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19 janeiro 2017

Informação e Preço



Uma das grandes vertentes de pesquisa na área financeira é como as pessoas reagem aos preços. Nos dias de hoje, os pesquisadores utilizam o mercado acionário. Assim que uma notícia é divulgada, é possível perceber a potencial reação dos investidores. Caso a notícia não seja pública, alguns investidores podem atuar, comprando ou vendendo ações e, por consequência, mudando o preço das ações. Assim, também é possível usar o mercado acionário para verificar como as informações privadas, que somente algumas pessoas possuem, afetam os preços. Nos dias de hoje o problema é a grande quantidade de informação que é gerada, seja pública ou privada. Como certificar que o movimento de preço de uma ação foi decorrente de uma informação específica. De certa forma, culpa dos dias atuais.

No passado, quando o fluxo de informação era muito menor, era mais fácil de associar uma informação específica a um movimento de preço. Baseado neste princípio, um pesquisador da Stanford University, Peter Koudijs, utilizou dados passados para tentar entender como o movimento de preços atua diante de novas informações. Koudijs estudou o mercado acionário de Amsterdã. A grande inovação na pesquisa é que ele usou os dados do século dezoito, das empresas britânicas. A ideia é muito interessante. Entre 1771 a 1787, o mercado de ações da cidade holandesa negociava ações de companhias britânicas. Algo em torno de 20 a 30% dos negócios destas empresas. As principais informações destas empresas eram trazidas por barco, duas vezes por semana. Em alguns casos, o barco se atrasava; em muitas situações, juntamente com as informações públicas – de jornais, por exemplo, existiam informações privadas – cartas endereçadas a investidores holandeses. Assim, Koudijs tinha um ambiente muito propício para analisar o impacto de novas informações de conhecimento público, bem como as notícias derivadas de informações particulares. Ele pode analisar como os preços respondiam a chegada das notícias e, também, a “não” chegada de notícias. O pesquisador calculou a volatilidade, a relação de preços entre o mercado de Londres e Amsterdã, o efeito da liquidez das ações, entre outros aspectos.

Koudijs descobriu que as informações públicas explicaram mais de 50% da variância do retorno nos dias da chegada do navio e 40% da variância total. Mas as informações privadas também tinham um papel relevante: de 25% e 35%, nos dias com e sem navios.

Ao usar dados “antigos”, muitas vezes desprezados pelos pesquisadores, Koudijs indicou a relevância da informação na movimentação dos preços.

KOUDIJS, Peter. The boats that did not sail. The Journal of Finance, vol 71 n. 3 , junho de 2016.

05 dezembro 2012

Negociações com piratas somalis


Seizures of ships by pirates off the coast of Somalia may be down in recent months, but the interest of social scientists and economists in the country is undiminished. Because the place has been so stateless for so long, it provides a testing ground for theories about how people behave in the absence of meddlesome government. One such question is how two parties bargain when neither has good information available. Negotiations between shipowners and Somali pirates fit that description well.
Economists have been interested in the free-market ways of pirates for a while. Last year a team of three published a paper drawing on data from more than 10,000 negotiations that took place from 1575 to 1739 between North African pirates on one side and monks acting for Spanish families on the other. They found that the Spanish managed to pay lower ransoms by dragging talks out. Data on the activities of present-day pirates in Somalia are more, well, patchy. To fill the gap, the authors of a new paper gathered data from pirate negotiators.
They found that Somali pirates pretend to be more sophisticated than they are, whereas shipowners pretend to be poorer. Nowadays both sides have an interest in a speedy resolution, since a prolonged negotiation incurs costs. For the shipowner, the cargo spoils and the ship goes unused. For the pirates, the captured crew must be fed and the ship guarded. And pirates cannot last long without a resupply of qat, which is to them as rum is to Captain Jack Sparrow. Settle too quickly, though, and one side or other is likely to get a poor deal.
Government intervention can create perverse incentives. Spain paid a ransom of $1.2m for a fishing boat, the Playa del Bakio, in 2008—more than twice the amount previously paid for a vessel of that type, setting a new floor price. Indeed, although the number of ships taken is down, the pirates have adjusted by charging more per release. 
[...]

