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06 julho 2011

Balanço do flamengo

Uma dica do Alexandre dos Santos (grato):

Algum tempo atrás soube que o Flamengo atravessou 2010 sem um contador em seu quadro de funcionários. Apesar da seriedade e conhecimento da fonte que revelou-me essa informação, achei-a incrível – no sentido de algo não crível, difícil de acreditar. Mas, acreditei, claro, pois minha fonte é séria e conhece bem esse clube e outros mais. Passado algum tempo, outras pessoas disseram-me a mesma coisa, só confirmando o absurdo de tal fato.

Não creio que esse buraco no quadro funcional tenha prejudicado a elaboração do balanço, pois um contador sem vínculo empregatício com o clube respondeu pela contabilidade, mas esse é um fato que merece reflexão. Estrutura não é somente meia dúzia de tijolos e uma fachada bonita. Ela é muito mais que isso e, lembrando velhos tempos da militância política, podemos dividi-la em infra e superestrutura. As construções, campos, meios de transporte, entre outras coisas, fazem parte da infraestrutura, enquanto direção, quadro de pessoal, filosofia de trabalho, ordenamento político e outras mais são parte da superestrutura. E, francamente, a superestrutura de um clube de futebol, sobretudo da grandeza do Flamengo, movimentando enorme volume de recursos, não pode, sob nenhuma hipótese, prescindir do trabalho de um profissional qualificado nessa área. Isso é básico e, confesso, tomar conhecimento desse fato foi uma surpresa desagradável.

E as receitas continuam crescendo…

Antes de falar das complicações, vou passar rapidamente pelo caminho para resolver complicações, as receitas. Elas são a solucionática necessária para enfrentar a problemática criada pelos dirigentes.Depois de ler o balanço, a primeira coisa que fiz foi levantar o ponto central da vida financeira de toda instituição: o comportamento de suas receitas operacionais nos últimos anos. Esse é o quadro de cinco anos:


As receitas rubronegras, apesar dos muitos pesares, dão ao torcedor um certo alento e podem dar condições aos gestores para, lentamente, buscar a consolidação e sustentabilidade do clube. Nesse sentido, não posso deixar de citar que durante a gestão Braga mais recente, o montante de dívidas do clube foi reduzido em apreciáveis 75 milhões de reais.

Esse volume de receitas, contudo, é muito baixo para o porte e para o desempenho esportivo do clube.

O quadro de receitas mostra o já esperado crescimento do marketing em função do bom patrocínio máster assinado no final de 2009, que deu uma injeção razoável de recursos para o clube (e a ausência de um patrocinador na presente temporada, já perdido o primeiro quadrimestre e caminhando para o fim do semestre, vai complicar as contas ainda mais). Ao mesmo tempo, uma receita sempre importante para o Flamengo, a bilheteria, teve redução apreciável, reflexo do desempenho do time em campo, apesar da participação na Copa Libertadores e, não podemos esquecer, também provocado pelo fechamento do Maracanã. E o pior, nesse caso, é que vem mais dois anos, com sorte, sem poder jogar no seu local predileto.

O balanço não discrimina as receitas com o licenciamento da marca Flamengo, que podem estar embutidas na conta Marketing. Tampouco mostra as receitas com o programa de sócio-torcedor, o que nos deixa sem saber se o programa existe e fatura ou se foi abandonado. De um jeito ou de outro, cada clube precisa encontrar seu caminho próprio e aumentar suas receitas com o quadro de sócios-torcedores. O exemplo do Internacional está aí para ser visto e analisado – mas não copiado, pois cada programa deve ter a “cara” e o espírito do clube e de seu torcedor, não é uma receita de bolo que basta ser copiada.

A verdade é que, embora venham crescendo de forma regular e consistente, mesmo com alguns percalços, as receitas operacionais do futebol do Flamengo estão abaixo do que poderiam e deveriam ser. Não ter um estádio próprio contribui para esse quadro, mas não justifica tudo.

