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22 novembro 2018

Debate em uma era de radicalismo

Uma coluna do Stumbling and Mumbling discute o risco de fazer certos debates nos dias de hoje. Pode ser uma reflexão sobre acontecimentos recentes. Um dos riscos é o chamado efeito de exposição: ao debater uma ideia absurda, "corremos o risco de tornar esta ideia respeitável. (...) É por isto que Richard Dawkins não debatia com os criacionistas."

Outro problema é que as pessoas não são todas racionais. O site chama a atenção para uma pesquisa de 1979 onde três pesquisadores mostraram às pessoas os efeitos da pena de morte. Aqueles que eram favoráveis, fortaleceram o seu apoio; os contrários, ficaram mais dogmáticos. Ou seja, o efeito de um debate não é igual entre as pessoas. Em outras palavras, aquele radicalzinho do grupo do Wpp, diante de um debate com prós e contras de ideias, ficará mais radical.


Sim, algumas pessoas podem ser persuadidas por debates individuais. Mas estes tendem a ser aqueles que têm a mente aberta para começar, ao invés de partidários.

Rir é o melhor remédio

Vida antes e após o filho:




Adaptado daqui

21 novembro 2018

IA 1 x 0 Advogados

Um experimento realizado entre um software e advogados corporativos mostrou que a Inteligência Artificial pode estar vencendo a batalha contra o ser humano. Um software chamado LawGeex e advogados tinham que encontrar problemas em cinco Non-Disclosure Agreeements (NDAs), um tipo de contrato comum em alguns negócios. A taxa de acurácia do software foi de 94%, enquanto os advogados tiveram uma taxa média de 85%, sendo que o mais eficiente teve acurácia de 94%. Eles gastaram em média 92 minutos, 156 o mais lento e 51 o mais rápido, enquanto o software fez sua tarefa em ... 26 segundos.

Os documentos tinham 11 páginas de papel A4, 153 parágrafos e 3213 cláusulas. E os advogados beberam 12 copos de café.

Paradoxo Canadense

Comentando sobre o livro Lying for Money, Dillow afirma que o nível ótimo de fraude não é zero e nunca será. Se você criar os mecanismos para parar a fraude, isto irá restringir - muito - a atividade econômica. O autor do livro, Davies, chama isto de Paradoxo Canadense, onde uma sociedade de elevada confiança permite um certo nível de fraude, mas a desonestidade é uma exceção. Mas nas sociedades de baixa confiança, os negócios são realizados somente com aqueles que conhecemos bem. No segundo caso, temos menos fraudes, mas também menos dinheiro e mais pobreza.

Este dilema parece um pouco o que é enfrentado por alguns órgãos de controle. Buscando zerar fraudes, esquecem que muitos mecanismos ou normas podem parar uma fraude, mas inviabiliza as transações.

If we were to take so many precautions to stop it, we would also strangle legitimate economic activity.

Rir é o melhor remédio





20 novembro 2018

Reduzindo imposto com a Depreciação

Em outubro deste ano, o jornal New York Times publicou o resultado de uma investigação sobre os negócios de Jared Kushner, o marido da filha do presidente Donald Trump. O resultado foi que Kushner (foto com Trump) pagou poucos impostos entre 2009 a 2016. Achei bastante curioso o seguinte trecho destacado no Business Insider:

They found that he and his family's New York real-estate firm used a common tax deduction known as depreciation, which is designed to protect property owners from an asset's gradual decline in value.


Para um contador, a depreciação parece algo tão natural e normal. Espanta ver uma investigação jornalística chamar a atenção para seu uso para fins de dedução do imposto de renda. Mas pensando em termos históricos, o uso da depreciação não é tão antigo assim.

(É bem verdade que o texto destaca que o uso da depreciação é permitido por lei)

Rir é o melhor remédio


Enquanto isto, na internet

19 novembro 2018

Informação e decisão

A relação entre quantidade de informação e qualidade da decisão é bastante controversa. E precisamos cada vez mais de pesquisas. Mas este texto do The Economist, sobre a quantidade de dados no futebol e a melhoria nas decisões dos clubes, pode ser uma interessante discussão sobre o assunto:

Os olheiros de hoje, no entanto, têm acesso a imagens e estatísticas de todas as ligas do mundo. Raffaele Poli, chefe do Observatório de Futebol do CIES, diz que o afluxo de funcionários de empresas financeiras levou a um maior interesse pelo big data. Em 2012, o Arsenal comprou a StatDNA, uma empresa de análise americana. Tanto o Bayern Munique quanto o Manchester City trabalham com a SAP, uma empresa de software que forneceu insights para os vencedores da Copa do Mundo em 2014.

O resultado, diz Poli, é um mercado cada vez mais racional.

Queda de Ghosn

Um dos mais admirados executivos mundiais, o brasileiro Carlos Ghosn, foi detido hoje em Tóquio. Com 64 anos, Ghosn foi considerado o responsável por salvar a Nissan da falência, em 1999. O brasileiro é presidente do conselho de administração da Nissan, executivo-chefe da Renault e presidente do conselho da Mitsubishi.

Ghosn teria manipulado sua declaração de imposto, informando um salário menor do que aquele que foi recebido. Esta redução seria de 44 milhões de dólares. Além disto, o executivo teria usado ativos da empresa.

Além da detenção, a sede da empresa Nissan foi objeto de busca por parte das autoridades japonesas. Como consequência, as ações da Renault cairam na bolsa de valores.

A empresa Nissan afirmou ter descoberto a conduta do executivo e pretende retirar o mesmo do cargo. Segundo informação da imprensa, a Nissan está cooperando com as investigações.

Em 2011, em uma pesquisa de opinião pública, foi perguntado aos japoneses quem eles gostariam que governasse o país. Ghosn ficou em sétimo lugar. Isto mostra o prestígio dele no país.

GE

As notícias sobre a General Electric levantaram uma debate sobre a capacidade de sobrevivência da empresa a médio prazo. A empresa parece ter optado por um plano de enxugamento, vendendo algumas unidades. Típico de uma empresa em crise. Há um risco do novo executivo repetir uma história conhecida: buscando parar a queda no preço das ações, a medida de vender ativos para reduzir dívidas piorou a situação. Ou como resumiu a Bloomberg: mais ação, menos palavras.

Uma análise levantou a possibilidade da empresa entrar em falência em um futuro próximo. Já Damodaran, fazendo uma análise de longo prazo, afirma que (1) Conglomerado sempre foi e será uma ideia ruim; (2) a complexidade tem um custo; (3) dinheiro fácil é uma pegadinha e (4) o executivo genial é um mito.

É interessante a análise de Damodaran por considerar alguns erros comuns. Recentemente discuti em sala de aula a ideia do conglomerado: "diversificar deve ser feito pelo acionista e não pela empresa". Parece que a lição valeu para a empresa.

Como contraponto, o fato da GE ter dado certo por tanto tempo, com diversificação, complexidade, usando dinheiro fácil e centrado na figura imperial de um executivo, pode ser um argumento contrário a posição de Damodaran (e deste blogueiro). Além disto, é somente um "estudo de caso".

Rir é o melhor remédio





Enquanto isto na internet...