gerada por IA está crescendo em popularidade. Basta olhar para o fenômeno do verão que foi o Velvet Sundown, uma banda que acumulou mais de um milhão de streams no Spotify, mas que acabou se revelando uma criação de IA.

Recentemente, a Deezer, serviço francês de streaming, informou que músicas totalmente geradas por IA já respondiam por mais de 30.000 das faixas que recebe diariamente (cerca de 28% do volume total diário). A plataforma de streaming identificou até 70% delas como fraudulentas, feitas apenas para acumular reproduções e royalties.

newsletter NY Times 

Pronuncia das pessoas muda ao longo da vida


Eis o resumo da newsletter da Nature:

Audiologistas aproveitaram uma oportunidade rara para estudar como o dialeto de uma pessoa pode mudar ao longo da vida, analisando entrevistas com a popstar Taylor Swift. No início de sua carreira, quando morava em Nashville, Swift pronunciava palavras com vogais curtas, uma característica clássica do sotaque do sul dos EUA. Esse “twang” foi desaparecendo à medida que ela transitava do country para o pop, e o tom de voz ficou mais grave quando ela se mudou para Nova York. Swift não é diferente de muitas outras pessoas que adaptam seu dialeto ao longo da vida, afirma a linguista Alice Gaby. “A mudança não está apenas relacionada ao local, mas também a como ela se posiciona.” 

A pesquisa está aqui 

Europa tenta reduzir o greenwashing

 

A moda verde, que destacava o cuidado de uma empresa com o meio ambiente, trouxe problemas para o público em geral, já que é muito difícil comprovar as atitudes efetivas das organizações. Essa falta de verificabilidade tornou-se um forte incentivo à manipulação, com a “vocação verde” sendo usada como estratégia de marketing. O termo greenwashing foi criado para resumir o fato de que empresas exageravam no discurso ambiental, com pouca comprovação real dos fatos. Em alguns casos, as informações eram enganosas; em outros, simplesmente vagas. Um estudo da Comissão Europeia, baseado em 150 declarações ambientais, mostrou que mais da metade se enquadrava nessas categorias.

Diante disso, a Europa está propondo mudanças normativas para que as alegações ambientais sejam mais confiáveis. Entre as medidas estão a proibição de afirmações genéricas, a exigência de selos de sustentabilidade baseados em certificações independentes, a definição de metas claras, realistas e verificáveis e a obrigatoriedade de transparência metodológica.

Embora essas normas possam reduzir o greenwashing, também trarão custos de conformidade, o que pode inibir a divulgação de informações ambientais por parte de algumas empresas.

Ex-presidente francês é condenado


Ex-presidente francês Nicolas Sarkozy foi condenado a cinco anos de prisão e a uma multa de €100.000 após ser considerado culpado de conspiração criminosa. O motivo da condenação está vinculado a um suposto financiamento ilícito por parte do falecido ditador líbio Muammar Gaddafi para sua campanha eleitoral de 2007. 

Sarkozy foi presidente entre 2007 a 2012 e sua acusação afirma que o ex-presidente faria esforços para reabilitar a imagem de Gaddafi, que estava desgastada, perante o Ocidente. O processo absorveu Sarkozy de corrupção passiva e financiamento ilegal de campanha. Mas a juíza do caso afirmou que ele permitiu que auxiliares próximos mantivesse contato com autoridades do governo líbio para obtenção de apoio financeiro. O filho de Gaddafi, Saif al-Islam, acusou Sarkozy de aceitar recursos da Líbia para a campanha. Outro acusador afirma que recebeu 50 milhões de euros. 

Esta não é a primeira acusação contra ele. No ano passado Sarkozy foi condenado a ano por exceder o limite legal de gastos na campanha de reeleição de 2012. Antes disso, em 2021, foi condenado por tentar subornar um juiz em troca de informações. 

Fonte: aqui e aqui 

Felicidade

Em meu estudo recente, publicado no European Journal of Social Psychology, desenvolvi uma nova medida, a satisfação de vida ajustada à riqueza (WALS), para captar essa diferença. O WALS não pergunta apenas “quão feliz é este país?”, mas também “quão feliz é este país considerando sua riqueza?”. Em outras palavras, quão eficazmente um país transforma recursos econômicos em bem-estar subjetivo?

As conclusões, baseadas em dados de 116 países, desafiam uma das suposições mais comuns sobre a felicidade: a de que riqueza traz automaticamente felicidade. Em vez disso, os resultados revelam uma história mais complexa — e mais promissora.

O gráfico mostra o resultado. Quando mais verde, melhor a felicidade e a cor vermelha é ruim. Nicarágua, Nepal, Finlândia e Quirguistão lideram. O Brasil está em 17o. Alguns países ricos, como Coreia do Sul, Hong Kong e Bahrein ficam abaixo das expectativas de felicidade dado seu nível de riqueza. 

Há fatores que explicam o resultado, como a qualidade percebida no trabalho, sensação de liberdade para tomar decisões, aproveitamento do lazer, as conexões sociais fortes, entre outros. 

Acionistas do Setor aéreo perderam com a desregulamentação

Após a desregulação da aviação nos EUA em 1978, que permitiu que companhias definissem tarifas e rotas livremente, o setor experimentou forte expansão devido ao aumento da competição. Consumidores se beneficiaram com tarifas mais baixas e maior oferta de voos; empregados ganharam com salários e benefícios mais elevados; fornecedores de combustível também viram demanda crescer. 