Outro ponto importante para os clubes brasileiros: formação de jogadores. Essa não é uma receita operacional, eu não a considero como tal nas minhas análises, mas sem ela os clubes passam dificuldades e, se o desafio para alguns é lançar as bases para se manterem sem recorrer a essa receita, para o Flamengo o momento é diferente: é reforçar e retomar algo que era tradicional no clube: a formação de bons jogadores. Não só para fornecer à equipe, mas também, e fundamentalmente, para gerar recursos financeiros. Realisticamente, é isso.

Despesas caem no futebol e explodem nos amadores – Será?

O futebol gerou uma receita bruta de 110,3 milhões de reais, contra uma despesa total de 69,3 milhões de reais, gerando um superávit de 41 milhões de reais. A folha de pagamento caiu de 67,6 para 52,6 milhões, uma redução de nada menos que 22,2%. Lembro que em 2008, até o começo de 2009, o clube gastava, somente em salários diretos de 5 ou 6 jogadores um total que passava de 2 milhões de reais todo mês. Isso, naturalmente, não contando encargos sobre esse montante. Um enxugamento na folha era necessário e o time que foi campeão em 2009 já não contava com alguns dos jogadores que contribuíam para esse valor. Fica difícil julgar até que ponto a redução na folha influenciou a ausência de grandes resultados em 2010, dado o ano atípico vivido pelo clube e pelo futebol em particular, mas, de maneira geral, foi uma redução salutar.

Cabe aqui uma observação: o balanço não discrimina os valores pagos, portanto não sabemos a quanto montou o total pago em direitos de imagem, e se esses valores estão incluídos na folha ou na rubrica “despesas gerais”. Essa falta de informações mais completas e, principalmente, mais discriminadas, é um dos problemas desse balanço.

Se o futebol, que é, sem a menor dúvida, a grande “vaca leiteira” do Clube de Regatas do Flamengo, gastou menos, os esportes amadores tiveram uma explosão em seus gastos de pessoal, passando de 12,8 milhões em 2009 para 22,9 milhões de reais em 2010. Um assombroso crescimento de 78,9%. A despesa total da área evoluiu de 25,4 milhões para 45,5 milhões de reais, ou 79,1% de crescimento. Enquanto isso, a contrapartida das receitas dos esportes amadores evoluiu um percentual ainda mais impressionante: 122,3%. O único problema é que o valor saltou de 3,1 para 6,9 milhões de reais, gerando um déficit operacional de portentosos 16 milhões de reais, 131,9% maior que a receita.

Podemos deduzir pelas ausências do balanço, que esses valores de despesas incluem outras áreas que não somente os esportes amadores propriamente ditos. Todavia, o que está escrito, aprovado e assinado é o que foi relatado. Um balanço com informações incompletas ou agrupadas demais, sem discriminação, dificulta um melhor entendimento do que se passou e do que poderá acontecer.

Aliás, como planejar alguma coisa em cima desses números? Se há números internos melhor discriminados, e eu acredito que haja, deveriam, portanto, estar no balanço, facilitando nosso entendimento do que é e como funciona o clube.

Em outras palavras: não dá para saber quanto custou a área de esportes amadores, assim como não dá para ter certeza sobre o valor da folha de pagamentos do futebol.

Dívidas que assustam

Aqui o “bicho pega”. E assusta.

O Passivo Circulante compreende os valores a serem pagos no decorrer dos doze meses seguintes à data de fechamento do balanço, ou seja, o decorrer do ano de 2011. Temos aqui um salto de 48,9%, explicado em boa parte pelos aumentos nos itens “Impostos e contribuições sociais a recolher” (de 34,2 para 52,0 milhões), “Empréstimos em instituições bancárias” (de 23,5 para 43,9 milhões) e “Contas a pagar” (de 26,3 para 51,1 milhões).

