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21 dezembro 2020

Explorando o espaço


Clive Thompson, autor de Coders: The Making of a New Tribe and the Remaking of the World, faz um interessante artigo sobre a monetização da fronteira espacial. É um texto bem longo, mas que vale uma leitura. 

Sobre contabilidade (afinal este é um blog de contabilidade) destaco o seguinte:

1. Ao relatar a história do espaço, sob a ótica dos Estados Unidos, Thompson destaca que nos primórdios a Nasa, a agência espacial, fazia contratos do tipo "custo mais". Ou seja, a Nasa pagaria todo o custo mais uma margem de lucro. Este tipo de contrato, comum na área militar e de espionagem, é propício para os incentivos perversos. A empresa contratada não tem interesse em ser eficiente e rápida. Na época de ouro, a Nasa chegou a ter 4,4% do orçamento do governo federal ou US$135 bilhões em moeda de hoje. 

2. A opção da Nasa pelo ônibus espacial, nos anos 80, foi uma opção cara e ao mesmo tempo modesta. O ônibus só voava até a órbita baixa da Terra. Os custos elevados e a falta de interesse político reduziu o orçamento da Nasa. 

3. Tudo isto muda com o interesse do setor privado. Até a década de 80 o satélite era um monopólio da Intelsat, um consórcio de governos. Mas em 1988 um empresário, René Anselmo, quebrou esse acordo e lançou um satélite privado. A explosão da Challenger em 1986 mostrou a decadência da Nasa e isto piorou ainda mais com outra explosão, em 2003. Assim, ao mesmo tempo que há um interesse privado pelo espaço, a agência do governo dos Estados Unidos perde sua força. Para resolver o problema de financiamento, o governo dos EUA incentiva a indústria espacial com fins lucrativos. 

4. Alguns empresários usam recursos próprios - caso de Elon Musk - ou conseguem captação de recursos para financiar novas empresas. Musk criou a SpaceX em 2002 e lançou seu primeiro foguete em 2008. Ao mesmo tempo que firmou um contrato com o governo dos EUA para venda de foguetes, a SpaceX fazia progressos tecnológicos: seus engenheiros conseguiram trazer um foguete de volta para Terra. Em outras palavras: redução de custo. Somente em 2019, investidores colocaram 5,8 bilhões de dólares em empresas espaciais. 

5. Enquanto discutimos a questão ambiental na Terra, Thompson alerta que o problema ambiental espacial é preocupante. Um dos planos de Musk é construir uma rede satélites de rápido acesso à Internet em todo o mundo. Em janeiro de 2020, a Space X colocou 60 satélites; em março, 120. Seu plano é ter 12 mil satélites circulando nosso planeta em 2027. Antes da Space X eram 2 mil satélites. Isto significa, também, lixo espacial. 

Tendo destruído o meio ambiente da Terra, a atividade comercial parece prestes a destruir a próxima fronteira: a órbita baixa da Terra.

E isto já está ocorrendo. 

Em 2009, um satélite de propriedade da empresa americana Iridium colidiu com um satélite do governo russo desativado a mais de 42.000 mph. A queda produziu 2.300 pedaços de destroços, espalhando-se em todas as direções. E os destroços são um problema particularmente difícil no espaço, porque quando está viajando a milhares de milhas por hora, até mesmo um pedaço do tamanho de uma bola de gude é como uma bala, capaz de tornar um satélite danificado inoperável e sem direção - o proprietário não pode mais disparar seus propulsores para guiá-lo em uma órbita superior ou inferior. Existem atualmente cerca de 500.000 pedaços do tamanho de mármore lá em cima. Décadas de viagens espaciais feitas por governos deixaram muito lixo, desde peças de propulsores de foguetes até fragmentos perdidos de experimentos científicos.

Isto corresponde ao que ficou conhecido como Síndrome de Kessler. Uma colisão poderia produzir tanto lixo espacial que iria desencadear uma reação em cadeia, com centenas de satélites destruídos e que formaria um anel de destroços que impediria o lançamento de novos satélites. 

Frases: CEO da GM


Recentemente Mary Barra , presidente e CEO da General Motors, deu uma entrevista para o Freaknomics. Ela foi a primeira mulher CEO de uma montadora mundial. Duas amostras do pensamento de Barra:

Uma das coisas que fizemos quando eu estava no RH foi, mudamos nosso código de vestimenta de 18, 20 páginas para duas palavras: “vista-se adequadamente”. E eu acho que dar poder às pessoas e saber que você confia nelas - mas você também vai responsabilizá-las por fazer a coisa certa - acho que apenas cria uma mentalidade diferente.

