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21 agosto 2014

Curso de Contabilidade Básica: Receita recorrente

Uma empresa está sujeita a eventos que são razoavelmente comuns e, por consequência, fáceis de serem previstos. Mas existem eventos que não ocorrem todo o ano. Considere o caso da receita: a receita de ocorre todo ano recebe a denominação de receita recorrente. O nome não é muito simpático, mas quer dizer que aquela receita provavelmente irá ocorrer nos próximos períodos. Existe outro tipo de receita, que não se espera que sua ocorrência irá ocorrer novamente nos próximos períodos; este tipo de receita é denominado de receita não recorrente.

Quando observamos uma demonstração do resultado de uma entidade pode ser útil saber qual parcela da receita que é não recorrente. Sabendo isto, podemos avaliar o impacto desta receita sobre o resultado da entidade.

Considere o caso do São Paulo FC que apresentou no seu balanço de 2013 e 2012 os seguintes valores:


A receita do clube aumentou de 283 milhões de reais para 363 milhões. Este aumento ocorreu principalmente na área de negócios “futebol profissional e de base”, onde a receita chegou a 306 milhões. É fácil verificar que apesar da redução dos direitos de transmissão (de 112 para 72 milhões), o valor da negociação de atletas aumentou em mais de 100 milhões de reais.

Então, a pergunta importante é saber se estamos diante de uma receita recorrente ou não recorrente. É preciso entender o que provocou este aumento na receita. Para aquele que acompanha o futebol, a resposta parece fácil. Mas para quem interessante distante neste assunto, a sugestão é olhar todas as informações e tentar descobrir uma “pista” do que ocorreu. Veja o que descobrimos numa das notas explicativas:

Este é o valor das transações que ocorreram em 2013. Fica muito claro que a maioria dos montantes decorre da negociação do atleta “Lucas Moura” (aquele que fazia propaganda da Volkswagen) e Casimiro. Então, estas receitas são recorrentes ou não recorrentes?

Parecer com ressalva na Oi

O relatório de revisão das informações trimestrais da Oi, referente ao segundo trimestre deste ano, foi emitido com ressalva pela KPMG Auditores Independentes. Os motivos são incertezas geradas com o acordo fechado entre a Oi e a Portugal Telecom (PT), em julho, após um calote tomado pela tele portuguesa, com a qual a Oi está em processo de fusão.

Os novos termos da fusão entre as companhias ainda precisam ser aprovados pelos acionistas da PT, em assembleia marcada para o dia 8 de setembro, e também dependem do aval da Comissão de Valores Mobiliários (CVM)e do conselho de administração da empresa. "Em caso de não aprovação até 31 de março de 2015, nenhuma das companhias terá a obrigação de consumar a permuta nos termos previstos nos contratos", diz o relatório.

Após o posicionamento da KPMG, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) abriu um processo administrativo para analisar o formulário da tele, o que é um procedimento padrão em situações como essa. No site da autarquia, é possível verificar que o processo 2014/8166 foi aberto no último dia 7 para análise do formulário de Informações Trimestrais (ITR).

A PT fez um investimento de 897 milhões em títulos comerciais da Rioforte, empresa do Grupo Espírito Santo (GES), mas não recebeu o pagamento da empresa, que enfrenta dificuldades financeiras.

A Oi alegou não ter sido informada sobre a transação. Com o objetivo de manter a fusão, foi acertado que a PT receberá os títulos podres - que tinham passado para a Oi em meio à união dos negócios - e entregará ações da Oi no valor equivalente. Com isso, o calote ficará isolado na PT.

"Em virtude das incertezas quanto aos consequentes efeitos nas informações contábeis intermediárias da companhia, não nos foi possível concluir quanto aos consequentes impactos nos montantes resultantes da combinação de negócios", diz o documento.
Procurada, a Oi não comentou. Fonte que acompanha a operação afirmou, no entanto, que a empresa avalia que a ressalva é "transitória" e deve ser equacionada até a divulgação do próximo balanço, diante da possibilidade de aprovação dos novos termos do acordo na assembleia da PT.

Relatório de revisão. Esse tipo de documento é elaborado por auditores independentes, após análise das demonstrações financeiras trimestrais apresentadas pela empresa. Trata-se de um procedimento para verificar se a companhia seguiu as práticas contábeis adotadas no País, mas não tem a classificação de auditoria - que é mais complexa e é realizada uma vez por ano, com os dados consolidados do período.

Há três tipos de ressalvas, sendo a que foi emitida nesse caso da Oi a mais comum. A conclusão é de que, exceto pelo que foi destacado na ressalva, as demonstrações financeiras estão de acordo com as normas brasileiras e internacionais.

