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26 fevereiro 2015

Entrevista com Sérgio Lazzarini

Estatal exige controles robustos, e privatizar também oferece riscos eficientes, negociadas em bolsa e cumprirem objetivos sociais. O caminho é criar regras que as protejam contra mudanças de rumo que tendem a surgir em cada governo, bem como blindá-las contra a corrupção. PhD em administração, o pesquisador Sergio Lazzarini, do Insper, estudou por mais de dez anos a atuação do Estado nas empresas do Brasil e em outros países do mundo. Ele propõe a criação de uma lei específica para detalhar como deve ser, por exemplo, o estatuto das estatais para proteger os acionistas contra a intervenção do governo. Defende, ainda, regras mais claras para a indicação de conselheiros e executivos e o reforço das agências reguladoras de cada setor.

Em relação à Petrobras, alvo dos crimes de corrupção investigados na Operação Lava-Jato, Lazzarini cita, entre outras falhas que levaram ao quadro atual, a tendência monopolista que se fortaleceu na empresa desde a descoberta do pré-sal. Como exemplos internacionais que deveriam inspirar a gestão da petrolífera, Lazzarini cita a Statoil, da Noruega, como referência em eficiência e governança corporativa. "Enquanto na Petrobras dos dez conselheiros três são independentes, na Statoil três indicados e sete são independentes. O presidente é menos indicado em função de ciclo político", diz.

Na visão do especialista, o governo Dilma interrompeu a trajetória que a Petrobras seguia, de reformas para dar mais transparência e governança à companhia.

Crítico da política de "campeões nacionais" do BNDES, Lazzarini é cético sobre perspectivas de mudanças no banco de fomento no curto prazo. "Não está claro se o Luciano Coutinho tem real convicção de que o papel do BNDES deve ser muito diferente do que foi até agora", diz Lazzarini, que também vê a escolha de Aldemir Bendine para o comando da Petrobras como um sinal não tão positivo do que deveria ser o início de um tempo de mudanças para a estatal. "Tem que colocar ali uma pessoa que seja tipo um Levy para a gestão, com outra perspectiva", diz.

No livro "Reinventando o Capitalismo de Estado", lançado no Brasil esta semana e escrito em parceria com Aldo Musacchio, professor associado da International Business School da Brandeis University, Lazzarini explica que há muito mais modelos de negócios entre o privado e o estatal do que sugerem os debates polarizados. "A privatização também tem muitos riscos. Há corrupção e problemas dos dois lados". A seguir, trechos da entrevista.

Valor: No Brasil o debate sobre privatizações é bem polarizado: quem critica a atuação do Estado geralmente defende que se privatize o máximo possível. Você concorda?

Lazzarini: Não. O que concluímos é que você pode ter estatais boas e bem geridas. Existem momentos em que nem há ambiente político para privatizar - em uma população que não é muito afeita a isso, como é o caso do Brasil-, a melhor saída é você buscar uma melhora das estatais. No livro, coletamos dados de 800 empresas negociadas em bolsa, estatais e privadas, tentando compará-las, as similares, de mesmo setor. Em geral você não vê diferenças muito grandes entre elas. Tem estatais ruins e estatais muito boas. A coisa começa a ficar mais arriscada, nas estatais, quando o governo aumenta a tentação de intervir, que geralmente vem quando há um ciclo eleitoral, por exemplo. Algo do tipo ´ó, não vamos aumentar muito o preço de tarifas porque vai pegar mal´. A privatização também tem muitos riscos. Há corrupção e problemas dos dois lados.


Valor: No livro o sr. usa modelos associados ao Leviatã para explicar a atuação de governos nas empresas. O que predominou no Brasil?

Lazzarini: Quando o pessoal fala em estatal versus empresa privada estão vendo essa dicotomia que é muito simplista, há várias coisas entre esses dois. Então nós criamos um novo modelo que foi surgindo depois dessas privatizações e reformas que foram ocorrendo, que a gente chama de Leviatã investidor majoritário. Estou falando de uma grande empresa, listada em bolsa, que o governo controla, mas você tem investidores privados participando, como a Petrobras, e outras estatais chinesas. Chamamos de Leviatã majoritário porque ele controla, mas como uma empresa estabelecida, que pode ter outros objetivos, mas visa lucros. E temos o Leviatã minoritário: em vez do Estado sair totalmente das empresas ele preserva uns pezinhos, umas participações aqui e ali. No Brasil foi um pêndulo assim: nós privatizamos, havia grandes estatais, nós migramos para o privado, o governo preservou algumas majoritárias e o BNDES se disseminou em empresas, e fundos de pensão. E isso foi durante FHC e Lula 1, um pouco de Lula 2. Mas aí, no final de Lula 2 e começo de Dilma 1, volta para o ´modelão´ das grandes estatais majoritárias tentando intervir na economia. A Dilma chega lá e fala que não vai aumentar o preço da gasolina, que bancos vão baixar juros, e no setor elétrico toda aquela renegociação.

Valor: A grande diferença é o modelo de governança?

Lazzarini: Sem dúvida. A Pemex (do México) é quase um departamento de Estado, estatal típica. A Petrobras estaria em um nível intermediário e a Statoil (da Noruega), seria o "benchmark" das estatais nesse setor petrolífero. Enquanto na Petrobras dos dez conselheiros três são independentes, na Statoil é o contrário: sete são independentes. O presidente é menos indicado em função de ciclo político. Se fosse ver há dez anos, a própria Petrobras estava em uma trajetória de melhoria da sua governança, com listagem de ações na Bolsa de Nova York, o que em tese te compromete a buscar padrões melhores de governança. O problema é que essas ações não são suficientes para bloquear a tentação do governo de intervir. Além de falar em melhorar governança, precisa criar uma condição de entorno mais robusta para proteger as estatais de intervenções discricionárias. Se o governo não tiver voz nas estatais, porque ela precisa ser estatal? Não tem importância ela ter visão social, mas precisa ter regra clara, bem definida, e estável. Não pode ficar à mercê de um governante que vem e muda as regras do jogo. Não tem importância falar: a Petrobras vai seguir uma banda de preços da gasolina, essa banda está muito clara, todo mundo entendeu, que nem meta de inflação. Governança é importante, mas não basta.

Valor: O que falta?

Lazzarini: Criar um ambiente institucional robusto. Vale aqui no Brasil uma lei mais clara sobre a atuação das estatais, sobre a indicação de conselheiros e executivos, por exemplo. Reforçar as agências reguladoras de novo. Temos evidências no mundo que se você tem uma agência reguladora forte no setor é muito difícil o governo ir lá e enfiar o dedo. Se temos uma agência reguladora forte no Brasil comparando o preço de petróleo e derivados, por exemplo, não dá para o governo controlar. A agência não deixa, porque é um preço do setor como um todo. Na Noruega, na Statoil tem uma agência muito forte, a NPD (Norwegian Petroleum Directorate). Outra medida seria ter aspectos de proteção dos minoritários mais rígidos, com limites à intervenção que possam prejudicar os minoritários. Ou seja, uma Comissão de Valores Mobiliários (CVM) mais ativa. A CVM já está com alguns direcionamentos bem interessantes, por exemplo: ocorreu uma multa à Petros por ter votado de forma alinhada ao acionista controlador.

Valor: No atual ambiente, está mais complicado ser empresa de economia mista no Brasil?

Lazzarini: Sem dúvida. Isso é muito ruim porque justamente uma das vantagens das empresas de economia mista é que você tem o setor privado ajudando a capitalizar quando entra na empresa. A perda de reputação que foi gerada com tudo isso foi muito, muito relevante. Não é fácil ter empresas dessa ordem porque vai existir um conflito inerente entre o controlador, que está perseguindo objetivos além de lucro, e minoritários, que querem lucro. Não significa que isso não possa ser resolvido. A forma como os países resolvem é como eu estava dizendo: agências reguladoras, mandato claro.

Valor: Quais os bons exemplos?

Lazzarini: A Noruega, os países nórdicos. No Chile, embora haja poucas empresas estatais, tem a Codelco. Em Cingapura, a Singapore Airlines, que é do Estado, mas referência no setor aéreo.