O Passivo Não Circulante inclui valores que serão pagos a partir de doze meses da data de fechamento do balanço, ou seja, de 1º de janeiro de 2012 em diante; são os compromissos de longo prazo. Também aqui temos um salto expressivo, da ordem de 20,7%, originado, sobretudo, por 29,2 milhões de “Receitas diferidas”, sem uma nota explicativa a respeito.

Com isso, o Passivo Total atinge o valor de 458,5 milhões de reais, crescendo 33%, bem acima dos exercícios anteriores, exceção feita a 2007, por conta do já citado acordo Timemania.

Li um excelente texto do economista Rafael Strauch, em dois posts publicados no site Flamengonet, e ele levanta várias dúvidas e indagações sobre esse balanço. Como, por exemplo, entre outras, os 29 milhões de receitas diferidas. Eu acredito que esse valor, assim os valores listados em empréstimos bancários, correspondam a adiantamentos de cotas de TV, mesmo porque tenho dúvidas a respeito da aprovação de empréstimos bancários para a maioria dos clubes brasileiros, caso não existam garantias sólidas de terceiros. Na prática, cota adiantada nada mais é que um empréstimo bancário garantido pelas cotas correspondentes.

Ainda na vida real, isso significa que almoço e o jantar de depois de amanhã foram vendidos para pagar o jantar de ontem e, se a administração não for das piores, o almoço de hoje. Com alguns agravantes: taxas e juros sobre o valor. Ou seja, você empenha 100 do futuro e recebe 80 hoje, para pagar a despesa já ocorrida ontem, que custou 60, mas, atrasada, passou a custar 80.

Só o Clube de Regatas do Flamengo comete tal loucura?

Infelizmente, não. Todos, em maior ou menor grau fazem a mesma coisa.

E digo infelizmente porque se fosse só o Flamengo e mais um ou dois seria um problema limitado. Como é geral, temos um problema sistêmico, que ataca todo o setor. E por que? Por que o setor é ruim e não permite a sobrevivência? Ou será que isso ocorre porque as gestões do futebol, de maneira geral, são ruins e ninguém paga nada por isso?

Opa, alguém paga por isso: o torcedor de cada clube e o conjunto da sociedade.

A síntese desse balanço pode ser descrita com apenas dois vocábulos: muito preocupante. A ausência de notas explicativas sobre pontos importantes, diferenças entre valores lançados, a própria forma do balanço, parecendo antes um rascunho do que o trabalho definitivo, tudo isso dá margem a perguntas, a dúvidas e, no torcedor, a temores. 



Equador

O gráfico mostra a evolução da dívida pública do Equador em relação ao PIB, de 1994 a 2011. Em outras palavras, o país está menos endividado: de quase 100% do PIB em 2000 para menos de 20% em 2011. Mas Salmon chama atenção para uma variável que não aparece no gráfico: China. A China concedeu empréstimo de 2 bilhões de dólares para o país recentemente, totalizando 8 bilhões de dívida com a China. Para uma economia com um PIB do Equador, estes valores são razoáveis.

Para a China, a ajuda ao Equador está condicionada a produção de petróleo. Informações apresentadas por Salmon informam que 75% da produção do país está direcionada para a China.

Afirma Salmom que o "Equador agora se assemelha a uma subsidiária integral da China".

05 julho 2011

Rir é o melhor remédio






Mundo moderno



Entidade 3

Mais um relato da relação entre o dono majoritário das ações do Pão de Açúcar e os interesses pessoais:



O piloto Pedro Paulo Diniz conquistou 2 pontos até aqui em sua carreira na Fórmula 1, iniciada em 1995. Como a transmissão da televisão é centrada nos líderes, o espectador quase não o vê - e pouco vê, também, o nome Parmalat, patrocinador da escuderia pela qual corre Diniz, pintado com destaque em seu carro. (...) Pelo patrocínio que lhe dá direito a mostrar seu nome no carro de Diniz, a Parmalat, um dos maiores fabricantes de alimentos do país, paga cerca de 5 milhões de dólares por ano. 