21 novembro 2012

Assimetria de informação e as características das empresas

Nós postamos sobre a defesa de tese do, hoje doutor, Orleans Silva Martins. O trabalho está finalmente disponível!

“Este trabalho investigou a assimetria de informação existente na negociação de ações no mercado acionário brasileiro e suas relações com as características econômico-financeiras das empresas que compõem esse mercado. Apoiado na Teoria dos Mercados Eficientes (FAMA, 1970) e na Teoria da Agência (JENSEN; MECKLING, 1976), foi levantado um referencial teórico acerca da relevância da informação contábil no mercado de capitais e das implicações que a assimetria de informação nesse mercado ocasiona, tendo como uma de suas referências o estudo de Akerlof (1970) sobre market for lemons. Nesse contexto, destaca-se o modelo EHO, de Easley, Hvidkjaer e O’Hara (2002), que busca mensurar a assimetria de informação existente no mercado de capitais a partir dos dados de microestrutura desse mercado, por meio da estimação da probabilidade de negociação com informação privilegiada (PIN), a partir dos volumes de negociação das ações. Nesse sentido, este estudo contou com uma pesquisa exploratória a partir dos dados de 229 ações negociadas na BM&FBOVESPA durante o biênio 2010/2011, perfazendo um total de 1.150 observações trimestrais, a partir das quais foram calculados os parâmetros do modelo EHO através de uma função de máxima verossimilhança e, em seguida, a PIN trimestral de cada ação, que foi segregada e analisada descritivamente. Após essa etapa, a PIN foi relacionada por meio de modelos de regressão Tobit, com dados em cross-section, às seguintes características econômico-financeiras: risco, retorno, retorno anormal, liquidez e volatilidade da ação, custo de capital próprio, estrutura de capital, tamanho, índices market-to-book e preço/lucro, política de dividendos, gerenciamento de resultados e governança corporativa da firma, e também a duas variáveis de controle para os efeitos tempo e divulgação. Em seus resultados, foi apurada uma PIN média de 24,9%, indicando que há evidências de que tenham ocorrido negociações baseadas em informação privilegiada no mercado acionário brasileiro durante os anos de 2010 e 2011. Por isso, suas evidências indicam que a Hipótese de Mercado Eficiente de Fama (1970), em sua forma forte, não é válida para este mercado, pelo menos durante o período investigado, uma vez que foi verificada a existência de assimetria de informação. Ademais, pode-se verificar que ações listadas no segmento de governança corporativa Novo Mercado apresentaram maior PIN que ações listadas no Nível 2 que, a priori, possui práticas de governança menos restritivas. Assim, no período investigado, é possível notar que nem sempre maior grau de governança é sinônimo de menor assimetria. Além disso, verifica-se que as características que estão significativamente relacionadas à maior PIN são o retorno, a liquidez, a volatilidade, o custo de capital próprio e o tamanho da firma. Por outro lado, estão relacionadas à menor PIN o retorno anormal e a política de dividendos. Por isso, pode-se considerar que é possível relacionar a assimetria de informação às características econômico-financeiras das empresas no mercado acionário brasileiro. Ainda, destaca-se que algumas dessas relações são diferentes daquelas observadas na literatura, devido, principalmente, às particularidades desse mercado, como o alto índice de emissão de ações preferenciais e a forte concentração de capital.”

RELAÇÕES ENTRE A ASSIMETRIA DE INFORMAÇÃO E AS CARACTERÍSTICAS DAS EMPRESAS NO MERCADO ACIONÁRIO BRASILEIRO
Tese 11 do Programa Multi-Institucional e Inter-Regional de Pós-Graduação em Ciências Contábeis – UnB, UFPB, UFRN
Autor: Orleans Silva Martins
Orientador: Prof. Edilson Paulo, Doutor
Download: Completa (1.802 Kb)

13 novembro 2012

Aquecimento Global e Mercado Acionário

No século dezenove os Rothschild construíram o sistema de correios mais eficiente da época. Mais até que o do rei inglês. Em junho de 1815 os londrinos esperavam a notícia sobre quem tinha vencido a batalha de Waterloo, entre ingleses e franceses. A família Rothschild sabia que a notícia teria influencia sobre seus negócios: se fossem os franceses os vencedores, a queda seria inevitável; caso fossem os ingleses, o mercado reagiria positivamente.

