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27 dezembro 2019

Um resumo de 2019

Foram quase 1200 postagens durante o ano de 2019. Você já leu aquelas postagens que tiveram maiores leituras. Nesta aqui iremos lembrar o principais fatos contábeis no Brasil e no mundo.

Brasil
1. Publicação obrigatória de demonstrações contábeis nos jornais - O atual presidente anunciou que estava assinando uma medida provisória derrubando a obrigatoriedade de publicação das demonstrações contábeis nos jornais. Parecia ser uma vingança contra a Rede Globo e seu jornal de negócios, o Valor Econômico. No final do ano, a medida provisória deveria ser convertida em lei. Como o governo não editou outra medida provisória, tudo ficou como antes. A principal notícia contábil do Brasil em 2019 terminou sendo uma “não notícia”.

2. Crise no emprego contábil - Ao longo do ano este blog acompanhou o que estava ocorrendo no setor contábil de mercado de trabalho. E 2019 não foi um bom ano para a contabilidade. Apesar de uma discussão sobre o impacto da tecnologia na contabilidade e o efeito sobre a profissão, o mercado de trabalho não seguiu a tendência da economia, que começou a recuperar os postos de trabalho existentes antes da grande crise econômica brasileira. Desde 2014, foram mais de 40 mil vagas de empregos formais reduzidas.

3. Estrutura Conceitual - Em março tivemos a aprovação da EC pelo Iasb. No final de dezembro, a tradução para o Brasil foi aprovada pelo CPC. É pena que um assunto tão importante não tenha tido a devida discussão (mea culpa: inclusive por parte deste blog).

4. Cendon - A representação brasileira no Board do Iasb mudou: saiu Amaro Gomes, que ficou dois mandatos, funcionário do Bacen, e entrou Tadeu Cendon, da área de auditoria.

5. B3 e as empresas na bolsa - O número de empresas brasileiras com ações na bolsa nunca foi tão pequeno. Mesmo uma empresa como a XP preferiu ter suas ações negociadas no exterior. Qual a razão? A B3, que detém o “monopólio” do mercado de transações de títulos no Brasil é uma empresa muito rentável, conforme destacamos no início do ano no blog. Faz sentido?

6. A Inflação na Contabilidade voltou - Depois de décadas, o CPC incorporou a regra de tratamento inflacionário nas demonstrações contábeis para as empresas brasileiras que fazem transações com economias inflacionárias (Argentina e Venezuela, por exemplo). A Ambev já incorporou a norma na sua demonstração.

7. Finanças públicas - novo governo e novamente a preocupação com as finanças públicas. Diversos unidades da federação estão falidas e muitas delas não fazem nada para reverter o quadro. No segundo semestre, saiu um comentário sobre a possibilidade de acabar com municípios de pequeno porte, reduzindo, em muito, os atuais 5.570 municípios existentes.

Mundo
1. Aramco - a principal oferta pública de ações começou a ser discutida há algum tempo e no final do ano somente uma pequena parcela das ações foram vendidas, em um mercado local. A Aramco terminou escolhendo a IFRS como padrão contábil e o lançamento contou com o apoio de grandes instituições ocidentais.

2. Exxon - A empresa foi processada em Nova Iorque por uma contabilidade enganosa. A origem estaria na opinião que a empresa emitiu sobre os efeitos dos combustíveis fósseis na mensuração dos ativos da empresa. No final do ano o caso foi julgado e vencido pela empresa. Em julgamento estava a contabilidade baseada em opinião, o padrão atual seguido pelo Fasb e Iasb.

3. KPMG e PCAOB - no passado a KPMG contratou ex-funcionários da entidade que fiscaliza as empresas de auditoria nos EUA. Junto com os funcionários, a empresa teve acesso a informações sigilosas que ajudaram a auditoria a melhor se preparar para a fiscalização. Este ano, os funcionários envolvidos no processo foram julgados e condenados.

4. Ghosn - o executivo brasileiro era considerado um exemplo para os gestores mundiais. Comandando uma empresa japonesa e outra francesa do setor de automóveis, Ghosn foi acusado de ter usado recursos da empresa em seu benefício pessoal. Algo chamado “entidade”. O tratamento exemplar incluiu prisão, multa e humilhação.

5. Facebook - a empresa dona da rede social e do serviço de mensagens What´s up lançou no meio do ano uma moeda digital que não aconteceu. A falta de apoio, a pressão dos reguladores, a desconfiança sobre a tecnologia do negócio e que a moeda poderia ser usada para fins ilícitos, foram algumas das razões para o fracasso. E esteve envolvida em situações de utilização de dados pessoais sem autorização.

6. Não GAAP - a utilização de medidas não contábeis é uma grande preocupação dos reguladores. O Iasb vem tratando tentando incorporar as medidas de desempenho nas suas discussões. A SEC também se preocupa, uma vez que estas medidas são manipuláveis.

7. Normas, normas e normas - A agenda do Iasb está cheia. A promessa do atual presidente em parar um pouco a produção das normas parece que foi esquecida. Nos EUA, onde está o “melhor padrão contábil mundial” (segundo as palavras deles), o processo levou ao adiamento do início de diversas normas complexas.

Quem partiu
Vocker, um ex-presidente do Fed e pioneiro no Iasb, faleceu no final do ano. Schnurr, contador-chefe da SEC que tinha sofrido um acidente de bicicleta, também faleceu no meio do ano.

Gigantes que caíram
Thomas Cook, uma agência de viagens centenária, faliu este ano. General Electric e Sears, duas ex-potencias empresariais, estão perto do mesmo destino.

Escândalo do ano
O curso ministrado na EY indicava como as funcionárias deveriam se portar. Em lugar de reconhecer a besteira, a empresa tentou atacar que deu a notícia. Piorou a situação. A palestrante falou coisas como: O cérebro das mulheres é como panqueca e elas possuem dificuldade de concentração, ao contrário dos homens. E cérebro das mulheres é menor que os homens.

As 19 postagens de 2019 mais lidas



Nós fizemos um levantamento com o auxílio do Google Analytics e as postagens de 2019 mais lidas foram:


Obs: Essa forma de divulgação considera apenas os cliques diretos em cada postagem. As que foram lidas por meio da página principal não são consideradas.