Vale a pena gastar tanto dinheiro por tão pouco resultado? A pergunta é feita com freqüência nos departamentos de marketing de muitas empresas que têm diante de si uma questão complicada: decidir se devem ou não patrocinar estrelas do esporte. À primeira vista, o patrocínio a Diniz não parece um bom negócio. Além de pouco aparecer nas telas da TV, a Parmalat está associando sua marca a um piloto que, pelo menos até aqui, não tem a imagem de vencedor. (...)

Sob o aspecto custo versus sucesso esportivo, portanto, a associação entre o nome Diniz e a marca Parmalat é uma operação comercial decepcionante. Mas a coisa muda de figura quando se examina a lógica empresarial que vai além das pistas e dos pódios. Pedro Paulo é um dos 4 filhos do empresário Abílio dos Santos Diniz, principal acionista do grupo Pão de Açúcar. 

Com cerca de 220 lojas espalhadas pelo país, o grupo é a segunda maior rede de supermercados do Brasil. Seu faturamento alcançou 3,2 bilhões de dólares em 1995, segundo MELHORES E MAIORES. É também o segundo maior cliente da Parmalat no varejo, atrás apenas do Carrefour. A rede dos Diniz, na verdade, é fundamental para qualquer fornecedor. 

"O patrocínio a Pedro Paulo resultou numa boa vontade do Pão de Açúcar em relação à Parmalat", diz Willy Herrmann, sócio da Image Brasil Marketing, empresa responsável pela aproximação entre patrocinadores e a Forti Corse, escuderia de estréia do piloto na Fórmula 1. "Essa boa vontade era manifestada tanto por Abílio Diniz quanto pelos repositores de lojas." E o que significa, precisamente, boa vontade? EXAME procurou a Parmalat e o Pão de Açúcar para falar a respeito do assunto. As 2 empresas preferiram o silêncio no que diz respeito aos ne...gócios. "Não olhamos a árvore genealógica de um piloto antes de patrociná-lo", diz José Carlos Brunoro, diretor de esportes da Parmalat. 

Mas é fato que o apoio à carreira esportiva de Pedro Paulo ajudou a Parmalat a abrir espaço na rede da família Diniz. Segundo um executivo que participou das negociações, Parmalat e Pão de Açúcar acertaram um acordo comercial especial tão logo selado o patrocínio. O Pão de Açúcar comprometeu-se a colocar em suas lojas todos os produtos Parmalat - de leite longa vida a panetone importado da Itália. A Parmalat passou também a estabelecer cotas anuais mínimas de venda de seus produtos para o Pão de Açúcar. "O que chama a atenção é a rigidez com que o acordo é cumprido", diz um ex-executivo da empresa. 

Certa vez, gerentes de loja queriam interromper a compra de iogurtes da Parmalat em virtude de problemas na distribuição. Não conseguiram. Parcerias entre fornecedores e varejistas fazem parte do jogo. Nos Estados Unidos, por exemplo, a Wal-Mart tem um esquema semelhante com a Procter & Gamble. O próprio Pão de Açúcar mantém diversas outras parcerias com grandes empresas fornecedoras, assim como fazem seus concorrentes na área de supermercados. Atípico é um fornecedor conseguir a garantia de permanência de toda a sua linha de produtos no ponto-de-venda durante 1 ano inteiro. "A lei do varejo é o giro", diz o consultor Dix. "Se um produto não vende rápido, fica fora do jogo." 

