24 maio 2006
Presidiários "custam" mais que alunos
Presidiários no Brasil custam quase duas vezes mais que estudantes universitários
Os prejuízos que a violência traz para a sociedade não estão presentes apenas no cotidiano dos cidadãos brasileiros. Manter um presidiário no Brasil onera os cofres da União em aproximadamente R$ 18 mil por ano. De acordo com estimativas do Departamento Penitenciário Nacional (DEPEN), cada presidiário custa em média, de R$ 1.000 a R$ 2.000 por mês, o equivalente a mais de quatro salários mínimos, fixados em R$ 350,00. Um estudante das instituições públicas no país custa a metade desse valor. Segundo pesquisa feita pelo Tribunal de Contas da União (TCU), um estudante universitário custa aproximadamente, R$ 790 por mês e R$ 9.488,00 por ano.
O DEPEM estima que existam hoje, 361,4 mil presos em delegacias e penitenciárias de todo o Brasil. Se cada detento custa em média, de R$ 1.000 a R$ 2.000 por mês, manter a população prisional do país gera um custo mensal de aproximadamente R$ 542,1 milhões por mês e R$ 6,5 bilhões por ano. O programa Universidade do Século XXI, criado pelo Ministério da Educação para reformar a educação superior e estruturar as instituições federais gastou em 2005, pouco mais que isto, o equivalente a R$ 7,5 bilhões. O Fundo de financiamento ao estudante do ensino superior (FIES), do Ministério da Educação, aplicou R$ 787 milhões em 2005, oito vezes menos do que foi gasto com todos os presidiários do Brasil. Os dados sobre os programas do Ministério da Educação são do Sistema Integrado de Administração Financeira (Siafi) e não incluem os restos a pagar.
Traçar o perfil da população prisional e criar um cadastro único com o máximo de informações, não tem sido tarefa fácil para o governo. Os diferentes regimes de detenção, fechado, aberto, semi-aberto, entre outros, além dos vários tipos de presídios, como os de segurança máxima e os estaduais, tornam difícil uma estimativa precisa, principalmente em relação aos gastos.
O Sistema de Informações Penitenciárias Infopen, do Ministério da Justiça, criado em 2002, ainda não disponibiliza dados mais detalhados de todas as unidades prisionais e presos do país. De acordo com a assessoria de comunicação do DEPEN, ainda há dificuldade para fazer estas contas. A base de dados do Infopen estabelece uma série de indicadores que devem ser preenchidos pelas unidades prisionais de todos os estados. Segundo o DEPEN o maior problema para que haja uma base única tem sido o baixo índice de preenchimento desses indicadores pelos estados.
Os valores dos gastos com presidiários são aproximados. A estimativa leva em consideração diferentes custos como roupas, alimentação, remédios, assistência médica, energia elétrica, dentre outros. A proposta do Infopen é fornecer dados de todos os presos ou internos, como o controle de visitas, ficha jurídica, tipos de regime prisional e crimes cometidos, perfil social e etnia.
O estudo do TCU considera os dados de 2003 e utiliza valores globais, dividindo o orçamento pelo número de alunos. A pesquisa determinou valores distintos e avaliou os gastos de acordo com os cursos.
Para minimizar os altos custos com o sistema carcerário brasileiro, especialistas e organizações civis defendem a maior aplicação das penas alternativas para crimes leves, como prestação de serviços sociais, limpeza de muros e praças, ajuda em hospitais, dentre outros. Embora esteja previsto na Constituição e no Código Penal, esse tipo de pena ainda é pouco utilizado no Brasil. Estima-se que com a aplicação de penas alternativas, o custo de um preso poderia ser reduzido em até 10 vezes e o índice de reincidência despencaria de 42,5% para 17,5% .
O professor da Universidade de Brasília, Antônio Flávio Testa, sociólogo e cientista político, atribui boa parte dos problemas de segurança pública à ineficiência dos recursos públicos e à incompetência gerencial do Estado. "O preço que se paga para manter um criminoso na cadeia é altíssimo. Isto só reflete o mau uso do dinheiro público", disse.
Para o sociólogo, o Brasil não faz uso como deveria da legislação que prevê penas alternativas e dos programas de reeducação dos detentos. Flávio Testa critica o modelo repressor usado nos presídios e sugere uma segmentação dos criminosos com tratamentos mais rigorosos ou mais educativos, dependendo do tipo de crime cometido."Não adianta pensar que um Marcola vai voltar ao convívio da sociedade". O professor se referiu ao líder da organização criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC), Marcos Willians Herba Camacho, (Marcola), responsável por boa parte dos ataques ocorridos em São Paulo.
Aline Sá Teles
Do Contas Abertas
Livro-caixa do PCC
Mais adiante a reportagem comenta que a organização operou no azul no mês, com arrecadação de R$483.588 e gasto de R$376.040, um saldo superior a R$100 mil. Nesse período a contabilidade do PCC era centralizada.
Em dezembro de 2004 a organização gastou R$46 mil na compra de dois AR15 e 1 AK47 e R$20 mil em dois fuzis rouger. Além disso, o PCC também concedia financiamentos a seus integrantes. Em janeiro, R$50 mil foram dados a "Cantor" e R$1.500 para Felipe.
A partir da descoberta dos documentos, o tesoureiro foi assassinado e a contabilidade descentralizada. As investigações apontam uma arrecadação mensal de R$750 mil em média.
23 maio 2006
Ratemyprofessor
Sempre desconfiei de processos de avaliação. Mas um estudo de 2003, e posteriormente ampliado em 2004, me fez refletir se minhas críticas eram sem fundamento. Em Web-based student evaluation of professors, James Felton, John Mitchell e Michael Stinson, da Michigan University, apresentaram resultados interessantes que todo professor de contabilidade deveria anunciar em sala de aula. Utilizando milhares de avaliações desses alunos os professores observaram algumas relações importantes.