Outros dois tipos, considerados mais graves, são aqueles em que o auditor declara que a demonstração financeira está incorreta e, no outro, em que informa não poder opinar porque os problemas relatados não o permitem formar uma opinião.

O advogado Raphael Martins, sócio do escritório Faoro & Fucci e especialista em direito societário, diz que uma ressalva sobre demonstrações financeiras é algo muito sério. 'Significa que uma parte da demonstração financeira não pôde ser adequadamente mensurada pela auditoria externa", afirmou.


Fonte: Estado de S Paulo

Turismo do suícidio

A Suíça é o único país que permite o suicídio assistido. Com isto, é grande o número de pessoas que estão viajando para aquele país, a maioria da Alemanha e Reino Unido. (Fonte: aqui e aqui)

Premiação e Infância

Este gráfico é bastante interessante (via aqui). Uma pesquisa questionou se as pessoas achavam se numa competição esportiva, somente os vencedores deveriam receber troféus ou todos os que participaram? Da amostra, 57% afirmaram que somente os vencedores. Mas foi observado uma grande diferença conforme a característica do respondente. Os homens foram mais propensos a apoiar os vencedores (62% versus 52% das mulheres), confirmando pesquisas anteriores que mostram que os homens são mais competitivos. Escolaridade, raça e renda também influenciaram na resposta. O gráfico mostra que quanto maior a renda, maior a propensão a ser favorável a premiação dos vencedores.

Para onde foi a renda?

No domingo o Botafogo jogou contra o Fluminense em Brasília. Da renda de mais de dois milhões de reais, o lucro foi somente de 585 mil reais (sem contar os salários dos jogadores e despesas indiretas). Um gráfico interessante mostra o destino do dinheiro
Fonte: Aqui

20 agosto 2014

Rir é o melhor remédio

Fonte: Aqui

Resenha: Winning Ugly

Este livro já é bastante antigo: a edição que eu li é de 1993. Mas é o “Príncipe” para área esportiva. O clássico de Maquiavel ensinava as regras da política, que deu origem ao termo maquiavélico. O livro Winning Ugly é Maquiavel aplicado ao tênis.

Um exemplo: Gilbert e Jamison descrevem uma estratégia para ganhar uma partida de tênis num clube. Os autores recomendam chegar mais cedo meia hora antes do horário do jogo, fazer um aquecimento de 20 minutos e enrolar mais vinte minutos. Com isto, chega-se “tarde” para partida. Como em alguns clubes as partidas são de uma hora, o adversário estará ansioso para jogar e poderá propor “pular” o aquecimento que tradicionalmente os jogadores fazem entre si antes de iniciar a partida. Assim, enquanto o adversário irá jogar “frio”, o leitor do livro terá uma grande vantagem de jogar aquecido.

Gilbert jogou tênis profissional nos anos oitenta e noventa. Neste período, jogou contra Sampras, Chang, Becker e Edberg. Depois foi técnico de Agassi, Roddick, Murray, entre outros. Foi considerado por Agassi “o maior treinador de todos os tempos”.

Ao contrário de outros livros de tênis, este não possui nenhuma ilustração ou fotografia. O objetivo é com a questão mental do jogador. Jogar feio pode ser útil para vencer. Com dezenove capítulos, o texto é útil para quem deseja ganhar uma partida de tênis, sem se preocupar em jogar bonito. Os primeiros capítulos são os melhores: conta a preparação mental antes do jogo, os equipamentos para ajudar a vencer e como jogar de maneira inteligente. No capítulo oito os autores fazem classificação dos jogadores existentes e apresenta dicas de como vencê-los. Talvez seja o capítulo mais útil do livro.

Ao terminar a leitura do livro de Gilbert ficamos com a impressão de que seus ensinamentos podem ser aplicados a qualquer esporte. Pode também ser uma obra típica de autoajuda, já que possui ensinamentos sobre adversidades, estratégia, preparo mental, entre outros.

Vale a pena? A princípio é uma obra fundamental para o jogador de tênis amador que perde partidas fáceis ou não consegue dar trabalho para os jogadores mais fortes.


GILBERT, Brad; JAMISON, Steve. Winning Ugly. New York: Fireside, 1993. 

Curso de Contabilidade Básica: Provisão para Crédito de Liquidação Duvidosa

Em cada tipo de empresa existirá aquela conta que será relevante ser analisada. Numa instituição financeira esta conta é a “provisão” relacionada com os empréstimos de foram concedidos, a famosa “provisão para devedores duvidosos” (um leitor chamou a atenção, no passado, que o termo “provisão” não seria correto; apesar disto, o termo adquiriu tal força que é usado) ou PDD.