Apesar da força da marca, produtos da Parmalat como biscoitos e café solúvel têm vendas reduzidas quando comparadas à concorrência. Na Grande São Paulo, por exemplo, a participação de mercado dos biscoitos Parmalat é de 3,2%, segundo pesquisa Nielsen realizada em agosto. Numa disputa por espaço, quais seriam as chances de um produto como esse? Pequenas. Ou qual destaque ele receberia no ponto-de-venda? Pouco. A Parmalat, entretanto, não encontra dificuldades para colocar seus lançamentos nas lojas da rede Pão de Açúcar, enquanto no Carrefour, por exemplo, cada lançamento tem de ser negociado caso a caso. Às vezes, loja a loja. 

O restante do texto pode ser lido aqui. Novamente o conceito de Entidade é importante. Sobre a carreira de Diniz, filho, na Fórmula 1, veja aqui.

Entidade 2

Em 2001 um acidente num helicoptero matou a modelo Fernanda Vogel. Eis um trecho do relato do acidente:  
O acidente teve tanta repercussão porque envolve o filho de um dos mais poderosos empresários brasileiros, Abilio Diniz, dono do Grupo Pão de Açúcar. Aos 37 anos, João Paulo ocupa uma vice-presidência no conselho do grupo e é sócio de uma série de restaurantes luxuosos de São Paulo. Ele também é conhecido por namorar belas mulheres. Após o fim do casamento com Paula Mott, já foi visto em companhia da modelo Gisele Bündchen. Além disso, o desastre deixou como vítima fatal uma modelo de rara beleza. Aos 20 anos, Fernanda Vogel fazia sucesso nas passarelas, pois misturava a pele morena a traços levemente orientais. O acidente interrompeu uma promissora carreira. (...) A apuração sobre o que provocou a queda do helicóptero Agusta A109 Power, pertencente ao Pão de Açúcar, ainda vai demorar. (...) 

Quase todo fim de semana João Paulo Diniz ia à casa de praia que a família mantém em Maresias. Por estrada, o balneário está localizado a 200 quilômetros ao norte da capital paulista, percurso cumprido em três horas e meia. Pelos céus, voa-se 115 quilômetros em linha reta, etapa vencida em trinta minutos, no máximo. Em várias das viagens de João Paulo a Maresias, os dois filhos de seu casamento com Paula Mott (Abilio, de 4 anos, e Rafael, 2) o acompanhavam no helicóptero. 

Desconsiderando os aspectos da tragédia, é interessante notar que um ativo pertencente ao grupo era sistematicamente utilizado para fins pessoais. 

Entidade 1

As duas imagens a seguir foram retiradas do sítio do Grupo Pão de Açúcar:


No endereço oficial do grupo, um link em destaque para um "site" pessoal. A outra fotografia aparece o empresário disputando uma corrida.

Na contabilidade existe o conceito da Entidade. Entre outros aspectos, isto significa que se deve separar o que é da empresa com os interesses pessoais.

O grupo Pão de Açúcar é conhecido por desrespeitar a "Entidade" de maneira sistemática.

Os riscos de um novo código comercial

A proposta de um novo Código Comercial, objeto de recentes notícias e de audiência pública na Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ) da Câmara dos Deputados, tem recebido apoio público de importantes entidades, juristas e lideranças políticas. Um novo Código, porém, afetará a jurisprudência e práticas de mercado já firmadas com base no Código Civil, Lei das Sociedades por Ações e outras leis. Com isso, poderá prejudicar a segurança jurídica.A proposta é bem intencionada e suas motivações relevantes. De fato, o direito civil e comercial são distintos e sua união formal no Código Civil resultou tecnicamente deficiente. O Código Civil é incompleto, imperfeito e, em certos aspectos, anacrônico. Por exemplo, regula as sociedades limitadas de forma complexa e conflituosa com outros tipos societários. Há ainda excessivas leis esparsas em matéria de direito comercial, cuja compreensão sistemática é dificultosa.