Valor: Tais medidas seriam suficientes para blindar as estatais contra a corrupção?

Lazzarini: Tem mais uma série de coisas. O código eleitoral brasileiro já estabelece que nenhuma empresa que é concessionária de serviços públicos pode fazer doações de campanha. Há o entendimento de que, por exemplo, se um determinado ´grupão´ brasileiro tem uma subsidiária que é uma concessão pública, o ´grupão´ pode doar. O que é um absurdo. Em vez de proibir o financiamento privado de campanha eu faria o seguinte: empresa que tem contrato relevante com estatal, não é só concessionária, não pode fazer doação de campanha e isso valeria para o grupo inteiro. Se determinado grupo tem contratos com a Petrobras, esse grupo e nem nenhuma das suas subsidiárias controladas pode fazer doação de campanha.

Valor: E como se recupera a reputação da Petrobras?

Lazzarini: Houve um dano quase irrecuperável. Antes de mais nada, acerta o balanço direitinho, audita, urgente, essa é a prioridade zero. Depois vai acertando a gestão. Já se colocou o [Aldemir] Bendine. O Bendine até fez coisas interessantes no Banco do Brasil, mas ele é do governo, né?

Valor: É sinal de que o governo não entendeu a extensão do dano?

Lazzarini: Acho que entendem, mas têm um pouco de limite, dado o modelo mental deles. Porque o modelo mental da Dilma e equipe é que a estatal é um instrumento de governo, e não do Estado.

Valor: É o caso de fechar capital?

Lazzarini: Pois é. Me parece que esse pessoal não vê os "tradeoffs", o que isso implica. Querer colocar a estatal ´embaixo do braço´ significa que eu prejudico o modelo da estatal negociada em bolsa, sem dúvida. Então não tenho certeza se entendem muito isso. Mas ainda há tempo da montagem do conselho [de administração da Petrobras], vamos ver. Não creio que vá haver mudança radical, como botar muita gente independente. Mas talvez haja espaço para uma sinalização aqui e ali.

Valor: Há perspectiva de mudança neste sentido neste governo?

Lazzarini: Previsibilidade não é muito fácil neste caso. Os sinais são confusos, são trocados. Não sei dizer. Pode ser muito possível lá para frente, à medida que a economia tome um choque negativo por causa das reformas, que se busque outros tipos de intervenções na empresa. Na linha de emprego, ou investimento. O Bendine já afirmou que vai reduzir investimento, mas na hora do "vamos ver", em um momento problemático para o investimento, veremos o que realmente será feito. No âmbito macroeconômico acho que o pessoal até "engole" um Levy. Mas no micro é realmente difícil desapegar. A ideologia é muito forte, de ter a máquina em prol do Estado.

Valor: O mesmo serve para o BNDES? O sr é um crítico da política de "campeões nacionais" e dos repasses do Tesouro ao banco...

Lazzarini: Acho que mais por necessidade do que por convicção. Porque, na cabeça da Dilma, de várias pessoas do governo, a história é a seguinte: o BNDES cresceu? Cresceu. Deveria ter crescido mais ainda. Por que o investimento brasileiro não reagiu? Ué, se o BNDES não tivesse crescido o investimento estaria ainda pior. E essa ideia continua. Agora o BNDES chegou no limite, porque não dá mais para suportar esse nível de desembolso com tanta transferência do Tesouro, com a dívida bruta subindo, isso já afeta o risco de rating soberano - e isso a Dilma observa.

Valor: O que o sr. achou da manutenção de Luciano Coutinho?

Lazzarini: Coutinho é muito respeitado e profundo conhecedor dos mais diversos setores do país. Foi, entretanto, o principal arquiteto de políticas equivocadas do passado, como a dos "campeões nacionais". Não está claro se ele tem real convicção de que o papel do BNDES deve ser bem diferente do que foi até agora.

Valor: O sr. abre o livro falando da JBS. Foi um caso bem ou mal sucedido?

Lazzarini: Isso é o BNDES que deveria mostrar, ou abrir os dados para que alguém faça essa conta direitinho. Um tempo atrás tentei fazer a conta de exatamente quanto entrou e saiu em cada um desses campeões nacionais e é um inferno: entra capital acionário, depois entra debênture, depois se renegociam ações e não se sabe o preço da renegociação. Então, ao que tudo indica, não temos evidências de que deveria ter sido investido tanto em uma única empresa.

Valor: O problema é a impossibilidade de comparar o custo de aplicação do dinheiro do Tesouro?

Lazzarini: Sem dúvida. Eu dei R$ 8 bilhões para a JBS e no que isso resultou? Tudo isso foi mais no ímpeto do próprio Luciano Coutinho de querer criar grandes multinacionais, empresas globais. Está muito na cabeça dele que o processo de desenvolvimento vem da criação de grandes empresas quando provavelmente é o contrário: você cria condições para o país ser competitivo e aí as empresas começam a se desenvolver.

Valor: O sr. vê na história recente do Brasil algum exemplo de boa prática de capitalismo de Estado? 

Lazzarini: Pesquisamos o BNDES de 95 a 2002, e vimos que naquele momento, em que o Brasil estava em uma crise importante associada a emergentes, o BNDES até fez diferença melhorando o desempenho de determinadas empresas em que ele investiu. Mesmo assim, você teve algumas condições muito particulares, por exemplo: nossos estudos indicam que você dá recursos para uma subsidiária de um grande grupo e uma outra não está indo bem, o que o grupo faz: pega recursos aqui e passa para lá. Como vimos no caso do Eike Batista, da Portugal Telecom. Quando eu apoio uma empresa individual, que tem incentivos para ser competitiva, como a Embraer, por exemplo, aí a coisa vai.

Valor: Há outros exemplos além da Embraer?

Lazzarini: A Aracruz, por exemplo, que mais para a frente teve um problema de derivativo. Em termos das grandes estatais, eu acho que durante o processo de privatização e depois quando nós estávamos reformando as estatais, a Petrobras estava melhorando.

Valor: Em 2009, a Petrobras parecia um case de sucesso.

Lazzarini: Sim, tinha bons índices de governança, o México queria copiar. Mas o duro, de novo, é que volta a tentação do governo. Até as estatais estaduais, que em geral eram mais blindadinhas, veja o que aconteceu em São Paulo. Na crise hídrica, a presidente da Sabesp avisando que ia dar problema e o governo postergando, por quê? Por causa do ciclo eleitoral.

Valor: Como reforçar as agências reguladoras?

Lazzarini: Já existe o marco e está estabelecido que elas precisam ter nomeações técnicas, referendadas pelo Senado. É seguir esse modelo. Tem que ser o técnico, aquele cara brigão, que não arreda pé. O duro é que o modelo do governo atual não é de agência reguladora. É pró-forma, para regular o ´varejinho´, mas o grande atacadão é meu.

Valor: Há críticas à CVM, mas não predomina a visão de que o governo a controla...

Lazzarini: É, mas tem alguns problemas. Estava conversando com o conselheiro minoritário da Petrobras, e ele estava me dizendo o seguinte. Se o minoritário quer usar a CVM para abrir um processo contra a Petrobras, ele vai usar a Advocacia-Geral da União, que não é totalmente independente. Você conseguiria fazer um grande processo contra uma grande estatal no Brasil? Você conseguiria fazer um processo antitruste forte? E tem outra condição muito forte que é a condição competitiva. A estatal precisa estar em uma condição de competição, não pode ser uma "monopolistazona". O governo sabe que se mexer em uma empresa que está enfrentando competidores vai detonar a empresa com grande prejuízo. Se a empresa é monopolista, o governo tem renda, tem pré-sal, pode fazer tudo que é bandalheira que ninguém vai perceber, porque tem uma pilha de recursos disponíveis. É muito importante garantir mais competição no setor. O que aconteceu com a Petrobras? Passou a monopolizar toda a parte de extração.

Valor: Qual o efeito da crise na Petrobras para a imagem do país?