Mas para mim, é a diversidade mais ampla. Você tomará melhores decisões quando tiver pensamentos, contribuições e debates diversos. E eu já vi isso por ter experiências de gênero, raça, origem, nacionalidade e experiências diferentes. Acho que ajuda a criar estratégias melhores que são, francamente, mais equilibradas para o que pode dar errado ou quais oportunidades você pode aproveitar. 

Felicidade medida no Twitter

 Fazendo contagem de palavras positivas e negativas, o ano mostrou dois momentos de "infelicidade":

a pandemia e a reação policial aos protestos (Clique na imagem para ver melhor). A figura acima é em língua inglesa. Em língua portuguesa, para 2020:


Quanto maior o valor, maior seria as emoções positivas. É muito claro março, onde o gráfico mostra uma grande redução, por conta da pandemia. Também destaca-se a morte de Soleimani (inicio do ano), a violência policial e as eleições dos EUA. 

Emoções positivas nos dias das mães, dos namorados (ponto máximo do ano) e das crianças. 

Eis as palavras com maior escore de "felicidade":

Fonte dos dados: aqui

P.S. Eis o resultado de contabilidade: nem positivo, nem negativo. Neutro, como deve (?) ser. 

P.S.2 - contador teve nota 5. Não 5,01 ou 4,99. 



Rir é o melhor remédio

 Cartoons de 2020





20 dezembro 2020

Dívidas e redes sociais

 


Eis algo interessante que mostra o poder da rede social:

Quando os usuários baixam o aplicativo de empréstimos móveis do Quênia, OKash, os T & Cs discretamente dão permissão para acessar seus contatos. Se eles atrasarem o pagamento, o aplicativo passa a enviar mensagens a todos esses contatos - familiares, colegas, ex-parceiros - para envergonhar o usuário e fazê-lo pagar a dívida. [ Morris Kiruga via aqui] Imagem aqui

Rir é o melhor remédio

 

Qual o débito? Qual o crédito?

19 dezembro 2020

Aumento do poder do PCAOB


O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sancionou um lei que foi considerada, pela imprensa, contrária aos interesses das empresas chinesas com ações nas bolsas dos EUA. Segundo a lei, empresas estrangeiras que não cumprirem os padrões de auditoria dos EUA serão impedidas de serem listadas no mercado acionário. 

A China tem imposto restrições para fiscalização (auditoria, inclusive) das empresas chinesas, dificultando o trabalho do PCAOB, a entidade que fiscaliza a qualidade do trabalho de auditoria nos Estados Unidos. Assim, a auditoria de empresas chinesas geralmente é feita por chineses. 

Embora a lei se aplique a empresas de qualquer país, os apoiadores da lei miram companhias chinesas listadas no país, como Alibaba, a empresa de tecnologia Pinduoduo e a gigante de petróleoPetroChina. A legislação, como muitas outras que adotam uma postura mais dura em relação às empresas chinesas, foi aprovada pelo Congresso por grande vantagem neste ano. 

Padrões ambientais


Ontem foi um dia bem movimentado para quem acompanha que questão ambiental na contabilidade. Nada menos que cinco entidades lançaram um "protótipo" de padrões de evidenciação financeira vinculada ao clima. As entidades são:

Sustainability Accounting Standards Board, 
Global Reporting Initiative, 
International Integrated Reporting Council, 
Carbon Disclosure Project e 
Climate Disclosure Standards Board

O número de padrões na área ambiental é muito grande e existe uma pressão para um consenso entre as entidades. Existia também um compromisso de tentar chegar a uma harmonização entre eles. E mais, recentemente, o SASB e IIRC anunciaram planos de uma fusão e criação do Value Reporting Foundation (que divulgamos somente ontem, também, no blog). Além disto, a Fundação IFRS, que produz as normas internacionais de contabilidade financeira, também mostrou interesse em não perder a oportunidade. 

O documento das cinco entidades pode ser acessado aqui. Do sumário executivo destaco:

(...) o documento demonstra que o estabelecimento de padrões para divulgação financeira relacionada à sustentabilidade pode ser visto como uma extensão natural do papel atual da Fundação IFRS. O documento fornece uma visão de como essa ambição pode ser alcançada com base em estruturas e padrões já existentes. Oferecemos esse conteúdo na forma de protótipos, para que ele possa servir como uma contribuição técnica útil, tanto para os curadores da Fundação IFRS, quanto para o pensamento atual de formuladores de políticas globais, regionais e jurisdicionais. Em nossas observações finais, pedimos a todas as partes interessadas que se envolvam e sejam ativas na condução do progresso urgente que é necessário para um relatório corporativo abrangente.



Rir é o melhor remédio

 

Já lavou as mãos? 