 

Contudo, acionistas foram os que menos se beneficiaram — e os que mais sofreram em momentos ruins. Uma pesquisa (via aqui), com dados de 16 companhias aéreas entre 1980 e 2019 (evitando os efeitos da pandemia) e estimou o valor total gerado ano a ano, distribuído entre stakeholders (consumidores, empregados, fornecedores e acionistas). O resultado está resumido na figura a seguir:

(Veja que foi possível chegar a conclusão sem a necessidade da DVA)
 

Dinheiro, justiça e ciência


O diretor da Escola de Saúde Pública de Harvard, Andrea A. Baccarelli, recebeu pelo menos US$ 150.000 para testemunhar contra a fabricante do Tylenol em 2023 — dois anos antes de publicar uma pesquisa usada pelo governo Trump para relacionar o medicamento ao autismo, uma conexão que especialistas dizem ser, na melhor das hipóteses, frágil.

Baccarelli atuou como testemunha especialista em nome de pais e responsáveis por crianças que processavam a Johnson & Johnson, então fabricante do Tylenol. A juíza Denise L. Cote, do Tribunal Distrital dos EUA, rejeitou o caso no ano passado por falta de evidências científicas, descartando o testemunho de Baccarelli no processo.

“Ele selecionou e distorceu resultados de estudos e se recusou a reconhecer o papel da genética na etiologia” do transtorno do espectro autista ou do TDAH, escreveu Cote em sua decisão, que desde então foi apelada pelos autores da ação.

Via aqui. A participação de especialistas em processos judiciais não deixa de ser interessante. A questão é quando a remuneração provoca uma atitude questionável, como foi o caso de Baccarelli. Isto é comum em diversas áreas, inclusive na contabilidade. 

24 setembro 2025

Índia quer criar uma grande empresa de auditoria


Eis a notícia:

O Gabinete do Primeiro-Ministro (PMO) convocou uma reunião em 23 de setembro para deliberar sobre mudanças regulatórias e outras medidas necessárias para viabilizar a criação de firmas domésticas de auditoria e consultoria comparáveis às chamadas “Big Four”, disseram pessoas familiarizadas com o assunto.

A reunião — que será presidida por Shaktikanta Das, secretário-principal-2 do Primeiro-Ministro — sinaliza o movimento coordenado do governo para permitir que empresas nacionais ganhem escala e abocanhem uma fatia do mercado global de auditoria e consultoria, de 240 bilhões de dólares. 

A notícia é Economic Times, via Going Concern. A Inglaterra pensou em rachar as grandes empresas de auditoria e parece que desistiu. Há algo que possa ser feito?

Mais sobre a notícia aqui 

Políticas Públicas e SciELO


Os resultados apresentados mostram que a pesquisa publicada no SciELO tem alcançado relevância significativa em documentos de políticas públicas, com destaque a um número significativo de documentos brasileiros. Apesar da grande variedade de áreas de políticas públicas citando pesquisa publicada no SciELO, as análises iniciais revelam impacto em políticas em áreas como saúde e economia. 

O texto todo está aqui 

Quando o Imposto Molda a Fé


Isenções fiscais para organizações religiosas são comuns em todo o mundo e são fundamentais para a sustentabilidade financeira de muitas igrejas. Mas essas políticas, aparentemente neutras, podem ter consequências não intencionais que reconfiguram mercados religiosos e sistemas políticos.

Em um artigo no American Economic Journal: Microeconomics, os autores Raphael Corbi e Fabio Miessi Sanches mostram como as generosas isenções fiscais do Brasil para igrejas aceleraram inadvertidamente o declínio da dominância católica, ao mesmo tempo em que impulsionaram o crescimento entre denominações evangélicas.

“As isenções concedidas a igrejas são bastante disseminadas e muitas vezes até automáticas”, disse Corbi à AEA em entrevista. “Mas raramente são avaliadas em termos de suas consequências econômicas ou institucionais.”

Segundo Corbi, o Brasil oferece um estudo de caso convincente. O país passou por uma transformação religiosa dramática nas últimas décadas, saindo de uma predominância católica esmagadora para um cenário muito mais diverso, no qual as igrejas evangélicas ganharam participação substancial. Algumas projeções sugerem que o número de evangélicos pode chegar a 40% da população brasileira até 2032, superando a proporção de católicos.

Em vez de simplesmente documentar correlações, os pesquisadores construíram o que chamam de “modelo dinâmico de entrada e saída da concorrência religiosa”. Eles analisaram dados da Receita Federal do Brasil cobrindo todas as organizações religiosas registradas de 1992 a 2018, concentrando-se em 246 municípios isolados para garantir fronteiras de mercado claras.

O modelo trata as igrejas como empresas concorrentes, cada uma enfrentando decisões sobre onde entrar em novos mercados com base em custos de entrada, despesas operacionais contínuas e competição de igrejas já existentes. Ao acompanhar as aberturas e fechamentos reais de templos por quase três décadas, os pesquisadores conseguiram estimar esses parâmetros de custo para diferentes denominações e, em seguida, simular cenários contrafactuais perguntando o que teria acontecido se as igrejas enfrentassem diferentes cargas tributárias.

O modelo mostrou que reduções nas alíquotas de impostos geralmente levam a maior entrada de todas as igrejas. Mas também revelou uma assimetria marcante na forma como igrejas católicas e evangélicas operam.

“Pareceu óbvio depois que encontramos, mas não antes”, observa Corbi. As igrejas evangélicas normalmente se expandem alugando prédios simples, com mobiliário básico, o que resulta em baixos custos de entrada, mas despesas correntes mais altas. Já as igrejas católicas constroem seus próprios templos, muitas vezes com arquitetura e obras de arte sofisticadas, exigindo investimentos iniciais substanciais, porém custos operacionais menores. Como a política brasileira de isenção tributária afeta principalmente as despesas operacionais contínuas, essa estrutura de custos assimétrica gera um benefício fiscal desproporcional para as igrejas evangélicas.