Lazzarini: Muito ruim. No exterior todo mundo sabe da Petrobras, sempre perguntam o que está acontecendo. A Petrobras é uma empresa muito relevante, pode continuar sendo estatal. É uma pena que haja essa mentalidade incorreta de que o petróleo é nosso e a Petrobras tem que fazer tudo. Tem que deixar a Petrobras em áreas que ela é relevante: essas pesquisas modernas para descobrir novos campos, outros tipos de combustíveis. E não ficar em todo leilão a Petrobras tem que ir com 30%. É um contrassenso. As pessoas não entendem que, nesse caso, competição é melhor. Quanto mais houver empresas, mais vão querer aceitar dar mais petróleo para o Estado. Ficamos com mais petróleo se houver mais empresas.

Valor: Como as empresas vão se financiar, num ano em que o BNDES deve encolher e elas precisariam mais do mercado?

Lazzarini: As empresas vão ter dificuldade de financiamento por problemas que o governo criou. Se houver piora das condições macroeconômicas, é porque o governo não fez um bom trabalho. Não adianta então agora pegar esse banco para remendar o problema que o próprio governo criou. É preciso uma agenda de reformas, como o Levy está propondo, e tem que ter uma agenda planejada, gradual, de redução desse gigantismo do BNDES, jogando para áreas que realmente importam.

Fonte: aqui

Concursos públicos

O colega Matias-Pereira participou de um programa na TV Futura. Gostei muito do seu comentário sobre concursos públicos:

Sobre os concursos públicos, como são realizados hoje, o Sr. sugere alguma alteração?

A forma de recrutamento, por meio dos concursos públicos no Brasil, está ultrapassada. Os candidatos passam por um processo de preparação para os concursos que os treinam para compreender as especificidades das provas, e por um processo de decorar a matéria. Esse processo é massacrante e inútil nas atividades do candidato aprovado. Entendo que devemos utilizar no processo de seleção, especialmente para as carreiras de maior relevo, bancas (modelo de seleção de concursos de professores das universidades federais, por exemplo), onde se buscará mensurar as capacidades específicas do candidato para aquela tarefa.

25 fevereiro 2015

Links

Racismo na decisão de investimento

Restos a Pagar aumentou de 198 bilhões para 226 bilhões

Investigação na Petrobras compromete multinacionais

Dica mental para reduzir o apetite

Kahneman: mulheres são melhores em decisões impulsivas

Petrobras está sendo acusada de fraude e propina em Porto Rico 

Rir é o melhor remédio


Moody's rebaixa a nota da Petrobras

A agência de classificação de risco Moody's rebaixou na noite desta terça-feira a nota da Petrobras para grau especulativo. Isso significa que as ações da empresa não são mais consideradas um investimento seguro para investidores. O rebaixamento ocorre após investigações da Polícia Federal apontarem um esquema bilionário de desvio de dinheiro por meio de contratos da estatal, no âmbito da Operação Lava Jato. Em decorrência da descoberta dos desvios, a empresa tem dificuldades em contabilizá-los em seu balanço e, até agora, não conseguiu concluir a divulgação de seus resultados financeiros do ano passado. A nota da dívida da Petrobras foi rebaixada em dois degraus para Ba2, ante Baa3. A Moody's manteve a classificação da estatal em revisão para novo rebaixamento. 

Segundo a Moody's, o rebaixamento reflete a crescente preocupação com as investigações da Operação Lava Jato e as pressões sobre a capacidade da estatal de honrar suas dívidas. A agência aponta que a atual situação financeira da Petrobras, cujo endividamento [ops, é dívida, caro jornalista] ultrapassa 300 bilhões de reais, pode levar ao calote de alguns de seus credores. Por isso a empresa não deve permanecer no rol de companhias com grau de investimento, diz a agência. "O rebaixamento também reflete a expectativa da Moody's de que a empresa será obrigada a fazer reduções significativas na estrutura de sua dívida nos próximo ano", afirma a nota emitida pela Moody's

[..]
A Moody's afirmou, em nota, que tem acompanhado as informações de que a Petrobras deve divulgar seu balanço auditado pela consultoria PriceWaterhouseCoopers no final de maio. Contudo, afirma que não há indícios suficientes de que a data se cumprirá. "A Moody's entende que a empresa está direcionando seus esforços para trabalhar com auditores e divulgar os balanços assim que possível, e que também está agindo para melhorar sua liquidez. Contudo, a Moody's não enxerga, ainda, nenhum sinal confiável de que os balanços estarão disponíveis em nenhuma data próxima", afirma a nota.

Fonte: aqui

Dez mitos da avaliação

Segundo Damodaran estes são os dez mitos da avaliação:

Mito 1 - Se você tem a taxa de desconto e o fluxo de caixa, você obtem o fluxo de caixa descontado (FCD);

Mito 2 - O FCD é um exercício de modelagem e processamento de números, sem espaço para criatividade e fatores qualitativos

Mito 3 - Não é possível usar o FCD quando existe muita incerteza. Sendo assim, o FCD é inútil para mercados emergentes ou durante crises, por exemplo

Mito 4 - O parâmetro mais relevante é a taxa de desconto e se você não acredita na Teoria Moderna de Carteiras você não pode usá-lo

Mito 5 - Há algo de errado se a maior parte do seu valor é proveniente do valor residual

Mito 6 - O FCD exige muitas suposições e por isto pode ser manipulado para chegar a qualquer valor

Mito 7 - O FCD não pode ser usado para mensurar marca ou outro intangível

Mito 8 - O FCD apresenta uma estimativa conservadora

Mito 9 - Se o FCD muda ao longo do tempo deve ter algo errado

Mito 10 - É um exercício acadêmico, inútil aos investidores e outras pessoas do mundo real

Acrescento:

Mito 11 - Avaliação é FCD

Frase

Pare de tentar prever o futuro (Conselho dado por Daniel Kahneman para consultores financeiros)

24 fevereiro 2015

Rir é o melhor remédio


Dez mitos da avaliação

Segundo Damodaran estes são os dez mitos da avaliação:

Mito 1 - Se você tem a taxa de desconto e o fluxo de caixa, você obtem o fluxo de caixa descontado (FCD);

Mito 2 - O FCD é um exercício de modelagem e processamento de números, sem espaço para criatividade e fatores qualitativos

Mito 3 - Não é possível usar o FCD quando existe muita incerteza. Sendo assim, o FCD é inútil para mercados emergentes ou durante crises, por exemplo

Mito 4 - O parâmetro mais relevante é a taxa de desconto e se você não acredita na Teoria Moderna de Carteiras você não pode usá-lo

Mito 5 - Há algo de errado se a maior parte do seu valor é proveniente do valor residual

Mito 6 - O FCD exige muitas suposições e por isto pode ser manipulado para chegar a qualquer valor

Mito 7 - O FCD não pode ser usado para mensurar marca ou outro intangível

Mito 8 - O FCD apresenta uma estimativa conservadora

Mito 9 - Se o FCD muda ao longo do tempo deve ter algo errado

Mito 10 - É um exercício acadêmico, inútil aos investidores e outras pessoas do mundo real

Acrescento:

Mito 11 - Avaliação é FCD

Cifra de César

Em criptografia, a Cifra de César, também conhecida como cifra de troca, código de César ou troca de César, é uma das mais simples e conhecidas técnicas de criptografia. É um tipo de cifra de substituição na qual cada letra do texto é substituída por outra, que se apresenta no alfabeto abaixo dela um número fixo de vezes. Por exemplo, com uma troca de três posições, A seria substituído por D, B se tornaria E, e assim por diante. O nome do método é em homenagem a Júlio César, que o usou para se comunicar com os seus generais.


O processo de criptografia de uma cifra de César é frequentemente incorporado como parte de esquemas mais complexos, como a cifra de Vigenère, e continua tendo aplicações modernas, como no sistema ROT13. Como todas ascifras de substituição monoalfabéticas, a cifra de César é facilmente decifrada e na prática não oferece essencialmente nenhuma segurança na comunicação.