A PDD é relevante numa instituição financeira por dois motivos. Em primeiro lugar, como o seu principal negócio é usar o dinheiro depositado pelos correntistas para fazer empréstimos, ganhando com os juros, a PDD diz respeito ao risco desta operação. Se o PDD aumenta é um sinal de que a instituição financeira fez empréstimos ruins, sujeitos ao não recebimento. Em segundo lugar, a PDD tem um papel importante no “gerenciamento do resultado”. Quando o resultado cai, a instituição pode reduzir a PDD e com isto compensar o resultado ruim; quando o lucro melhora, a PDD pode ser elevada.

Quando uma instituição financeira apresenta seu resultado, os números do PDD são observados de perto, seja para verificar se está fazendo um bom trabalho ou se está ocorrendo algum tipo de gerenciamento de resultado. Vamos olhar o caso do Bic Banco e seu resultado do segundo trimestre de 2014.
Eis o texto do Bic sobre a Provisão:

O que o texto está afirmando é que o banco foi mais “conservador” na provisão. Ou seja, aumentou o valor da provisão e consequentemente reduziu o resultado. A tabela a seguir mostra que isto é realmente verdadeiro:


A PDD no trimestre foi de 615 milhões de reais, versus 433 do trimestre anterior. Foi o maior valor dos últimos trimestres. Realmente o Bic foi conservador com a sua PDD. Mas a carteira D-H atingiu o maior valor nos últimos trimestres; esta carteira é composta por clientes com maior nível de risco. Mas os devedores com parcelas vencidas são menores que no trimestre anterior, o que é mais um sinal de que o banco foi conservador na PDD. Em termos percentuais, a PDD estava em torno de 4%; no último trimestre subiu para 5,8%. Parte desta provisão mais alta decorre do aumento da carteira D-H, de maior risco, de 8 a 9% para 12,2%. 

400 mil

O AICPA noticiou que o número de membros ultrapassou aos 400 mil. É interessante um comparativo com o Conselho Federal de Contabilidade, que possui muitos mais membros, mesmo a economia brasileira sendo bem menor que a dos EUA. Além disto, aquele país é mais populoso que o nosso.

O que explicaria isto? Acredito que são duas as explicações. Primeiro, o CFC permitiu, durante muitos anos, que técnicos participassem da entidade (ainda é possível, mas hoje é muito mais difícil). Segundo, o CFC aparentemente possui um poder maior de regulação e punição.

Tartaruga

Segundo uma entrevista à Reuters do presidente da CVM, Leonardo Pereira, o julgamento dos processos contra Eike Batista e outros executivos do Grupo X, tendem a ficar para 2015.

No momento, há 11 processos administrativos instaurados e com julgamento pendente, disse à Reuters o presidente da CVM, Leonardo Pereira. Mas o número tende a aumentar, já que ainda estão em andamento outras 11 investigações.

"(Os processos) já têm relator. Eles precisam de tempo para fazer o relatório. (Os julgamentos) talvez não sejam ainda este ano, talvez fiquem para o ano que vem", disse Pereira, em entrevista na segunda-feira.

Os processos incluem o uso de informação privilegiada.

Atraso em sala de aula

Do total de 200 dias letivos do ano escolar aos quais os alunos brasileiros têm direito, 20 dias são desperdiçados por conta de atrasos dos professores, saídas dos docentes antes do término da aula e com outras atividades que nada tem a ver com o ensino e a aprendizagem. Nesse cálculo sequer foi considerado o tempo perdido com a contenção da bagunça e com a realização de outras atividades pelo professor, como a realização de chamada e a entrega de trabalhos escolares.

O desperdício de 10% dos dias letivos é uma das constatações presentes na mais recente pesquisa publicada pelo Banco Mundial, a Great Teachers: How to Raise Student Learning in Latin America and the Caribbean (Grandes professores: como melhorar o aprendizado dos estudantes na América Latina e no Caribe, em português).

O estudo da instituição – reconhecida por elaborar uma série de pesquisas para subsidiar políticas públicas na área da educação – foi feito em mais de 15 mil salas de aula de três mil escolas primárias e secundárias em sete países latinos, incluindo o Brasil. Na América Latina, como um todo, o porcentual do “desperdício” é de 9%.


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Listas: Cidades em decadência

Fonte: Aqui

19 agosto 2014

Rir é o melhor remédio

Fantástico este diagrama de Venn:

Nosso valores: confiança, parceria, inovação e desempenho.