Os pesquisadores estimam que, removendo as isenções e impondo uma alíquota de 30% — próxima à típica alíquota corporativa —, a participação evangélica em templos teria sido reduzida em aproximadamente 20 pontos percentuais. Nesse cenário, algumas denominações evangélicas teriam participação média muito próxima de zero, indicando que tal imposto poderia limitar as opções religiosas disponíveis.

O efeito da política tributária vai além dos mercados religiosos e alcança a política. A bancada evangélica no Brasil cresceu de 27 membros em 1994 para 187 em 2018. Usando dados eleitorais, os pesquisadores constataram que, quando igrejas evangélicas abriam, a fatia de votos para candidatos evangélicos aumentava cerca de 5 pontos percentuais nas eleições subsequentes, em comparação a municípios semelhantes sem abertura de igreja.

As conclusões levantam questões importantes sobre a relação entre política tributária e liberdade religiosa. “As políticas deveriam ser neutras em relação à religião”, disse Corbi. “O Estado não deve dar vantagem a uma denominação sobre outra. Mas parece que essas políticas estão, inadvertidamente, privilegiando certas denominações.”

O trabalho dos autores mostra como ferramentas econômicas podem iluminar consequências não intencionais de políticas aparentemente neutras. À medida que organizações religiosas continuam a desempenhar papéis relevantes na política mundial, entender essas dinâmicas pode se tornar cada vez mais importante para os formuladores de políticas. 


Church Tax Exemption and Structure of Religious Markets: A Dynamic Structural Analysis appears in the August 2025 issue of the American Economic Journal: Microeconomics.

Fonte: aqui

IA, remédios e o gargalo regulatório


Com o uso de IA, haverá um aumento considerável no desenvolvimento de medicamentos. O potencial entrave está na regulação. Para que um medicamento chegue ao mercado, é necessário que ele seja aprovado pelos órgãos reguladores. No entanto, há um gargalo. Países que não forem ágeis o suficiente nesse processo provavelmente sofrerão prejuízo, pois a população terá atraso no acesso aos benefícios do avanço tecnológico.

Resolver isso exige mais agilidade e menos burocracia, o que aumenta o risco de aprovar medicamentos com efeitos colaterais indesejáveis ou sem eficácia para os pacientes.

Este é um exemplo de por que os reguladores - leia-se no blog a Fundação IFRS -  devem agir com agilidade para evitar prejuízos maiores para a sociedade.

Baseado aqui

Custo do DeepSeek


O poderoso modelo R1 da DeepSeek passou por revisão por pares — um dos primeiros grandes LLMs a passar por esse processo. Agora temos respostas para várias questões que ficaram em aberto desde que o modelo encantou o mundo da IA em janeiro: ele custou apenas US$ 294.000 para treinar (além do valor de US$ 6 milhões do modelo subjacente) e não aprendeu copiando exemplos de raciocínio gerados por modelos da OpenAI (embora tenha sido treinado na web, o que significa que pode ter absorvido conteúdos já disponíveis online gerados por IA).

A fonte é a Nature . Existia uma desconfiança que o custo da DeepSeek era bem menor que o ChatGPT, mas que parte da redução era decorrente do fato de que o modelo usado a OpenAI. A boa notícia é que o desenvolvimento da IA pode ser bem menor do que acreditava antes. 

Rir é o melhor remédio

 


23 setembro 2025

Espectro de palavra


Sobre a postagem anterior. Os pronunciamentos contábeis são repletos de termos cuja interpretação pode variar de acordo com a experiência e o entendimento de cada leitor. Nesse sentido, o conceito de espectro de palavras pode ser bastante útil. Palavras que parecem objetivas, como aquelas ligadas a níveis de probabilidade ou frequência, carregam nuances que não são iguais para todos.

Por exemplo, ao ler que um evento é “provável”, alguns podem interpretar como 60% de chance, outros como 80%. A expressão “raro” pode sugerir algo quase inexistente para uns, mas apenas incomum para outros. Essas diferenças de percepção afetam diretamente a forma como cada profissional aplica o pronunciamento na prática, especialmente quando se trata de reconhecer, mensurar ou divulgar informações financeiras.

Anteriormente já postamos sobre essa percepção aqui. Vale a pena a leitura.

Espectro de palavra


Um espectro de palavras destaca diferentes aspectos de um conceito de um extremo a outro. Ao organizar palavras em um espectro, podemos perceber suas diferenças sutis e nuances.

Por exemplo, um espectro de palavras para felicidade pode ir de “Miserável” em um extremo a “Extasiado” no outro, passando por “Melancólico”, “Satisfeito” e “Feliz” ao longo do caminho.

Ou um espectro de cansaço poderia ser: Dormindo – Sonolento – Atordoado – Acordado – Alerta – Energizado.

Não é uma ciência exata, e há bastante margem para que diferentes pessoas coloquem certas palavras em posições distintas. Observando muitos espectros, percebo que alguns escritores se destacam por escolher palavras específicas e talvez mais instigantes, como “saboroso” ou “de dar água na boca”, em vez do mais comum “delicioso”. Roald Dahl, por exemplo, frequentemente fazia seus personagens “engolirem gulosamente” em vez de simplesmente “comerem com fome”.

Fiquei curioso sobre espectros de palavras quando percebi que meu entendimento do espectro de aprovação era diferente do de muitos amigos americanos. No inglês britânico, “quite” muitas vezes significa “um pouco menos que”, mas nos EUA descobri que é mais usado para significar “muito” ou “bastante”.

