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10 maio 2021

Rica e cheia de dinheiro Wikipedia


Ao receber o aviso acima, resolvi fazer uma doação para a Wikipedia. Gosto da enciclopédia como uma fonte de dados para iniciar uma pesquisa e uma forma de distribuir conhecimento geral gratuito na internet. Além disto, admiro a rapidez com que o conhecimento é atualizado. Mas errei. Deveria ter olhado o GiveWell para escolher uma entidade do terceiro setor para quem deveria doador. Ou ter tentado ver as demonstrações contábeis da Fundação, para saber algo sobre suas finanças. Mas confesso que agi por impulso. O apelo de manter a Wikipedia funcionando foi maior. Nem lembrei dos alertas de Siva Vaidhyanathan, que em A Googlelização de Tudo alertou para ligação entre a Wikipedia e o Google. 

Depois que li o artigo comentando os laços profundos da Wikipedia com a Big Tech (Big Tech são as grandes empresas de tecnologia) senti que minha decisão foi errada. Michael Olenick faz um grande levantamento sobre a Wikipedia, revelando que, ao contrário do anúncio acima, a enciclopédia não está pobre, nem mostra todo seu financimento e como isto afeta o conteúdo sensível para suas fontes de financiamento. 

Eis alguns pontos relevantes apresentados por Olenick:

1. A Wikipedia e a Wikimedia, organização sem fins lucrativos da Wikipedia, tem grandes recursos financeiros, ao contrário do anúncio solicitando doação. Estes recursos são mais que suficiente para manter a enciclopédia funcionando para os próximos anos. Suas informações indicam um ativo líquido de 180 milhões de dólares, um valor bem expressivo para uma entidade do terceiro setor. Além disto, a Tides Foundation, uma entidade que trabalha em colaboração estreita com a Wikimedia, possui outros 63 milhões de dotação para a Wikimedia.

2. A Wikimedia tem um grande potencial de arrecadação - Apesar de não o acesso que as Big Tech possuem, a Wikimedia não é pobre. Por ser do terceiro setor, depende de doadores, é verdade. Quando Alexa responde uma pergunta feita por uma pessoa, a inteligência artificial da Amazon busca na Wikipedia esta resposta. Manter viva a Wikipedia é de interesse do Google (dono deste Blogger), da Amazon, da Apple e outras empresas. A questão é como transferir recursos para Wikimedia sem um contrato de serviço. E a existência de contrato de serviço pode diminuir as doações de pequenos usuários, como o meu caso, e a possibilidade de usar os recursos humanos gratuitos. A Wikimedia pode abrir uma subsidiária em Delaware, por exemplo, e fazer este contrato. 

3. A evolução dos números da Wikimedia mostra uma entidade bastante saudável. Veja abaixo

Em termos de ativos líquidos, em 2015 o valor era de 78 milhões (todos os valores estão em US$ milhões). Em 2020 era 180 milhões, o dobro de seis anos antes. Os salários, geralmente a principal despesa de uma entidade do terceiro setor, corresponde a 30% deste ativo. 

4. Os funcionários da Wikimedia são bem remunerados - A entidade possui 255 funcionários, o que significa uma média salarial de 218 mil dólares. Isto foi obtido dividindo o valor da coluna salários pelo número de funcionários. 

5. Há um problema de transparência - a relação entre a Wikimedia e a Tides não é muito clara. A Tides não divulga, por exemplo, seus benfeitores. Sabe-se que o Google já fez doações para Tides, através da Google.org, em um valor total de 50 milhões. A Tides fez doações para Wikimedia de 2,5 milhões. 

6. Isto termina por afetar a isenção da Wikipedia - A pesquisa mostra diversos exemplos. Mas gostaria de citar o verbete sobre lei antitruste, que não faz qualquer citação do Google, Amazon, Facebook ou Apple. O verbete do Google fala deste problema apenas cinco vezes; da Amazon, apenas uma. Há suspeita que o Google apoie a Wikipedia na parte tecnológica. (Estranho que a taxa de internet, da Tabela acima, mostre um valor pequeno e praticamente constante)

7. Como os dados da Wikipedia são usados pelos recursos de inteligência artificial das empresas de tecnologia, isto pode ser um canal de divulgação de desinformação. Além da questão da isenção, a atuação de governos e "editores" pode atrapalhar a qualidade dos dados. 

8. A Wikimedia Enterprise pode ser um canal entre a Big Tech e a Wikimedia. 

Simplesmente não há como Google, Amazon e Apple republicarem o conteúdo da Wikipedia na escala que fazem sem uma garantia sólida de que suas empresas foram protegidas de uma nevasca de litígios de direitos autorais meritórios.

06 junho 2018

Resenha: Kindle

Uma das melhores invenções atuais: livro eletrônico. Mais especificamente: o Kindle, da Amazon.

A primeira vez que comprei um kindle foi na mesma época em que o iPad foi lançado. Algumas pessoas não entenderam porque eu o escolhi ao invés do tablet... Mas eu explico: para mim o atrativo principal foi a chamada “tinta virtual”. Se você leu esta resenha até aqui, há grandes chances de você também gostar de livros, então acredito sim que a e-ink fará diferença em sua vida.

Eu sempre li muito e em algumas épocas fico com dores nos olhos, então simplesmente usar um tablet não era a melhor opção, já que dizem prejudicar a visão. O kindle não tem esse problema, além de não ter a famosa “luz azul”. Ele é tão bem feito que em alguns momentos eu cheguei a esquecer que estava com um dispositivo, e não com o livro.

Mais prós: você pode ajustar o tamanho da letra; ninguém sabe o que você está lendo; não pesa; cabe em qualquer lugar; não reflete a luz do sol.

Eu não deixei de usar papel, mas às vezes é um luxo poder comprar o livro físico, já que para títulos não-técnicos há diferença considerável no preço, ainda mais ao se acrescentar o valor do frete. E essa, para mim, é a maior das vantagens: o preço. Livro virtual é frequentemente mais barato.

Vale a pena: Sim! Pra mim o que poderia melhorar seria permitir presentar e-books, que atualmente não acontece. Mas já é possível emprestar livros. (Você pode emprestar cada título até duas vezes e cada empréstimo fica válido por 15 dias, salvo engano.)