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Fonte: Aqui

26 dezembro 2019

Crise e bancos do governo

Parece algo que ocorreu por aqui. Uma pesquisa realizada na Índia sobre bancos e garantias governamentais apresentou um achado interessante:

Our evidence suggests that access to stronger government guarantees during aggregate crises allows even vulnerable state-owned banks to access and extend credit cheaply despite their under-performance, and this renders private sector banks especially vulnerable to crises.

Frase

Atenienses preferiam escravos como controlers e auditores por que eles podiam ser torturados e homens livres não.  (The Reckoning, Jacob Soll)

As 19 postagens mais lidas de 2019


Nós fizemos um levantamento com o auxílio do Google Analytics e as postagens mais lidas em 2019 foram:

1. CCL
13. ROI
18. Ebitda

O resultado foi bem similar ao de 2018. Destaque para a postagem "Pró-forma" que apareceu pela primeira vez, assim como a "Você sabe a diferença entre incerteza e risco?".


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Fonte: Aqui

25 dezembro 2019

Símbolo de fraude contábil é solto nos EUA

O ex-executivo da WorldCom, Bernard Ebbers, foi solto nos Estados Unidos. Após cumprir 13 anos de prisão, de um total de 25 anos, por ser uma dos responsáveis por uma das maiores fraudes contábeis daquele país, Ebbers, agora com 78 anos, foi soltou em razão do seu estado de saúde. Em 2005, o Ebbers foi considerado culpado, incluindo uma fraude contábil de 11 bilhões de dólares.

Em 2009 recebeu o título de décimo executivo mais corrupto da história dos EUA, dado pela Times. Em 2013 foi considerado o quinto pior executivo de uma empresa dos EUA, segundo a CNBC.

Os livros mais vendidos da década

1) E. L. James, Fifty Shades of Grey (2011) // 15.2 million copies
2) E. L. James, Fifty Shades Darker (2011) // 10.4 million copies
3) E. L. James, Fifty Shades Freed (2012) // 9.3 million copies
4) Suzanne Collins, The Hunger Games (2008) // 8.7 million copies
5) Kathryn Stockett, The Help (2009) // 8.7 million copies
6) Paula Hawkins, The Girl on The Train (2015) // 8.2 million copies
7) Gillian Flynn, Gone Girl (2012) // 8.1 million copies
8) John Green, The Fault in Our Stars (2012) // 8 million copies
9) Stieg Larsson, The Girl with The Dragon Tattoo (2008) // 7.9 million copies
10) Veronica Roth, Divergent (2011) // 6.6 million copies



Fonte: Aqui

151 estratégias quantitativas de negociação

Resumo:

We provide detailed descriptions, including over 550 mathematical formulas, for over 150 trading strategies across a host of asset classes (and trading styles). This includes stocks, options, fixed income, futures, ETFs, indexes, commodities, foreign exchange, convertibles, structured assets, volatility (as an asset class), real estate, distressed assets, cash, cryptocurrencies, miscellany (such as weather, energy, inflation), global macro, infrastructure, and tax arbitrage. Some strategies are based on machine learning algorithms (such as artificial neural networks, Bayes, k-nearest neighbors). We also give: source code for illustrating out-of-sample backtesting with explanatory notes; around 2,000 bibliographic references; and over 900 glossary, acronym and math definitions. The presentation is intended to be descriptive and pedagogical. This is the complete version of the book.

Kakushadze, Zura and Serur, Juan Andrés, 151 Trading Strategies (August 17, 2018). Z. Kakushadze and J.A. Serur. 151 Trading Strategies. Cham, Switzerland: Palgrave Macmillan, an imprint of Springer Nature, 1st Edition (2018), XX, 480 pp; ISBN 978-3-030-02791-9. Available at SSRN: https://ssrn.com/abstract=3247865

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Contabilidade do Carbono

A cimeira sobre o clima (COP 25) terminou sem que os países participantes tivessem chegado a acordo sobre a regulamentação do “mercado de carbono”. Falta consenso para prosseguir com medidas eficazes, quer para o combate ao aquecimento global quer para a plena divulgação dos custos do carbono.

O comércio internacional de licenças de emissão teve origem no Protocolo de Quioto. Na UE, para cumprir as metas assumidas, foi lançado, em 2005, o Comércio Europeu de Licenças de Emissão (CELE). É um sistema “cap and trade” que define um limite (cap) à emissão de gases com efeito de estufa (GEE) para as instalações abrangidas.

As empresas que operam tais instalações recebem licenças que podem utilizar ou vender. No final de cada período, devem entregar licenças equivalentes às emissões realizadas, pelo que se excederem o limite atribuído têm de adquirir licenças (ou outros instrumentos elegíveis para colmatar o défice) ou pagar uma multa. O número restrito de licenças disponíveis faz com que estas tenham valor de mercado.

Através do preço do carbono pretende-se transmitir um sinal aos agentes económicos, de forma a direcionar as suas decisões para uma economia menos poluente. Para as empresas, o valor comercial das licenças é um incentivo para emitir abaixo do limite, já que podem vender o excedente. Para um crescente número de stakeholders, os custos do carbono são relevantes para a tomada de decisão.

Porém, as empresas que usam normas internacionais de contabilidade (IAS/IFRS) não têm regras específicas sobre o tema, tendo surgido práticas contabilísticas diversas. A mais frequente consiste em reconhecer apenas as licenças compradas e adotar uma abordagem líquida que através da compensação de posições pode levar a que o carbono fique invisível nas contas das empresas. Os organismos regulamentadores reconhecem a necessidade de normalização, mas este não tem sido um tópico prioritário.

No âmbito das IAS/IFRS, foi emitida uma norma interpretativa (IFRIC 3), para entrar em vigor em 2005, ano de início do CELE. As soluções aí preconizadas provocariam volatilidade nos resultados das empresas, pelo que a norma foi alvo de contestação e, não tendo obtido parecer favorável para adoção na UE, acabou por ser retirada em 2005. Desde então, apesar de o projeto ter sido retomado em 2007, reativado em 2012 e sujeito a um alargamento de âmbito em 2015, o IASB não voltou a emitir orientação sobre o tema.