Curso de Contabilidade Básica: Intangível

Nas indústrias o principal ativo são as máquinas e equipamentos; no comércio varejista, os estoques e os valores a receber; nas instituições financeiras, talvez as disponibilidades. Cada tipo de empresa terá no seu ativo um retrato daquilo que é e do que faz. Alguns futurólogos acham que a empresa do futuro terá no seu intangível o principal ativo.

Para mostra um exemplo da situação de uma empresa onde o intangível é o principal ativo, nós trouxemos o caso dos Atletas Brasileiros. Esta empresa está vinculada ao Paraná Clube. Veja o último balanço publicado:


 Do ativo de 664 mil reais (a figura, apresentada pela empresa, está errada ao informar que os valores estão em “reais”; o correto seria “em mil reais”.), 72% é “intangível”. Como a empresa lida com a contratação de jogadores de futebol, o seu principal ativo é o vínculo criado com estes atletas. Assim, o intangível é composto pelos contratos dos jogadores, conforme nota explicativa:

Os contratos dos atletas são contabilizados pelo custo de aquisição dos direitos econômicos dos atletas. Estes valores são baixados através do mecanismo de “amortização” pelo período de vigência do mesmo. A grande mudança no valor deste item é justificada pela negociação de um atleta valioso (“Alex Alves”) para o Goiás, clube da primeira divisão do campeonato brasileiro. 

PwC multada

A empresa de auditoria PriceWaterhouseCoopers (PwC) foi condenada pelo Departamento de Serviços Financeiros do estado de Nova Iorque a uma pena pecuniária de US$25 milhões.

Tudo começou quando o Bank of Tokyo-Mitsubishi, um dos maiores do mundo, fez algumas transações bancárias com alguns países entre 2002 e 2007. É bom lembrar que em 2002 os Estados Unidos sofreram um horrível ataque terrorista, que destruiu dois prédios na ilha de Manhattan. As autoridades começaram a punir as empresas que faziam negócios com países que apoiavam grupos terroristas, entre eles o Irã.

Pois bem, o Bank of Tokyo-Mitsubishi foi uma instituição que realizou transações com alguns suspeitos de serem terroristas e foi punido com uma multa de 250 milhões. Mas o regulador descobriu que o banco teve ajuda da PwC. E não perdoou a empresa, assim como da Deloitte foi punida em 2013 por ajudar o Standard Chartered.

Leia mais aqui, aqui e aqui

Listas: Livros de contabilidade

Os 10 primeiros resultados quando digito “accounting” no sitio da Amazon

Accounting Made Simple: Accounting Explained in 100 Pages or Less
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Os 10 primeiros resultados quando digito "contabilidade" na Livraria Cultura

Contabilidade de Custos - Martins
Manual de Contabilidade Societária - Martins
Contabilidade Introdutória - USP
Contabilidade Básica - Ferreira
Contabilidade Aplicada ao Setor Público - Glauber
Contabilidade Básica - Marion
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Contabilidade Básica Fácil - Ribeiro
Contabilidade Geral Fácil - Ribeiro
Contabilidade Geral - Ferrari

18 agosto 2014

Rir é o melhor remédio




Paisagem Urbana: ampulheta, oculista, silicone e árvore

Curso de Contabilidade Básica: Perdas no Supermercado

Um texto publicado no jornal Folha de S Paulo faz uma referência às perdas dos supermercados brasileiros. Segundo o texto, o valor representa 2,52% do faturamento líquido do setor. Ou seja, para cada R$100 de faturamento, R$2,52 não irão provocar efeito no resultado; pelo contrário, irá contribuir com a subtração deste montante. Em 2012 a percentagem era de 1,95%.

O texto informa as razões das perdas: roubo (na verdade, furto), quebra, extravio, erros administrativos e problemas com fornecedores. As maiores perdas ocorrem nas seções de frutas (a uva que o cliente consome na loja), legumes e verduras; peixaria; padaria/confeitaria e têxtil.

Como isto é medido? Vamos considerar que as frutas possuem uma margem uniforme de 20%. O supermercado iniciou o dia com R$20 mil em frutas a valor de custo ou R$24 mil a preços de venda. Quando uma fruta é vendida, o caixa registra o preço de venda. Ao final do dia, os caixas indicam um valor de venda de R$15 mil. Em valor de custo isto significa R$12.500 (ou R$15 mil divididos por 1,2. Para verificar que este é o valor correto, adicione 20% de R$12.500 a este valor e o total deverá ser R$15 mil). Ao fazer a contagem de frutas existentes nas gondolas ao final do dia observa-se um valor de R$12.000. O que aconteceu com a diferença? Parte o cliente consumiu sem passar no caixa; ou o caixa registrou o valor incorreto; ou a contagem, inicial ou final, estava incorreta; entre outras explicações. De qualquer forma, os R$500 representam 2,5% do valor inicial.