Em tempo:
Já dei essa dica aqui, mas acho que vale repetir: sugiro colocar os livros que você pretende comprar na “lista de desejos”, que há na Amazon, e esperar por promoções. Na “semana do consumidor” (e estão sempre inventando alguma “data comemorativa” – Amazon Day é o melhor) eu comprei mais de dez livros em uma média de R$ 15 cada. Eu já tentei me aventurar em outros aparelhos como o kobo, mas aqui no Brasil ainda não há uma loja que eu tenha percebido ter preços que possam competir com o que a Amazon oferece pro kindle.

E também: não compre o aparelho pelo valor cheio. Sempre há promoções da Amazon com ao menos R$80 de desconto, ou há outros sites que vendem o aparelho mais em conta. Nesta semana, por exemplo, está havendo esse desconto por causa do Dia dos Namorados.

via GIPHY

Em tempo - comentário do Alexandre que acrescenta muito ao texto:
Tenho muitos livros técnicos e de assuntos variados. A sua leveza possibilita levar sua biblioteca virtual para qualquer lugar, isso é ótimo.

Além dos recursos já destacados no post tem a vantagem de poer ler o acervo em aplicativo instalado no celular, tablet ou notebook.

No notebook ainda dá pra copiar e colar o texto, o que facilita muito quando estamos usando o livro como referência em alguma pesquisa.

Tem dicionário agregado para inúmeros idiomas e possibilidade de compartilhar trechos diretamente para o Twitter e Facebook.
 
Outro recurso legal bem legal é o marca texto. Depois de ler e destacar trechos é possível ler só o destacado... em uma lista destaques... dessa lista é possível clicar no trecho e ir direto para o contexto do trecho.
Muito bom para estudar e rever coisas importantes.. isso não tem como fazer com a mesma rapidez em livro em papel.

05 setembro 2018

Amazon


Algumas semanas após a Apple alcançar o valor de mercado US$ 1 trilhão, chegou a vez da Amazon!

Segundo o NY Times, a Amazon captura cerca de 49 centavos de cada dólar de comércio eletrônico nos Estados Unidos. Também emprega mais de 550.000 pessoas, gera US $ 178 bilhões em receita anual. E vende de tudo, desde livros, até espaço de computação em nuvem, alface e compromissos com encanadores.

Na terça-feira (4/09) as ações da varejista online foram negociadas em alta de 1,4%, a US$ 2.041,68 e chegaram ao nível de US$ 2.050,2677, totalizando um valor de mercado de US$ 1 trilhão.

A Amazon cruzou o limite de US$ 2.000 por ação pela primeira vez em 30 de agosto, depois de dobrar seu preço em apenas 10 meses. As ações chegaram a US$ 1.000 em 27 de outubro de 2017. Os papéis atingiram US$ 100 pela primeira vez em 23 de outubro de 2009.

O NY Times acrescenta que o que a empresa mais vende é a empolgação. Há muitas postagens interessantes sobre a Amazon aqui no blog e para acessá-las basta clicar: aqui.

Outras empresas próximas do valor de mercado de US$ 1 trilhão: Alphabet (US$ 852 bilhões), Microsoft (US$ 862 bilhões), Facebook (US$ 500 bilhões).


18 janeiro 2019

Façam as contas

Leiam o seguinte texto sobre a Amazon Go, a rede de supermercados sem caixa que a Amazon pretende abrir:

A estimativa do banco de investimentos [RBC Capital Markets] é corroborada pelo modelo de negócios. Na Amazon Go, o consumidor não precisa passar por caixas eletrônicos porque sensores monitoram o que ele está levando e cobram automaticamente via aplicativo. Ao abrir mão dos funcionários de caixa, o relatório estima que isso pode gerar até 50% mais receitas para o estabelecimento. Ele também calcula que o ticket médio dessas lojas pode ser de US$ 10, com uma média de 550 clientes por dia, totalizando média de US$ 1,5 milhões por ano por uma loja (1). Para efeito de comparação, a Associação Nacional das Lojas de Conveniência dos Estados Unidos estima que um empreendimento do gênero lucrar US$ 1 milhão ao ano (2).

Caso o plano da Amazon de abrir 3 mil unidades até 2021 se concretize, a rede poder lucra até US$ 4,5 bilhões (3) com as estimativas da RBC.


Fonte: Rede de mercados sem caixa da Amazon pode valer US$4 bilhões ate 2021 (4)

(1) Se o ticket médio é de 10 e o número de clientes por dia é de 550, isto significa uma receita diária de 5.500 dólares. Considerando 360 dias em um ano, a receita anual seria: 360 x 5.500 = 1.980.000 ou quase 2 milhões de dólares. Algo estranho. O valor de 1,5 milhão é compatível com um ano de 272 dias (ou 1,5 milhão / 5,5 mil)

(2) se a receita é de 50% maior que um estabelecimento típico, a receita de um empreendimento do gênero seria de 1.980.000/1,5 = 1.320.000 de receita. Mas o texto usar "lucro". Se for verdade, isto significa que um estabelecimento típico tem uma receita de 1,32 milhão e um lucro de 1 milhão, o que significa uma margem de 76%. Muito alto. Considerando uma receita de 1,5 milhão, o lucro de um estabelecimento típico seria igual a receita. Uma possível explicação: um erro de tradução, com a confusão entre "lucro" e "receita".

(3) isto corresponde a 4,5 bi / 3.000 mil lojas, que é igual a 1,5 milhão por loja. Mas o termo usado é lucro e não receita. Seria uma confusão na tradução. Assumindo isto, este número é coerente.

(4) como a receita estimada (ou lucro?) é de 4,5 bilhões, o título confundiu receita com valor.

14 abril 2024

Drones da Amazon e uma aposta questionável

O CEO da Amazon, Andy Jassy, divulgou sua carta anual aos acionistas nesta manhã. Ele registrou modestas 5.448 palavras — essencialmente um livro infantil em comparação com o tomo de 28.000 palavras de Jamie Dimon, mas ainda cerca de cinco vezes mais longo do que o boletim informativo comum da Bloomberg Opinion. “Quando feita corretamente, uma carta aos acionistas permite que a personalidade de um CEO brilhe — de uma maneira altamente jurídica e editada”, escreve Beth Kowitt. Mas no caso de Jassy, ele pode acabar parecendo um tolo.