A criptografia também pode ser representada usando aritmética modular, primeiro transformando as letras em números, de acordo com o esquema: A = 0, B = 1,… , Z = 25. A criptografia de uma letra por uma troca fixa n pode ser descrita matematicamente como


A descriptografia é feita de modo similar,


(Há diferentes definições para a operação módulo. Acima, o resultado está no intervalo 0...25. Ou seja, se x+n ou x-n não estiverem no intervalo 0...25, deve-se subtrair ou adicionar 26.)

O substituto permanece o mesmo por toda a mensagem, então a cifra é classificada como um tipo de substituição monoalfabética, ao invés de substituição polialfabética.
Mais: Aqui

Febeacon

O texto a seguir é um daqueles... Como foi publicado num jornal conceituado, de autoria do editor-executivo do mesmo jornal, os problemas são mais sérios. É um texto altamente recomendado para apresentar em sala de aula, brincar de "descubra os erros" e outras coisas.

Demorei a postar pois estava precisando de um tempo e criar coragem. Vamos lá. Chama-se "O maior desafio de Bendine na Petrobras" e foi publicado no dia 18 de fevereiro de 2015 (peguei o texto aqui). Em itálico o texto original:

O primeiro e maior desafio da nova diretoria da Petrobras é apresentar um balanço auditado e crível do resultado do terceiro trimestre de 2014. Não vai ser nada fácil e a principal razão está no volume de baixas de ativos promovido pela diretoria anterior (1) - R$ 88,6 bilhões. Esse seria o total de ativos superavaliados, que sofreram baixa contábil naquele (2) balanço.



O autor do texto acredita que a empresa efetuou baixas (o prof. Lauro Brito detesta este nome) de 88 bilhões. Isto não aconteceu. O que a diretoria fez foi colocar em nota explicativa este valor, mas deixou claro que NÃO iria fazer a amortização. Se você tem dúvida da frase do autor, a segunda parte do parágrafo é clara.

Muito provavelmente, a ex-presidente Graça Foster e seus diretores decidiram ser ultraconservadores (3), na confecção do balanço, por uma razão muito simples: eles quiseram dizer à sociedade brasileira, acionista majoritária da estatal, que nada têm a ver com a roubalheira que se fez por lá nos últimos anos (4). Possivelmente, sabiam que a decisão tornaria insustentável sua permanência na empresa (5).




Bom, todo argumento do parágrafo termina com as observações anteriores.A diretoria não foi ultraconservadora (item 3), pelo contrário. Como eles não amortizaram, eles foram ultra agressivos. E por este motivo eles não quiseram dizer que não estão ligados pela roubalheira (item 4). Pelo contrário. Seguindo o mesmo raciocínio do autor, eles informaram para sociedade que estão comprometidos com a roubalheira, já que não reconheceram contabilmente este evento. E por este motivo, a decisão tentou mantê-los na empresa e não como esta no texto no item 5. O erro deles foi divulgar a nota explicativa. Não imaginavam os efeitos.

Diante daquele que já é considerado o maior escândalo de corrupção da história do país, Graça e outros diretores radicalizaram nas estimativas (6)(7) do que supostamente decorreu de malfeitorias, ineficiências (ou mesmo de ineficiências decorrentes de delitos) e de questões como a queda brusca do preço do petróleo e a valorização do dólar. O problema é que, na opinião de especialistas (8), eles exageraram e o fizeram lançando mão de metodologias erradas (9), em que pese o fato de terem recorrido à ajuda da firma de auditoria Deloitte e do banco BNP Paribas.



A primeira frase foi marcada por dois motivos. Graça e outros diretores não fizeram as estimativas. Eles somente contrataram as empresas para a tarefa. Assim a estimativa não tem esta fonte. Ademais, e como já comentamos, Graça e outros diretores não radicalizaram. Eles informaram o número e que não iria usá-lo. O item (8) é um velho problema do Valor: o uso de fontes sem citação. Parece que o editor-executivo usou uma fonte furada, pois os problemas do texto são absurdamente absurdos. E para finalizar, a questão não é a metodologia. O método está correto, mas pode ser questionado os parâmetros.

Na semana passada, uma multinacional do ramo de auditoria (10) assegurou de forma categórica ao novo presidente da Petrobras, Aldemir Bendine, que a metodologia usada pela ex-diretoria nos testes de imparidade (ou "impairment"), para calcular os ativos que teriam perdido valor nos últimos anos, está "errada" (11). Os testes de imparidade são aplicados para avaliar se o valor de um ativo é inferior ao seu valor escriturado ou contábil.



Novamente o jornal lança mão de fontes não identificadas. E afirmar que a metodologia usada no teste de imparidade está errada é muito forte. Uma leitura sobre este assunto informa que são dois métodos somente: valor em uso e valor de troca. Como pode estar errada a metodologia? Novamente, os parâmetros é outra coisa.

Bendine tem um desafio gigantesco pela frente: com a nova diretoria, terá que aplicar novamente (12) os testes de imparidade, chegar a números realistas e críveis (13), ter o balanço auditado pela PricewaterhouseCoopers (PwC) e convencer a sociedade de que os ativos que sofreram baixa contábil (14), avaliados agora num valor bem inferior aos R$ 88,6 bilhões (15), não serão reduzidos por motivação política, mas por razões técnicas (16).


É muita coisa para um só parágrafo. Não será aplicado novamente (item 12), pois não foi feito o teste. Ao usar o termo "realista e crível" o autor está indicando que 88 bilhões não são realistas e crível. Com base em que? Na quantidade de verba que a Petrobras coloca no jornal? Logo a seguir afirma novamente que os ativos sofreram baixa, quando isto não é verdade (item 14). O item (15) é mais sutil (se é que isto seja possível): a empresa contratada comparou a diferença entre o valor contábil e o valor recuperável e esta diferença foi de 88 bilhões. O texto informa que os ativos foram avaliados a 88 bilhões. E o item 16 informa que ocorreu motivação política. Aqui o editor-executivo não sabia o que falava e concluiu de forma errada: ocorreu motivação política em não usar o valor de 88 bilhões.

A tarefa também não é um passeio no parque porque as investigações sobre os desvios na Petrobras ainda estão em curso - ao anunciar os números, Graça Foster afirmou que o número das baixas ainda poderia crescer (17). Corre-se contra o relógio porque, se o balanço auditado não for publicado até o fim de junho, credores poderão reivindicar a aceleração do prazo de vencimento de dívidas, no total de US$ 56,7 bilhões, montante que supera com folga o que a estatal dispõe em caixa.(18)


Na realidade não tinha ocorrido. Finalmente o item final (18) não considera que a empresa poderá ter variação no caixa entre fevereiro e junho. Tudo leva a crer que irá aumentar, já que houve uma recomposição nos preços internos. 

Os testes de imparidade são feitos regularmente em projetos de investimento - a Petrobras, como se sabe, possuía até pouco tempo atrás o maior plano de negócios do planeta. Com esses testes, feitos com alguma regularidade, as empresas verificam se uma unidade geradora de caixa atende às premissas estabelecidas no momento do investimento. "A partir daí, projeto as receitas (19) de acordo com a realidade daquele momento e trago a valor presente essa projeção e comparo com o investimento", explicou uma fonte (20).





Para que perder tempo comentando este texto? O teste que a fonte faz é a partir da receita! Não do caixa. E novamente não dá "nome aos bois".

Pelos padrões mais modernos de contabilidade (21), aplicados os testes de imparidade, os ativos que se valorizam não são contabilizados no balanço (22). Já os ativos que perdem valor, com uma margem expressiva que fuja muito da premissa original do projeto, obrigatoriamente (23) sofrem baixa contábil. "A partir do momento em que você dá baixa, mesmo que a realidade mude dali para frente, você não consegue valorizar o ativo de novo", disse a mesma fonte (24).



Este parágrafo promete: começa com padrões mais modernos de contabilidade e pelo que lemos até aqui ... Logo depois afirma que os ativos que se valorizam não estão no balanço. É isto mesmo que eu li no item (22)? A obrigatoriedade de amortização só ocorre se também o valor de troca for menor. E novamente percebam que ele não cita as fontes.