Note-se que a evolução do relato sobre matérias ambientais tem sido significativa, mas aparece na esfera da responsabilidade social e ambiental das empresas, fora das demonstrações financeiras. Porém, cada vez mais, os investidores consideram as questões ambientais como fonte de risco e pretendem mais informação financeira.

Em entrevista à Reuters, a 14 de agosto de 2017, Glenn Booraem, do Vanguard Group, defendia que as empresas deviam dar a conhecer de que forma as alterações climáticas podem afetar o seu modelo de negócio e o valor dos seus ativos. Não sendo o Vanguard Group apoiante de medidas ambientais, Glenn Booraem foi questionado sobre as razões desta posição, ao que respondeu “…is not a matter of ideology, it´s a matter of economics…”.

Na medida em que há riscos significativos para a criação de valor, o mercado reclama a plena divulgação desses riscos. Para quem (ainda) não é sensível à causa ambiental, este pode ser o argumento para colocar a contabilidade financeira do carbono na ordem do dia.


Ana Pina - Contabilidade Financeira do Carbono, um projeto sempre adiado - Jornal Econômico. Imagem: aqui

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Que este natal nos inspire a sermos bons uns com os outros todos os dias.

Fonte: Aqui

24 dezembro 2019

Auditoria: origem das receitas

Os dados da AuditAnalytics mostra as receitas da auditoria desde 2002 nos EUA. Após o escândalo da Enron, a receita de atividades não relacionadas com auditoria reduziu substancialmente (laranja no gráfico), enquanto a receita de auditoria aumentou a partir de 2004 (de azul).


Teste de resistência



Um vídeo da KPMG da Dinamarca (New J & A's - Last day at KPMG 2019) representou, para o Going Concern, um teste de resistência. Eu consegui assistir até o segundo minuto e parei.

Goodreads: melhores livros de 2019


Ficção: Os Testamentos, Margaret Atwood

Mistério e suspense: A Paciente Silenciosa, Alex Michaelides

Ficção histórica: Daisy Jones and The Six: Uma história de amor e música, Taylor Jenkins Reid

Fantasia: Ninth House, Leigh Bardugo

Romance: Vermelho, Branco e Sangue Azul, Casey McQuinston

Ficção científica: Recursão, Blake Crouch

Terror: The Institute, Stephen King

Humor: Dear Girls, Ali Wong

Memória e autobiografia: Over The Top, Jonathan Van Ness

História e biografia: The Five: the untold lives of the women killed by Jack the Ripper, Hallie Rubenhold

Ciência e tecnologia: Will My Cat Eat My Eyeballs?: big questions from tiny mortals about death, Caitlin Doughty

Graphic Novel e Quadrinhos: Pumpkinheads, Rainbow Rowell

Poesia: Shout, Laurie Halse Anderson
Romance de estreia: Vermelho, Branco e Sangue Azul, Casey McQuinston

Fantasia jovem adulto: O Príncipe Cruel, Holly Black

Nível médio e infantil: A Tumba do Tirano (As provações de Apolo Livro 4), Rick Riordan

Livro de imagens: A Beautiful Day in the Neighborhood: the poetry of mister Rogers, Fred Rogers

Desses o único que eu li foi “A Paciente Silenciosa” e achei uma ótima leitura para quem gosta do gênero. 

O prêmio Goodreads Choice Awards é um dos meus preferidos, pois permite que os usuários da plataforma votem. Isso faz com que apareçam algumas distorções e a principal, a meu ver, é o fato de quem vota provavelmente não leu todos os concorrentes de cada categoria. Além de dar muito poder aos autores com grandes fã clubes, aos livros com grandes campahas publicitárias e etc. Mas... não deixa de ser divertido! ;) Salvo engano, também consideram apenas os livros publicados nos Estados Unidos.

Nota: O Skoob, plataforma similar, mas brasileira, não realiza este tipo de evento.

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23 dezembro 2019

Emprego no setor contábil

Em novembro, pelo oitavo mês seguido, o país registrou a criação de 99 mil novos empregos formais. Os dados são do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) e correspondem ao mês de novembro. Este foi o melhor resultado de novembro, desde 2010.

Já o setor contábil, considerado o contadores e auditores, escriturários e técnicos em contabilidade, o problema permanece.

A diferença entre o que ocorre na economia e o setor contábil está expressa no gráfico acima. Na linha vermelha, o desempenho do emprego na economia. Se os valores ainda não são próximos ao existente antes da maior crise econômica da história brasileira, o setor contábil continua em crise. São mais de 44 mil vagas destruídas desde 2014, conforme pode ser notado na linha azul.
É possível perceber que o problema da crise também acompanhou o setor contábil até recentemente. O gráfico acima mostra a correlação entre os números do setor versus os valores totais, usando uma série de 24 meses, dados móveis. Recentemente, a correlação que era elevada e positiva caiu e agora é negativa. O que isto significa? Que o que está ocorrendo na economia não está afetando o setor contábil.

A tabela a seguir é uma comparação entre o mês de novembro de 2019 e o mês de novembro de 2018.


Melhores livros de 2019

Prêmio Pulitzer:
Ficção: The Overstory, Richard Powers
Drama: Fairview, Jackie Sibblies Drury
História: Frederick Douglass: Prophet of Freedom, David W. Blight

Prêmio São Paulo de Literatura:
Melhor Romance de Ficção: Enterre seus mortos, Ana Paula Maia
Melhor Romance de Ficção de Estreia: O pai da menina morta, Tiago Ferro

Prêmio Jabuti:
Histórias em Quadrinhos: Graphic MSP - Jeremias: Pele. Autores: Rafael Calça, Jefferson Costa 
Infantil: A Avó Amarela. Autoras: Júlia Medeiros, Elisa Carareto 
Juvenil: Histórias guardadas pelo rio. Autora: Lucia Hiratsuka
Poesia: Nuvens. Autora: Hilda Machado 
Romance: O pai da menina morta. Autor: Tiago Ferro

Confira ainda a lista de 100 livros notáveis de 2019, do The New York Times.