Uma de suas grandes apostas em 2024 é o “Prime Air”, o novo serviço de entrega por drones da Amazon, que ele diz que eventualmente permitirá que a empresa de comércio eletrônico entregue pacotes aos clientes em menos de uma hora. Embora haja certamente uma necessidade a ser atendida aqui — a preguiça humana não tem limites! — Leticia Miranda diz que há alguns problemas com a metodologia:

Os drones da Amazon só podem carregar pedidos que pesem até cinco libras, e os itens não podem ser muito frágeis porque precisam sobreviver a uma queda de 12 pés... Um estudo de 2023 da McKinsey estima que uma entrega de drone de um único pacote custa à empresa cerca de $13,50, o que é mais caro do que a entrega via veículo elétrico ou a gás fazendo apenas uma entrega. Para que os drones deem lucro à empresa, um único operador terá que gerenciar até 20 drones ao mesmo tempo.

Vinte drones!!! Considere, por um momento, o que isso pode significar para sua cidade. (...)

Sem mencionar que os drones são barulhentos! Este estudo de 2021 os descreveu como sendo “substancialmente mais irritantes” do que um avião comum ou um congestionamento. No futuro, ainda precisaremos de muitos e muitos humanos para entregar coisas. (...)

Fonte: Bloomberg

13 março 2010

E-book


O livro eletrônico (E-book) tornou-se uma realidade com o lançamento e consolidação do Kindle, da Amazon. As vantagens são significativas, entre as quais a facilidade de acesso e o custo. Sobre o custo, a discussão diz respeito ao preço justo dos livros que são vendidos.
Quando a Amazon divulgou seu livro eletrônico, a empresa acenou para possibilidade de comercializar os livros a 9,99 dólares, o que corresponde a um preço um pouco acima dos quinze reais. Este valor é um atrativo, já que o leitor brasileiro geralmente incorre num custo elevado do frete.
A lista dos mais vendidos revela que o preço encontra-se acima deste valor, em torno de treze dólares. Entretanto, existem extremos dentro da loja da Amazon. Um grande número de obras é vendido por valores simbólicos (alguns centavos de dólares até dois dólares). Mas outro número de obras possui um preço muito mais salgado, ultrapassando a casa dos cinqüenta dólares.
Algumas editoras não gostaram da idéia de vender suas obras por menos de dez dólares. O argumento, é o que nos interessa, é tipicamente da contabilidade de custos.
Livro Tradicional
Comecemos com um livro tradicional. Metade do valor que você paga por ele fica com as livrarias. As despesas operacionais (impressão, estocagem, distribuição, capa, edição etc) correspondem a US$4 dólares nos Estados Unidos. No Brasil deve ser maior em razão da tiragem da dispersão territorial. Os direitos autorais correspondem a 15% do preço de capa, nos EUA, e a 10%, no Brasil. Calculando uma despesa de marketing de US$1 dólar, tem-se a seguinte estrutura de custos:
Preço – 0,5 x Preço – 4 – 0,15 x Preço – 1 = 0,35 Preço – 4,00
Supondo um livro vendido a $25 tem-se:
Lucro = 0,35 x 25 – 4,00 = 4,75
Este é o valor por exemplar. Sobre este montante é necessário calcular as despesas indiretas da empresa.
Livro Eletrônico
Os custos de distribuição do livro eletrônico são, inicialmente, menores, representando 30% do valor do preço da capa. De igual forma, o custo de marketing também é menor, já que se aproveita das despesas já realizadas com o livro tradicional. A princípio, os valores dos direitos autorais são, percentualmente, maiores; mas como o preço é menor, o valor por produto vendido é menor para o autor. Existe um custo adicional de conversão do livro tradicional num livro eletrônico, mas o valor deve estar em torno de cinqüenta centavos de dólar. A estrutura de custos seria:
Preço – 0,3 x Preço – 0,75 – 0,20 x Preço – 0,50 = 0,5 x Preço – 1,25
Estamos considerando custo de marketing de US$0,75 e direitos autorais de 20%. Se o preço for de treze dólares o lucro será:
Lucro = 13 x 0,5 – 1,25 = 5,25

 

Observe que o lucro seria superior ao livro tradicional, indicando que o livro eletrônico seria um bom negócio para as editoras.
Entretanto esta conclusão deve ser considerada com ressalvas por três razões principais.
Em primeiro lugar, estes cálculos foram realizados considerando que o livro eletrônico seria um subproduto do livro tradicional. A realidade mostrou que o avanço do livro eletrônico pode reduzir o número de exemplares de livros tradicionais vendidos. Assim, alguns custos que hoje estão considerados no livro tradicional devem ser suportados pelo livro eletrônico.
Em segundo lugar, o processo de canibalização poderá fazer com que a estrutura do livro tradicional torne-se muito dispendiosa, sendo necessário existir um subsídio cruzado, do livro eletrônico para o livro tradicional.
Em terceiro lugar, o livro eletrônico pode criar um processo de expectativa de reduzido preço por parte dos compradores. Assim, os clientes provavelmente não desejarão pagar cinqüenta dólares por um livro de custo, mesmo que ele tenha oitocentas páginas, com ilustrações. Isto teria também um efeito sobre o livro tradicional, pressionando por uma redução na margem praticada pelas livrarias e, conseqüentemente, pelas editoras.
Existirá uma pressão no canal de distribuição, das livrarias. Entretanto, se o livro eletrônico tornar-se mais popular, provavelmente as atuais livrarias serão as lojas de discos de hoje.


Os dados deste texto foram baseados livremente no texto de Motoko Rich, Math of Publishing Meets the E-Book, para o New York Times.

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17 setembro 2012

Leitor Eletrônico

"A briga pelo nascente mercado brasileiro de livros digitais promete esquentar. A Livraria Cultura anunciou na quinta-feira uma parceria com a canadense Kobo para trazer leitores eletrônicos e livros digitais para o País, na preparação para a chegada da operação de varejo da americana Amazon. "A parceria deve impulsionar o mercado de e-books por aqui", afirmou Sergio Herz, presidente da Livraria Cultura.

A empresa planeja vender quatro modelos de e-readers da Kobo, sendo um deles um tablet com sistema operacional Android. Os planos são agressivos. "Ainda não definimos os preços, mas o primeiro modelo deve ser mais barato que o Kindle importado", disse Herz. Com lançamento previsto para o fim do próximo mês, o primeiro modelo será o Kobo Touch, que custa US$ 99 nos Estados Unidos. Um Kindle International [o mais simples], comprado diretamente do site americano da Amazon, sai no Brasil por cerca de R$ 450, com impostos.