Inicialmente, utilizando os resultados por instituição de ensino, os resultados foram pouco conclusivos. Mas quando a análise foi realizada por disciplina, Felton, Mitchell e Stinson obtiveram conclusões interessantes. A primeira, existe uma relação forte e direta entre a percepção de qualidade do aluno e o grau de facilidade de uma disciplina. Em outras palavras, disciplinas fáceis possuem mais chances de serem consideradas de boa qualidade. A segunda, um professor apontado como "bom" pelos alunos geralmente era também elogiado por seus quesitos físicos. Finalmente, uma disciplina mais fácil tinha mais chance do professor ser considerado sexualmente atraente.
Mas as conclusões interessantes ainda não foram apresentadas. Advinhem quais as matérias consideradas com menor qualidade pelos alunos? Acertou quem colocou contabilidade nessa resposta, que pelo menos ganhou da engenharia, da ciência da computação e daquela com pior qualidade, a matemática. As mais difíceis foram ciência, estudos étnicos, contabilidade e marketing, na ordem do 28o. ao 31o. Os professores menos sexies foram os de matemática, ciência da computação, contabilidade e humanidades. É isso mesmo: no quesito beleza os docentes de contabilidade somente venceram os de humanidades.
Para os curiosos, listo os vencedores:
Qualidade (na ordem): Direito, Línguas, Educação, Medicina e Enfermagem e Justiça Criminal
Facilidade: Humanidades, Educação, Música e Línguas
Apelo sexual: Medicina e Enfermagem, Marketing, Línguas e Educação Física.
Continuo minha reflexão: no meu departamento no semestre passado os dois professores com melhor avaliação por parte dos alunos foram James Giacomoni, da área de orçamento público, e Jorge Katsumi, de contabilidade internacional.
Copa realça rivalidade entre Nike e Adidas
Reportagem do Wall Street Journal sobre a copa do mundo e a concorrência entre duas empresas
Copa realça rivalidade entre Nike e Adidas
May 23, 2006 4:05 a.m.
Por Stephanie Kang em Beaverton, EUA, e Mark Esterl em Herzogenaurach, Alemanha
The Wall Street Journal
Além das 32 seleções em campo, a Copa do Mundo também vai ser decisiva para o duelo entre as titãs dos artigos esportivos Adidas AG e Nike Inc.
A batalha empresarial é tão intensa quanto a dos gramados. Como evento mundial que atrai uma audiência maior do que as Olimpíadas, a Copa pode ser o momento de decisão na concorrência cada vez mais acirrada entre as empresas. Nike e Adidas passaram a ver o torneio como um referendo de quem é o número 1 não só em futebol, mas em todo o mercado mundial de artigos esportivos.
As arqui-rivais estão abordando a Copa cada uma à sua moda. A Adidas, que há décadas mantém a liderança em futebol, pretende continuar na frente por meio de seu acordo de patrocínio com a Fédération Internationale de Football Association, a Fifa. Como a Alemanha sedia o evento este ano, a Adidas, que tem sede na Bavária, tem também a vantagem de jogar em casa.
Durante os 64 jogos, bilhões de espectadores verão o logo das três tiras da Adidas em bolas, uniformes de árbitros e voluntários e em cartazes espalhados pelos estádios do país. Nos Estados Unidos, o país-sede da Nike, a Adidas garantiu também direitos exclusivos para anunciar durante a transmissão dos jogos.
[world cup]
As arqui-rivais estão abordando a Copa cada uma à sua moda. A Adidas, que há décadas mantém a liderança em futebol, pretende continuar na frente por meio de seu acordo de patrocínio com a Fédération Internationale de Football Association, a Fifa. Como a Alemanha sedia o evento este ano, a Adidas, que tem sede na Bavária, tem também a vantagem de jogar em casa.
Durante os 64 jogos, bilhões de espectadores verão o logo das três tiras da Adidas em bolas, uniformes de árbitros e voluntários e em cartazes espalhados pelos estádios do país. Nos Estados Unidos, o país-sede da Nike, a Adidas garantiu também direitos exclusivos para anunciar durante a transmissão dos jogos.
As duas abriram as carteiras mais do que nunca para publicidade tradicional, conteúdo online, torneios de futebol amador e patrocínio de jogadores e times.
As costumeiras táticas de marketing de guerrilha da Nike — inundar as sedes das Olimpíadas com outdoors quando a empresa não tem o patrocínio oficial, por exemplo — podem ser mais difíceis de executar na Alemanha. A Fifa recorreu a tribunais locais para proteger direitos exclusivos de marketing e solicitou às cidades que dêem tratamento preferencial aos patrocinadores oficiais na hora de vender espaço de outdoor fora dos estádios.
"Estamos onde todo mundo queria estar", diz Günter Weigl, diretor de futebol mundial da Adidas.
Mas a ligação da Nike com a popular seleção brasileira está mostrando ser uma vantagem tática. A camisa da seleção está entre as mais cobiçadas do mundo. E a Nike está fazendo com que Ronaldinho, Ronaldo e os outros craques brasileiros se tornem celebridades mundiais ainda maiores. O Brasil é tão importante para o plano da Nike que sua campanha de marketing global usa o slogan "joga bonito" em português mesmo.
A Nike diz que está se aproximando de US$ 1,5 bilhão em vendas relacionadas ao futebol, mais que o dobro do que gerou em 2002 e quase 40 vezes o que faturou em 1994, o ano da Copa nos EUA, quando ela vendeu US$ 40 milhões. A líder Adidas está prevendo um salto de mais de 30% este ano, para mais de US$ 1,5 bilhão.
Este ano, a Adidas ficou mais perto da Nike em sua batalha pela supremacia no mercado mundial de artigos esportivos, graças à compra da Reebok International Ltd. por US$ 3,8 bilhões. Em abril, a empresa, cuja sede fica na pequena cidade alemã de Herzogenaurach, assinou um contrato de 11 anos com a Associação Nacional de Basquete dos EUA, a NBA, depois de transferir os direitos da Reebok. Além de futebol e basquete, a Adidas, que fatura US$ 12 bilhões por ano, é também uma grande força em atletismo, tênis e golfe.
