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07 fevereiro 2013

Estamos sempre à espera de conexões causais

Até recentemente, a nossa percepção de risco e a maneira como tomamos decisões eram consideradas mais da alçada da estatística. A psicologia cognitiva, porém, com sua ênfase em processos mentais, aproximou as noções de percepção e julgamento do campo da resolução de problemas, obtendo com isso resultados surpreendentes. No livro Judgment under uncertainty: heuristics and biases (1974), o israelense-americano Daniel Kahneman reviu, em parceria com Amos Tversky, diversas teorias sobre como tomamos decisões em momentos de incerteza. Eles concluíram que a difundida tese de que as pessoas se decidem com base em estatísticas e probabilidade não era verdadeira na prática. As pessoas fundamentam suas decisões em “regras gerais”, exemplos específicos ou pequenas amostras. Por consequência, os julgamentos podem ser muitas vezes equivocados, pois se baseiam em informações que ocorrem à mente com probabilidades reais.

Kahneman e Tversky perceberam que esse método de resolver problemas com base em experiência tinha um padrão t: tendemos a superestimar a probabilidade de coisas que tem pouca chance de acontecer (como um acidente de avião) e a subestimar a probabilidade do que tem muita chance de ocorrer (como bater o carro quando se dirige alcoolizado).

Esses achados fomentaram a teoria da perspectiva de Kahneman e Tversky, divulgada em 1979, e levaram à criação de um campo de estudo associado à psicologia: a economia comportamental.

Fonte: O Livro da Psicologia - as grandes ideias de todos os tempos.

Rural e Vasp

O Banco Rural e uma empresa do grupo, a Rural Agroinvest, perderam um recurso anteontem no STJ (Superior Tribunal de Justiça) numa ação em que foram condenados a pagar cerca de R$ 110 milhões a ex-funcionários da Vasp.

O banco queria incluir a massa falida da Vasp na ação e foi derrotado. A empresa área teve sua falência decretada em 2008 e deve R$ 1 bilhão a 4.200 funcionários.

O Rural, segundo a Justiça, ajudou o ex-dono da Vasp, o empresário Wagner Canhedo, a tirar R$ 38 milhões do grupo em 2004. À época, já havia uma decisão judicial de que todos os bens de Canhedo deveriam ser usados para pagar dívidas trabalhistas, segundo o advogado Carlos Duque Estrada.

Para contornar o veto, de acordo com o advogado, Canhedo simulou um empréstimo no banco e pagou com 71.600 cabeças de gado.

O gado, porém, não foi entregue. O resultado da operação foi a retirada de R$ 38 milhões do grupo de Canhedo. A juíza Elisa Andreoni escreveu em decisão que "a fraude é inconteste". Esse valor corrigido atinge hoje cerca de R$ 110 milhões.

O Rural diz que não havia veto à venda, que o gado foi entregue e que vai entrar com novos recursos na Justiça.

O banco informa que já tem reservado o valor a ser pago caso perca a ação.

Rural terá de pagar R$ 110 mi a ex-funcionários da Vasp - 6 de Fevereiro de 2013 - Folha de São Paulo

BTG, Pactual e UBS

Uma complexa trama entre estas três entidades, envolvendo também a receita federal:

Autoridades brasileiras acusam o banco suíço UBS de não ter pago impostos que poderiam chegar a R$ 2,4 bilhões no período em que a instituição financeira suíça controlou o banco Pactual entre 2006 e 2009 no Brasil. Os dados fazem parte do relatório financeiro do próprio UBS, publicado ontem, menos de uma semana depois que o Palácio do Planalto deu o sinal verde para a volta do banco suíço ao Brasil.

Em 2006, o UBS colocou pela primeira vez os pés sobre o mercado brasileiro, comprando do empresário André Esteves o Pactual por US$ 3,1 bilhões. Mas a crise financeira internacional acabou atingindo o UBS, que foi resgatado por um pacote do governo suíço.

Entre as medidas tomadas pelo UBS para se recuperar estava a venda de alguns negócios pelo mundo. Assim, em 2009, o banco vendeu o Pactual para o BTG, fundado justamente por André Esteves, que pagou US$ 2,5 bilhões por seu ex-banco.

Agora, o UBS admite que Esteves reclama o pagamento de US$ 1,2 bilhão em indenização para pagar por "várias avaliações de impostos emitidas pelas autoridades fiscais brasileiras contra o Pactual em relação ao período de dezembro de 2006 a março de 2009, quando o UBS era o proprietário do Pactual".

Segundo o documento e a própria assessoria do banco consultada pelo Estado, o UBS está questionando legalmente essa cobrança de impostos. "O BTG também forneceu avisos ao UBS sobre vários questionamentos por parte das autoridades fiscais brasileiras sobre o Pactual e que estão relacionadas com o período em que o Pactual foi de propriedade do UBS, mas envolvendo valores substancialmente menores", indicou o relatório oficial do banco. Procurados no Brasil, o BTG e a Receita Federal não comentaram o assunto.