Quando o mensageiro chegou com a notícia, os outros corretores perceberam que a reação dos Rothschild sinalizaria o que teria ocorrido no mercado. Assim que o mercado abriu, a família começou dando ordens de venda. Os outros investidores deduziram que a Inglaterra tinha perdido a batalha.  E todos começaram a vender seus títulos, antecipando uma perda maior com a vitória dos franceses. Passado o primeiro momento, com uma grande queda no mercado, os Rothschild retornaram ao mercado comprando. Afinal, a Inglaterra tinha vencido a batalha contra Napoleão.

Esta história ilustra bem o poder da informação. Saber uma notícia antes dos outros traz grandes vantagens nos negócios. Esta lógica tem sido aplicada ao mercado de capitais.

Num mundo em que a informação chega às pessoas com uma enorme rapidez, ainda existem situações onde é possível lucrar com isto. Trata-se das operações de alta frequência (aqui também) (high frequência trading).

E o aquecimento global com isto? A elevação da temperatura tornou possível explorar as regiões mais geladas do planeta. Mas além de explorar a riqueza destas regiões, empresas estão interessadas em gastar uma grande fortuna para colocar cabos de comunicação entre os principais mercados financeiros. Passando os cabos pelo ártico, será possível economizar cinco mil quilômetros de cabo. Mas mais do que isto: será possível que a informação chegue antes que os concorrentes.

É bem verdade que a diferença de tempo entre a situação atual e os novos canais de comunicação será de partes de segundo. Mas no mercado financeiro uma pequena diferença temporal pode ser uma grande vantagem.

Algo como receber, antes de todas as pessoas, o comportamento do mercado japonês. E poder usar a informação para ganhar dinheiro. Como fizeram os Rotschild.

Leia mais em: The problem with high frequency trading ; Felix Salmon


30 dezembro 2011

Mudanças à vista no FGC


O Fundo Garantidor de Créditos (FGC) vai passar por uma profunda mudança no ano que vem. Os atuais conselheiros da instituição, executivos oriundos dos grandes bancos do País, serão substituídos por profissionais independentes contratados no mercado financeiro. O presidente do Conselho, Gabriel Jorge Ferreira, deixará o comando quando a reforma do estatuto estiver concluída.

E as regras para o socorro de bancos em dificuldades ficarão mais rígidas, para evitar casos como o do Panamericano, que terminou com um prejuízo de R$ 3,8 bilhões para o FGC, criado em 1995 para garantir depósitos dos correntistas brasileiros até determinado limite. Atualmente, a cobertura é de até R$ 70 mil por CPF na mesma instituição financeira e vale para dinheiro em conta corrente, caderneta de poupança, CDBs, letras de câmbio, letras imobiliárias, letras hipotecárias e letras de crédito imobiliário.

O Estado apurou que as mudanças estão sendo discutidas com o Banco Central (BC) e já receberam o aval dos banqueiros. A origem da reforma remonta a 2009, quando a autoridade monetária colocou para discussão pública alterações no FGC. Na ocasião, o BC alertou para alguns problemas no funcionamento do Fundo. Um exemplo é o fato de os conselheiros terem acesso a informações confidenciais de concorrentes em dificuldades. Hoje em dia, vários bancos procuram o FGC se precisam de ajuda.

Quando isso ocorre, busca-se uma solução que, em alguns casos, precisa ter a anuência dos conselheiros para ser implementada. Só que, desde que o FGC foi criado, só os maiores do setor têm assento no conselho. Hoje, são Banco do Brasil, Itaú Unibanco, Bradesco, Santander, Caixa Econômica Federal, Safra e Alfa (esses três últimos suplentes).

Como lembra uma fonte do setor, essa situação cria o que se chama de assimetria de informação. Em outras palavras, alguns bancos sabem quem são os concorrentes em dificuldades. Mas todos os outros do setor, não. Para evitar esse tipo de conflito de interesse, os conselheiros terão de ser independentes, sem vínculo algum com bancos.