Em tese, o teste de imparidade deve ser feito para unidades geradoras de caixa. Os testes aplicados recentemente na Petrobras consideraram equipamentos (ativos) isoladamente (24). Por exemplo: avaliou-se um filtro utilizado numa refinaria em vez da própria refinaria, a unidade geradora de caixa. "Um filtro não gera caixa" (25), diz um técnico (26).





Sobre o item (24) não é isto que está nas informações que a empresa divulgou. A informação é que não foi considerada a sinergia entre as UGC, o que é bem diferente da frase. O filtro pode gerar caixa se tiver valor de troca, ao contrário do que afirmou o técnico.

Outro equívoco cometido no cálculo dos ativos foi ter ignorado possíveis sinergias existentes entre as diferentes unidades geradoras de caixa da Petrobras. A estatal está presente em várias etapas da cadeia produtiva do petróleo e em variados negócios. Nos cálculos que encontraram R$ 88,6 bilhões em ativos superavaliados, avaliaram-se ativos isoladamente, sem levar isso em consideração.


Tipicamente Febeacon. 

Sobre a dificuldade de mensurar o valor da corrupção

A questão contábil referente à Petrobras chamou a atenção para a mensuração do valor da corrupção. Se formos analisar com cuidado a situação a conclusão é que dificilmente conseguiremos fazer uma mensuração correta da corrupção. E existem quatro boas razões para isto.


A primeira é que o caso da Petrobras mostra uma situação onde é muito difícil separar o que corrupção da má gestão, do excesso de otimismo ou da falha de planejamento. Quando uma pessoa tira um dinheiro da caixa registradora de uma empresa, medir esta falha de controle é razoavelmente simples. Basta proceder a uma contagem entre o saldo que deveria ter no caixa e comparar com o existente. Quando um cliente leva um produto sem pagar num supermercado também podemos mensurar isto, agora com um grau de precisão um pouco menor. O caso da Petrobras não está restrito a corrupção somente. Muito provavelmente existiram decisões ruins, decorrente da forma como a empresa foi gerenciada nos últimos anos. Além disto, sabemos que os executivos são geralmente otimistas por natureza e a decisão de fazer uma refinaria pode ter surgido pelo excesso de otimismo, mas não pela propina paga aos executivos. E obras estão sempre sujeitas a este excesso de otimismo, mesmo numa empresa com bons controles internos ou numa cultura onde a corrupção não é bem aceita. Quando a empresa divulgou uma diferença de 88 bilhões entre o valor contábil e o valor justo, talvez a maior parte deste valor seja em virtude das falhas de gestão.

O segundo aspecto é que o método ideal não está disponível para o caso da Petrobras. Uma forma de investigar o valor da propina é ter acesso a contabilidade do corruptor. Se esta contabilidade tiver sido feita dentro das características de qualidade da informação deveria constar o valor pago para os funcionários. Mas atualmente só quem sabe, parcialmente desta informação são alguns funcionários públicos. E mesmo assim, a investigação que está sendo realizada só está contemplando uma pequena parcela das empresas que faziam negócios com a Petrobras. Assim, a soma dos valores que as empreiteiras pagaram aos diretores da empresa não pode ser obtida e se pudesse – a empresa solicitou esta informação – talvez não corresponda ao valor que deveria corresponder a corrupção.

O terceiro fator é que não sabemos a extensão do pagamento da propina. Isto inclui não somente as empresas – fornecedores e compradores - que atuavam nas relações comerciais com a Petrobras como também o período de tempo. E mesmo que se consiga delimitar no tempo, muito provavelmente deverá incluir anos de gestão, o que dificulta ainda mais a mensuração. Tudo leva a crer que parte do problema também possui raízes em outros países. A obtenção deste tipo de informação em outro país também será difícil e provavelmente incompleta.

Finalmente, e em decorrência dos itens anteriores, a mensuração obtida do valor da corrupção deverá ser sempre uma opinião. Assim como um parecer de avaliação, a opinião pode ser aceita ou não pelo investidor ou auditores ou autoridades. A opinião pode ser contestada, não somente seus métodos como também os parâmetros utilizados.

A conclusão que chegamos é que não teremos o valor da corrupção nas últimas gestões da empresa. E qualquer número será um chute. E chute por chute, ainda prefiro aquele que postei anteriormente http://www.contabilidade-financeira.com/2014/11/qual-o-tamanho-do-rombo-da-petrobras.html neste blog.

23 fevereiro 2015

Rir é o melhor remédio


Spoiler

Finanças Pessoais Regra da Idade

É muito comum a seguinte pergunta: onde devo investir meus recursos? Como temos diversos livros estrangeiros publicados, uma das respostas preferidas tem sido o mercado de ações. Afinal, no longo prazo, este mercado geralmente apresenta um retorno melhor que os outros tipos de investimento, além de permitir uma fácil diversificação.

Entretanto o mercado de ações possui muito risco. Por este motivo, alocar recursos em ações pode ser ruim para quem não pode assumir risco. Outro fator é que as pessoas tendem a gostar mais ou menos de risco conforme algumas características pessoais, como o gênero e a idade. Iremos hoje falar da idade.

Quando somos jovens, perder dinheiro em ações não representa um grande problema já que podemos recuperar com o passar do tempo. Mas na medida em que avançamos no tempo não é razoável jogar dinheiro fora já que teremos pouco tempo para conseguir o dinheiro de volta. Assim, podemos dizer que o mercado de ações é mais indicado para as pessoas mais jovens.

Uma maneira fácil de colocar um limite no investimento em ações, para evitar riscos desnecessários, é a regra da idade. Esta regra diz o seguinte: o seu investimento em ação não pode ultrapassar, em termos percentuais, a cem menos a idade. Se você tem vinte anos, temos que cem menos vinte é igual a oitenta. Neste caso o limite para investir em ação é oitenta por cento dos seus recursos. Já se fosse possui setenta anos, este limite é de trinta por cento ou cem menos setenta.

Quando aplicamos a regra da idade estabelecemos que com o tempo os recursos investidos em ações irão reduzir, ajustando o risco deste tipo de investimento as necessidades de recursos ao longo do tempo. Quando já estamos velhinhos precisamos de uma fonte de recurso mais estável, sem muita variação. Esta regra faz com que exista uma alocação das fontes de maior risco para fontes de menor risco.

22 fevereiro 2015

Rir é o melhor remédio






Clássicos da pintura e Star Wars. Fonte: Aqui

KPMG

As the stereotype goes, accountants are a species of professional often seen as spiritless human calculators—and not as indispensable visionaries. “‘Taxes must be boring.’ I get that all the time,” says Kirt Bocox, senior tax manager at KPMG, one of the firm’s many employees who dispute—indeed refute—that pre-conception. “People get the stereotype of accountants completely wrong. It’s actually exciting and fun.”

Bocox is not the only impassioned one. To hear Bruce Pfau, vice chairman of human resources and communications, tell it, the company, based in Amstelveen, the Netherlands, gushes with enthusiasm. So he devised a plan to harness that energy: Instead of dictating what employees should consider their motivating force, the company asked each to think up his or her own and frame it on a poster. HR provided a template on the organization’s internal website, KPMG Today.

“I’ve always believed that culture is the most important dimension of any CEO’s responsibility to an organization,” says John Veihmeyer, global chairman and CEO of KPMG in the U.S., who kicked off the program in June with a video in which he stood on the Top of the Rock in New York City to announce a goal: the “10,000 stories challenge.” If the company received that many posters by Thanksgiving, everyone would earn two extra days of paid vacation.


Fonte: Fortune ("100 Best Companies to Work For 2014 rank: No. 80") via aqui

21 fevereiro 2015

Rir é o melhor remédio

Expectativa e Realidade. Fonte: Aqui

Fato da Semana: Recuo na norma de Reconhecimento da Receita? (Semana 8 de 2015)

Fato da Semana: Parece a história do gato que subiu no telhado. Inicialmente anunciou-se que as duas entidades reguladoras estavam fazendo uma lista de questões mais polêmicas da norma de reconhecimento da receita. Depois, um membro do Iasb comentou sobre uma possível postergação para o início da norma. Será que teremos uma nova norma?