Os objetivos de um novo Código Comercial, segundo seus apoiadores, seriam consolidar normas esparsas, atualizar e corrigir disposições vigentes, proporcionar maior segurança jurídica e, com isso, atrair investimentos e fomentar o desenvolvimento da economia e do país. O novo Código Comercial também seria instrumento para provocar reflexão da sociedade civil sobre a legislação comercial e estimular a produção doutrinária e jurisprudencial.


É questionável se um novo Código Comercial atingiria adequadamente todos esses objetivos. O aperfeiçoamento das normas vigentes é necessário, mas seria melhor realizado mediante mudanças pontuais na legislação ou, eventualmente, consolidação de leis num único diploma, preservando-se o conteúdo normativo original. Nada impede que a necessária reflexão da sociedade civil sobre a legislação comercial expresse-se dessa forma.


Tramita na Câmara dos Deputados, por exemplo, o Projeto de Lei (PL) nº 118, de 2007, que já propõe alterações a artigos do Código Civil relativos às sociedades e pode ser aprimorado no seu curso legislativo. Sem aqui analisá-lo, o PL nº 18, de 2011, que cria a empresa individual de responsabilidade limitada, foi aprovado e encaminhado, em 20 de junho, para sanção presidencial. A Lei nº 12.431, em vigor desde 27 de junho, modificou a Lei das Sociedades por Ações no que se refere, entre outras matérias, a debêntures e a participação à distância de acionistas em assembleias gerais de companhias abertas. Já em relação a consolidação de leis, há esforços dessa natureza em matérias de saúde, assistência e seguridade social, sob os PL nº 4.247, de 2008, nº 3.800, de 2008, e nº 7.078, de 2002.


Bem ou mal, o Código Civil, promulgado apenas em 2002 e cujo projeto tramitou por 26 anos no Congresso Nacional, trouxe inovações ao direito comercial já interpretadas pelo Departamento Nacional de Registro do Comércio e doutrina, e absorvidas pelas práticas de mercado. A Lei das Sociedades por Ações, de 1976, é bem redigida e serve de base para valiosa e extensa jurisprudência e regulamentação pela Comissão de Valores Mobiliários. A Lei nº 11.101, de 2005, que trata de recuperação judicial, extrajudicial e falência, representou um importante avanço, e é objeto de esforços interpretativos pelo Poder Judiciário, os quais apenas começam a aclarar sua aplicação.


O argumento de que um novo código proporcionaria maior segurança jurídica e, por consequência, atrairia investimentos, é questionável. Embora no Brasil o direito tenha origem em legislação, a jurisprudência e a regulamentação servem para interpretá-la, afastar dúvidas e dar-lhe contornos mais concretos, o que exige tempo e sucessivos testes de casos concretos. A boa aplicação da legislação, mediante procedimentos judiciais, arbitrais ou administrativos ágeis e de resultado razoavelmente previsível favorece a segurança jurídica de forma mais determinante que a redação das leis e códigos.


Evidentemente, a produção jurisprudencial deve evoluir constantemente com base nos reclamos da sociedade e correspondentes inovações legislativas. A legislação deve ser ponto de partida adequado, e o esforço de melhorar sua qualidade e coerência é válido. Porém, a jurisprudência não deve ser reinaugurada por efeito de amplas e frequentes reformas legislativas. Do ponto de vista prático, a legislação imperfeita, se suficientemente compreendida e aplicada de forma minimamente consistente pelas autoridades competentes, pode ser melhor que a nova e abrangente legislação.


O advento de um novo Código Comercial lançará novas dúvidas sobre questões de direito comercial tratadas, ainda que imperfeitamente, em lei, e hoje em avançado processo de amadurecimento e compreensão por empresários, advogados e autoridades. Reformar toda a legislação comercial e submetê-la a novos testes interpretativos poderá representar um retrocesso. Há risco de um novo Código Comercial agravar a segurança jurídica no Brasil e, assim, atingir o efeito inverso do pretendido.