[...]

?"Espero que nosso lançamento venha a incentivar as editoras brasileiras", disse Pedro Herz. "Elas já estão lançando os livros novos também na versão digital, mas existe uma oportunidade muito grande no catálogo." Assim como a Amazon, a Kobo tem um sistema em que escritores independentes podem publicar seus livros digitais diretamente. Esse serviço não será trazido ao Brasil no mês que vem, mas está nos planos da Cultura oferecê-lo por aqui.

[...]

A expectativa sobre a chegada da Amazon no Brasil é grande. A empresa tenta negociar acordos com editores e tenta aquisições. Apesar de não existirem informações oficiais, pessoas do mercado diziam, há alguns meses, que o lançamento seria em setembro. Agora, muita gente já diz que a estreia da operação de varejo provavelmente ficou para o ano que vem. As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.
"

"Livraria Cultura entra no mercado de leitor eletrônico", Renato Cruz, Agência Estado.

28 julho 2021

Revisões profissionais ou palpites da massa

A popularização do sistema de avaliação criou uma questão importante: qual opinião é mais relevante, dos críticos ou das classificações baseadas nas multidões? Veja o caso do cinema; o IMDb utiliza a opinião das pessoas que queiram palpitar sobre seu filme, enquanto o Rotten trabalha com os críticos. Ou o caso da avaliação de um restaurante. Ou a avaliação de um livro.

Existindo sabedoria das multidões, o razoável seria indicar que o sistema de classificações das multidões. Eis uma pesquisa importante sobre o assunto: 

Em um artigo na American Economic Review, Waldfogel e co-autor Imke Reimers investigaram os impactos relativos das análises dos críticos profissionais e das classificações baseadas em multidões no bem-estar do consumidor de mercado de livros.

Waldfogel e Reimers se concentraram em livros vendidos pela Amazon, responsável por quase metade do mercado de livros físicos dos EUA. Eles usaram medidas diárias de classificações de vendas e classificações por estrelas baseadas em multidões para 21.546 edições vendidas durante 2018 e fizeram referência cruzada desses dados com análises profissionais, incluindo The New York Times.

Revisões profissionais e classificações da Amazon tiveram impactos significativos nas vendas. Nos primeiros cinco dias após a publicação, as vendas do livro melhoraram 55% e, ao longo de um ano, as vendas aumentaram 2,8%. As críticas aumentaram a receita de vendas de livros em quase US $ 20 milhões. Os ratings de estrelas da Amazon renderam um aumento de US $ 27,51 milhões.

As figuras abaixo mostram os impactos do New York Times (painel esquerdo) e outras revisões profissionais importantes (painel direito) por 20 dias antes e 40 dias após a revisão. O painel esquerdo mostra que o Times ofereceu uma melhoria imediata no ranking de vendas. (...) Outras análises profissionais também têm um impacto considerável, embora não tanto quanto a revisão do Times. 



(...) Apesar argumentos em contrário, o crescente domínio do mercado da Amazon não enfraqueceu a influência de revisores profissionais. Os autores descobriram que a crítica do NY Times não teve menos impacto em 2018 do que em 2004.

16 março 2019

Guerra e Paz

Um texto do Business Insider  mostra a amizade e a briga entre as quatro grandes empresas de tecnologia: Amazon, Apple, Facebook e Google. Recentemente, a Apple descobriu que o Facebook estava abusando as regras dos aplicativos e resolveu “punir” a empresa. Mas logo depois, soube que o Google também estava fazendo a mesma coisa. Só que a Apple recebe bilhões do Google para ser o default de busca padrão dos aparelhos da empresa. E outros fatos são apresentados.

Ou seja, era uma vez um tempo onde a Amazon vendia livros, a Apple hardware, Google era mecanismo de busca e Facebook uma rede social. Hoje, Google e Amazon competem na computação em nuvem, por exemplo. Entre os quatros, a relação entre Facebook e Amazon seja a mais fraca. Mas isto pode mudar.  No passado, o CEO do Google fazia parte do conselho de administração da Apple; hoje não mais.

Conclusão : A tensão provavelmente supera a cooperação, especialmente porque cada uma das quatro empresas procura convencer os reguladores de que os outros precisam de controle. As interdependências não desaparecerão, portanto, esperem mais escaramuças 

05 setembro 2021

Valor de Mercado da Amazon

A empresa de comércio Amazon chegou a vendas de 125 bilhões de dólares. E a um valor de mercado de 1,7 trilhão. A comparação com o tamanho de uma economia é algo errado. Mas torna mais palpável entender o que significa ter um valor de mercado de 1,7 trilhão. O gráfico mostra que a Amazon é maior que economia como Itália, Coréia do Sul, Canadá e Rússia. Continuando neste ritmo, brevemente a Amazon deverá ultrapassar o Reino Unido e a França. 



30 novembro 2018

Deep Racer

Há dois anos os pesquisadores da Alphabet, com um software de inteligência artificial (IA), derrotaram um vencedor mundial no jogo de tabuleiro “Go”. A Amazon agora tenta democratizar a técnica de IA por trás desse marco, com um carro de corrida totalmente autônomo, impulsionado por técnicas de machine learning, o Deep Racer.

A ideia é ajudar os programadores com o machine learning, ao ensinar a técnica de reinforcement learning que é um tipo de aprendizado por reforço.

Isso também gerará mais negócios para a Amazon, devido ao uso da computação em nuvem da Amazon Web Services, que é proprietária e faz a manutenção do hardware conectado à rede necessário para esses serviços de aplicativos. A computação em nuvem oferece uma forma simples de acessar servidores, armazenamento, bancos de dados e serviços de aplicativos via internet. 

O Deep Racer estará disponível na Amazon dos Estados Unidos por US$ 249.

Mais: Aqui

19 outubro 2011

Quanto custa o Kindle Fire?


A empresa Amazon lançou um tablet para concorrer com o iPad. Seu principal atrativo foi o preço, 200 dólares a unidade.

Diante desta postura agressiva, os analista começaram a perguntar o custo real do Kindle Fire. A primeira análise mostraria que o produto traria prejuízo para a Amazon, que recuperaria o dinheiro com os produtos que venderia para os consumidores que comprassem o Kindle.