Enquanto isso, a Nike, que tem sede na cidade americana de Beaverton, Oregon, e fatura US$ 13,7 bilhões, está fazendo um esforço redobrado em futebol depois de anos de iniciativas claudicantes. A atual investida começou para valer quando os EUA sediaram a Copa de 1994, época em que a Nike estava querendo expandir-se internacionalmente, diz Denson. "Se nossa meta era ser a maior e melhor marca esportiva do mundo, tínhamos de ser a número 1" em futebol, diz.
As duas empresas trazem histórias bem diferentes para esta Copa do Mundo. Herbert Hainer, o diretor-presidente da Adidas, um ex-jogador semiprofissional, diz que o futebol está no DNA da empresa. O fundador Adi Dassler costurou seu primeiro par de chuteiras mais de 80 anos atrás, e a Adidas fornece as bolas para as Copas do Mundo desde 1970.
Depois que a Adidas renovou no ano passado por US$ 350 milhões o contrato de patrocínio da Copa até 2014, o presidente da Fifa, Joseph Blatter, proclamou que "o futebol e a Adidas se tornaram um".
Aproveitando a vantagem de jogar em casa, a Adidas está construindo um estádio temporário na frente do Reichstag em Berlim que comportará mais de 10.000 espectadores, para os quais serão transmitidos jogos da Copa num telão. A seleção argentina, por sua vez, vai treinar na espaçosa sede da empresa.
A Nike, que começou fabricando tênis de corrida em 1964, tornou-se uma gigante global ao persuadir os consumidores a usar seus calçados de corrida, basquete e ginástica fora das quadras. Mas a empresa foi durante muito tempo fraca em futebol.
O co-fundador da Nike Philip H. Knight fez sua primeira grande jogada em futebol em 1996, quando fechou um contrato de dez anos e US$ 100 milhões com a Confederação Brasileira de Futebol. O contrato foi recentemente prolongado até 2018 por estimados US$ 144 milhões. Desde então, a Nike fechou acordos com times populares como o Barcelona na Espanha, a Juventus na Itália, o Arsenal na Inglaterra e o Corinthians no Brasil.
A Nike também vê oportunidades no que chama de produtos da "cultura esportiva". Isso inclui coisas como uma camiseta com os números 5862709402, representando os anos em que o Brasil ganhou a Copa. "Mesmo que você não adore futebol, vai gostar do visual, do estilo, da abordagem", diz Trevor Edwards, diretor de marketing da Nike.
22 maio 2006
Comportamento da Profissão mais antiga do mundo
Os autores tentam responder qual a razão para que essa profissão seja tão relativamente bem paga. Antes de responder a essa pergunta, os autores fizeram uma comparação entre os ganhos dessa profissão e de outras ocupações. Mesmo em diferentes ambientes e em diferentes épocas da história humana as prostitutas ganham mais que outras ocupações.
Utilizando um modelo matemático (sic), Edlund e Korn argumentam que o salário adicional não é decorrente do risco associado com o exercício da profissão, mas devido a redução das possibilidades de casamento em virtude da ocupação. Homens geralmente não casam com ex-prostitutas, então essas mulheres são relativamente bem recompensadas pelo custo de oportunidade.
Os autores também descobriram que a prostituição geralmente reduz quando a renda do homem aumenta.
Segundo a reportagem, "viúvas e prostitutas competem por commodities (na visão reducionista dos economistas) mas viúvas são distintamente superiores pois podem gerar crianças que são socialmente reconhecidas". Então, "se o homem tem dinheiro, ele tende a comprar um produto superior (...) e a comprar (alugar) um produto mais barato menos frequentemente". [Observem que estou citando a reportagem]
Além disso os autores observaram que quando a taxa homem sobre mulher aumenta tende a aumentar a lucratividade relativa da prostituição, quando se compara com o matrimônio.
Se a diferença é temporária devido a uma guerra, por exemplo, isso tende o incentivo a prostituição.
"Para os residentes permanentes de um local, o homem é um potencial participante do mercado de casamento e do mercado de sexo; já um visitante, somente o mercado de sexo está disponível". Isso significa dizer que quando aumenta o número de visitantes num local é normal o aumento da prostituição, como ocorreu nas cruzadas do século XII e ocorre hoje em certas cidades brasileiras.
Os autores não consideram supreendente a existência de um grande número de prostitutas entre as imigrantes. As mulheres imigrantes tem grande dificuldade de encontrar emprego, devido as barreiras da língua, por exemplo.
Bolha no Brasil
Por Daniella Camargos
Qual empresa vale mais, a fabricante de cosméticos Natura ou a telefônica Embratel? A Gol, caçula das companhias aéreas brasileiras, ou a Acesita, maior produtora de aço inoxidável da América Latina? Engana-se quem pensa que as gigantes da velha guarda são mais valiosas, pelo menos na Bolsa de Valores. As recentes ofertas públicas iniciais de ações (IPOs, no jargão do mercado) não só estão servindo para aquecer as negociações na Bovespa como para mudar as referências de preços do mercado. Mesmo com uma receita 20% menor e um lucro 40% inferior, a Gol vale quase seis vezes mais que a Acesita. Por sua vez, a Natura equivale a duas Embratel, que tem o triplo do faturamento. O valor de mercado alcançado por outras empresas recém-lançadas na bolsa também surpreende. A produtora de açúcar e álcool Cosan, por exemplo, vale mais de cinco vezes a Petróleo Ipiranga. E a locadora de automóveis Localiza empata com a Perdigão. Dada a exuberância, potencialmente irracional, das companhias que abriram capital nos últimos dois anos, o mercado começa a fazer perguntas. Existem fundamentos reais para que as novatas do pregão sejam mais valiosas do que as veteranas? Ou a supervalorização dos ativos é o prenúncio de uma bolha?