Assim, meu espectro britânico de aprovação seria:

OK – Quite good – Good – Excellent

Enquanto o espectro de aprovação de muitos amigos nos EUA poderia ser:

OK – Good – Quite good – Excellent

Isso me deixou confuso várias vezes até eu entender a diferença.

Para outras variações de interpretação, como onde posicionar “awesome”, existe uma excelente tabela como guia para estudantes norte-americanos interpretarem o feedback de professores formados no Reino Unido (e vice-versa).

Em alguns contextos, realmente importa o que alguém quer dizer com uma palavra descritiva. No campo da inteligência, as chamadas “palavras de probabilidade estimativa” se relacionam a probabilidades específicas associadas a certos termos. Por exemplo, se um ataque é “altamente provável”, qual é a probabilidade exata? Se algo é “quase certamente um aeródromo”, quão certa é essa avaliação? Fica claro que a escolha e interpretação desses termos pode ser muito significativa. Para uma visão fascinante sobre isso, veja o relatório anteriormente classificado do analista da CIA Sherman Kent, Words of Estimative Probability (pdf). Outras pesquisas estudaram diferenças individuais na percepção de probabilidade — e criaram gráficos divertidos mostrando os resultados.

A probabilidade estimativa também é crucial na medicina. Quando números exatos não são compartilhados, com que frequência ocorre um efeito colateral descrito como “raro”? Guias específicos foram criados listando probabilidades associadas a termos como “provável”, “frequente”, “ocasional” e “raro”.

Um leitor também me mostrou um anúncio clássico de chocolate, Fry’s five boys, em que o rosto de um garoto passa por: desespero, pacificação, expectativa, aclamação e, finalmente, a realização “é Fry’s”.

Mais espectros de palavras, incluindo os aqui ilustrados:

  • Tamanho: minúsculo – pequeno – médio – grande – enorme – gigantesco

  • Frequência: nunca – raramente – ocasionalmente – às vezes – frequentemente – sempre

  • Volume da fala: sussurro – murmúrio – fala – grito – berro – gritaria

  • Inteligência: estúpido – limitado – mediano – inteligente – brilhante – gênio

  • Sabor: repugnante – sem gosto – saboroso – delicioso

  • Cheiro: fétido – malcheiroso – perfumado – agradável

    Fonte: aqui 

Modelos com efeitos fixos

 O resumo

Os efeitos fixos (FE) tornaram-se uma ferramenta onipresente e poderosa para eliminar variações indesejadas em estudos observacionais de contabilidade. Essas variações são abundantes na pesquisa contábil porque frequentemente utilizamos dados ricos para testar hipóteses precisas derivadas de teorias abstratas. Ao eliminar tais variações, os FE reduzem preocupações de que variáveis omitidas enviesem nossas estimativas ou enfraqueçam o poder dos testes. No entanto, os FE não são isentos de custos, e seu uso deve ser cuidadosamente justificado por considerações teóricas e institucionais. Além disso, eles transformam amostras e variáveis de maneiras que não são imediatamente evidentes e, ao fazê-lo, afetam a forma como devemos interpretar os resultados das regressões. Este guia introdutório explica a mecânica dos FE e fornece orientações práticas para seu uso consciente, relato transparente e interpretação cuidadosa dos modelos.

 

Euforia do mercado com a IA

 Os mercados se movem em ciclos de inovação e especulação, e o atual surto de inteligência artificial não é exceção.


O boom da IA de hoje exibe quase todas as características que definiram bolhas passadas — avaliações em disparada, fluxos concentrados de capital, euforia dos investidores e narrativas da mídia que reforçam expectativas de crescimento imparável. Por várias medidas, os paralelos vão além da semelhança: o fervor especulativo em torno da IA rivaliza e, em muitos aspectos, supera a Bolha dos Mares do Sul, a mania ferroviária da década de 1840, o boom dos anos 1920, a era das pontocom e a febre das hipotecas subprime.

No centro da tempestade está uma mistura explosiva de verdadeira promessa tecnológica, liquidez abundante e psicologia humana. Investidores enxergam o potencial de transformação mundial, o crédito permanece acessível o suficiente para alimentar a tomada de riscos, e o medo de ficar de fora leva o comportamento a extremos.

O resultado é um ambiente em que tanto startups quanto empresas consolidadas são avaliadas como se execução impecável, hipercrecimento constante e adoção imediata em massa fossem inevitáveis.

Tais pressupostos são insustentáveis.

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ONU e o equilíbrio das contas


A gestão Trump decidiu reduzir a contribuição para a Organização das Nações Unidas. Comenta que haverá uma redução de 1 bilhão no repasse para a entidade. O valor é expressivo a ponto da entidade planejar reduzir o número de funcionários, dos atuais 35 mil para um número entre 32 e 28 mil. 

O desafio de enfrentar o corte é do português Antonio Guterres, que pretende manter algumas das metas da entidade e está buscando novas fontes de financiamento. Mas poucos países estão dispostos a contribuir. 

22 setembro 2025

Um estudo de caso interessante: F35

O F-35 Lightning II nasceu do programa Joint Strike Fighter (JSF), lançado nos anos 1990 para criar uma aeronave única capaz de substituir diferentes caças em várias forças armadas. A Lockheed Martin venceu a disputa em 2001 e desenvolveu três variantes: o F-35A, de decolagem convencional; o F-35B, de decolagem curta e pouso vertical; e o F-35C, adaptado a porta-aviões. O projeto prometia furtividade, sensores avançados e integração de dados, mas enfrentou inúmeros atrasos e estouros de orçamento.