18 dezembro 2020

Clima e Contabilidade


Duas notícias de novembro relacionam a questão do clima com a contabilidade. A primeira é a junção anunciada entre o International Integrated Reporting Council (IIRC) e o Sustainability Accounting Standards Board (SASB). Será criada a Value Reporting Foundation, cuja finalidade é ajudar as empresas nos relatórios corporativos abrangentes. A nova entidade irá promover o uso dos padrões do IIRC e do SASB. O número de padrões é elevado e há um desejo de reduzir um sistema alinhado em todo o mundo. 

A segunda notícia é que a Fundação IFRS publicou um documento onde mostra "que os requisitos IFRS existentes exigem que as empresas considerem questões relacionadas ao clima quando seu efeito é relevante para as demonstrações financeiras". Nesta publicação há exemplos de normas IFRS que tratam do assunto.

(Imagem aqui)

Proficiência em inglês

 A língua inglesa é cada vez mais útil e necessária. Como linguagem dos negócios, saber inglês deixou de ser uma vantagem comparativa e passou para condição de requisito essencial. Todo ano, o grupo de escola de inglês EF divulga o resultado da proficiência em inglês por país. Baseado no teste realizado pela escola (que é gratuito), é um bom sinalizador dos países com melhor escore nesta área. 

O ranking de 2020 está abaixo:

Em 100 países, o Brasil está na metade (53o.), mas com uma classificação considerada "baixa". Holanda e países nórdicos são destaque. No relato, a EF destaca uma melhoria da América Latina.

Desafios da implantação da IFRS 17


É de conhecimento de todos os efeitos da pandemia nas empresas. Nesta crise sanitária, as entidades reguladores foram tímidas nas medidas relacionadas com o Covid. No Iasb, a exceção de um ponto relacionado com o arrendamento, as normas continuaram com seu cronograma. Na realidade, percebemos que a entidade continua ávida de novas normas, agora buscando cobrir também a questão ambiental, social e de governança. O texto a seguir mostra os desafios da implantação da IFRS 17 em Portugal e mostra os desafios enfrentados pelas empresas: 

O surgimento da pandemia há nove meses veio impor uma rápida resposta das organizações para necessidades imediatas operacionais o que, aliado à decisão do IASB de diferir a data de entrada em vigor da IFRS 17, incluindo a extensão da exceção temporária da IFRS 9, veio desfocar algumas empresas dos planos para implementação daquelas normas.

A Covid-19 teve e está a ter, naturalmente, impacto nos recursos e calendários dos programas de implementação:

– A exigência acrescida como resposta à crise pandémica para os recursos já escassos, como contabilistas e atuários, pode ter realocado recursos da IFRS 17 a outros projetos;

– Os sistemas de TI necessitaram de ser atualizados para apoiar o trabalho remoto;

– Pode ter sido necessário desviar recursos de TI e CPU do sistema, armazenamento e capacidade de rede, inicialmente reservados para os projetos IFRS 17 e IFRS 9, para outras iniciativas mais urgentes para mitigar as consequências da Covid-19;

– As restrições de reuniões presenciais podem ter um impacto na necessidade de acesso mais fácil a fornecedores nestes projetos, podendo reduzir a eficiência das operações do dia a dia;

– As posições financeiras e de solvência das empresas foram stressadas, o que coloca pressão sobre os custos e sobre a alocação de orçamentos para a implementação da IFRS 17 e da IFRS 9;

– Alguns reguladores interromperam as consultas sobre o desenvolvimento dos planos de implementação das novas normas contabilísticas, retirando pressão.

O surto de Covid-19 aumentou significativamente a necessidade e a importância das técnicas de projeto ágil para garantir que se possa continuar a progredir conforme planeado e de rever frequentemente o plano geral de implementação à medida que a situação de pandemia evolui.

O estágio de preparação para a entrada em vigor das novas normas contabilísticas das empresas de seguros em Portugal é muito heterogéneo.

Aquelas que já tinham os seus planos de implementação em cursos estão a usar o tempo adicional para planear mais desenvolvimentos dos sistemas, testes, preparação de dados, execuções paralelas e formações dos utilizadores.

No entanto, para as seguradoras que ainda não iniciaram seus programas de implementação, ou que estão num estágio ainda inicial, o nosso conselho é que devem iniciar ou acelerar os projetos, sem demora, devido à complexidade da mudança necessária. É essencial que haja tempo necessário para realizar testes e execuções paralelas, assim como construir controlos suficientes sobre o processo de reporte financeiro IFRS end-to-end, e para partilhar atualizações e envolver os stakeholders chave (incluindo reguladores, auditores e analistas) sobre próximos passos e possíveis impactos.