As opiniões dos analistas se dividem. Os que afastam a hipótese da bolha não economizam argumentos para justificar a súbita valorização das calouras. A primeira justificativa, e talvez a de maior peso, é o fato delas terem aderido aos mais altos padrões de governança corporativa da bolsa, ao listarem suas ações no Nível 2 e no Novo Mercado. “O investidor considera justo pagar um prêmio maior pela transparência e pelo compromisso de prestação de contas aos minoritários”, diz Clodoir Vieira, analista da corretora Souza Barros. Seguindo este raciocínio, alguns especialistas acreditam que, se as empresas com mais tempo de pregão migrarem para tais níveis de governança, poderão sofrer uma reavaliação positiva no preço de suas ações, que estariam depreciadas. A prova poderá ser tirada com a Telemar, que pretende pulverizar seu capital, aderindo ao Novo Mercado. Os controladores da companhia condicionaram este movimento a uma alta de 62% na cotação das ações, o que significaria um acréscimo de R$ 11,4 bilhões no valor de mercado da operadora de telefonia. “Se a operação da Telemar der certo, será o divisor de águas do mercado de ações brasileiro”, acredita Alexandre Póvoa, diretor da Modal Asset Management. “Ávidas por atrair investidores, outras empresas tradicionais poderão seguir o mesmo caminho”, diz.A segunda explicação para a rápida valorização das novatas no pregão é o grande potencial de crescimento. “A Gol, por exemplo, pode dobrar de tamanho num prazo muito curto caso conquiste os passageiros da Varig”, diz Vieira, da Souza Barros. Outra justificativa é a redução do risco país pelas agências internacionais. “Ela faz melhorar a percepção dos investidores, principalmente estrangeiros, sobre os ativos brasileiros”, diz Marco Melo, diretor de pesquisa em ações da corretora Ágora Sênior. Além disso, há, atualmente, uma farta liquidez internacional. Do total dos 16,2 bilhões em ações ofertadas no mercado brasileiro em 2005, 60% foi absorvido por investidores estrangeiros em busca de boas oportunidades de ganho.
Há quem acredite, porém, que tais argumentos não são suficientes para afastar a hipótese de uma euforia especulativa. “Nada justifica o fato de o valor de mercado médio das empresas que fizeram IPO recentemente representar cerca de 32 vezes seu lucro líquido, enquanto as maiores empresas do Brasil, com menor risco, valem aproximadamente 15 vezes o lucro líquido”, afirma Rodrigo Pasin, sócio da Value, uma consultoria especializada em avaliação de ativos. Por este critério de comparação, as novatas na bolsa estão valendo em média duas vezes mais que as companhias consideradas investment grade pela agência de classificação de risco Standard & Poor’s. Isto é estranho, já que, pelo menos em tese, as empresas de risco mais baixo deveriam valer mais, por apresentar um custo de capital menor.
No caso da loja eletrônica Submarino, o preço atual dos papéis corresponde a 52 vezes o resultado operacional do ano anterior. Teoricamente, explica Pasin, isso significa que o prazo para que os resultados da companhia se equiparem ao preço pago por cada ação será de 52 anos. Além disso, lembra o consultor, muitas ofertas de ações estão ocorrendo para propiciar a saída de fundos de capital de risco ou de sócios das empresas. E não para capitalizar a companhia e turbinar seu crescimento. É o caso de Natura, Submarino e DASA (Diagnósticos da América, controladora dos laboratórios Delboni Auriemo), entre outras.
Na opinião de Póvoa, da Modal, os números das estreantes no mercado de ações impressionam porque há uma dificuldade de se aceitar que, atualmente, a economia de serviço (da qual faz parte a maioria das empresas que abriu capital nos últimos dois anos) é mais valorizada que a economia industrial. De fato, as companhias do chamado setor terciário estão ganhando uma importância cada vez maior no mundo dos negócios. Já há algum tempo que, lá fora, empresas do que um dia chamou-se “Nova Economia”, como Google e Microsoft, valem mais do que companhias tradicionalíssimas, como a General Motors. “Não existem explicações tangíveis para a rápida valorização dessas empresas”, diz Póvoa. “Por isso, os erros de avaliação podem ser maiores e, conseqüentemente, os riscos também”. Ele descarta, porém, a possibilidade de uma bolha estar sendo formada. “Ao contrário do que ocorreu com as empresas de Internet anos atrás, as companhias que chegaram recentemente à bolsa dão lucro e têm um histórico para ser avaliado.”
Se falta consenso entre os especialistas sobre a existência ou não de uma bolha, sobra certeza em relação à possibilidade de um ajuste no preço dos novos ativos. Segundo os analistas, à medida em que as empresas novatas na bolsa atingirem a maturidade, ou seja, finalizarem os investimentos previstos, o preço de suas ações será ajustado. “A velocidade e a intensidade em que isso acontecerá vai depender dos resultados futuros das companhias” diz Vieira, da Souza Barros. Isso significa que investidores tentados a investir agora pelos retornos altos e de curto prazo relatados nos últimos balanços correm o risco de apostar nas empresas no momento errado.1+1=2?
Essa mesma história também pode ser aplicada na estatística, na economia ou na matemática. Tome, por exemplo, a matemática, uma ciência exata.
1+1=3
Considere uma calculadora que faz arredondamento. Uma operação como 1,3 + 1,4 terá como resultado final 3.
1+1 = 1
A mesma calculadora, com arrendondamento, terá um resultado de 1 para 0,7 + 0,6.
1+1 = 24
Uma dúzia de ovos mais um dúzia de ovos é igual a 24.
1+1 = 1
Se você compra um CD você ganha o segundo de graça. Se x é o custo de 1 CD, então 1x + 1x = 1X
1+1 = 1,4
Você vai para sua casa e caminha 1 quilômetro a oeste em linha reta e então 1 quilômetro ao norte, também em linha reta. Qual a distância percorrida em linha reta? A solução corresponde a determinar o teorema de Pitágoras onde 1x1 + 1x1 = raiz de dois.
Fonte: Numb3rs (em PDF)
19 maio 2006
Na Prisão
O primeiro diz:
- Eu coloquei os preços da minha empresa acima dos meus concorrentes. Eu estou aqui por exploração do poder econômico.