Fonte: Marcelo Perlman e Michel Sancovski -Valor Econômico

Gasto em Saúde

A criatividade dos governos estaduais na hora de declarar os gastos com saúde não tem limites. Para atingir o valor que, por lei, eles devem investir em ações e serviços públicos da área, vale tudo - despesas com pensões, assistência social, fundos habitacionais, reforma agrária e até compra de leite. Inflados, os gastos garantem que os estados cumpram as regras definidas em 2000 pela Emenda 29, que estipula a destinação de, no mínimo, 12% de suas receitas à saúde.


Em cinco anos, no período de 2004 a 2008, vinte estados camuflaram um montante de 13,4 bilhões de reais em investimentos em saúde. Minas Gerais lidera o ranking: declarou 4,6 bilhões de reais a mais do que efetivamente gastou na área. Avaliação feita pelo Sistema de Informações sobre Orçamentos Públicos em Saúde (SIOPS), órgão do Ministério da Saúde, encontrou entre as despesas gastos com a Polícia Militar, com o Corpo de Bombeiros e até com o Fundo de Apoio Habitacional da Assembléia Legislativa. Os dados coletados entre 2004 e 2008 são os mais recentes analisados pelo Ministério da Saúde.

(Veja, Estados declaram pensões e leite como gastos em saúde, Fernanda Nascimento, Gabriel Castro e Adriana Caitano)

04 julho 2011

Rir é o melhor remédio

Fonte: aqui

Teste 497


O livro Summa de Arithmetica, Geometria, Proportioni et Proportionalita, escrito por Luca Pacioli, continha dez capítulos sendo _____ de aritmética, ____ de algebra, um de negócios e _____ de geometria e trignometria.

Sete - um - um
cinco - quatro - um
quatro - cinco - um

Resposta do Anterior: 7,5 bilhões, credor

Pesquisa sobre lesão no cérebro




A seguir, um estudo sobre as lesões traumáticas em Asterix

O objetivo do presente estudo foi analisar a epidemiologia e os fatores de risco específico de lesão cerebral traumática (TBI) nos livros de quadrinhos ilustrados do Asterix. Entre a literatura ilustrada, TBI é um padrão de lesão predominante. Uma análise retrospectiva do TCE em todos os 34 livros em quadrinhos Asterix foi realizada através da análise do estado inicial neurológico e sinais de TCE. Os dados clínicos foram correlacionados com informações sobre o mecanismo de trauma, o fundo sociocultural das vítimas e agressores e as circunstâncias dos traumas, para identificar fatores de risco específicos. 
 RESULTADOS: Setecentos e quatro Tbis foram identificados. A maioria das pessoas envolvidas eram adultos e do sexo masculino. A principal causa de trauma foi de assalto (98,8%). Traumas foram classificados em graves em mais de 50% (GCS 3-8). Diferentes déficits neurológicos e os sinais de fraturas de crânio basal foram identificados. Embora mais da metade dos ferimentos na cabeça as vítimas apresentava grande dificuldade inicial de consciência; nenhum caso de morte ou déficit neurológico permanente foi encontrado. O maior grupo de feridos na cabeça foi constituído por romanos (63,9%), enquanto os gauleses causou cerca de 90% dos Tbis. Capacetes foram usados por 70,5% das vítimas, mas foram perdidos na grande maioria dos casos (87,7%). Em 83% dos casos, Tbis foram causados sob a influência de um agente de doping chamado "poção mágica". 
CONCLUSÕES: Embora mais da metade dos pacientes tinham um comprometimento inicialmente grave de consciência após TCE, sem déficit permanente pôde ser encontrado. Nacionalidade romana, perda do capacete e ingestão da poção mágica foram significativamente correlacionadas com comprometimento inicial grave de consciência (p ≤ 0,05).


Fonte: Via aqui. Vale concorrer ao Ignóbil.

Futebol

Vejam o lance do campeonato mundial de futebol feminino, entre Austrália e Guiné Equatorial.



O juiz não marcou penalti no lance.