O BC deve voltar à carga com o assunto no ano que vem. No entanto, os banqueiros decidiram antecipar-se à autoridade e já acertaram informalmente um novo estatuto, que será implementado nos primeiros meses de 2012. O objetivo é que tudo esteja pronto antes do fim de abril, quando está agendada a assembleia anual ordinária do Fundo. A partir daí é que as alterações práticas – como a saída de Ferreira – serão efetuadas.

O novo presidente do conselho ainda não foi escolhido. Hoje, o nome favorito é o do presidente da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), Murilo Portugal. Há, porém, ao menos dois empecilhos para que essa solução vingue. O primeiro deles é a resistência do próprio Portugal em assumir novas funções. O segundo é o fato de que, em algumas situações, FGC e Febraban têm posições opostas. A entidade que representa os bancos, por exemplo, faz pressão para diminuir o porcentual dos depósitos dos correntistas (dinheiro que, afinal de contas, compõe o patrimônio do Fundo, atualmente próximo de R$ 28 bilhões).

O FGC, em compensação, entende que, em alguns momentos, é preciso elevar o porcentual para que as garantias possam se manter no nível corrente ou até serem elevadas. A outra grande mudança no estatuto decorre do caso Panamericano. A partir de 2012, em operações de salvamento de bancos, o FGC vai exigir que o banqueiro em questão coloque todo o patrimônio pessoal como garantia do empréstimo. Além disso, as condições do financiamento serão as de mercado. Ou seja, sem nenhum vantagem para o tomador.

Fonte: LEANDRO MODÉ – O Estado de S.Paulo

30 maio 2011

Custo da Falta de Informação

Sobre a venda potencial da cervejaria Schincariol, o problema é a falta de informação:

Há grupos interessados, mas as conversas esbarraram em um obstáculo: a falta de transparência da cervejaria sobre suas dívidas. Dentre os possíveis interessados - que agora pressionam a cervejaria para que as dívidas sejam melhores explicadas - estão a holandesa Heineken e a britânica Diageo que, segundo o Valor apurou, poderiam até se unir em uma joint venture para adquirir a companhia.

No balanço publicado em 31 de março, a Schincariol Participações e Representações (que engloba todas as empresas do grupo) relaciona dívidas financeiras que somam um montante líquido de R$ 828,5 milhões (empréstimos de curto e longo prazo, descontado o caixa da empresa). Além disso, em nota explicativa no mesmo balanço, a cervejaria e suas controladas revelam "perdas possíveis não provisionadas" que "têm ainda ações de natureza trabalhista, cível e tributária (...) nos montantes de R$ 127,3 milhões (trabalhista), R$ 185,9 milhões (cível) e R$ 1,790 bilhão (tributária)". Todas essas pendências somam R$ 2,932 bilhões. (...)

É aí que mora a desconfiança dos possíveis compradores. "No pacote de informações mandado pela Schin, esse número não está claro. Por isso, o total da dívida pode ser muito maior. Um belo dia o governo pode bater à porta do comprador da Schin para cobrar uma impostos devidos", diz uma das pessoas que receberam o pacote de informações de venda. "É como se uma pessoa fosse vender um carro, mas não deixasse o interessado abrir o capô para ver o motor", compara um analista.
Os dados não teriam sido abertos mesmo depois de pedidos formais. Quando uma empresa se interessa por comprar a outra é comum, conforme explicam analistas, que a companhia a ser vendida passe todas as informações financeiras necessárias antes de iniciado um processo de "due diligence" (procedimento que mapeia a fundo ativos e passivos comerciais, legais, tributários e previdenciários de uma empresa). A "due dilligence", entretanto, só é feita depois de firmada uma carta formal de interesse de compra da companhia vendida. Dada a falta de informações prévias da Schin, nenhuma proposta foi oficializada até agora. A assessoria do negócio está sendo feita pelo BTG. Procurados, nem a Schincariol, nem o BTG se pronunciaram sobre o assunto. Heineken e Diageo também não quiseram comentar o possível interesse na compra.

Conforme fontes do mercado, o pacote de venda da Schin teria sido enviado também para as cervejarias SABMiller, Carlsberg, Ambev MillerCoors, Grupo Modelo, Assai e Kirin.

"Essa maneira de colocar uma empresa à venda é muito ruim, pois o preço cai muito", afirma um executivo que teve acesso ao pacote. O preço de venda da Schin seria de US$ 2 bilhões, conforme o jornal britânico "Sunday Times" informou em abril.