O segundo afirma:
- Eu coloquei os preços da minha empresa um pouco abaixo dos meus concorrentes. Fui preso por concorrência predatória.
O terceiro completa:
- Eu coloquei os preços igual ao dos meus concorrentes. Fui preso por formar um cartel.
Contabilidade Financeira e Futebol
Eis o texto completo:
Estratégia
Muito longe da trave
Times de futebol voltam a olhar para o mercado de capitais, mas a realidade por aqui ainda frustra qualquer aspiração espelhada no modelo europeu
Por Adriana Souza Silva
* Matéria cedida pela Revista Capital Aberto, edição de abril/2006.
Informações sobre a publicação podem ser obtidas no site www.revistacapitalaberto.com.br.
16/05/2006
Não é preciso recorrer a um antropólogo para enxergar o quanto o futebol está enraizado na cultura do brasileiro. Tampouco ser um especialista em finanças para deduzir que muitos torcedores ou mesmo investidores profissionais se interessariam pela compra de ações de um time se, um dia, os nossos clubes fossem parar na bolsa.
Na Europa, aconteceu exatamente isso no início dos anos 90. A paixão pela camisa foi convertida em oportunidade de negócio. Desde então, 38 clubes já viraram empresas de capital aberto com direito a participarem do ranking anual da revista Forbes com as sociedades desportivas mais caras do mundo. No mais recente, divulgado em março, o Manchester United, da Inglaterra, aparece no topo da lista, avaliado em US$ 1,4 bilhão, seguido pelo espanhol Real Madrid (US$ 1,01 bilhão) e o italiano AC Milão (US$ 920 milhões). E no Brasil? Por que o jogo Futebol X Mercado não sai do zero a zero?
Vontade até existe por parte dos times brasileiros. O Botafogo, por exemplo, está com toda a papelada para a abertura de uma empresa, a Botafogo Futebol SA, cuja intenção é exatamente aproveitar o bom momento da bolsa de valores no País e partir para o ataque, via uma operação com debêntures ou uma emissão de ações. No Atlético Paranaense, a ida à bolsa de valores também chegou a ser cogitada. Mas, sem a mesma pressa que o time carioca, a discussão ficou para o ano que vem. A intenção de abocanhar um naco das fortunas negociadas nas recentes ofertas na Bovespa mexe até com a imaginação de times pouco conhecidos. “Estamos mais perto de ir a mercado do que de subir para a segundona”, garante Osvaldo Teixeira, presidente do Náutico de Roraima, um pequeno clube da terceira divisão do futebol brasileiro.
Sim, sonhar não custa nada. Mas entre a vontade de ver as ações do time no pregão e a realidade atual das agremiações desportivas do País há uma distância do tamanho do Maracanã. E a culpa não é só da desordem administrativa da maioria dos nossos clubes. Afinal, se a abertura de capital fosse mesmo um objetivo, nada impediria que a diretoria contratasse meia dúzia de consultores para ajudá-los a pôr ordem na casa. O problema é que, para a maior parte dos dirigentes, a simples idéia de transparência, eqüidade e prestação de contas — os três pilares da governança corporativa — já é motivo de desespero.
“Atualmente, nenhum clube brasileiro tem como oferecer isso ao investidor”, avalia José Antônio Alves, consultor e professor do curso de Direito Esportivo da FGV-Rio. “As condições dos times são temerárias. Nem sequer podemos dizer que são mal gerenciados, pois a gestão simplesmente não existe. Os diretores são pessoas que exercem outras atividades e, nas horas vagas, aparecem na sede para saber o que está acontecendo. Há clubes com mais de uma centena de conselheiros.”
Mesmo após a Lei Pelé, nº 9.615/01, que obrigou a divulgação pública de balanços de todos os times, a prestação de contas ainda peca pela falta de padronização. O Conselho Federal de Contabilidade (CFC) fez sua parte e editou, no ano passado, um conjunto de normas como referência para esse segmento. Mas ainda existem muitos times que contabilizam como ativo desde os direitos de imagem de um campeonato que ainda não aconteceu até eventuais multas a serem cobradas caso um de seus jogadores decida ir para outro time.
A primeira tentativa de listagem de um clube na Bovespa fracassou exatamente por uma confusão contábil. Em janeiro de 2003, o Coritiba, através do Coritiba S.A, entrou com pedido de registro na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) para uma oferta pública de ações. A questão é que, dos R$ 51 milhões declarados como patrimônio, mais de R$ 50 milhões, ou 99%, eram relativos ao direito sobre o uso da marca do Coritiba. Nas demonstrações do time, o direito do uso da imagem foi considerado no cálculo da integralização do capital da companhia, sendo descrito como “patrimônio intangível gerado internamente”. Porém, na ocasião, a CVM vetou o projeto avaliando que intangíveis gerados internamente não podem ser contabilizados.
Desfalque nos cofres públicos
Outra questão que os times precisam resolver antes de pensarem em atrair o investidor são as dívidas trabalhistas e com o poder público. Somente em débito perante a Previdência Social há um montante de R$ 400 milhões a ser pago, segundo o Ministério dos Esportes, por falta de repasse do FGTS. Em maio do ano passado, levantamento da revista Consultor Jurídico apontou que, juntos, os clubes brasileiros possuíam 2.821 processos na Justiça do Trabalho. Isso porque, após a Lei Pelé, o atleta passou a ter contrato de trabalho como qualquer outro trabalhador comum, o que deu espaço aos jogadores para reclamarem de falta de décimo terceiro, atraso salarial, más condições de trabalho, etc. O não-repasse à Receita Federal do Imposto de Renda deduzido na fonte também entrou na lista de irregularidades das agremiações.
Em 2003, foi criada pelo Ministério do Esporte uma loteria para tentar resolver o impasse entre dirigentes e cofres públicos, a chamada Timemania. Na operação, o dinheiro arrecadado pelo governo seria usado para abater as dívidas da falta de recolhimento do INSS e do Imposto de Renda. Os clubes de futebol, por sua vez, emprestariam a sua marca para ser usada na loteria e aumentar a venda dos boletos. O Botafogo, por exemplo, aguarda apenas a aprovação da Timemania para anunciar a abertura de sua nova S.A. Contudo, apesar de ser mais cobiçada do que taça em final de campeonato, a tal solução fiscal, por enquanto, ainda é um projeto de lei. Precisa passar pela Câmara, ir ao Senado e, depois, ganhar a sanção da Presidência.