Qual a relevância disto? A norma de reconhecimento da receita foi uma proposta conjunta do Iasb, regulador com sede em Londres, e o Fasb, que regula as normas contábeis dos Estados Unidos. Seria um exemplo que é possível obter uma convergência no longo prazo entre as duas principais entidades reguladoras mundiais da área contábil.

Um dos objetivos da norma era simplificar o processo de reconhecimento da receita. Entretanto, parece que esta finalidade não foi obtida.

Para o Brasil, que adota as normas do Iasb com alterações, a indecisão e questionamentos poderão tornar-se realidade brevemente.

Positivo ou Negativo – Negativo. Anos de discussão com profissionais de altíssimo nível e boa estrutura de apoio não foram suficientes para produzir uma norma simples, como proposto.

Desdobramentos – Parece que a norma será adiada. Isto também poderá ter efeitos para nossas empresas. E lança um descredito no processo de convergência.

Outro fato: a PwC foi considerada uma das melhores marcas mundiais pela Brand Finance.

20 fevereiro 2015

Defesa de Tese

Segunda-feira, dia 23 de fevereiro, as 9 horas, ocorrerá a defesa da tese “ANÁLISE DA RELAÇÃO ENTRE CAPACIDADE COGNITIVA E A OCORRÊNCIA DOS VIESES COGNITIVOS DA REPRESENTATIVIDADE NO JULGAMENTO”, da discente Edzana Roberta Ferreira da Cunha Vieira Lucena.
A defesa ocorrerá na UFRN, Natal.

A comissão examinadora será composta por:

Prof. Dr. César Augusto Tibúrcio Silva - Presidente
Prof. Dr. José Dionísio Gomes da Silva
Prof. Drª. Aneide Oliveira Araujo
Prof. Dr. Adriano Leal Bruni
Prof. Dr. Antonio Benedito Silva Oliveira
Prof. Dr. Adilson de Lima Tavares

Local: Sala A1 do setor de aulas 5

Som da Sexta- Paulinho da Viola

Depois do carnaval, vamos de Paulinho da Viola:


Rir é o melhor remédio

Fonte: Aqui

A desigualdade na América Latina tem origens coloniais? Não!

Latin American Inequality: Colonial Origins, Commodity Booms, or a Missed 20th CenturyLeveling?
Jeffrey G. Williamson
NBER Working Paper No. 20915
January 2015
JEL No. D3,N16,N36,O15

ABSTRACT

Most analysts of the modern Latin American economy have held the pessimistic belief in historical
persistence -- they believe that Latin America has always had very high levels of inequality, and that
it’s the Iberian colonists’ fault. Thus, modern analysts see today a more unequal Latin America compared
with Asia and most rich post-industrial nations and assume that this must always have been true. Indeed,
some have argued that high inequality appeared very early in the post-conquest Americas, and that
this fact supported rent-seeking and anti-growth institutions which help explain the disappointing growth
performance we observe there even today. The recent leveling of inequality in the region since the
1990s seems to have done little to erode that pessimism. It is important, therefore, to stress that this
alleged persistence is based on an historical literature which has made little or no effort to be comparative,
and it matters. Compared with the rest of the world, inequality was not high in the century following
1492, and it was not even high in the post-independence decades just prior Latin America’s belle époque
and start with industrialization. It only became high during the commodity boom 1870-1913, by the
end of which it had joined the rich country unequal club that included the US and the UK. Latin America
only became relatively high between 1913 and the 1970s when it missed the Great Egalitarian Leveling
which took place almost everywhere else. That Latin American inequality has its roots in its colonial
past is a myth.


Jeffrey G. Williamson
350 South Hamilton Street #1002
Madison, WI 53703
and Harvard University and CEPR
and also NBER
jwilliam@fas.harvard.edu

Links

Sobre a dedutibilidade fiscal dos prêmios recebidos por Lance Armstrong

Um refugiado tornou-se CEO Global da Deloitte

10 praias mais bonitas do mundo (E o primeiro lugar é no Brasil)

Software gratuito detecta fraude em trabalho acadêmico

Atraso na norma da receita

Ontem informamos que a norma do reconhecimento da receita deverá sofrer atraso na sua implementação nos Estados Unidos. Agora, segundo a CFO um membro do Iasb, Patrick Finnegan, afirmou que o atraso é inevitável. Desde que a norma foi aprovada, algumas empresas solicitaram mais tempo para sua implementação.

A decisão quarta de tentar esclarecer alguns pontos é um indício que o atraso será inevitável.

A Marca PwC

Segundo a empresa de consultoria Brand Finance, a PwC ficou em segundo lugar num ranking das marcas consideradas mais poderosas do mundo, num grupo seleto de 12 empresas que receberam a nota máxima, AAA+. A PwC teve companhia da Lego, Red Bull, Unilever, McKinsey, Burberry, Rolex, L'Oreal, Coca Cola, Ferrari, Nike e Disney.

As outras quatro grandes empresas de auditoria também tiveram boas notas: Deloitte com AAA e EY e KPMG com AAA-. Segundo a Brand Finance, as grandes empresas de contabilidade possuem marcas fortes.

Quanto utiliza o critério do valor, a PwC está em 59o. de um total de 500 empresas, com um valor de 17 bilhões de dólares.

É bom lembrar que a PwC é a empresa responsável pela auditoria do balanço da Petrobras. 

19 fevereiro 2015

Rir é o melhor remédio

Relembrando uma postagem antiga, num momento de pouco tempo. Mas rir é o melhor remédio.

Reconhecimento da receita

Segundo o Compliance Week, os dois principais reguladores estão planejando reabrir a norma comum sobre reconhecimento da receita para alguns aspectos específicos referente a implementação. O grupo de transição possui 40 questões que os preparadores da informação contábil tiveram nos últimos meses. A regra deveria entrar em vigor em 2017, mas em decorrência da comparabilidade, que exigiria três anos de histórico, as empresas já estão tentando utilizá-las. Isto significa que não está fora de questão a possibilidade de postergar o início da vigência.

Grécia e Regime de Caixa

O resolução da crise grega passa pela reforma da contabilidade pública, afirmou Jacob Soll, professor da University of Southern California. Segundo Soll, um estado moderno passa por um moderno sistema contábil, o que não é o caso da Grécia. Lá não existiria uma cultura contábil, que inclui transparência e utilização das normas internacionais de contabilidade pública (IPSAS). Isto significa usar o caixa como base contábil, o que "essencialmente significa nada".

18 fevereiro 2015

Rir é o melhor remédio

A Wal Mart do México busca lucro a qualquer custo. A loja de Playa del Carmen vende bong:

Resenha: Dinheiro Feliz

No universo literário há um bocado de livros de finanças pessoais. A maioria é muito ruim e não podem ser recomendados, pois são mais livros de autoajuda, sem nenhuma base científica. Este não é o caso de Dinheiro Feliz por três razões. Em primeiro lugar, esta pequena obra de duzentas páginas está focada na despesa pessoal. É uma boa premissa, já que a maioria das pessoas não consegue aumentar substancialmente sua receita. Em segundo lugar, as afirmações feitas no livro estão sustentadas por diversas pesquisas acadêmicas, citadas no final. Finalmente, o livro foi escrito por dois pesquisadores de instituições conhecidas, Elizabeth Dunn e Michael Norton.

Da mesma forma que nos livros tradicionais de autoajuda, a obra baseia-se em poucos princípios, repetidos a exaustão. Neste caso são cinco os princípios, para o qual os autores escrevem capítulo específico. A premissa do livro é mostrar para as pessoas como gastar o dinheiro para que você seja mais feliz.

