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23 abril 2025

Dupla listagem da JBS


A JBS informou na terça-feira (22) que seu conselho de administração aprovou convocação para 23 de maio de assembleia extraordinária de acionistas sobre o plano de dupla listagem de ações, segundo fato relevante ao mercado.


A companhia, maior produtora de carnes do mundo, pretende listar ações na bolsa de Nova York, algo que deve dar à empresa uma base mais ampla de investidores e de capital. Atualmente, a listagem primária da JBS está no Brasil.

(...) O anúncio foi feito após o pedido da dupla listagem ter sido aprovado pela SEC, o regulador de mercados dos EUA. A operação também depende da aprovação da Comissão de Valores Mobiliários (CVM).(...)

Na assembleia do dia 23, a JBS afirmou que a pauta envolverá os assuntos que incluem a contratação da KPMG para elaboração do laudo de avaliação do valor das ações da JBS SA e aprovação do laudo que calculou em R$ 44,78 bilhões o valor de patrimônio líquido contábil da JBS SA.

Segundo comunicado da JBS, os acionistas minoritários terão total poder de decisão sobre a dupla listagem.

A JeF, holding da família Batista, e a BNDESPar, os dois principais acionistas em volume de papeis, vão se abster de votar, o que deixará a decisão a cargo de detentores de pouco mais de 30% do free float da companhia.

No passado, a empresa tentou fazer esse movimento, mas não obteve sucesso. A empresa é uma das maiores empresas brasileiras, seja pelo valor de mercado ou por receita. Mas confesso que não entendo a posição do BNDESPar, que usa dinheiro público, de abster da votação. Ele deveria ter uma posição se o fato é positivo ou não. 

Multa da Comunidade Europeia


A Comissão Europeia multou a Apple e a Meta, a empresa-mãe do Facebook e do Instagram, por violarem a legislação comunitária sobre Mercados Digitais. Bruxelas anunciou nesta quarta-feira que aplicará uma multa de 500 milhões de euros à empresa de tecnologia [Apple] por não permitir que os desenvolvedores se comuniquem diretamente com os usuários em sua loja de aplicativos. A outra multa, no valor de 200 milhões de euros, aplicada à dona das redes sociais [Meta], está relacionada ao modelo conhecido como "consentir ou pagar", pois a multinacional não fornecia aos usuários outra opção senão ceder seus dados ou pagar pelo uso de suas plataformas.

Fonte: aqui

A Natureza da Firma – Por que Empresas Existem?

Na década de 1930, Ronald Coase, em sua obra seminal "A Natureza da Firma", questionou algo fundamental para a economia: por que as empresas existem se o mercado é tão eficiente na alocação de recursos? Coase, posteriormente laureado com o Prêmio Nobel de Economia em 1991, destacou os custos de transação como peças-chave nesse quebra-cabeça econômico.

A teoria de Coase explora como as empresas surgem para reduzir os custos envolvidos na utilização do mercado. Enquanto o mercado, com seu sistema de preços, coordena ações dispersas entre indivíduos desconhecidos, as firmas internamente coordenam atividades através de ordens diretas e decisões centralizadas. Essa estrutura permite economias internas, como a eliminação dos custos de busca de fornecedores, negociação de contratos e supervisão constante.


O argumento possui exemplos concretos: a Apple, por exemplo, opta por desenvolver internamente certos componentes do iPhone para manter o controle de qualidade e inovação, enquanto a Amazon inicialmente terceirizava sua logística, mas internalizou operações para ganhar em controle e eficiência.

No entanto, há limitações para o crescimento das firmas. Coase observa retornos decrescentes à medida que as empresas se expandem, aumentando os custos gerais de gestão e a dificuldade na alocação de recursos. Assim, o tamanho ideal de uma firma equilibra os benefícios de redução de custos transacionais com os desafios de uma organização interna complexa.

A teoria de Coase não apenas questiona a suposta eficiência total do mercado, mas também redefine a firma como uma resposta econômica racional aos custos relativos de transação. A compreensão desses princípios fundamentais é essencial para analisar não apenas a economia das empresas, mas também os modelos de coordenação econômica em escala global.

No contexto da terceirização dos serviços de contabilidade, os conceitos de Ronald Coase sobre os custos de transação oferecem uma perspectiva esclarecedora. Para empresas de menor porte, terceirizar a contabilidade muitas vezes é mais eficiente, pois não há volume suficiente para justificar a manutenção de um departamento contábil interno. Externalizar esses serviços reduz os custos de transação associados à busca por especialistas, negociação de contratos e revisão contínua. À medida que a empresa cresce, no entanto, a complexidade contábil aumenta, exigindo uma análise mais detalhada dos custos e benefícios de manter serviços internamente versus terceirizar. 