Entre os especialistas no assunto, há os otimistas e os sóbrios. O primeiro grupo encontra-se representado na figura do vice-presidente jurídico da Federação de Futebol do Rio de Janeiro, Pedro Trengrouse. Zagueiro da ajuda financeira aos clubes, ele acredita que a medida serviria como incentivo para a melhoria da gestão e adequação dos times às exigências do mercado. Já na equipe dos sóbrios, o atacante José Antônio Alves, da FGV, não perdoa e marca: “O futebol brasileiro é movido à paixão. Não adianta só injetar dinheiro enquanto não houver uma mudança de paradigma, que visa corte de custos, conselho independente e profissionalização dos dirigentes”.
Com ou sem lucro?
Mesmo num mundo perfeito, isto é, de times com dívidas sanadas e contabilidade ajustada às recomendações do CFC, haveria ainda uma terceira barreira para driblar: o fato de a grande maioria dos clubes brasileiros não ser empresas — condição imprescindível para vir a mercado. Só como companhias poderiam se aventurar numa operação de securitização, por exemplo, ou qualquer outra relacionada ao mercado de capitais. Mas se o clube deixar a condição de sociedade civil sem fins lucrativos perde a isenção de impostos aplicável a essas instituições e terá de arcar com a mesma mordida que as demais companhias hoje levam do fisco. Compensa?
O advogado do escritório Barbosa, Müssnich & Aragão, Felipe Portugal, acredita que possa haver um jeito de o time manter sua isenção fiscal e, ao mesmo tempo, conseguir desfrutar do mercado de capitais. A solução, para ele, estaria na criação de uma nova empresa, desta vez com fins lucrativos, como quer fazer o Botafogo. O clube seria o acionista controlador dessa S.A que, mediante os devidos registros na CVM, serviria de veículo para as captações do time que financiariam projetos como a construção de um estádio ou a compra de um jogador. A dúvida é se os dirigentes dessas S.As criadas pelos clubes teriam credibilidade perante os investidores.
O caminho até o mercado requer cuidados. Aos times que têm essa pretensão, o conselho é seguir os ensinamentos do folclórico Vicente Matheus, presidente do Corinthians nos anos 70 e 80: “começar do começo”. Isso implica investir em governança dentro das atuais administrações dos times, antes mesmo de pensar em abrir uma empresa ou aventurar-se a tentar um registro na CVM. Para José Antônio Alves, da FGV, a situação do futebol brasileiro assim permanecerá enquanto o esporte não se livrar de um círculo vicioso. A ausência de profissionalismo se reflete numa decisão errada da diretoria que, por sua vez, atrapalha o desempenho dos jogadores, leva o time à derrota e afasta os patrocinadores. Ainda muito longe dos grandes times europeus de capital aberto, os nossos precisam, antes de mais nada, vestir a camisa de uma gestão competente.
Outro artigo sobre o mesmo assunto:
Eficiência mesmo, só estilo britânico |
Dentro e fora dos gramados, o Manchester United é um modelo a ser seguido |
Por Cíntia Cristina da Silva |
Os ingleses inventaram o futebol e a maneira mais eficiente de ganhar milhões de libras com o esporte. O exemplo mais contundente e bem acabado é o Manchester United, um dos clubes mais conhecidos do mundo. Fundado em 1878, foi uma das primeiras agremiações de futebol a abrir o capital, em 1991. |
17 maio 2006
Petrobrás - 3
O gráfico ao lado mostra o efeito dos problemas da Bolívia na cotação da Petrobrás. Num primeiro momento parecia que bolsa não considerou importante os fatos que estavam ocorrendo. Posteriormente a cotação caiu.
O preço do ADR chegou a 106.92 no dia 9 de maio. Hoje, no dia 17, está a 93,49, queda de 12,56%. Para uma empresa com um valor de mercado de 102 bilhões é muito. Mas para uma empresa que tinha uma cotação de 83.11 em meados de fevereiro pode indicar uma quebra numa tendência altista.
Em Nova Iorque o beta da empresa é de 1,94. Isso classifica a empresa como um investimento agressivo, de risco.
Ebitda
Uma reportagem interessante do jornal Valor Econômico trata da adoção de padrão para cálculo do Ebitda. Será mesmo necessário tamanha discussão para mensurar um indicador? Qual a relevância dessa padronização? Isso significa que teremos no futuro outros índices com padronização?. Veja a reportagem a seguir:
Pesquisa revela que analistas querem padrão para Ebitda
Angelo Pavini
16/05/2006
Alguns chamam de Ebitda, outros de Lajida, e por aí começa uma polêmica que ganha cada vez mais espaço no mercado brasileiro envolvendo o indicador de fluxo de caixa, que serve de base para a maioria dos analistas decretar que uma ação deve ser comprada ou não. Seu cálculo pode variar de acordo com a visão de cada empresa ou analista, uma subjetividade que levou a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) a colocar sua padronização em discussão no início do ano e estimulou a Associação dos Profissionais de Investimentos do Mercado de Capitais (Apimec) a realizar uma pesquisa para avaliar quais seriam as medidas necessárias para aperfeiçoar o indicador.
A base da discussão é o fato de o Ebitda - Earnings Before Interest, Taxes, Depreciation and Amortization, ou Lucro Antes de Juros, Impostos, Depreciação e Amortizações - não ser um indicador contábil. Ou seja, não tem de obedecer uma série de critérios legais para ser calculado, como acontece com o lucro líquido ou a receita líquida, lembra Reginaldo Alexandre, diretor técnico da Apimec São Paulo e responsável pela pesquisa. "E ele serve de base para vários outros indicadores de liquidez, lucratividade e rentabilidade, como o EV/Ebitda (que mostra a relação entre o valor de mercado da empresa em relação a sua geração de caixa), ou Ebtida/Despesas financeiras". Há uma preocupação também com relação à forma como as empresas usam o indicador, e que pode abrir espaço para manipulação dos números.