Jay Yarow mostra que as partes do Kindle Fire devem custar 150 dólares a unidade. Como os componentes representam a maior parte do custo, isto poderia significar que talvez a Amazon não tenha prejuízo. Para fins de comparação, as partes do iPad custam 270 dólares para versão com wireless, enquanto do BlackBerry Playbooks tem um custo de 170 dólares na versão de 16 GB.

A tabela a seguir mostra o comparative de preços entre os três produtos:


Mas o assunto realmente é polêmico. A Reuters (via Folha de S Paulo) acredita que o Kindle custaria 210 dólares, mais precisamente, US$209,63. Segundo esta estimativa, os componentes custariam 191,65 dólares. O restante seriam despesas de fabricação adicional, ou US$17,98.

Isto significa um prejuízo de dez dólares por produto.

Um dos aspectos que contribui para o custo reduzido dos componentes é o fato da Amazon estar usando uma tecnologia na tela do seu produto que já está em circulação há mais de um ano. Isto significa dizer que o custo desta tela é reduzido pela curva de aprendizagem e o elevado volume produzido.

É interessante notar que se o custo de montagem e outras despesas divulgado pela Reuters estiver correto, a estimativa apresentada por Yarow indicaria um custo total de US$167,98. Com isto, a margem de cada produto vendido seria positiva em torno de 15%.

23 agosto 2022

Como ESG está tentando alterar a percepção sobre uma entidade


Em uma extensa reportagem, o site The Intercept apresenta como a questão ambiental, social e de governança está procurando mudar a percepção sobre as empresas. 

O texto começa tratando da Corecivic, uma empresa de prisões. A empresa resolveu adotar uma auditoria racial:

"A auditoria não nos diz nada", disse Tylek [do Worth Rises, um grupo focado na privatização do sistema judicial]. “O modelo de negócios da prisão privada é o problema. Tudo o que eles fazem é o problema e, para ser sincero, às vezes estamos em desacordo com outros advogados, porque essas auditorias de equidade racial são absolutamente ridículas e não são uma ferramenta eficaz de advocacia."

Solicitado para comentar sobre as preocupações dos ativistas, o CoreCivic reiterou seu apoio aos “princípios de diversidade, equidade e inclusão."A empresa, disse o porta-voz Ryan Gustin," não hesitou em participar da recente auditoria de patrimônio racial."

Neste sentido, a política ESG tem sido criticada:

Mas um crescente coro de críticos questionou as promessas elevadas do investimento em ESG. A retórica do movimento, eles argumentam, serve para enriquecer um pequeno conjunto de consultores e gestores de fundos focados em ESG, enganando a comunidade pública e de investidores e fornecendo pouco ou nenhum benefício à sociedade. Eles alegam que a tendência de investimento não passa de lavagem de reputação e, potencialmente, fraude em escala industrial.

Sobrou para um dos fundos famosos na área: 

A BlackRock fará uma fortuna em taxas que promovam um modelo ESG inteiramente baseado em requisitos voluntários de autorrelato e pontuações opacas, disse Fancy [ex-diretor de investimento em responsabilidade social], enquanto usa seu poder como acionista para bloquear propostas que pedem às empresas que divulguem gastos políticos — os gastos muito políticos que as empresas usam para impedir leis e regulamentos governamentais significativos sobre gastos ou poluição em assistência social.

Há incoerências no próprio critério:

Os critérios para o que constitui um investimento socialmente responsável podem mudar de dia para dia. Em março, analistas do Citigroup Inc. sugeriu que as empresas que fabricam armas usadas para a guerra na Ucrânia para impedir a invasão russa poderiam contar para uma melhor pontuação ESG. "Defender os valores das democracias liberais e criar um impedimento, que preserva a paz e a estabilidade global", escreveram eles. 

 Antes deste ano, muitos fundos do ESG promoveram a exclusão de certos fabricantes de armas, argumentando que a venda global de bombas e mísseis não constituía um bem social - agora há um esforço para recompensar os fabricantes de armas. Se uma mudança na opinião pública pode remodelar todo o modelo, isso deixa muitos a se perguntar como qualquer fundo pode reivindicar princípios fixos quando idéias sobre responsabilidade social são inerentemente subjetivas.

Palavras mais duras chegam de Damodaran:

"É uma farsa, é tudo, uma farsa", disse Aswath Damodaran, professor de finanças da Stern School of Business da Universidade de Nova York, da ESG. “Como você pode ter uma medida de bondade? Ou deixe-me colocar de outra maneira: cite-me um fator social em que temos consenso na sociedade. Como diabos vamos chegar a uma pontuação?"

Voltando ao caso da prisão privada:

"O encarceramento com fins lucrativos é a antítese da responsabilidade social", disse Libal. "Eles obtiveram lucros devido ao encarceramento em números recordes, contribuindo com milhões de dólares em contribuições para a campanha para garantir que seus interesses sejam atendidos."

"Se o seu quadro é diverso, não importa o que você está vendendo, certo?" ele adicionou. "Se você tem mulheres suficientes no conselho da Blackwater, isso não faz das empresas mercenárias uma influência positiva no mundo."

Um exemplo é a farmacêutica Eli Lilly, que está sendo processada por aumentar de forma abusiva o preço da insulina. Mas ...

Em vez disso, o relatório Eli Lilly observa que a empresa promove a diversidade por meio de uma variedade de medidas, como treinamento em DEI e grupos de recursos de funcionários que patrocinam eventos como a Gala do Ano Novo Lunar.

Por este motivo, a empresa está em diversos fundos ESG, incluindo um fundo BlackRock. Sobra dinheiro para quem faz a premiação ESG:

A Just Capital, um grupo sem fins lucrativos que fornece classificações ESG, classifica a Amazon como líder do setor e três vezes vencedora do prêmio de Mais Justo Empresas da América. Apesar de uma agressiva campanha anti-sindical contra seus trabalhadores do armazém no Alabama e Nova York, que recebeu condenação internacional e reclamações abrangentes sobre as condições de trabalho, a empresa com sede em Seattle tem um histórico misto na categoria de práticas trabalhistas. Mas a pontuação é aumentada pelas políticas de "diversidade, patrimônio e inclusão" da Amazon e pelo número total de empregos que a empresa criou - duas áreas nas quais a Just Capital classifica a Amazon como a melhor empresa da América.