Os custos saltaram de 400 bilhões de dólares para mais de 2 trilhões ao longo do ciclo de vida previsto, enquanto problemas de software, falhas no motor e baixa confiabilidade geraram críticas.  Em produção plena desde 2024, simboliza o contraste entre inovação tecnológica e os excessos da indústria de defesa. 

O objetivo é entregar mais de 2.400 unidades ao longo de seu ciclo de vida. Para “reduzir custos”, planeja-se diminuir em média 21% o número de horas de voo por aeronave, o que pode comprometer treinamento e experiência de pilotos. 

Dívida - 2

Um novo estudo de Gustaf Bruze, Alexander Kjær Hilsløv e Jonas Maibom, do IZA Institute of Labor Economics, oferece exatamente essa análise empírica. Chama-se “The Long-Run Effects of Individual Debt Relief” e examina a vida das pessoas por um quarto de século após uma falência:

O estudo acompanha falências na Dinamarca após a introdução do primeiro sistema moderno de falência da Europa continental, instituído em 1984. Antes disso, os dinamarqueses — como a maior parte da Europa — não permitiam quitação de dívida pessoal por falência. Em vez disso, esperava-se que o devedor tivesse cerca de 20% de sua renda vitalícia confiscada para pagar credores, até quitar as dívidas ou morrer (o que ocorresse primeiro).


Depois de 1984, o sistema dinamarquês importou características das falências dos EUA/Reino Unido/Comunidade Britânica, incluindo a possibilidade de reestruturar e quitar dívidas. Nem todos são elegíveis: há um sistema burocrático que verifica se quem busca a quitação não possui muitos ativos que poderiam ir aos credores.

Mas, para as pessoas (in)felizes que se qualificam, há um fascinante experimento natural que compara a sorte de quem obtém alívio da dívida com a de falidos que não conseguem apagar suas dívidas.

Acontece que a Idade do Bronze tem algo a ensinar. O principal achado: pessoas que quitam dívidas na falência experimentam “grande aumento de renda auferida, emprego, ativos, imóveis, dívida garantida, propriedade de moradia e riqueza que persiste por mais de 25 anos após a decisão judicial”.

Depois de receberem os benefícios da falência, passam a depender menos de assistência pública. Conseguem empregos melhores. Suas famílias vivem melhor. Seus credores recuperam parte do dinheiro (o que é tudo que se pode realisticamente esperar, já que “dívidas que não podem ser pagas, não serão pagas”).

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Dívida - 1


 Sobre o papel da dívida no desenvolvimento da humanidade:

Para cultivar com sucesso [na Babilônia], é preciso crédito. Os agricultores iniciam a safra precisando de insumos: sementes, fertilizantes, mão de obra; e precisam de ainda mais mão de obra na colheita. Sem uma forma de obter esses insumos antes de ter a colheita que os pagará, não há colheita.

Não é de surpreender, portanto, que o mais antigo “dinheiro” de que temos registro sejam livros-caixa de crédito babilônicos que registram as dívidas de agricultores que tomavam empréstimos contra a safra seguinte para pagar materiais e trabalho. Dívida, não escambo, é a verdadeira origem do dinheiro. O conto de fadas de que a moeda cunhada surgiu espontaneamente para facilitar o escambo em mercados não tem evidência histórica, ao passo que os registros babilônicos podem ser vistos em museus ao redor do mundo. 

Fonte: aqui 

Rir é o melhor remédio

 

Fonte: aqui

Importância da comparabilidade no conhecimento


Este estudo examina se e como a comparabilidade das demonstrações financeiras facilita a disseminação do conhecimento inovador entre empresas e estimula a criação de novos conhecimentos. Usando citações cruzadas de patentes para rastrear transferências de conhecimento entre firmas, constatamos que a comparabilidade aumenta os incentivos das empresas para aprender com seus pares e criar novas patentes que citem patentes já existentes desses pares. A investigação do mecanismo revela que a comparabilidade melhora a capacidade das empresas de estimar o valor monetário do conhecimento dos pares e prever seus próprios benefícios financeiros decorrentes da aquisição desse conhecimento. O impacto da comparabilidade é mais pronunciado quando o conhecimento dos pares é mais publicamente acessível ou possui maior valor monetário. Consequentemente, o conhecimento adquirido estimula inovações subsequentes, permitindo que as empresas produzam mais patentes com maior relevância econômica. Evidências de dois quase-experimentos naturais sugerem que nossos achados são plausivelmente causais. Em suma, nosso estudo destaca o papel importante da comparabilidade contábil na facilitação da disseminação do conhecimento.

Fonte: aqui  Foto: aqui

Pagamento digital em três países da América Latina


 Eis o resumo:

Plataformas de pagamento digital podem substituir o dinheiro em espécie e ampliar o acesso a serviços financeiros para populações subatendidas, mas muitos adultos ao redor do mundo ainda permanecem sem conta bancária. Com base em microdados detalhados sobre transações individuais e características dos usuários, argumentamos que a substituição ampla do dinheiro por meio de plataformas peer-to-peer (P2P) depende de um “rápido gradiente de renda”, isto é, da velocidade com que a adoção se espalha dos primeiros usuários de maior renda para os grupos de menor renda. Em três casos latino-americanos — o Pix no Brasil, o Sinpe Móvil na Costa Rica e o CoDi no México — documentamos que baixos custos de adoção, fortes efeitos de rede, integração coordenada do lado da oferta e esforços iniciais de conscientização permitiram que Pix e Sinpe Móvil alcançassem praticamente todos os segmentos de renda em até cinco anos, enquanto o CoDi segue caracterizado por baixo uso e predominância de adotantes de alta renda. 