A pesquisa - concluída dia 2 de maio - envolveu 51 associados da Apimec que responderam cinco perguntas. A primeira foi sobre qual a melhor forma de cálculo do Ebitda, se a partir do lucro operacional, mais detalhada, ou pelo lucro bruto, mais direta. A maioria, 64%, optou pelo cálculo mais detalhado.
Outra pergunta foi sobre se as despesas e receitas financeiras deveriam ser incluídas no indicador, uma vez que nem sempre elas fazem parte do ganho que a empresa tem com as operações. Dos consultados, 79% acham que sim, que é preciso incluir os resultados financeiros, mas querem que eles sejam detalhados para que o analista avalie sua importância e seus impactos. "Esse é um ponto polêmico especialmente no caso das empresas exportadoras, que usam muito as antecipações de câmbio para obter reais com custo baixo e aplicar com ganhos no mercado brasileiro", diz Alexandre.
Na terceira questão, sobre despesas e receitas não recorrentes, ou seja, que podem não se repetir, como a venda de uma fábrica, uma multa ou um acidente que paralise a produção, 62% dos analistas disseram ser a favor de que elas sejam incluídas, desde que a empresa deixe claro os motivos. "Mas vale notar que 38% dos consultados simplesmente acham que esses resultados não recorrentes devem ser desprezados", diz Alexandre.
A quarta pergunta era se o Brasil deveria adotar um padrão de divulgação de medidas não contábeis semelhante ao americano, o que foi aprovado por 91% dos analistas. "Nos EUA, a legislação é muito restritiva, as empresas que apresentam o Ebitda o têm de fazer de forma bem clara, abrindo a fórmula de cálculo e explicando por que e o uso que se quer fazer desse indicador contábil."
A conclusão final é que os analistas defendem uma padronização do Ebitda. Além disso, tanto os resultados financeiros quanto os não recorrentes merecem um tratamento especial. E, finalmente, que as empresas têm de ser o mais transparentes que puderem sobre como calculam o indicador, sobre cada item fora do normal e também sobre o motivo de o usarem.
Alexandre admite que nem sempre o Ebitda cumpre sua missão de dar uma idéia da real saúde de uma empresa. Ela pode, por exemplo, estar expandindo vendas a um ritmo de 30% ao ano, mas necessita de empréstimos para financiar essas vendas ou repor o estoque. Ou fez todas as vendas a prazo e vai demorar para receber ou sofrerá com inadimplência. Há ainda o caso de duas empresas com o mesmo Ebitda, mas em fases de vida totalmente diferentes, uma com fábricas velhas, outra com novas. "A necessidade de investimento de uma vai ser muito maior", diz. Tudo isso não aparece no Ebitda, por isso é importante analisar também outros dados para saber exatamente como está a saúde da empresa, diz
(Notícia enviada por Ricardo Vianna)
Freakonomics no Futebol
Para Levitt e Dubner, a responsabilidade desse fato está na regra da Federação Internacional de Futebol (FIFA) que determina o dia 1o. de janeiro como data limite para as competições de futebol no mundo. Essa regra teria um impacto na determinação das equipes mais novas de futebol, que termina por influenciar no sucesso posterior no futebol. A hipótese é que as equipes novas de um país (juvenis, infantos e outras) estariam representadas principalmente por atletas que nasceram no início do ano.
Parece que a maioria dos atletas ingleses nasceram no início do ano e o mesmo ocorre com os atletas da Alemanha.
Interessante e polêmico. Por curiosidade tentei verificar se isso é razoável na seleção do Brasil. O resultado: 16 dos 23 convocados nasceram no primeiro semestre. E dos 16, 9 foram no primeiro semestre.
16 maio 2006
Wal Mart aprende com seus erros
Escorregões culturais ensinam ao Wal-Mart como lucrar fora dos EUA
May 16, 2006 4:05 a.m.
Por Geraldo Samor, Cecilie Rohwedder e Ann Zimmerman
The Wall Street Journal
Quando a Wal-Mart Stores Inc. começou a se expandir pelo mundo no início dos anos 90, ela oferecia aos consumidores estrangeiros um pedacinho dos Estados Unidos — e este foi exatamente o problema.
No Brasil do futebol, a rede fez uma promoção de tacos de golfe. No calor do México, tentou vender patins de gelo. Na impassível Alemanha, seus funcionários empacotavam compras e sorriam, levantando suspeitas de flerte.
Agora, surgem sinais de que o Wal-Mart aprendeu com seus erros. A empresa tem comprado redes locais de sucesso, contratado executivos locais qualificados e aprendido os gostos locais. Isso a está transformando numa varejista global ainda mais poderosa. Mesmo assim, a empresa ainda enfrenta obstáculos, como resultado de seu confronto com os melhores varejistas do mundo.
As operações internacionais do Wal-Mart já são 20% de suas vendas totais e representam o segmento que mais cresce dentro do grupo. Se a operação internacional do Wal-Mart fosse uma cadeia independente, poderia encerrar o ano como quarta maior varejista do mundo, atrás do Wal-Mart dos EUA, da americana Home Depot Inc. e da francesa Carrefour SA, respectivamente, diz Michael Exstein, analista do Credit Suisse Group. Segundo suas projeções, o faturamento internacional do Wal-Mart vai subir para US$ 78 bilhões no ano fiscal que se encerra em 31 de janeiro de 2007. No último ano fiscal, ele foi de US$ 63 bilhões.
O Wal-Mart, que vai divulgar hoje o balanço do trimestre encerrado em 28 de abril, disse este mês que as vendas devem subir 12%, para US$ 81,5 bilhões, devido em parte a uma alta de 24% das vendas internacionais. Nos EUA, o ganho foi de 10%.