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Fonte: Aqui

22 dezembro 2019

Doação de Rins: a revolução da Teoria Econômica


Quem precisou de um transplante de rim nos últimos anos viu suas chances de conseguir um aumentarem exponencialmente graças a um economista chamado Alvin Roth.
Roth revolucionou a doação de rins no mundo ao utilizar a teoria econômica para aumentar a disponibilidade de órgãos.

Sem sua atuação, milhares de pessoas que hoje vivem bem com um novo rim estariam sofrendo, passando por sessões frequentes de hemodiálise ou mortas. A doação de rins é diferente das outras porque os seres humanos possuem dois destes órgãos, mas só precisam de um para viver. Por isso, é possível doar em vida.

Há, porém, um obstáculo: os rins do doador e do receptor devem ser compatíveis, o que significa que você pode não conseguir doar o seu para um familiar que esteja enfrentando problemas de saúde, por exemplo. Antes da intervenção do professor Roth, o seu familiar precisaria esperar a doação de alguém que acabou de morrer, ou continuar sem o órgão.

O economista, então, criou um "mercado de rins", um banco de dados que reunisse as informações de todos os pares que não possuíam compatibilidade entre si, criando novas combinações e garantindo que todos encontrassem um doador. A venda de rins é ilegal em todos os países com exceção do Irã.

"Em quase todo o mundo, nós não permitimos que preços desempenhem qualquer papel no mercado de rins", diz Roth. Questionado sobre o impacto de sua criação, ele conta que, por causa dela, cerca de mil pessoas conseguem um doador a cada ano nos Estados Unidos - e esse é apenas um exemplo.

Roth, entretanto, acredita que no futuro as pessoas poderão ser pagas para doar seus rins.

Ele compara o debate sobre o tema ao que teve nos Estados Unidos após a Guerra do Vietnã, quando o país tornou seu serviço militar voluntário - antes, ele era compulsório.

O economista vislumbra um futuro em que as pessoas que desejem doar um rim por dinheiro poderiam ser vistas como "heroínas" pelo Estado, que se responsabilizaria por coletar os rins e distribuí-los utilizando as regras já existentes - assim, os rins seriam dados a quem mais precisa, não a quem pode pagar mais.

Oferecer incentivos financeiros em troca de órgãos, porém, envolve uma discussão ética. E a maioria da comunidade médica, e da população em geral, é contrária à ideia.

Fonte: aqui

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Nas festas de fim de ano, reconecte

Após 37 anos, E.T. volta para visitar seu amigo Elliott nas festas de fim de ano. Durante sua estadia, E.T. descobre que Elliott agora tem uma família própria e que a tecnologia mudou completamente na Terra desde sua última visita. Tudo isso ocorreu como parte de um comercial da XFinity da Comcast, um conglomerado de mídia e entretenimento da qual a NBC Universal, distribuidora do filme original, faz parte.

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Fonte: Aqui

21 dezembro 2019

Plágio do ex-ministro da Justiça Coreano

A Universidade Nacional de Seul (SNU) diz que está investigando acusações de plágio contra o ex-ministro da Justiça Cho Kuk, envolvendo seus trabalhos finais de curso de mestrado e doutorado.

De acordo com o representante Kwak Sang-do, do principal partido da oposição na Coréia do Sul, na quinta-feira, o comitê de integridade da pesquisa do SNU abriu uma investigação oficial sobre os três documentos de Cho na quarta-feira da semana passada, após uma investigação preliminar.

Durante uma sessão de auditoria parlamentar em agosto, Kwak afirmou que muitas sentenças na tese de doutorado do professor de direito da SNU foram retiradas diretamente de trabalhos publicados por professores das universidades de Oxford e Indiana.


Fonte: Aqui

A acusação contra ele não é de agora. Segundo a Wikipedia, em 2013 já tinha a denúncia que tinha plagiado várias teses. Em 2015, a Universidade Nacional de Seul afirmou ter encontrado problemas que não eram graves.

Aqui no Brasil recentemente tivemos o caso do ministro do STF, Alexandre Morais

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Esse é pra sorrir...

20 dezembro 2019

Reuniões no Iasb

O Iasb divulgou as reuniões que os membros do board tiveram nos últimos meses. O que está sendo divulgado são as reuniões com mais de 30 minutos de duração. Em agosto, por exemplo, o presidente teve as seguintes reuniões, todas na Coréia: Korea Accounting Standards Board Seoul, South Korea Presentation/speech Korea Accounting Standards Board Seoul, South Korea General update General Insurance Association of Korea Seoul, South Korea General update Korea Life Insurance Association e Korea Accounting Standards Board. Em setembro, Tadeu Cedon, brasileiro que faz parte do board, reuniu com a Brazilian Association of Listed Companies (ABRASCA)

McKinsey

A empresa McKinsey é uma empresa dos EUA na área de consultoria. Ela foi fundada em 1926 por James McKinsey, que queria aplicar princípios contábeis na administração. Hoje possui mais de 27 mil empregados. Uma potência.

Mas existe um lado obscuro na história da empresa. Veja a seguinte lista:

Enron
Valeant
Jamal Khashogi
Viktor Yanukovych
Opioide
Família Gupta
Crise 2008

Em todos estes casos, e em outros, a empresa esteve envolvida. Aqui um podcast (via aqui)

Não pagar imposto é crime

Parece lógico, mas foi necessário que a questão chegasse ao supremo para que isto ficasse claro.

Seis dos onze ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) votaram no sentido de que não pagar o ICMS é crime, e não apenas inadimplência fiscal. Na prática, quem deixa de recolher o imposto hoje fica sujeito apenas a cobrança judicial em um processo cível. Se a maioria for mantida até o fim do julgamento, o devedor poderá ser processado criminalmente e ficará sujeito a pena de prisão. A condição é que seja comprovado o dolo do devedor – ou seja, a intenção de cometer o ilícito.

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Star Wars

19 dezembro 2019

Exxon e o futuro da contabilidade - Parte 2

Anteriormente comentamos sobre um processo que a Exxon estava sofrendo da promotoria da cidade de Nova Iorque. Segundo a acusação, a empresa estaria enganando seus acionistas sobre os riscos relativos às mudanças climáticas.