O primeiro princípio é “Compre Experiências”. Embora as pesquisas indiquem que a maioria das pessoas sonhe com a casa própria, este tipo de compra não gera felicidade. O melhor e comprar experiências que podem trazer um prazer maior. É o caso de uma viagem especial ou para um local distante. O segundo princípio é “faça disso uma diversão”. Em lugar de negar radicalmente uma experiência, como deixar de tomar café, faça com que o copo de cappuccino seja um acontecimento especial, em lugar de ser uma rotina diária. A seguir, “compre tempo”. Em lugar de perder duas horas no trânsito, pense em usar o dinheiro para morar mais perto do trabalho. O quarto princípio é “pague agora, consuma depois”. Ao inverter o princípio geral da nossa sociedade – de consumir agora e pagar depois – as pessoas podem adquirir mais felicidade e gastar menos. O maior prazer das férias ocorre antes, quando sonhamos com o sossego da fazenda. O último princípio é “invista em outros”.

Quando estava relendo este livro, eu lembrava as diversas situações onde os princípios do livro se aplicaram na vida pessoal. A obra é muito prática e os princípios são poucos, mas suficientes para que as pessoas possam ter uma relação melhor com o dinheiro.

Vale a pena? Se tivesse que indicar um livro de finanças pessoais, esta seria a obra que indicaria. Então, a resposta é sim.

DUNN, Elizabeth; NORTON, Michael. Dinheiro Feliz. São Paulo: JSN, 2014.

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Evidenciação: Livro adquirido com recursos particulares, sem ligações com os escritores ou a editora.

17 fevereiro 2015

Rir é o melhor remédio

Mais uma do Photoshop Disasters

História da Contabilidade Caixa de Soccorros de D. Pedro V

Já mostramos em postagem anterior que talvez a primeira evidenciação contábil no Brasil ocorreu numa entidade do terceiro setor: o Theatro de S João. No final do século XIX outra entidade do terceiro setor destacou-se pela qualidade, para época, da divulgação das suas contas. Trata-se da Caixa de Soccorros de D. Pedro V.

Fundada em 1863 por portugueses e seus descendentes que residiam no Brasil, esta associação recebe a denominação de Real e Benemérita Sociedade Portuguesa Caixa de Socorros D. Pedro V em razão de um decreto de 1897 e de outro, assinado pelo rei D. Carlos de Portugal, em 1902 http://associacoescariocas.ica-atom.org/vJ86;isaar . O mais impressionante é que esta entidade ainda existe nos dias atuais, estando situada na Rua Marechal Floriano 185.

Em termos contábeis nos interessa o seu Relatório e Contas impresso no Rio de Janeiro, na tipografia do Jornal do Commercio, referente ao ano de 1896. Um exemplar ainda existe na Biblioteca Nacional de Portugal para consulta. Com 82 páginas, o relato inclui não somente uma prestação de contas razoavelmente pormenorizada como também um histórico da entidade. Consta do impresso, por exemplo, o histórico das receitas e de despesas desde sua fundação até o ano da publicação do relatório. Ou seja, 32 anos.

Deste extenso relatório selecionei dois pequenos trechos para o leitor. O primeiro ocorre na página 58, num determinado trecho do parecer do conselho fiscal que estava examinando as contas da entidade. Comentando sobre o patrimônio da entidade, o parecer afirma que o valor do imóvel tem um valor muito maior do que aquele registrado no balanço da empresa, em razão da valorização do patrimônio:


O segundo trecho é outro texto onde se mostra o panorama geral da entidade. Na página 70 do documento comenta-se que a entidade conseguiu obter matrículas gratuitas numa escola durante anos por parte de um conselheiro. E que estas matrículas, pelo valor da tabela do estabelecimento, apresentava um valor substancial:

16 fevereiro 2015

Rir é o melhor remédio


Fonte: Aqui

Liquid Paper

Uma das maiores fraudes de fundos de pensão no país foi montada até com a falsificação de documentos de forma grosseira. Relatórios da Securities and Exchange Comission (SEC, a xerife do mercado financeiro americano) obtidos pelo GLOBO mostram que ao menos seis papéis de instituições financeiras na carteira do Postalis (fundo de pensão dos Correios) tiveram o valor adulterado com tinta corretora ou com um simples “corta e cola” nos processos digitalizados. A fraude, feita entre 2006 e 2009, detalhada nos relatórios da SEC, chega a US$ 24 milhões (R$ 68 milhões). Os responsáveis são sócios da Atlântica Asset Managment, gestora contratada pelo Postalis para investir o dinheiro dos carteiros em títulos da dívida brasileira no exterior.(...)

O uso do líquido corretor escolar só foi possível porque o sistema financeiro americano não é tão eficiente quanto o brasileiro: até grandes operações são fechadas e liquidadas por fax. À Justiça da Flórida, a SEC explicou o artifício criado pela Atlântica e detalhou as ações do responsável pela empresa, Fabrízio Neves, e de seu parceiro José Luna. Os papéis eram vendidos para a LatAm, outra empresa controlada pelos dois, remarcados (às vezes em mais de 60%) e revendidos a empresas em paraísos fiscais. Entre elas, a offshore Spectra, que tinha como beneficiário Alexej Predtechensky (conhecido como Russo), então presidente do Postalis. A fraude ocorria no trajeto dos papéis.


Fonte: O Globo

15 fevereiro 2015

Rir é o melhor remédio

Fonte: Aqui

Links

Liberdade de imprensa no mundo

Seleção dos melhores da Copa Africana possui 12 jogadores

Beppe Grillo: A revolução é ser honesto num sistema corrupto

Valentine´s Day: Filme antigo

A História do You Tube em alguns vídeos

Estudantes e gênero dos professores

A física da levitação 

Não entenderam nada...

Um texto do Brasil Econômico provoca uma grande confusão:

Em depoimento prestado hoje (13) à Justiça Federal em Curitiba, o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa (1), considerou o prejuízo de R$ 88,6 bilhões, estimado com as perdas por corrupção na Petrobras (2), como um "equívoco gigantesco" (3). Nos esclarecimentos prestados ao juiz federal Sérgio Moro, o ex-diretor afirmou que o pagamento de propina ocorria apenas (4) nos contratos das empreiteiras que faziam parte do cartel nos contratos com a estatal.

(...) O levantamento sobre o prejuízo foi feito por consultorias independentes e indicou que a Petrobras teria acumulado prejuízo de R$ 88,6 bilhões com os casos de corrupção (5). No entanto, o valor foi desprezado, porque a metodologia foi considerada inadequada. Após a divulgação do número, a ex-presidenta da estatal Graça Foster renunciou ao cargo.


(1) É bom lembrar que Costa foi uma indicação política. E que era diretor de abastecimento da empresa. Não era a área dele, portanto.

(2) Este é o ponto central da crítica desta postagem. Este valor é a diferença entre o valor justo e o valor contábil. Isto inclui também, mas não somente, o custo da corrupção. Assim, o valor não é "perda por corrupção".

(3) Não é um erro. Erro foi o entendimento errado de Costa.

(4) O fato de outros contratos não serem de conhecimento de Costa não significa que não estejam sujeitos aos problemas de corrupção. Num ambiente onde os diretores praticavam corrupção é bem provável de alguns subordinados também atuassem neste sentido.

(5) O jornalista também erra aqui.

14 fevereiro 2015

Rir é o melhor remédio

Fonte: Aqui

Fato da Semana (Semana 7 de 2015)




Fato da Semana: Em geral a substituição de um executivo de uma big four não é objeto de atenção da mídia. Mas o anúncio que esta contadora irá assumir o comando da Deloitte, uma das quatro grandes empresas de auditoria, foi notícia. Pela primeira vez uma mulher assume o comando de uma Big Four. Esta é a notícia. Anteriormente outras mulheres passaram a ter papel de destaque. Mas o cargo de auditor é muito exigente em termos de horário e carga de trabalho, o que afasta as mulheres que também optam pela maternidade, como é o caso da Engelbert.

Qual a relevância disto?  Não deixa de ser um bom exemplo. Mas o fato de somente agora uma mulher também é significativo da discriminação da mulher na auditoria.

Positivo ou Negativo – Positivo. (E as mulheres aparentemente são mais honestas, o que é bom para o setor)

Desdobramentos – A curto e médio prazo nenhum. Mas que tal chamar Engelbert para um encontro das mulheres contabilistas?