Volta. Há apenas uma semana, o UBS comemorou o fato de que a presidente Dilma Rousseff assinou decreto aprovando a aquisição da corretora Link pelo banco suíço, anunciada em abril de 2010. "É do interesse do governo brasileiro a participação estrangeira de até 100 por cento no capital social de banco de investimento a ser constituído pelo UBS (...) e a Link Corretora de Câmbio, Títulos e Valores Mobiliários, a ser adquirida pela mesma instituição", diz o decreto. Na prática, o governo deu o sinal verde para o retorno do banco suíço ao Brasil.

A presença do UBS no Brasil nem sempre foi tranquila, e o banco chegou a ter funcionários presos no País por suspeita de evasão. Hoje, esses banqueiros estão soltos em Genebra, mas não trabalham mais para o UBS.

O banco foi investigado por ter colaborado também com esquemas de lavagem de dinheiro, e doleiros brasileiros continuam sob investigação na Suíça por conta do caso.

A reportagem do Estado publicou documentos oficial da Polícia Federal indicando que gerentes de contas do UBS na Suíça operaram com doleiros no Brasil para garantir a transferência de recursos entre as contas secretas em Genebra e o País.

Interceptações de conversas telefônicas feitas pela Polícia Federal mostraram uma gerente de contas em uma conversa com um doleiro no Brasil pedindo seus serviços para um cliente do UBS. A constatação aponta ainda para suspeitas de que a gerente em questão funcionava como "mula financeira", viajando frequentemente entre seu escritório na Suíça e o Brasil para abrir contas não declaradas ao Fisco.

Em 2007, operações lançadas pela Polícia Federal identificaram suspeitas de banqueiros suíços colaborando com a evasão fiscal e lavagem de dinheiro. O UBS, na época, negou que tivesse qualquer relação com doleiros e que os casos eram iniciativas pessoais das pessoas envolvidas.

Perda. Ontem, o UBS admitiu ter registrado importantes prejuízos no quarto trimestre do ano passado, depois que uma multa de US$ 1,5 bilhão foi cobrada por manipulação de taxa de juros, além de custos de reestruturação que prevê a demissão de 10 mil funcionários.

No ano de 2012, os prejuízos totais do maior banco da Suíça atingiram 2,5 bilhões de francos suíços ( 2 bilhões). O resultado contrasta com o lucro de 4,1 bilhões de francos suíços de 2011.

BTG cobra R$ 2,4 bilhões do UBS por impostos não pagos no Pactual - 6 de Fevereiro de 2013 - O Estado de São Paulo - JAMIL CHADE

Benford e Petrobras

Em postagem de ontem, calculamos para o resultado da Petrobras, o comparativo com a Lei de Benford.

Esta lei, já citada anteriormente em outras postagens, diz que em certos conjuntos de dados a distribuição do primeiro dígito não é uniforme. Na verdade, o número que deve aparecer mais será o 1, com cerca de 30% dos casos. O segundo número mais comum é o 2, com 17%; o terceiro é o 3 e assim por diante.

Com respeito a Petrobras, eu tomei o balanço patrimonial da empresa e selecionei sempre o primeiro dígito. Por exemplo, o primeiro valor monetário é o Caixa e Equivalentes, com um quantitativo de 27.628. Para verificar a Lei de Benford é necessário somente o primeiro dígito, neste caso o número dois. O item seguinte é Títulos e Valores Mobiliários, com valor de 21.316; novamente, o que interessa é o primeiro dígito, ou 2. Já este mesmo item, do grupo não circulante, tem um valor de 359 e o primeiro dígito é 3.

Na postagem de ontem tomei todos os valores do balanço patrimonial, 2012 e 2011, consolidado e controladora, exceto os totais e subtotais. A escolha de considerar somente o balanço é um limitador da análise, que deveria também usar os dados das outras demonstrações. De qualquer forma, o número de observações é suficiente para termos uma ideia sobre a distribuição dos dados.

Usando a mesma empresa, mas considerando somente 2012 Consolidado, e expandindo a análise também para DRE, DFC, Lucro Abrangente e DVA, obtive o seguinte resultado:
Em azul, o valor obtido em percentual; de vermelho, o valor teórico da lei Benford. Enquanto o número 1 o valor obtido está um pouco abaixo da lei, o número dois ocorre o contrário. Nos demais, a diferença é reduzida. (O número de observações foi de 120).

Os primeiros trabalhos da Lei Benford na contabilidade (e impostos) foram de autoria do professor Josenildo Santos. Um desses trabalhos pode ser obtido aqui. Uma aplicação em auditoria do terceiro setor, de um orientando de mestrado meu, pode ser obtida aqui. As diversas postagens deste blog, sendo a primeira de agosto de 2006, podem ser obtidas aqui.

Fora do Tema: Inspiração

À medida em que envelhecer, você descobrirá que tem duas mãos, uma para se ajudar, outra para ajudar os outros. – Audrey Hepburn


06 fevereiro 2013

Wal-Mart já sabia...

A investigação sobre o caso de pagamentos da empresa Wal-Mart para pessoas de países estrangeiros, em particular o México, indicou que os executivos da empresa já sabiam das denúncias desde 2005. Dois congressistas dos EUA afirmaram ter documentos que comprova que inclusive o CEO recebeu e-mails sobre subornos pagos no México. 

Uma estimativa inicial indica 24 milhões de dólares pagos no México para obter licenças de construção. A empresa, por sua vez, afirma que desde 2011 está investigando o assunto.

Rir é o melhor remédio