21 setembro 2025

O polêmico Musk e xAI

Da newsletter do NYT (DealBook) de 19 de setembro: 

 Já se passaram quatro meses desde que Elon Musk deixou seu papel dentro da Casa Branca de Trump para voltar a concentrar-se totalmente em seu império de negócios.

À primeira vista, a Tesla parecia ser a maior beneficiária. O conselho da fabricante de veículos elétricos tentou “prender” o foco de Musk oferecendo-lhe um gigantesco pacote de compensação avaliado em até 1 trilhão de dólares, e as ações subiram.

Mas Musk parece estar dedicando a maior parte do tempo à xAI, a startup de inteligência artificial cuja tecnologia, ele acredita, sustentará suas empresas. Quanto mais tempo ele passa lá, mais turbulência parece semear, segundo fontes que falaram ao The Times e ao The Wall Street Journal.

Na investigação do Times, Cade Metz, Kate Conger e Ryan Mac descobriram que:

A partir de maio, usuários do Grok, da xAI, ficaram surpresos ao ver o chatbot respondendo com comentários altamente controversos e até racistas, incluindo acusações de que a África do Sul teria cometido “genocídio” contra cidadãos brancos. Isso ocorreu depois de Musk dizer aos funcionários que o Grok estava “woke” demais, levando um engenheiro a mexer no código.

Uma posterior reestruturação de liderança, conduzida por Musk, foi seguida por uma atualização do Grok que elogiava Hitler.

Houve também uma fuga de executivos, incluindo Mike Liberatore, então diretor financeiro da xAI, que foi para a OpenAI; e Igor Babushkin, cofundador da empresa com Musk.

O Journal também informou que vários executivos deixaram a xAI após confrontos com dois dos conselheiros mais próximos de Musk, Jared Birchall e John Hering, sobre a saúde financeira da empresa e suas projeções.

Vários desses executivos de alto escalão também reclamaram da ausência de uma cadeia de comando formal e levantaram dúvidas sobre como o family office de Musk, a Excession, liderada por Birchall, geriu parte do caixa e da contabilidade da xAI.

Alex Spiro, advogado que representa Musk, contestou a reportagem do Journal, dizendo que as sugestões de que os relatórios financeiros da empresa eram impróprios eram “falsas e difamatórias”.

O que vem a seguir? As ações da Tesla caíram ontem após a divulgação das reportagens. Alguns investidores temem que a atenção de Musk ainda esteja excessivamente dispersa.

Bancos e ambiente


O sistema financeiro tem apoiado ações no sentido de reduzir o risco das mudanças climáticas. Qual a razão para esse apoio? Um texto, “Banks can’t survive climate change,” de Richard Murphy, argumenta que as propriedades tornarão cada vez mais inseguráveis — o que comprometerá os imóveis vinculados a hipotecas como garantia dos bancos. Sem seguro, essas garantias se perdem, os empréstimos se tornam inseguros e os balanços bancários podem desabar.

Murphy descreve os efeitos crescentes de incêndios, inundações, secas e calor extremo em várias regiões — como no sul da Europa, no Reino Unido (incluindo Londres) e na Austrália — tornando propriedades vulneráveis a riscos que elas não foram projetadas para enfrentar. A analogia é feita com a crise financeira de 2008, destacando que, naquele caso, o mercado colapsou quando os bancos não sabiam o valor real das hipotecas uns dos outros. Murphy acredita que algo similar pode ocorrer se esse risco de “propriedades sem seguro” continuar a crescer sem resposta regulatória ou estrutural.

Imagem aqui 

Sobre a periodicidade contábil e a SEC

A SEC (Securities and Exchange Commission) anunciou apoio à proposta de Donald Trump para alterar a exigência de divulgação de resultados corporativos de trimestral para semestral . A ideia, segundo Trump, é reduzir custos e permitir que gestores concentrem-se mais na administração das empresas. Paul Atkins, chefe do órgão regulador de Wall Street, afirmou que a mudança seria positiva, mas caberia ao mercado decidir se prefere manter o padrão trimestral ou migrar para o semestral. Isso não é novo.


Mas o texto do link informa que durante seu primeiro mandato, Trump já havia defendido a mudança, alegando que relatórios trimestrais estimulam visão de curto prazo. Estudos anteriores da própria SEC reconheceram que a prática traz mais transparência e reduz o custo de capital, mas também reforça pressões imediatistas sobre executivos.

Especialistas divergem sobre o impacto: alguns veem a mudança como alívio da pressão sobre as companhias, permitindo planejamento estratégico mais amplo; outros alertam que a redução na frequência pode diminuir a transparência e afetar a eficiência do mercado. Também não sabia que caso aprovada, a medida colocaria os EUA em linha com países como Reino Unido, China, Austrália e Japão, que já adotam relatórios semestrais em suas bolsas.

Confissões de duas orientandas ensandecidas

Um artigo aprovado no Congresso da Anpcont, que irá ocorrer em dezembro, em Brasília, revela alguns sentimentos de duas doutorandas do PPGCont. Eis um trecho: 

Escrever uma tese é, antes de tudo, atravessar a si mesma. Cada capítulo é produto de leituras e métodos, e o reflexo das noites insones, das páginas rabiscadas no intervalo de um compromisso, das dúvidas que pesam no peito quando o cursor pisca na tela. Ferreira (2025) revela que orientar é “viver entre prazos e pessoas”, e, do lado da orientanda, o processo é “viver entre sonhos e medos”, tentando costurar vida e ciência em um mesmo tecido. A vulnerabilidade que ela narra como
orientadora é também a que sentimos: o medo de não ser suficiente, o desejo de honrar o conhecimento e, ao mesmo tempo, de não se perder no caminho.
A vida acadêmica não acontece em suspenso; ela se mistura ao cotidiano. A tese cresce enquanto o mundo pede atenção: uma aula para preparar, um filho que pede colo, uma conta que vence no mesmo dia do prazo de submissão. Há uma beleza silenciosa nisso: a ciência nascendo no meio do real, com suas urgências e imperfeições.