Resenha: A Grande Falácia


Este é um livro bastante rigoroso de duas autoras londrinas que expõem o funcionamento da indústria da consultoria. Com mais de 200 páginas, são listados os problemas de empresas como McKinsey, BCG, EY, Deloitte, PwC, KPMG e outras. Alguns casos lembram uma peça de teatro do absurdo, mas o domínio dessas empresas sobre contratos públicos e privados merece atenção.

Devo ressaltar dois pontos negativos sobre o livro. Primeiramente, apesar de ter sido escrito a partir da Inglaterra e incluir relatos da África do Sul, Alemanha nazista, Coreia do Sul e outros países, não há nenhum relato sobre fatos do Brasil, o que parece estranho. Aqui nós conhecemos o impacto dos conselhos dados por essas empresas aos governos e empresas nacionais, incluindo o caso da Sadia e o recente exame de suficiência, onde uma prova ficou abaixo do padrão adequado para um profissional contábil. Nada é mencionado sobre as fundações de apoio de universidades ou os consultores de gestão que influenciam empresas como a Ambev. Há duas referências a Angola, três a Ruanda, três ao Chile, mas os casos brasileiros foram deixados de lado pelas autoras.

Em segundo lugar, o alerta para os problemas das consultorias é importante, mas a visão apresentada parece muito maniqueísta. Existem casos em que as consultorias contribuíram para melhorar a eficiência empresarial, mas o livro foca exclusivamente nos aspectos negativos das consultorias.

Apesar desses pontos, é uma leitura recomendada para quem deseja obter insights críticos sobre as grandes consultorias globais.

Resenha: Motivação 3.0


Um bom livro sobre motivação deve realmente inspirar o leitor. Se você procura algo superficial, com ideias previsíveis e sem exemplos convincentes que impulsionem a leitura, esta é uma boa opção. O livro está dividido em três partes. A primeira introduz um novo sistema operacional para pensar sobre motivação, embora a ideia não seja exatamente "novo", como percebemos quando Pink lista autores que ele chama de líderes empresariais - todos conhecidos e renomados na lista dos mais vendidos.

A segunda parte aborda três elementos principais em três capítulos: autonomia, excelência e propósito. Por fim, a terceira parte apresenta um conjunto de ferramentas, incluindo recomendações de livros, autores, dicas, um resumo, um glossário e muito mais. Esta seção ocupa aproximadamente 70 páginas. Uma vantagem é que, se você descobrir que o livro não atende às suas expectativas, pode ir diretamente para a seção de "resumo" e não perderá seu tempo.

Um presente adequado para alguém que você não aprecia muito.

22 abril 2025

Trump e os impostos

O mandato do presidente Trump chamou muita atenção pela imposição de tarifas de importação sobre produtos estrangeiros. No entanto, em outra área, a nova gestão também está impactando a arrecadação de tributos: na declaração de imposto de renda.


Nos Estados Unidos, os softwares de declaração são desenvolvidos e comercializados pela iniciativa privada. Uma das empresas, a Intuit, lucra consideravelmente com essa área, chegando ao ponto de anunciar durante o Super Bowl, um dos intervalos publicitários mais caros do mundo. Isso mostra que existem interesses poderosos que dificultam uma gestão tributária mais eficiente.

Enquanto isso, o Serviço de Receita Federal dos EUA (IRS) vinha desenvolvendo um programa piloto nos últimos três anos, semelhante ao nosso conceito de declaração pré-preenchida. Esse programa permite que os contribuintes entreguem suas declarações sem necessidade de serem especialistas na área, contratar profissionais ou adquirir softwares de empresas como a Intuit.

O programa piloto estava sendo bem recebido pelos contribuintes, mas a administração Trump decidiu encerrá-lo.

O Partido Republicano da Câmara, influenciado por interesses da indústria de preparação de impostos, pressionou pelo fim do Direct File.

Uma boa notícia vinda de Paris

Eis o resultado que ocorreu em Paris, de 2007, 2010, 2015, 20,17, 2020 e 2024, depois que a cidade trocou ruas por ciclovias, adicionou espaço verde e cortou 50 mil vagas de estacionamento. O gráfico mostra a concentração de dióxido de nitrogênio, onde a cor vermelha significa mais microgramas por metro cúbico e o verde menos.