Para divulgar suas demonstrações, a empresa deve fazer projeções sobre a viabilidade dos seus ativos, o que inclui as reservas. Se existe dúvidas sobre os efeitos ambientais na utilização de petróleo no futuro, o valor reconhecido no ativo deve ser menor; afinal, o mundo deverá usar menos petróleo. A questão é que a empresa foi muito mais otimista nesta projeção, indicando que o petróleo ainda será o principal item da matriz energética mundial no futuro.


Ao final da postagem comentamos:

O julgamento é muito importante para a contabilidade. Há anos, os reguladores decidiram abandonar o custo como base de valor, enfatizando a necessidade de que a empresa fornecesse sua visão - neutra e fidedigna - da realidade. Na contabilidade da Exxon há uma grande quantidade de julgamento. Ou seja, análise subjetiva. Se a empresa for condenada, isto significa que qualquer julgamento pode ser questionado juridicamente. Se a meta dos reguladores - Fasb e Iasb - era promover uma demonstração contábil mais próxima do valor da empresa, a opinião do preparador deveria ser a base de avaliação. Um tribunal pode dizer que a “opinião como base de valor” deixa de ser a regra contábil. Como isto afetará esta guinada, que abandonou o custo como base de valor?

Agora surgiu a notícia que o tribunal decidiu arquivar a ação. Segundo a opinião de Ike Brannon, a acusação era "insustentável". Para ele, a ideia que a empresa estava enganando os investidores era ingênua: afinal, quem investe na Exxon sabe exatamente o que a empresa está fazendo. Além disto, a acusação afirmava que a empresa apresentava documentos enganosos, mas o certo é que ninguém foi efetivamente enganado.

Mesmo com a decisão, parece que a promotoria irá continuar com este tipo de estratégia, segundo informa o CFO

Custo elevado do Judiciário

Custo Excessivo das Instâncias Superiores do Judiciário Brasileiro
Por Instituto Milemium

A ineficiência do sistema Judiciário brasileiro é flagrante. Basta notar a quantidade de processos que temos em curso em nosso país e acompanhar a lentidão com a qual eles são analisados e julgados. Assim podemos ter um panorama do complexo problema que perpassa todo o nosso sistema de Justiça. É evidente que muitos desses problemas vão ser agravados, por exemplo, com o impedimento da prisão de condenados após decisão em segunda instância, na medida em que isto aumenta a quantidade de contestações em tribunais superiores como o Superior Tribunal de Justiça (STJ) e Supremo Tribunal Federal (STF).

Este quadro é ainda mais grave se compararmos o caso do Brasil com a forma como julgamentos são conduzidos em outros países, até mesmo nos nossos vizinhos da América Latina, onde todo o processo de julgamento e condenação é mais ágil, garantindo a prisão dos condenados e diminuindo consideravelmente a possibilidade de protelação dos casos. O ponto que trazemos hoje aqui, caro leitor, é que isto custa dinheiro. O nosso dinheiro. Vamos olhar isto com um pouco mais de cuidado.

Como veremos abaixo, a maioria dos países autoriza a execução da pena após a sentença em primeiro grau e, garantido o direito do preso em recorrer da sentença, ele o faz já na prisão. Há casos também, como o de Portugal e França, em que a prisão é permitida somente após o julgamento de todos os recursos, mas com a diferença de que, diferentemente do Brasil, não existem tantos recursos assim. Nosso país, atualmente, dispõe de mais de trinta tipos diferentes de recursos. De acordo com o subprocurador geral da Justiça do Ministério Público de São Paulo, o professor de processo penal Sérgio Turra Sobrane, o problema é ainda mais grave pela possibilidade de repetição do uso dessas medidas judiciais. Ele afirma que temos muitas vezes “os embargos dos embargos dos embargos, e isso não termina nunca. Os processos ficam numa repetição de teorias argumentativas que só atrasam o desfecho das causas.”

E, pelo visto, isto acontece apenas no Brasil. A coordenadora da 2ª Câmara de Coordenação e Revisão (Criminal), do MPF (Ministério Público Federal), Luiza Cristina Frischeisen, em artigo publicado no livro “Garantismo Penal Integral”, afirma que “Se o STF decidir que a prisão ocorra somente após o trânsito em julgado, o país ficará extremamente isolado, em matéria penal, entre outros países democráticos. Uma decisão nesse sentido favorece a impunidade”.

Veja como funciona a execução da pena em outros países:

Alemanha
Não dispõe de recursos aos tribunais superiores que permitem liberdade, o réu aguarda preso.

Argentina
Execução da pena imediatamente após sentença em primeiro grau.

Canadá
Execução da pena imediatamente após sentença em primeiro grau. Fiança possível em alguns casos.

Espanha
Execução da pena imediatamente após sentença em primeiro grau.

Estados Unidos
Prisão é executada após sentença em primeiro grau, em alguns casos o preso pode aguardar o julgamento em liberdade com o pagamento de fiança.

Inglaterra
O condenado aguarda o julgamento enquanto cumpre a pena.

Um ponto importante a ser levado em consideração é o tempo que cada um desses processos leva para chegar na primeira instância e, em caso de recursos, o tempo total para que o julgamento seja finalizado nas terceira e quarta instâncias. Segundo dados do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), a tramitação dos processos em primeira instância pode levar de três anos a quatro anos e sete meses.

O trâmite mais lento é dos processos envolvendo crimes dolosos contra a vida, como homicídio.
No caso, do STF e STJ, os recursos julgados levam, em média, de quatro meses a um ano.





Um sistema que, além de lento, é caro

Ora, mas dizer que o sistema Judiciário brasileiro não consegue corresponder às expectativas da população é chover no molhado. O principal problema está para além da quantidade excessiva de processos e da lentidão com que eles são julgados: o pior de tudo é que nosso Judiciário é o mais caro do mundo. E ele não é caro só com o que se gasta com juízes, desembargadores, ele é caro porque toda sua estrutura é pouco eficaz. Pelo menos é o que aponta o ex-ministro do STF, Cezar Peluso: “O Brasil é o único país do mundo que tem, na verdade, quatro instâncias recursais. O STF funciona como uma quarta instância.” O resultado disso é que, dependendo da pretensão e da insatisfação com o acórdão das instâncias inferiores, o Supremo passa a ter a função de solucionar um problema, sendo que sua função constitucional não é essa, mas apenas a de guardião da Constituição Federal, levando em conta apenas as causas constantes do art. 102 da Carta Magna. Em outras palavras, o STF se torna, na prática, uma instância para corrigir erros e omissões de outras instâncias.