"O valor é uma pechincha, mesmo se somados os R$ 2,932 bilhões de dívidas declarados, considerando que a companhia, embora tenha uma marca fraca [Nova Schin], controla quase 10% do mercado brasileiro de cervejas, chegou a uma receita líquida de R$ 2,9 bilhões em 2010 e tem 13 fábricas pelo país", afirma uma analista. "O problema são os esqueletos no armário", diz, referindo-se possíveis a débitos não publicados.

Uma cervejaria em país emergente, com vendas de cerveja em ascensão como o Brasil, deveria custar pelo menos entre oito e dez vezes seu Ebitda (lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização), conforme calculam analistas do setor. O Ebitda da Schin, conforme seu balanço, foi de R$ 434 milhões em 2010. Ou seja, a relação preço e Ebitda estaria entre quatro e cinco vezes.

As dívidas e a falta de clareza financeira não são os únicos fatores que puxam para baixo o preço da cervejaria. "A Schincariol tem um custo operacional muito alto", diz um analista. A margem bruta de lucro da companhia, segundo o balanço, é de 37%. Descontadas despesas operacionais, administrativas e com vendas, o percentual cai para 4,4%. Só para comparar: na Ambev, a margem bruta em 2010 foi de 66,5%. Sem as despesas operacionais, ela fica em 39,7%.

Além disso, segundo fontes familiarizadas com as conversas, há um entrave de ordem familiar. A decisão de venda da empresa seria apenas de Adriano Schincariol, presidente e principal acionista, com 51% do capital. Gilberto Schincariol Júnior, vice-presidente da empresa e detentor de 49% das ações, não seria a favor da ideia e apenas aceitaria uma venda se pudesse permanecer na companhia, com um assento no conselho. (...)

(O que atrapalha a venda da Schincariol 27/05/2011 - Valor Econômico, via aqui)

28 março 2011

Os motivos econômicos dos terroristas

O blog de Tyler Cowen comenta a decisão de um terrorista da Al Qaeda em atacar um alvo em Detroit, em vez de Houston e Chicago, pois a passagem aérea era mais barata. Ele sugere que " este exemplo mostra como é difícil entender os motivos dos terroristas". (...) Jacob Shapiro e David Siegel num artigo de 2007 fazem exatamente este argumento
Pouco depois de meio-dia de 26 de fevereiro de 1993, cerca de 1.500 quilos de bombas caseiras foram detonadas no segundo nível da estrutura do estacionamento do World Trade Center. Seis pessoas foram mortas e mais de mil ficaram feridas. Poderia ter sido muito pior, o F-350 Econoline van alugada pelos terroristas tinham uma capacidade de carga de mais de 4.000 libras. Ramzi Yousef, líder do ataque, depois declarou que não tinha dinheiro suficiente para comprar material suficiente para construir uma grande bomba
Fonte: aqui

15 janeiro 2011

Casamento

Estudos recentes mostram que as pessoas casadas têm menos probabilidade de pegar pneumonia, fazer uma cirurgia, ter câncer ou ataques cardíacos, escreve o colunista do New York Times Tara Parker-Pope. O casamento pode até diminuir o risco de demência. Mas os relacionamentos problemáticos são outra história. Eles podem enfraquecer o sistema imunológico e aumentam o risco de pneumonia de ataque cardíaco e câncer.

O texto é do blog Spousonomics, especializado em casamento e economia, que descobri recentemente. As postagens traz casos reais de economistas no seu casamento e algumas discussões interessantes. Veja a seguinte informação:

Uma em cada cinco mulheres casadas, ou 22%, disse que, se pudesse voltar no tempo, elas mudariam seu marido. Apenas 12% dos homens casados afirmaram que havia escolhido a mulher errada.

Esta constatação é discutida sob a ótica econômica. Para o blog, os homens estão mais conscientes da assimetria de informação e, diante do compromisso de longo prazo, fazem uma investigação mais profunda. Mas a atitude dos homens parece "medo do compromisso", quando na verdade estão fazendo uma investigação para evitar os problemas da informação.