Confissões de Duas Orientandas Ensandecidas: uma resposta afetivo-acadêmica à
desorientação da orientação 

O texto de Ferreira, citado no trecho acima, é o seguinte:

Ferreira, A. C. de S. (2025). Desorientação acadêmica: Confissões de uma orientadora ensandecida. Revista Contabilidade Vista & Revista, 36(1), 1–9. 

Por uma IA com falhas

(...) Fabrizio Dell’Acqua, da Harvard Business School, que recentemente conduziu um experimento no qual recrutadores eram assistidos por algoritmos — alguns excelentes e outros nem tanto — ao decidir quais candidatos convidar para entrevista. (Isso não é IA generativa, mas é uma grande aplicação real de IA.)

Dell’Acqua descobriu, contraintuitivamente, que algoritmos medianos, com cerca de 75% de acurácia, entregaram melhores resultados do que bons algoritmos com aproximadamente 85% de acurácia. A razão é simples: quando os recrutadores recebiam orientação de um algoritmo conhecido por ser irregular, permaneciam atentos e acrescentavam seu próprio julgamento e expertise. Quando recebiam orientação de um algoritmo que sabiam ser excelente, recostavam-se e deixavam o computador decidir.

Talvez eles tenham economizado tanto tempo que os erros valeram a pena. Mas certamente houve erros. Um algoritmo fraco e um humano ligado tomam decisões melhores juntos do que um algoritmo de ponta com um humano desligado. E, quando o algoritmo é de ponta, um humano desligado é justamente o que você tende a obter.

Ouvi sobre a pesquisa de Dell’Acqua por Ethan Mollick, autor do futuro Co-Intelligence. Mas, quando mencionei a Mollick a ideia de que o piloto automático era uma analogia instrutiva para a IA generativa, ele me alertou contra buscar paralelos “estreitos e um tanto reconfortantes”. É justo. Não há um precedente tecnológico único que faça justiça ao avanço rápido e ao escopo desconcertante dos sistemas de IA generativa. Mas, em vez de descartar todos esses precedentes, vale procurar analogias diferentes que iluminem partes distintas do que pode estar por vir. Tenho mais duas em mente para explorar no futuro.

(Tim Harford) 

Ignobel 2025

O álcool melhora a fluência em línguas estrangeiras? Lagartos da África Ocidental têm cobertura de pizza preferida? E pintar vacas com listras de zebra ajuda a repelir moscas que picam? Essas e outras perguntas de pesquisa inusitadas foram homenageadas esta noite em uma cerimônia virtual que anunciou os vencedores de 2025 do Ig Nobel. Sim, é aquela época do ano em que o sério e o jocoso convergem — pela ciência.

Criado em 1991, o Ig Nobel é uma paródia bem-humorada do Prêmio Nobel; ele reconhece “realizações que primeiro fazem as pessoas rirem e depois as fazem pensar”. A cerimônia,


assumidamente camp, inclui mini-óperas, demonstrações científicas e as palestras “24/7”, em que especialistas explicam seu trabalho duas vezes: uma em 24 segundos e outra em apenas sete palavras.

Os discursos de aceitação são limitados a 60 segundos. E, como sugere o lema, as pesquisas premiadas podem parecer ridículas à primeira vista, mas não deixam de ter mérito científico. Nas semanas seguintes à cerimônia, os vencedores também farão palestras públicas gratuitas, que serão publicadas no site do Improbable Research.

Eis os premiados 

Biologia - Tomoki Kojima, Kazato Oishi, Yasushi Matsubara, Yuki Uchiyama, Yoshihiko Fukushima, Naoto Aoki, Say Sato, Tatsuaki Masuda, Junichi Ueda, Hiroyuki Hirooka e Katsutoshi Kino, por seus experimentos para descobrir se vacas pintadas com listras semelhantes às de zebras conseguem evitar picadas de moscas [foto]. 

Química - Rotem Naftalovich, Daniel Naftalovich e Frank Greenway, por experimentos para testar se comer Teflon [um tipo de plástico formalmente chamado “politetrafluoretileno”] é uma boa maneira de aumentar o volume de comida — e, portanto, a saciedade — sem elevar o conteúdo calórico. 

Física -Giacomo Bartolucci, Daniel Maria Busiello, Matteo Ciarchi, Alberto Corticelli, Ivan Di Terlizzi, Fabrizio Olmeda, Davide Revignas e Vincenzo Maria Schimmenti, por descobertas sobre a física do molho de massa, especialmente a transição de fase que pode levar à formação de grumos, o que pode causar desagrado.

Design de Engenharia - Vikash Kumar e Sarthak Mittal, por analisar, sob a perspectiva do design de engenharia, “como sapatos com mau cheiro afetam a boa experiência de usar um sapateiro”. 

Aviação - Francisco Sánchez, Mariana Melcón, Carmi Korine e Berry Pinshow, por estudar se a ingestão de álcool pode prejudicar a capacidade de voo dos morcegos e também sua capacidade de ecolocalizar. 

Psicologia -Marcin Zajenkowski e Gilles Gignac, por investigar o que acontece quando você diz a narcisistas — ou a qualquer outra pessoa — que eles são inteligentes. 