Segundo dados do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), as despesas totais do Judiciário somaram, em 2016, cerca de 85 bilhões de reais, o que é o equivalente a 1,35% do PIB nacional. Em comparação com outros países, podemos ver que nosso judiciário chega a custar 9 vezes mais do que, por exemplo, EUA e Inglaterra.



Para se ter uma ideia, os órgãos judiciários chegam a custar aos cofres públicos cerca de 2 bilhões de reais por ano. Sendo 485 milhões dentro das despesas do STF, segundo dados de novembro de 2019, e 1,6 milhão do STJ, segundo dados de 2018. No caso do STF, grande parte desses gastos são de funcionários contratados que chegam a marca de 2450 pessoas, dentre elas 1216 funcionários propriamente ditos, 306 estagiários e 959 terceirizados.

Um bom exemplo (de como protelar um julgamento)

Se é verdade que a grande quantidade de recursos do judiciário brasileiro serve apenas para protelar a prisão de condenados, precisamos entender de que maneira isto é feito. Um bom exemplo está no caso do ex-senador Luiz Estevão. Em 1992, ele foi condenado por desviar R$ 169 milhões. Depois de apresentar mais de 30 recursos aos tribunais superiores, teve o seu processo estendido durante o período de 24 anos, tendo ele sido preso apenas em 2016. E isto parece não acabar nunca: em 2018, ele apresentou um outro recurso em que simplesmente junta cópias de dezenas de decisões judiciais anteriores, que confirmaram sua condenação, sustentando ter havido erro judicial. Para se ter uma ideia, ele já teve 38 recursos negados no total.

Para evitar isto, por exemplo, é que se propôs a prisão após a segunda instância, na medida em que, após este ponto, só o que o STF faz é julgar a constitucionalidade do processo e se, no caso, ele cometeu algum abuso ou vício no decorrer do julgamento. A intenção é que os recursos deixem de ser dispositivos de evitar que condenados sejam presos, estendendo o processo pelo máximo de tempo possível. A questão é que o STF vem mudando de opinião em relação a este assunto desde 2009.

Em 2009, o STF determinou que o réu só podia ser preso após o trânsito em julgado, ou seja, depois ter havido julgamento em todas as instâncias. Antes do esgotamento de recursos, ele poderia no máximo ter a prisão preventiva ou provisória decretada contra si. Já em fevereiro de 2016, o Supremo decidiu que um réu condenado em segunda instância já pode começar a cumprir sua pena – ou seja, o réu pode parar na cadeia mesmo enquanto recorre aos tribunais superiores. Naquele momento, a regra foi aplicada ao caso de um réu específico. No mesmo ano, o STF reafirmou a decisão, que passou a ter validade para todos os casos no Brasil. Entretanto, este ano, o STF voltou a entender que um condenado só pode ser preso após o trânsito em julgado, decisão que permitiu, por exemplo, a soltura do ex-presidente Lula.

O desdobramento disto é que, não bastasse o grande impacto econômico que a justiça brasileira tem em nossos cofres – que chega a 1,8% do PIB, ou seja, R$ 110 bilhões por ano, quase o orçamento do Ministério da Educação – esta decisão da prisão somente após o esgotamento de todos os recursos vai interferir diretamente nos condenados e ainda não julgados da operação Lava Jato, podendo colocar em liberdade cerca de 4,9 mil presos, segundo dados do CNJ. Estima-se, também, que cerca de 100 mil processos chegam ao STF anualmente, com muitos casos que poderiam ter sido decididos anteriormente, dando prioridade a casos de maior complexidade e que necessitem de maior cuidado na avaliação. O fato é que o Brasil conta apenas com 8,2 mil magistrados para 100 mil habitantes, uma das últimas posições nesse quesito do mundo.

O impedimento de que recursos de casos criminais chegassem a passar de segunda instância poderia representar uma boa aceleração do sistema assim como uma grande economia aos cofres públicos, levando o Brasil a ter uma redução de até dez vezes nos gastos judiciais, equiparando-se as despesas de países como a Argentina que consome cerca de 0,12% do PIB. Como sempre, estamos diante novamente de um caso de mau uso do dinheiro público, problemas de gestão e pouca transparência. Com uma máquina judiciária tão inchada e tão lenta fica difícil imaginar que estamos perto daquela coisa chamada justiça.

Dica do Imil
Todos esses dados do Judiciário (envolvendo todos os seus setores, servidores e etc) podem ser encontrados dentro dos portais da transparência que temos disponíveis no país. No entanto, há uma dificuldade no acesso, na medida em que, em cada setor, ele está colocado de forma diferente e sem um padrão. Por conta disso, o Imil recomenda que você cobre mais transparência no Conselho Nacional de Justiça para que essas informações sejam disponibilizadas em locais de fácil acesso e com formas mais simples de verificação. Transparência também é isso.

Rir é o melhor remédio

Seu pai é contador

18 dezembro 2019

Qualidade dos Accruals: uma avaliação teórica e empírica

Abstract

A large body of empirical research in accounting investigates the causes and consequences of accruals quality, reaching numerous influential conclusions. Yet little work has been done to systematically validate the underlying measures of accruals quality. We provide the first comprehensive evaluation of popular measures of accruals quality. We find that most of these measures lack power and suffer serious problems with correlated omitted economic characteristics. We also find that measures based on earnings ‘smoothness’ appear to have the opposite relation to accruals quality from that assumed in some existing research. Collectively, our evidence casts doubt on the conclusions of previous research. We close by providing guidelines for conducting improved tests of accruals quality.