Entre as empresas bem ranqueadas, a Pepsi e a Coca-Cola, que emitem pouco. Mas produzem algo que aumenta a crise de diabetes, obesidade e doenças cardíacas. 

Alphabet, Amazon e Facebook também estão entre as maiores participações em fundos ESG, mas se envolvem em uma variedade de práticas de publicidade de vigilância e monopólio e fornecem um produto essencial que alimentou problemas de saúde mental entre os usuários. Todos eles divulgam medidas relacionadas ao DEI e à diversidade nos relatórios brilhantes do ESG que são enviados aos gestores de fundos.

"Se o modelo de negócios principal de uma empresa causa tanto dano", escreveu Taparia, "o encobrimento por meio de um "bom comportamento" em outros parâmetros não deve ser tão fácil."

E estes ranqueados são questionáveis, conforme o final do texto:

Um executivo-chefe de uma empresa de capital aberto, que pediu anonimato enquanto conversava com o The Intercept, disse que recentemente pagou cerca de US $ 20.000 a consultores de responsabilidade social para produzir um relatório especial a ser enviado às agências de classificação. Os profissionais do ESG criaram um documento que deslumbrou com o progresso por vários motivos ambientais e raciais. Os dados autorreferidos não são verificados por ninguém, observou ele com um encolher de ombros.

O executivo-chefe disse que ele parece branco para a maioria das pessoas, mas ele é tecnicamente um quarto não-branco, tornando-o, para os propósitos da ESG, um CEO "diverso" - uma dinâmica que ele achou absurda.

"É como a regra de uma gota. Sou diverso para o propósito dessas regras, elas realmente não fazem sentido ”, disse o executivo, que se perguntava como os gerentes e investidores de ativos podem exigir conformidade com as regras em torno da identidade racial quando a raça é socialmente construída, não uma realidade biológica.

"Não mudamos nenhuma prática comercial. É uma farsa, mas ninguém questiona essas coisas ", acrescentou. "Parece bom, mas não faz nada."

09 julho 2021

Ritual da Capitalização

Blair, em Ritual da Capitalização, apresenta algumas ideias relevantes para uma reflexão sobre a mensuração contábil. Quanto mais eu leio sobre este assunto, mais estou convencido que conceitos de valor justo ou valor de mercado são adotados de forma simplista na contabilidade. 

Eis alguns trechos: 

Quando você olha para os números do mercado de ações, eles apontam para uma verdade sobre o mundo. Mas é uma verdade não sobre lei natural ou natureza humana. É uma verdade sobre a ideologia do ser humano. A realidade é que finanças é um sistema quantitativo de crenças. No centro, há um ritual universal - o ritual da capitalização. É esse ritual subjacente a todos os números do mercado de ações.  

(...) O ritual da capitalização começa com o ato institucional de exclusão, a saber a propriedade. A propriedade, é claro, tem uma história profunda que antecede o capitalismo por muito tempo. Não vou entrar nessa história aqui. Em vez disso, vou adiar a sucinta (mas apócrifa) de Jean-Jacques Rousseau sobre o surgimento da propriedade. Propriedade surgiu quando  
[a] primeira pessoa que, depois de anexar um terreno, levantou à cabeça para dizer 'isso é meu' e encontrou pessoas simples o suficiente para acreditar nele ... (Jean-Jacques Rousseau, 1755)
Colocar uma cerca em torno de algo e chamá-la de "propriedade" é o passo 1 da capitalização. Mas a propriedade por si só não é suficiente. Os romanos tinham propriedades. O mesmo aconteceu com a maioria dos reinos feudais. Mas essas sociedades não tinham capitalização. Para capitalizar a propriedade, há um segundo passo. Você deve misturar propriedades com finanças.  

A palavra "finanças" evoca uma sensação de admiração - uma sensação de complexidade de outro mundo. Mas, no fundo, as finanças são simples. É o ato de reduzir a propriedade a um número (...). Como essa fusão aconteceu é historicamente complicado. Mas vamos reduzir novamente a história para uma história apócrifa. Parafraseando Rousseau:  

Tendo fechado um terreno, o primeiro capitalista levou-o à cabeça para colocar um número em sua propriedade e encontrou pessoas simples o suficiente para acreditar nele.
 

Como "capitalização" está literalmente apenas colocando números na propriedade, qualquer número é tão bom quanto o próximo. Minha propriedade pode ser 23. Também poderia ser 1023. Em outras palavras, a propriedade pode ter qualquer preço concebível. Mas qual preço é correto? Desde que nosso capitalista apócrifo colocou um número em sua propriedade, os capitalistas têm agoniado com essa questão: ´Qual o verdadeiro valor da minha propriedade?  

Como tantos enigmas criados por humanos, a resposta científica é que a pergunta não tem significado. Determinar o valor "verdadeiro" da propriedade é como descobrir a natureza "verdadeira" da Santíssima Trindade. Isso não pode ser feito porque não há "verdade" objetiva a ser descoberta - existem apenas crenças humanas subjetivas. A "natureza verdadeira" da Santíssima Trindade é o que quer que o clero da igreja. O mesmo vale para a capitalização. O "valor verdadeiro" da propriedade é o que os capitalistas definem como ela é.  

Essa arbitrariedade é o motivo pelo qual os capitalistas precisam de um ritual.  

Se você responder a perguntas sem resposta, não há melhor maneira do que através do ritual. Pense em um ritual como um hábito mistificado - um comportamento repetitivo que você reifica com significado. Como exemplo, pegue o ritual de gesticular a cruz. É um hábito reificado que os católicos usam para simbolizar sua fé na Santíssima Trindade e lembrá-los de como a Trindade foi definida (Pai, Filho e Espírito Santo).  

Os rituais são surpreendentemente poderosos, especialmente quando arraigados durante a juventude. Vou me usar como exemplo. Durante minha infância, minha família foi a uma igreja católica e eu frequentei o catecismo (escola dominical) semanalmente. Aprendi todos os rituais que fazem parte da missa. Depois de ser "confirmado" como católico aos 13 anos, no entanto, parei de ir à igreja. A verdade é que eu sempre fui ateu ... eu simplesmente não sabia até a idade adulta. E, no entanto, ateu que sou hoje, se ouço as palavras "em nome do Pai, Filho e Espírito Santo", tenho o desejo quase irresistível de gesticular uma cruz. Esse é o poder do ritual.  