13 fevereiro 2015

Som da Sexta - Hermeto Pascoal

Hermeto Pascoal é um dos melhores compositores e instrumentistas do mundo. Ele é famoso por fazer música com qualquer tipo de material e instrumento. Além de fazer composições inusitados, como por exemplo, com a gravação de porcos num estúdio de música. Abaixo uma apresentação no festival de jazz de Motreux de 1979:




No mesmo festival com a Elis Regina:


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Efeito Peltzman (mais aqui)

Honestidade: Homem versus Mulher

A discussão sobre a honestidade nos últimos anos tem saído do campo da ética e com a utilização de base de dados com técnicas estatísticas algumas pesquisas criativas estão esclarecendo muito sobre este assunto. Duggan e Levitt em 2002 publicaram um artigo no principal periódico de economia do mundo onde mostraram que mesmo numa cultura considerada moralmente superior existe corrupção. Usando dados da luta de sumô estes pesquisadores mostraram que diversas lutas apresentaram resultados combinados. Este artigo foi extensamente discutido na série Freakonomics. O importante desta pesquisa foi mostrar que o problema com a falta de honestidade ocorre em todo o mundo, não somente nos países pobres. Assim, não acredite quando alguém diz que um comportamento desonesto não ocorre no Japão ou na Suécia.

Mais recentemente o assunto rendeu um tipo diferente de pesquisa, conduzida por Dan Ariely. Ariely mostrou que a honestidade e a sua falta dependem de uma série de circunstâncias, algumas delas que não podem ser explicadas por um modelo econômico de racionalidade. As pessoas são mais desonestas conforme a inexistência de “trancas” nas portas onde o delito ocorre. Numa experiência agora famosa, Ariely aplicou um teste para diversos alunos; para um grupo permitiu que cada individuo corrigisse sua prova, informasse a nota, recebesse um prêmio proporcional a nota, sem nenhum tipo de verificação, já que a prova era picotada antes da entrega da nota. A nota deste grupo era superior aos demais, indicando que existia desonestidade no comportamento. O interessante é que era uma “pequena” desonestidade.

Uma pesquisa recente seguiu a trilha de Duggan e Levitt usando agora dados do tênis. A grande vantagem desta pesquisa é que o tênis é um esporte praticado separadamente por homens e mulheres. Assim, o resultado dos dois grupos pode ser comparado para verificar quem é mais desonesto.

Jetter e Walker analisaram o circuito profissional de tênis em mais de 300 mil partidas. Os jogadores de tênis são classificados conforme o número de pontos conquistados no último ano. Os melhores, como Nadal, Williams ou Federer, conquistam muitos pontos pois participam e possuem bom resultados nos principais torneios. Existem quatro grandes torneios que além de distribuírem uma grande quantidade de pontos para quem participa e tem bom desempenho também remunera muito bem os jogadores. Um jogador de tênis pode ganhar mais de 30% do dinheiro anual num destes quatro torneios, denominados de Grande Slam.

Assim, jogar um Grande Slam é muito importante para um tenista profissional, seja por ganhar pontos e melhorar sua classificação no ranking dos melhores jogadores, seja pela parte financeira, já que ganham muito dinheiro. Em geral para jogar um destes torneios é necessário estar entre os 104 melhores torneios. Assim, antes de começar um Grande Slam os organizadores olham a classificação dos tenistas e chamam estes jogadores. Mas antes de cada um destes torneios ocorre um conjunto de torneios menores. E esta é uma excelente oportunidade para os jogadores que estão próximo da 104ª. posição de ganhar pontos e melhorar seu ranking. Como a distância entre o centésimo colocado e o centésimo vigésimo é pequena, um desempenho razoável nestes torneios pode ser suficiente para colocar o jogador num Grande Slam.

Jetter e Walker olharam o que ocorre nestas partidas antes dos torneios mais relevantes. Quando Belucci joga contra Nadal pelos pontos de cada jogador é possível estimar as chances de cada jogador. Mas a pesquisa mostrou que os torneios anteriores aos Grandes Slams isto não ocorre. Ou seja, existe um comportamento inadequado no tênis profissional. Mas isto só ocorre no tênis masculino. No tênis feminino, por alguma razão, não existe uma combinação para favorecer a jogadora que está buscando obter pontos para participar de um grande torneio.

Os autores também observaram que os sites de aposta, que corresponderia a opinião do mercado, não consegue antecipar a esta situação.

O trabalho faz a constatação que o gênero é uma variável importante na questão da honestidade. Mas não consegue explicar a razão. Afinal, as mulheres são mais honestas que os homens em qualquer situação? Haveriam outras variáveis que influenciam esta questão?

JETTER, Michael; WALKER, Jay. Good Girl, Bad Boy: Corrupt Behavior in Profissional Tennis. IZA DP 8824, jan. 2015.

12 fevereiro 2015

Rir é o melhor remédio

Fonte: Aqui

Brasileira é indicada para ser diretora administrativa do FMI

WASHINGTON  -  (Atualizada às 20h56) Ex-vice-presidente de Recursos Humanos e serviços corporativos da Vale entre 2001 e 2011, Carla Grasso foi indicada para ser vice-diretora-gerente e diretora administrativa (chief administrative officer) do Fundo Monetário Internacional (FMI) pela número 1 da instituição, Christine Lagarde. Carla vai exercer uma nova função no Fundo,” criada para alçar a gestão operacional e administrativa do Fundo ao nível de excelência exigido pelo papel e responsabilidades singulares da instituição em uma economia mundial em rápida transformação”, segundo nota divulgada pela instituição nesta quarta-feira. 

A executiva entrou na Vale em 1997, ano da privatização da companhia. Em 2014, Carla colaborou com a campanha à presidência do senador Aécio Neves (PSDB-MG). 

“Carla traz para sua nova função um legado de liderança extraordinária, raciocínio estratégico e sólida experiência em gestão operacional. Realizamos um extenso processo seletivo de alcance mundial para preencher esta posição nova e crucial para o FMI. Tenho plena confiança de que encontramos uma gestora e líder formidável para integrar nossa equipe”, afirmou Lagarde. 

“Estou feliz por juntar-me ao FMI”, disse Carla, segundo comunicado divulgado pela instituição. “O FMI é uma das organizações internacionais mais respeitadas do mundo e eu estou muito ansiosa em poder trabalhar com meus novos colegas de direção, bem como com o talentoso pessoal do Fundo, para ajudar a fortalecer ainda mais a instituição, em um momento em que a instituição deve responder às necessidades de uma economia mundial em rápida transformação e as de todos os seus países membros.” A executiva afirmou ainda ser “um prazer especial poder voltar a Washington depois de ter trabalhado junto ao FMI e no Banco Mundial no início da minha carreira”.

Carla vai assumir o cargo no FMI em 2 de fevereiro, depois de a indicação ser aprovada pela diretoria-executiva do Fundo. Trata-se de um procedimento normal para todas as nomeações. Ela tem cidadania brasileira e italiana, de acordo com a nota da instituição. A executiva coordenar as áreas de orçamento, recursos humanos, tecnologia, serviços gerais e auditoria interna, além de também supervisionar as atividades do FMI nas áreas de desenvolvimento de capacidades e formação.
Além de trabalhar na Vale, Carla foi secretária de Previdência Complementar entre 1994 e 1997, e também teve  posições de assessoria e coordenação nos ministérios da Previdência, Fazenda e Planejamento, assim como no Gabinete da Presidência da República do Brasil. Ela também foi consultoria do Banco Mundial, quando trabalhou com assuntos ligados a países de baixa renda, tratando da revisão dos gastos públicos. Além disso, Carla foi mulher de Paulo Renato de Souza, ministro da Educação no governo Fernando Henrique Cardoso, morto em 2011.

Carla Grasso tem mestrado em política econômica pela Universidade de Brasília (UnB). Ela deu aulas de Economia Internacional e Economia Monetária da Pontifícia Universidade Católica de Brasília e de Matemática Econômica do Centro Universitário do Distrito Federal. No ano passado, foi professora de educação executiva no Insper, em São Paulo.

Fonte: aqui
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