Fonte: Nezlobin, Alexander and Sloan, Richard G. and Zha Giedt, Jenny, Measuring Accruals Quality: A Theoretical and Empirical Evaluation (April 8, 2019). Available at SSRN: https://ssrn.com/abstract=3301083 or http://dx.doi.org/10.2139/ssrn.3301083

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Práticas sociais

Não é difícil entender por que algumas das maiores empresas da atualidade estão enfrentando problemas de reputação. As do segmento de petróleo, por exemplo, interferem nas mudanças climáticas, enquanto as de tecnologia brincam com os dados e a privacidade das pessoas. As grandes farmacêuticas enriquecem com o alto preço dos medicamentos ao mesmo tempo em que as gigantes da manufatura transferem suas fábricas para a China e o México. Para completar, os bancos contribuem para imensas crises financeiras. Tudo isso está fazendo com que a outrora ensolarada visão dos norte-americanos sobre os grandes negócios esteja ficando cada vez mais embaçada.

Prova disso é que, em 1950, uma pesquisa constatou que 60% dos norte-americanos tinham uma opinião favorável sobre as grandes empresas. Em 2017, esse índice não passou de 21% em um levantamento do Gallup. Atualmente, políticos e mais políticos prometem ações corretivas ou mesmo punitivas e, em agosto, as próprias grandes empresas sinalizaram uma mudança: a Business Round Table (algo como Mesa-Redonda de Negócios, em português), um influente grupo empresarial dos EUA, alterou sua declaração de duas décadas de que “as empresas existem principalmente para servir seus acionistas”, embora sem realmente esclarecer para que servem as empresas.

Alguns reformistas acham que as empresas devem colocar “objetivo antes do lucro” e assumir grandes metas de filantropia. Uma recente série de artigos do “Financial Times” sobre o tema ilustrou como o acréscimo de propósitos sociais mais amplos corre o risco de nos tirar da frigideira da ganância e nos levar ao fogo da confusão corporativa. Nas matérias, Royal Dutch Shell, Novo Nordisk, Hitachi, Levi Strauss, Mars Inc e Danone são mencionadas como possíveis exemplos de empresas que estão tentando “combinar o lucro com um propósito”.

No entanto, embora seja bem-vindo que a maximização do valor para os acionistas seja cada vez mais reconhecida como – nas palavras de Jack Welch – “a ideia mais idiota do mundo”, imaginar que as empresas possam sair de seus casulos morais e enxertar um propósito social pragmático em cima de seu motivo de lucro pode muito bem ser a segunda ideia mais idiota do mundo.

Depois de várias décadas nas quais a maximização do valor para os acionistas tem sido o norte corporativo, este valor está agora incorporado à mentalidade, hábitos, práticas, processos e sistemas das grandes empresas. Ela é aplicada por Wall Street e sua preocupação com lucros de curto prazo, principalmente no caso de companhias que não possuem uma estratégia clara de crescimento de longo prazo. Apenas declararem um “propósito social mais amplo” sobre essas mentalidades, hábitos, práticas, processos e sistemas existentes dificilmente fará com que alcancem mais do que criar uma fachada. De fato, o grupo de empresas que o jornal reuniu para ilustrar a “empresa com um objetivo filantrópico mais amplo” foi bem selecionado.

A Royal Dutch Shell é uma das empresas que ganha dinheiro com os combustíveis fósseis que causam mudanças climáticas. “Como uma empresa que gera a maior parte de seus lucros atendendo à demanda ainda robusta do mundo por petróleo e gás pode navegar no futuro à medida que a maré política se volta cada vez mais contra os combustíveis fósseis?”, pergunta a jornalista Anjli Raval. O livro “Kochland: The Secret History of Koch Industries and Corporate Power in America” (Kochland: A história secreta das indústrias Koch e do poder corporativo na América, em tradução livre), de Christopher Leonard, mostra um relato detalhado de como ações políticas que lidam com o clima foram barradas pela indústria do petróleo ao longo de várias décadas.

“Inspirado pela gigante de confeitaria Mars, a Shell prometeu reduzir pela metade a intensidade das emissões de seus produtos até 2050 e vincula suas metas de curto prazo à remuneração de executivos. Apesar dessa série de mudanças, os negócios de petróleo e gás da Shell responderão pela maior parte de seu investimento de capital e gerarão a maior parte de seus lucros nos próximos anos”, afirma Anjli. Como o próprio artigo do “Financial Times” destaca, a energia limpa agora é declarada como uma das mais importantes partes da agenda da empresa, mas é difícil ver alguma mudança real.

E se a Mars deve ser a inspiração de “uma empresa com um objetivo mais amplo”, como resultado de sua preocupação com a nutrição, seria bom saber como o direcionamento se relaciona com o seu negócio real de fabricar e vender produtos de valor nutricional tão duvidosos como barras de chocolate, M&M, Snickers, Twix, lanches industrializados, combos e alimentos para animais de estimação das marcas Pedigree, Whiskas, Nutro e Royal Canin. Uma coisa é falar sobre nutrição. Outra coisa é fazer algo significativo sobre isso. (O “Washington Post” também relata que a campanha de uma década da Mars para reverter o desmatamento falhou.)

O esforço de vários anos do Japão para melhorar a governança no amplo conglomerado japonês Hitachi também não parece um exemplo convincente de propósito social mais amplo.

Em outro artigo, a Levi Strauss é citada como um exemplo de empresa privada que divulgou um discurso incomum para os investidores, dizendo a eles que administravam seus negócios a longo prazo e não forneciam previsões de ganhos trimestrais. O IPO foi superestimado. O CEO da empresa, Bergh, diz: “Eu queria que a Levi Strauss fosse vista como a melhor empresa de vestuário do mundo e estivesse entre as melhores empresas de qualquer setor. Era uma causa nobre.” No entanto, é difícil entender como ser a melhor empresa de vestuário do mundo oferece alguma clareza sobre qual é o verdadeiro objetivo da Levi’s.

A Danone é citada em um artigo de Andrew Hill como um exemplo em que o CEO propôs usar em cerca de metade dos produtos – cerca de US$ 1 bilhão em vendas de iogurte – ingredientes geneticamente modificados (GMO). O executivo argumentou que esta é uma mudança importante, que melhora a saúde e a biodiversidade do solo. Hill cita o analista do setor da Jefferies, Martin Deboo, e resume as dúvidas sobre a Danone em uma nota publicada no ano passado: “Nossa preocupação é que uma busca muito obsessiva por propósito possa cegar a Danone para os valores mais mundanos, mas potencialmente mais amplos, dos apelos dos consumidores”. Mas, se a Danone acredita que os ingredientes GMO são prejudiciais, por que os está vendendo?