À porta de 2021, muitas empresas estão ainda no processo de contratação dos fornecedores tecnológicos, seja para a componente atuarial, contabilística ou intermédia. Ainda que algumas empresas tenham levado a cabo as análises de avaliação de impacto financeiro da adoção das normas, ou planeiem ainda fazê-lo, o verdadeiro impacto só será conhecido depois das peças tecnológicas estarem implementadas e a produzir números e as decisões contabilísticas, em particular para a transição, estejam tomadas.

É premente um enfoque nos planos de trabalho, o seu ajustamento face ao impacto da pandemia e, nalguns casos, a aceleração dos programas, para garantir uma transição sem sobressaltos num contexto de mercado tão incerto.

Rir é o melhor remédio

 

Totalmente preparado para prova

17 dezembro 2020

Custo da eletricidade

 

Se for verdade é uma boa notícia. O custo - US$/MwH - da energia solar saiu de 359 dólares para 40, em 2019. Isto torna este tipo de energia o mais barato que existe hoje, com a vantagem de ser renovável. 

Se você quer saber como será o futuro, uma das perguntas mais úteis a se fazer é quais tecnologias seguem a Lei de Wright e quais não.

A maioria das tecnologias obviamente não segue a Lei de Wright - os preços das bicicletas, geladeiras ou usinas a carvão não caem exponencialmente à medida que produzimos mais deles. Mas aqueles que seguem a Lei de Wright - como computadores, energia solar fotovoltaica e baterias - são aqueles que devem ser observados. Eles podem ser encontrados inicialmente apenas em aplicações de nicho, mas algumas décadas depois eles estão em toda parte.

Se você não sabe que a tecnologia segue a Lei de Wright, você pode errar muito em suas previsões. No início da era da computação em 1943, o presidente da IBM, Thomas Watson, disse a famosa frase: “Acho que existe um mercado mundial para talvez cinco computadores”. Na faixa de preço dos computadores da época, isso talvez fosse perfeitamente verdade, mas o que ele não previu foi a rapidez com que o preço dos computadores cairia. De seu nicho inicial, quando talvez houvesse realmente apenas demanda por cinco computadores, eles se expandiram para mais e mais aplicativos e o ciclo virtuoso fez com que o preço dos computadores diminuísse cada vez mais. O progresso exponencial dos computadores expandiu seu uso de um pequeno nicho para a tecnologia definidora de nosso tempo.

Rir é o melhor remédio

Demonstrações contábeis saindo do Departamento de Contabilidade e chegando aos usuários externos

16 dezembro 2020

Mercado eficiente ou não?


Em uma listagem de fatos interessantes aprendidos no ano de 2020:

Em fevereiro, as ações da Zoom Technologies subiram 50%. Infelizmente, era a empresa errada. As ações da empresa de videoconferência estão listadas como ZM, não ZOOM, e a outra Zoom está fora do mercado há anos.

Via aqui. Eis o gráfico da cotação da Zoom Technologies em abril:

Este é um caso para questionar a eficiência do mercado. Como o mercado pode ser eficiente se confunde duas empresas distintas. 

Brasil: Década Perdida

 


Rir é o melhor remédio

 



15 dezembro 2020

Gambito da Rainha


O Gambito da Rainha é uma série sobre xadrez, moda e drogas. Conta a história de uma jovem talentosa pelo jogo, mas que para isto faz uso de remédios e, com o sucesso, veste de maneira impecável. São sete capítulos, com a duração aproximada de uma hora cada. 

Apesar de ter contado com a consultoria daquele que é um dos maiores enxadristas de todos tempos, Gary Kasparov, há alguns deslizes na história. Como no lance em que o jogador pede, para surpresa da jovem, o adiamento da partida. Antigamente, as partidas podiam ser adiadas quando chegassem no 40o. lance; assim, o pedido de adiamento não deveria ser algo inesperado, como parece ocorrer. Apesar deste (e de outros) detalhes (jogador de xadrez não usa chapéu de Indiana Jones, os lances dos xadrez são mais pensados e menos automáticos, a tradução de Gambito da Dama para Gambito da Rainha, entre outros), eu entendo que isto é uma liberdade do diretor para contar a vida de Beth Hammon (foto) de maneira mais agradável para o público. E a série realmente chama a atenção. 

Vale a pena? - A série não tem enrolação e agrada quem gosta e quem não conhece xadrez. Explica de maneira didática os lances mais importantes para entender o que está ocorrendo de maneira didática. Eu gosto muito de xadrez e acompanho os jogadores, os jogos e os torneios. Mas acho que o maior destaque foi o figurino. Sim, vale a pena.