13 novembro 2008

Assimetria da Informação e Crise

Um artigo muito interessante e claro sobre o assunto:

Uma crise internacional no mercado de abacaxis
Valor Econômico – 12/11/2008
Daniel Augusto Motta
Ano de 1970. O mundo coroava Pelé como o maior jogador de futebol de todos os tempos. No mesmo ano, talvez indiferente ao sucesso canarinho, o economista americano George Akerlof publicava o artigo "The Market for Lemons: Quality Uncertainty and the Market Mechanism" que lhe daria o Prêmio Nobel de Economia em 2001. O seu tema de pesquisa: o complexo mercado de abacaxis! Sob a perspectiva crítica de Akerlof, a atual crise internacional originada pelo colapso dos créditos "subprime" e a agitada feira de automóveis usados no Campo de Marte no bairro paulista de Santana sofrem essencialmente do mesmo problema: os malditos abacaxis! Loucura? Na verdade não. Ambos os mercados estão caracterizados pela existência de assimetria de informações entre os agentes econômicos envolvidos nas transações. Considere inicialmente a animada feira de automóveis usados.

Você deve concordar que o vendedor tem um acesso privilegiado às informações mais relevantes sobre seu automóvel: batidas disfarçadas no martelinho, problemas mecânicos, falhas elétricas, bancos encardidos, embreagem desgastadas, ruídos irritantes, amortecedores maltratados, etc. Ao comprador resta analisar superficialmente a mercadoria para invariavelmente levar "gato por lebre" e concluir que adquiriu um abacaxi espinhoso e azedo com quatro rodadas. Tal assimetria de informações não seria necessariamente um problema, caso os vendedores dos poucos bons automóveis disponíveis pudessem sinalizar aos potenciais compradores a qualidade de seus automóveis por meio de um certificado de qualidade, ou por intermédio de um rating fornecido por uma entidade idônea. A analogia entre o ambiente competitivo das feiras de carros usados e o mercado de capitais internacional é irresistível. Dada a existência de significativa assimetria de informações entre gestores e cotistas de fundos de investimento, estes últimos depositaram forte crença nas agências de rating ao tomarem decisões de alocação de suas carteiras de investimentos. Esqueceram-se apenas que um simples rating custa algumas dezenas de milhares de dólares e que, sob o ponto de vista de tais agências, os grandes bancos internacionais e fundos de investimento são valiosos clientes continuamente demandando ratings para produtos diversos. Durante décadas, as agências de rating têm sido capazes de influenciar opiniões sobre o nível de solvência de países, o nível de risco de uma carteira de investimentos e sobre os títulos emitidos por bancos e empresas, afetando sobremaneira o fluxo internacional de divisas entre países e o humor das bolsas de valores em economias desenvolvidas e emergentes. Seu papel: classificar abacaxis como abacaxis, e nectarinas como nectarinas. Simples? Nem sempre. Mais recentemente, enquanto o mercado imobiliário americano já apresentava sinais claros de colapso, poderosos bancos internacionais e fundos de investimento continuaram comprando ratings favoráveis das melhores agências de rating para seus fundos abarrotados de créditos podres. Curiosamente, tais agências preferiram classificá-los como uma saborosa salada de frutas, ignorando a existência de grandes abacaxis azedos no meio de poucas nectarinas doces, aveludadas e suculentas. Assim como um avião comercial cai por uma combinação infeliz de sucessivas falhas, também uma grande crise financeira internacional sem precedentes raramente é resultado de apenas um problema. A crise internacional dos "subprimes" tem sido essencialmente associadas à securitização de empréstimos fornecidos a clientes insolventes, à queda vertiginosa dos preços dos imóveis nos EUA, à ausência de uma regulação mais severa sobre atuação de bancos de investimento e fundos hedge e à política monetária de baixos juros defendida pelo banco central americano nos últimos anos. Na sombra dos fatos estão as agências de rating, cuja atuação desastrosa ludibriou milhões de investidores em todo mundo. Aos milhares de cotistas de fundos e acionistas prejudicados e amargurados diante das perdas milionárias em seus fundos aparentemente com razoáveis ratings, cabe uma justa pergunta: se o papel das agências de rating era minimizar a assimetria de informações, quais são as penalidades num caso de notória imperícia e irresponsabilidade?