O fabricante de insulina Novo Nordisk é um exemplo mais plausível de uma empresa com um objetivo social, mas é bastante resistente, dada a sua propriedade filantrópica. Sarah Neville explica que a missão da empresa foi formalizada em 1989, quando a Fundação Novo Nordisk foi inaugurada: ela detém todas as ações A da empresa e controla 76,2% dos votos, o que lhe garante a maioria nas assembléias gerais anuais. Distribui fundos para apoiar causas científicas, humanitárias e sociais.

O único objetivo válido de uma corporação

Mais fundamentalmente, adicionar propósitos sociais moralistas não direciona, muito menos resolve, a questão subjacente: qual é o objetivo de uma empresa? Hoje, a maioria dos negócios não está suficientemente focado naquilo que Peter Drucker considera como único propósito válido para uma corporação: “criar um cliente”

Apenas um.

Seu insight primordial foi formulado em 1954, em seu livro “The Practice of Management” (A Prática da Gerência). “É o cliente quem determina o que é um negócio”, escreveu ele. “É a disposição de um cliente de pagar por um bem ou serviço que converte recursos econômicos em riqueza, coisas em bens… O cliente é a base de um negócio e o mantém vivo.”

Drucker repetiu seu ditado em “Management”, sua grande obra de 1973, mantendo, mais uma vez, o raciocínio por trás dele. Em seu livro de 1985, “Innovation and Entrepreneurship”, foi igualmente inflexível quanto ao protagonismo do cliente. O cliente não é o único ponto de interesse, mas é o essencial. Criar ótimos locais de trabalho é uma meta secundária e evitar danos sociais é uma meta terciária, mas o único objetivo principal válido de uma corporação é criar clientes por meio de inovações contínuas.

Em 1954, Drucker apresentou sua ideia radical sem evidências. De fato, teria sido um exagero de imaginação aceitar que uma empresa como a General Motors estivesse no mercado por alguma coisa mais além de ganhar dinheiro. A GM não ignorava completamente o cliente e chegava até mesmo a recitar frases como “Nosso cliente é o número um”. Mas, quando o empurrão chegou, o cliente percebeu que só se encaixava nesse pensamento na medida em que atendia às preocupações, processos e planos da própria empresa. As companhias, na verdade, estavam indo na direção oposta, defendendo a maximização do valor para os acionistas.

E, de fato, as empresas foram na direção contrária, defendendo o maior valor possível para seus acionistas.

Foi no século 21 que a reação dos clientes tomou forma, quando o poder de compra foi deslocado do vendedor para o comprador. Por meio da internet, da globalização e da desregulamentação, os consumidores passaram a ter mais opções de escolha e informações confiáveis ​​sobre essas escolhas, além da capacidade de se comunicar com outros clientes. Assim, o mercado, antes centrado na empresa, transformou-se em um mercado orientado ao cliente.

Dessa forma, neste mundo atual centrado no consumidor, a experiência é tudo. Agora, um telefone não é mais apenas um telefone, é uma reunião multifuncional que todo possível consumidor precisa. Um carro não é mais apenas um dispositivo de transporte, mas um computador que oferece uma experiência única. Agora, o varejo não é mais apenas uma loja, é um aplicativo no seu telefone que pode entregar centenas de milhões de produtos em um dia. Neste mundo emergente, as empresas que se concentram em constantemente oferecer novos produtos e serviços aos clientes estão ganhando enormes quantias de dinheiro, enquanto as outras têm de fazer um grande esforço para se manterem no mercado.

Objetivo social: o risco de perder a direção

A triste verdade é que já estivemos no caminho da diversificação de propósitos antes, com resultados desastrosos. No período entre 1932 e 1970, o capitalismo gerencial era entendido exatamente como isso: atender e equilibrar as necessidades de todas as partes interessadas. Conforme exposto no clássico de gestão de 1932, “The Modern Corporation and Private Property” (A Corporação Moderna e Propriedade Privada, em tradução livre), de Adolf A. Berle e Gardiner C. Means, a ideia era que as empresas públicas deveriam ter gerentes profissionais que equilibrassem as reivindicações das diferentes partes interessadas, levando em consideração as políticas públicas.

O resultado foi o que os teóricos da administração passaram a chamar de “organizações de latas de lixo”. Ou companhias que não conseguiam se decidir. Os objetivos passeavam dentro e fora das reuniões e as decisões aconteciam aleatoriamente, dependendo de quem estava presente. As empresas geralmente não tinham preferências ou diretrizes claras. Frequentemente operavam com base em preferências, objetivos e identidades inconsistentes e mal definidas.

Essa é a principal razão pela qual a teoria do valor para os acionista surgiu em primeiro lugar. Em 1970, Friedman deu o passo lógico e disse que, se as organizações estão confusas, ela precisavam se concentrar em um objetivo: os acionistas. (Fazia um sentido eminente se concentrar em um único objetivo, já que matematicamente você só pode maximizar uma variável. O problema é que Friedman escolheu a variável única errada: os acionistas.)

O verdadeiro desafio para os líderes

Até 2019, entrou em vigor a mudança de poder no mercado e a Quarta Revolução Industrial já está em andamento. As empresas focadas na inovação contínua para os clientes e organizadas para serem ágeis, adaptáveis ​​e capazes de se ajustar rapidamente para atender aos caprichos de um mercado impulsionado pelos usuários finais estavam florescendo e se tornaram as maiores empresas do mundo. Os cases de sucesso são conhecidos:. Alibaba, Airbnb, Amazon, Etsy, Lyft, Menlo Innovations, Microsoft, Saab, Samsung, Spotify, Tencent, Tesla, Uber e Warby Parker.

Atualmente, o principal desafio dos líderes não é só perseguir objetivos sociais pragmáticos, mas criar a agilidade comercial necessária para permitir um novo valor contínuo aos clientes, enquanto o setor público toma medidas para conter qualquer abuso de poder monopolista que possa surgir desde o início, agregando valor aos consumidores.


Steve Denning