Os capitalistas inventaram um ritual semelhante, mas não é físico. Isto é matemático Diante do desejo de conhecer o "valor verdadeiro" de sua propriedade, os capitalistas inventaram uma fórmula que a define. O valor capitalizado de uma propriedade é o valor descontado de sua receita futura (...)  

Olhando para essa equação, Jonathan Nitzan e Shimshon Bichler observam algo interessante. A fórmula capitaliza ostensivamente a propriedade - o coisas que os capitalistas possuem. E, no entanto, a equação da capitalização não faz menção a esse material. Não há símbolos para fábricas, máquinas ou infraestrutura. Em vez disso, existe apenas renda (E). E isso, observam Nitzan e Bichler, é precisamente o ponto. O ritual de capitalização nos diz como os capitalistas vêem o mundo. Os capitalistas não se importam com as coisas que possuem. Eles se preocupam com seus direitos das propriedades - seu direito de obter renda colocando uma cerca (institucional).  

(...) Como Nitzan e Bichler vêem, a disseminação do capitalismo se resume à disseminação do ritual de capitalização. Permite que tudo e qualquer coisa tenham um valor capitalizado. Pegue música. Em 2020, Bob Dylan. vendeu todo o seu catálogo de músicas para a Universal por cerca de US $ 300 milhões. A verdade, porém, é que a Universal não comprou músicas. Comprou renda. Os direitos autorais das músicas de Dylan garantiam uma renda anual considerável -. por algumas contas cerca de US $ 4 milhões por ano. Supondo que essa quantia seja precisa, a Universal capitalizou os royalties de Dylan assumindo uma taxa de desconto de 1%.  

Bob Dylan trocou renda futura (de seus direitos de propriedade) por um montante fixo. E a Universal negociou uma quantia fixa para renda futura. Isso é capitalização em ação.  

(...) Começaremos observando que a capitalização é definida apenas quando a propriedade muda de mãos. Em outras palavras, o valor capitalizado é contestado até que a propriedade seja vendida. Tomemos, como exemplo, Donald Trump. Ele proclama diariamente que sua propriedade vale bilhões. Os críticos afirmam que o império de Trump vale muito menos. Nenhum dos lados está correto. O valor capitalizado é indefinido até que a propriedade seja vendida. Se amanhã Trump vendesse seus negócios por US $ 1 bilhão, esse seria seu valor capitalizado.  

No passado, a capitalização era mal definida porque a propriedade mudava de mãos raramente. Uma família aristocrática, por exemplo, pode administrar um negócio comercial por muitas gerações sem nunca conhecer seu valor capitalizado. Hoje as coisas são diferentes. Isso porque no capitalismo moderno a propriedade parcial se tornou a norma. Partes de empresas são compradas e vendidas a cada segundo, o que significa que sabemos valor capitalizado com detalhes requintados.  

Tome a Amazon como exemplo. O negócio é absurdamente grande, empregando cerca de 1,2 milhão de pessoas. E, no entanto, a unidade de propriedade - a participação da Amazon - é minúscula. (...) Como a unidade de propriedade é pequena, é trivial comprar e vender. O resultado é que, diferentemente dos negócios aristocráticos que mudaram de mãos uma vez por século, as ações da Amazon mudam de mãos a cada segundo. Como tal, o valor capitalizado da Amazon é conhecido exatamente. (...)  

De onde veio a taxa de desconto de 1,3%? A resposta: do nada. Como o próprio ritual de capitalização, a taxa de desconto é o que definimos. Os capitalistas empregam o ritual de capitalização escolhendo ritualisticamente uma taxa de desconto que consideram "adequada". Ritual dentro do ritual.  

Sim, todo o esforço cheira a arbitrariedade. Mas essa é a natureza do ritual. O importante é a regularidade a que o ritual dá origem. Essa regularidade não é visível ao olhar para uma única empresa. É apenas olhando para milhares de empresas que você pode vê-lo. Nessa frente, vamos olhar para a figura 1.  


Coletei dados para o lucro e a capitalização de empresas de capital aberto dos EUA desde 1950. Cada ponto é uma empresa em um determinado ano. (Existem cerca de 200.000 observações no total.) Deste mar de empresas, a regularidade da capitalização é inconfundível. A capitalização é proporcional ao lucro descontado a uma taxa de 7%.  

Existe algo especial na taxa de desconto de 7%? A resposta é sim e não. Essa taxa é especial no sentido de que é o que os capitalistas dos EUA consideram "adequado". Mas essa taxa é banal no sentido de que não tem um significado mais profundo. Os capitalistas dos EUA descontam 7%, porque essa é a norma que eles aceitaram. Gesture a cruz. Desconto em 7%. Regularidade do ritual.

13 agosto 2021

Unicórnios são viáveis?

 

A Amazon é um exemplo de sucesso entre empresas inovadoras. A partir do seu 15o. ano de existência, a empresa já tinha alcançado o equilíbrio. O pior desempenho foi em 2002, com prejuízo de 3 bilhões. 

As perdas acumuladas do Uber excederam US $ 23 bilhões, enquanto as do Snapchat excederam US $ 8 bilhões, Airbnb e Lyft US $ 7 bilhões, Palantir US $ 6 bilhões e Nutanix US $ 5 bilhões. Bloom está perto de US $ 2,5 bilhões. Estimativas recentes para o WeWork, que não divulga dados, colocam suas perdas acumuladas em aproximadamente US $ 10 bilhões em março de 2021.

Muitas dessas startups têm enormes avaliações. Atualmente, Snap, Airbnb e Uber estão avaliados entre US $ 90 e US $ 100 bilhões, enquanto o Palantir está avaliado em US $ 46 bilhões, Lyft em US $ 20 bilhões, Nutanix em US $ 8 bilhões e Bloom Energy em US $ 4,6 bilhões. (...)

Em resumo, a Amazon não é um bom modelo para os unicórnios que perdem dinheiro hoje. Só porque uma startup conseguiu ter sucesso, não significa que outras também terão sucesso, principalmente quando a Amazon alcançou lucratividade no décimo ano de existência. A maioria dos unicórnios que perdem dinheiro hoje tem mais de 10 anos, alguns com 20 anos. Além disso, as perdas acumuladas para muitas dessas startups ainda continuam a aumentar sem reviravoltas à vista. 