Nutrição - Daniele Dendi, Gabriel H. Segniagbeto, Roger Meek e Luca Luiselli, por estudar até que ponto um certo tipo de lagarto escolhe comer certos tipos de pizza.

Pediatria - Julie Mennella e Gary Beauchamp, por estudar o que um bebê em amamentação experimenta quando a mãe come alho.

Literatura - O falecido Dr. William B. Bean, por registrar e analisar persistentemente a taxa de crescimento de uma de suas unhas ao longo de 35 anos. 

Paz - Fritz Renner, Inge Kersbergen, Matt Field e Jessica Werthmann, por mostrarem que beber álcool às vezes melhora a capacidade de uma pessoa de falar em uma língua estrangeira. 

20 setembro 2025

Consensus: país que mais contribuiu com a contabilidade nos últimos dois séculos


A questão não possui uma resposta do tipo sim/não. Coloquei no app Consensus qual o país que mais contribuiu com a contabilidade nos últimos 200 anos. Eis a resposta: 

O Reino Unido e os Estados Unidos contribuíram mais para o progresso da contabilidade nos últimos 200 anos, com a Itália desempenhando um papel fundacional em períodos anteriores.

Principais Contribuidores ao Longo do Tempo

Reino Unido

  • Pioneirismo na contabilidade moderna: A Grã-Bretanha é amplamente reconhecida por seu papel fundacional no desenvolvimento de princípios contábeis modernos, especialmente durante a Revolução Industrial e o século XIX. As tradições britânicas moldaram tanto a prática quanto a pesquisa acadêmica, e o Reino Unido foi central para o surgimento das partidas dobradas, da contabilidade societária e da profissionalização da área (Zeff, 2015; Edwards, 2023; Parker & Yamey, 1995).

  • Liderança acadêmica e metodológica: O Reino Unido liderou revoluções metodológicas na pesquisa em história da contabilidade, especialmente a partir da década de 1970, e tem sido um polo para avanços interdisciplinares e teóricos (Edwards, 2023; Parker & Yamey, 1995).

Estados Unidos

  • Padronização e influência global: Os EUA foram fundamentais no desenvolvimento e na difusão global de normas contábeis, particularmente no século XX. As abordagens americanas de reporte financeiro, auditoria e arcabouços regulatórios estabeleceram referências internacionais (Zeff, 2015).

  • Profissionalização e educação: Os EUA impulsionaram a expansão do ensino, da pesquisa e das entidades profissionais em contabilidade, influenciando práticas globais e a adoção de normas internacionais (Zeff, 2015).

Itália

  • Contribuições históricas fundacionais: Intelectuais italianos do século XIX estabeleceram a primeira comunidade acadêmica sistemática para a história da contabilidade, produzindo obras influentes sobre partidas dobradas e a evolução do pensamento contábil. Suas pesquisas iniciais pavimentaram o caminho para desenvolvimentos internacionais posteriores, embora barreiras linguísticas tenham limitado a difusão mais ampla até o século XX (Coronella et al., 2017; Coronella et al., 2019; Maran & Leoni, 2018).

Outros Contribuidores Notáveis

  • Alemanha, França, Austrália e Japão também ofereceram contribuições significativas — ainda que mais regionais — à teoria contábil, à contabilidade gerencial e à pesquisa histórica (Becker et al., 2021; Carnegie, 2025; Nerantzidis & Vatis, 2024).

Conclusão

O Reino Unido e os Estados Unidos foram os países mais influentes na formação da contabilidade moderna nos últimos 200 anos, com o trabalho fundacional anterior da Itália fornecendo uma base crítica para o progresso posterior.

Estes artigos foram coletados e sintetizados usando o Consensus, um mecanismo de busca para pesquisas baseado em IA. Experimente em https://consensus.app

Referências

Zeff, S. (2015). Forging Accounting Principles in Five Countries: A History and an Analysis of Trends. INTL: Other Global Business Issues (Topic). https://doi.org/10.2139/SSRN.2046059

Edwards, J. (2023). British traditions and contributions to accounting history research. Accounting History. https://doi.org/10.1177/10323732221147046

Parker, R., & Yamey, B. (1995). Accounting History: Some British Contributions. The Economic History Review, 48, 638. https://doi.org/10.2307/2598211

Becker, A., Pedell, B., & Pfaff, D. (2021). Management accounting developments in German-speaking countries: an overview and editorial reflections. Journal of Accounting & Organizational Change. https://doi.org/10.1108/JAOC-03-2021-0046

Carnegie, G. (2025). Spotlighting the international historical accounting community and contemplating the future. Accounting and Management Review | Revista de Contabilidade e Gestão. https://doi.org/10.55486/amrrcg.v29i1.1

Coronella, S., Antonelli, V., & Lombrano, A. (2017). A pioneering era of accounting history: The contributions of nineteenth-century Italian literature and its enduring dissemination around the globe. Accounting History, 22, 214 - 243. https://doi.org/10.1177/1032373216662486

Nerantzidis, M., & Vatis, S. (2024). Twenty-five years of Accounting History: A bibliometric analysis. Accounting History, 29, 661 - 697. https://doi.org/10.1177/10323732241292111

Coronella, S., Neri, L., Risaliti, G., & Russo, A. (2019). The accounting history research in the ‘Rivista Italiana di Ragioneria’ (Italian Accounting Review), 1901–2015. Accounting History, 24, 114 - 83. https://doi.org/10.1177/1032373218807543

Maran, L., & Leoni, G. (2018). The contribution of the Italian literature to the international Accounting History literature. Accounting History, 24, 39 - 5. https://doi.org/10.1177/1032373218783333