O leitor poderá perceber que não é difícil determinar o valor do Custo da Mercadoria Vendida e das perdas. Basta manter a mesma margem e fazer levantamentos físicos do estoque regularmente.


Lucro, Pasadena, Decisão

Na recente divulgação do resultado da empresa Petrobras informou-se que a refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, foi a única a registrar lucro no primeiro semestre, de US$130 milhões.  Os acusados de terem feito um negócio ruim na compra da refinaria indicaram que irão usar esta informação na defesa junto ao TCU. Isto não se sustenta por três fortes motivos, novamente relacionados à melhor técnica de decisão de investimento, que os gestores insistem em negar.

Em primeiro lugar, a informação refere-se ao lucro. Mas tradicionalmente neste tipo de decisão é utilizado o valor do caixa. Neste caso, deve-se verificar o montante de caixa que a unidade estaria gerando, nunca o lucro. Este é um erro muito grosseiro, que não deveria ser cometido por gestores e ex-gestores “qualificados”.  Espera-se que o Tribunal de Contas da União não seja tão inocente em aceitar este argumento.

Em segundo lugar, trata-se de uma informação pontual, de seis meses somente. Isto se torna mais grave quando sabemos que foi a primeira vez que a unidade registrou lucro, desde que a informação foi consolidada em 2012. Como existe o pressuposto do “valor do dinheiro no tempo”, a geração de um resultado positivo somente agora, muitos períodos depois da compra, depõe ainda mais contra a decisão.


Finalmente, e talvez mais importante, a análise do TCU deve focar no momento em que a decisão foi tomada pela empresa. Ou seja, há oito anos, quando a empresa adquiriu metade da refinaria por 360 milhões de dólares  e cujo contrato obrigava a compra do restante, que resultado no grande prejuízo para a empresa. Somente ao recuar no tempo é que o TCU poderá determinar a qualidade da decisão. É bem verdade que esta análise deverá ser mais probabilística do que determinista. A tarefa do TCU é inglória já que é muito difícil de comprovar, na prática, que a compra foi realizada com a intenção de provocar prejuízo na empresa. Erros no processo decisório podem ocorrer por várias razões, como acasos, informações incompletas, incompetência dos gestores e até por motivos escusos. 

Capital, Basileia e Criatividade

Sem ter ideia do uso que fariam em terras tupiniquins das mais recentes regras que baixou, o Comitê de Basileia, órgão internacional que define as regras prudenciais que devem ser observadas pelas instituições financeiras, está dando uma mãozinha para o governo brasileiro fechar as contas deste ano, e quem sabe dos próximos.

A Caixa Econômica Federal já conseguiu autorização do Banco Central para reclassificar R$ 8 bilhões que recebeu do governo originalmente na forma de empréstimo perpétuo para dentro do patrimônio líquido, como capital próprio. E mais R$ 28 bilhões estão em processo de validação para seguir o mesmo caminho.

O mesmo ocorrerá com o Banco do Brasil, que disse ontem que dentro de 60 a 90 dias espera receber sinal verde do BC para classificar R$ 8,1 bilhões em títulos híbridos de capital e dívida como capital principal.

Isso é possível porque as regras de Basileia 3 trazem uma abordagem mais principiológica do que jurídica para definir o que é capital genuíno de um banco.

A mudança se justifica porque, no passado, muito dinheiro foi colocado dentro do patrimônio líquido de bancos estrangeiros, na forma jurídica de compra de ações, por meio de instrumentos que, na verdade, se pareciam muito mais com títulos de dívida, com remuneração garantida e até mesmo vencimento de principal.

No caso que está havendo é a mão inversa. Papéis que juridicamente nasceram como instrumentos de dívida estão sendo tratados como capital próprio, com suas características sendo redesenhadas para passar pelo crivo do BC.

Para o Tesouro Nacional, é o melhor do mundos. Torna possível aumentar o patrimônio dos bancos públicos sem precisar realocar carteiras de investimento em ações de uma instituição para a outra (como ocorreu entre BNDES e Caixa no passado) e sem lançar uma despesa nas contas da União que prejudique o superávit primário.

Mais do que isso, as instituições financeiras federais ficam com um nível de capitalização suficiente tanto para aumentar os empréstimos - como deseja o governo - como para pagar um valor maior de dividendos, que entram como receita primária no cálculo do superávit.

Trata-se de um novo modelo de contabilidade criativa. Mas nesse caso com a benção do Comitê de Basileia.


Fonte: Aqui