(Os valores não foram ajustados pela inflação, mas creio que isto não afeta substancialmente as conclusões)

Fonte: aqui

03 dezembro 2013

Propaganda gratuita

O anúncio que a Amazon está pensando em usar drones para fazer entregas de pacotes em 30 minutos provocou uma grande discussão na internet. Mas parece que a tecnologia não estará disponível nos próximos anos, segundo afirmou a Business Insider. O Amazon Prime Air, nome do serviço de entrega, só deve começar a funcionar quando o FAA autorizar, que provavelmente irá ocorrer somente após 2020.

A principal razão para isto é o risco elevado: os drones não aparecem no radar dos aviões. Assim, o serviço pode nem existir. Mas o principal motivo é a divulgação do nome da empresa gratuitamente. Somente o programa "60 Minutes" gastou 15 minutos com a história da Amazon. E o custo de 30 segundos é de 100 mil dólares. Ou seja, somente neste programa foram 3 milhões de propaganda.

05 maio 2021

Dados alternativos e Reguladores



Muito interessante um texto de Shivaram Rajgopal sobre a proliferação de dados alternativos de baixo custo e como os reguladores contábeis lidam com esta questão. Rajgopal é professor da Columbia Business School e relata a dificuldade que Fasb e Sec (mas isto se aplica a Iasb, Ifac e outros) têm em absorver novas sugestões. 

Em 2007 foi solicitado que a DFC fosse elaborada pelo método direto somente. Nada foi feito. Outras demandas: maior transparência nas aquisições, valor agregado, separação de alguns itens de custos nos componentes fixos e variáveis. Os reguladores são lentos em atender as demandas. 

Nos últimos anos surgiram os dados alternativos. Segundo Rajgopal 90% dos dados digitalizados nos dias atuais foram coletados nos últimos 10 anos. E esses dados podem gerar informações sobre a empresa. Isto inclui pesquisas do Google, tweets, postagens do Facebook, LinkedIn, além de listas de empregos, transações de cartões de crédito, registros bancários, imagens de satélite, dados de geolocalização, entre outras. Rajgopal mostra dois exemplos.

O primeiro é o desempenho após uma aquisição de uma empresa. Muitas operações deste tipo não apresentam informações sobre quão bem está indo a empresa adquirida. A aquisição da Whole Foods por parte da Amazon, em 2017, pode ser um exemplo. Uma operação de 13 bilhões de dólares teve algum destaque nas demonstrações de 2017 da Amazon. A informação mostra que a Whole Foods representou um adicional de receita de 5,8 bilhões naquele ano. Mas depois disto é muito complicado imaginar se a decisão de aquisição foi positiva ou não. Uma análise dos dados de transações de cartões de crédito pode ajudar. Ou do perfil dos funcionários no LinkedIn pode sugerir demissões ou contratações. Ou dados de licenças estaduais e municipais para aberturas e fechamentos de lojas. 

O segundo exemplo apontado por Rajgopal é o orçamento em pesquisa e desenvolvimento. Ainda usando a situação da Amazon, Rajgopal cita que a empresa gasta 42 bilhões neste item. Mas ao apresentar a informação, a empresa usa 300 palavras. Novamente o perfil do LinkedIn pode estabelecer um perfil dos funcionários que estão trabalhando nos projetos da empresa. 

Mas há problemas no uso de dados alternativos. A grande maioria deles não estão estruturados e o processamento é dispendioso. Acrescento ainda que algumas das informações não são públicas para que deseja analisar. Isto tudo torna a análise dos dados destes dados cara. Mas Rajgopal aposta que isto ficará mais barato, "antes que os reguladores se tornem ágeis o suficiente para responder plenamente aos apelos dos investidores por informações mais relevantes de valor".


05 maio 2023

Credito de carbono e preservacao da Amazonia no espaco e tempo

 Resumo:

Some portions of land in Brazilian Amazon are forested, and other portions used in agriculture. Deforestation (reforestation) emits (captures) carbon, which has consequence for the global climate. The social and private productivities for these alternative land uses vary across locations within the Amazon region. In this research, we build and analyze a spatial/dynamic model of socially efficient land allocation to establish a benchmark for ad-hoc policies. We show how to incorporate the stochastic evolution of agricultural prices, and we explore the consequences of ambiguity in the location-specific productivities on the socially efficient policy. Finally, we assess the consequences of imposing alternative social costs of carbon emissions on the spatial/dynamic allocation of land use Our results indicate that with modest transfers per ton of net CO2, Brazil would find it optimal to choose policies that produce substantial capture of greenhouse gasses in the next 30 years, suggesting that the management of tropical forests could play an important role on climate change mitigation in the near future.

Assunção, Juliano J. and Hansen, Lars Peter and Munson, Todd and Scheinkman, José, Carbon Prices and Forest Preservation Over Space and Time in the Brazilian Amazon (April 10, 2023). Available at SSRN: https://ssrn.com/abstract=4414217



15 dezembro 2017

"Não quero receber"

Um país pode arrecadar 250 milhões de dólares de uma empresa e recusa. Parece algo estranho, mas aconteceu com Luxemburgo. A Comunidade Europeia decidiu que o pequeno país deveria cobrar este valor de uma empresa em impostos atrasados. Entendeu que Luxemburgo cobra menos imposto e que isto configuraria uma ajuda ilegal para a empresa.

Luxemburgo contestou a decisão. A empresa é a empresa comercial Amazon, que usa Luxemburgo como uma forma de planejamento tributário. Por conta disto, a Amazon possui 1500 funcionários no país que possui uma população de 500 mil habitantes. Além da Amazon, a Comunidade Europeia também tinha determinado cobrança de 26 milhões de dólares da Fiat, que Luxemburgo contestou.

A Irlanda, outro “paraíso fiscal”, também afirmou que não iria cobrar 13 bilhões de dólares da Apple e estaria recorrendo.

11 dezembro 2012

Amazon e a ginástica para evitar impostos

Amazon’s Luxembourg arrangements have deprived European governments of hundreds of millions of dollars in tax that it might otherwise have owed, as reported in European newspapers. But a Reuters examination of accounts filed by 25 Amazon units in six countries shows how they also allowed the company to avoid paying more tax in the United States, where the company is based.

It shouldn’t be shocking that giant companies do all sorts of gymnastics to avoid taxes. It should be shocking that any of this is remotely legal. Capitalists gonna capitalize.

Fonte: Aqui