No Brasil, o grupo saltou de sexta para terceira maior rede varejista depois de aquisições realizadas nos últimos dois anos. No México, o Wal-Mart é o maior varejista em vendas, e suas ações são negociadas como uma empresa separada, a Wal-Mart de México SA. Esses dois mercados respondem por 22% das vendas internacionais da empresa. Na Grã-Bretanha, que responde por 45% das vendas fora dos EUA, a companhia enfrenta um ambiente mais difícil, embora ela esteja tentando para resolver os problemas. A situação é a mesma na Alemanha e no Japão.
"Não vamos ganhar em todos e cada um deles", disse recentemente o diretor-presidente do Wal-Mart, Lee Scott, referindo-se aos 15 países em que a empresa atua. "Não há nenhum segredo na nossa fórmula em que basta chegar, pendurar uma placa na porta e, 'Meu Deus, façam fila! Tem um Wal-Mart aqui!'. As coisas não funcionam assim."
Os desafios do Wal-Mart variam de acordo com o país. Na Alemanha, um processo aberto por trabalhadores forçou a empresa a revogar um trecho do manual de ética que proibia relacionamentos românticos entre supervisores e empregados. Embora essas normas sejam comuns nos EUA, os trabalhadores alemães as consideraram uma violação de seus direitos pessoais.
O Wal-Mart se deu melhor na Grã-Bretanha, onde comprou em 1999 a Asda. Por muito tempo, a Asda foi a mais barateira entre as principais cadeias de supermercados do Reino Unido. Mas rivais têm conseguido cortar preços e oferecer novos produtos antes da Asda. A Tesco PLC, a maior varejista do país, compara seus preços com os da Asda em seu site na internet.
No Japão, o Wal-Mart também tem enfrentado uma concorrência feroz. Mesmo antes de a empresa ter entrado no país, em 2002, quando comprou uma parcela minoritária na rede de alimentos e vestuário Seiyu Ltd., concorrentes como a Aeon Co. mandaram funcionários para conhecer as lojas do Wal-Mart nos EUA, Coréia do Sul e China. Copiando a fórmula do Wal-Mart, varejistas japoneses cortaram preços e abriram megalojas de um andar com estacionamentos gigantes — uma novidade no país.
Quando o Wal-Mart iniciou suas operações fora dos EUA, em 1991, não estipulou metas específicas e parecia achar que o que tinha funcionado nos EUA funcionaria no exterior. No México, a rede estava certa. Lá, a empresa comprou a Cifra SA, a maior varejista do país, e transformou as lojas nas megalojas de estilo americano, com grandes descontos.
Depois de alguns escorregões culturais, como o dos patins de gelo, a empresa entendeu o que os consumidores queriam. Para os milhares de mexicanos que viajam aos EUA a trabalho ou até mesmo para um fim de semana de compras, o Wal-Mart era um pedacinho dos EUA no México.
Quando o Wal-Mart abriu as primeiras lojas no Brasil, em 1995, ele tentou o modelo supercenter, mas fracassou inicialmente. Muitos brasileiros preferiram continuar comprando em lojas mais próximas, em vez de dirigir até um longínquo Wal-Mart. Nos últimos dois anos, a empresa aprendeu essa lição com a ajuda de um grupo de altos executivos que inclui 16 brasileiros. Ela comprou redes de varejo com diversos formatos, incluindo as lojas de bairro Balaio e as lojas Magazine, que não vendem comida.
O Wal-Mart também percebeu que teria de reservar um espaço bem maior para comida do que nos EUA, onde os consumidores estão mais acostumados a comprar carne e peixe embalados, em vez de frescos. Para os brasileiros poderem apontar para o pedaço de carne que querem e pedir para fatiar no local, foi preciso ampliar a área do açougue.
— Kris Hudson, John Lyons colaboraram neste artigo
15 maio 2006
Macaco Cebus
Ele é encontrado na América Central e na América do Sul, inclusive Brasil. Esse macaco mede entre 30 a 56 cm e pesa em torno de 1,3 kg. É um macaco que vive em árvores e possui como inimigos os falcões, as cobras e os gatos. O Cebus alimenta-se de frutas, insetos, aranhas, ovos de pássaros e pequenos vertebrados.
O Cebus é considerado um dos macacos mais inteligentes e por essa razão tem sido utilizado em pesquisas em laboratórios. Em Boston, o Cebus tem sido treinado para ajudar quadriplégicos, da mesma forma de cachorros.
Qual a relação do Cebus com a contabilidade financeira?
Durante muitos anos os especialistas de finanças comportamentais atribuiram muita atençaõ a conceitos como aversão à perda e dependência de referência (reference-dependence). Além deles, os estudiosos de sociologia e psicologia também davam uma atenção especial a esses conceitos. Um pressuposto do uso desses conceitos era que sua aplicação ocorria na sociedade humana. Até o momento tem sido comum associar os conceitos de finanças aos sentidos do homem.
Três pesquisadores da Yale University, Keith Chen, Venkat Lakshminarayanan e Laurie Santos, questionaram se certos comportamentos considerados como viés do ser humano talvez possa ser inato a outros seres. Os pesquisadores utilizaram cinco Cebus, sendo dois machos. Além disso, somente dois dos animais possuía vínculo genético.
A analise dos pesquisadores mostrou que é possível afirmar que as decisões do Cebus são parecidas com a dos seres humanos no que diz respeito a aversão à perda. Desse modo o Cebus também não gosta de perder, sendo algo talvez inato aos ancestrais.
Quem deve vencer o próximo Nobel de Economia?
Em 1990 um artigo de Eugene Garfield já tratava das especulações sobre o vencedor do Nobel. Utilizando dados do Social Sciences Citation Index, um banco de dados da área científica, Garfield discutia que os cientistas mais citados eram prováveis vencedores do prêmio. Naquela data, os cientistas mais citados na área de economia eram, na ordem, Arrow, Samuelson, Simon e Friedman, todos vencedores do Nobel. Seguiam Becker, Fama, Feldstein, Theil e Stigler. Desses, somente Stigler tinha vencido, até 1990, o prêmio. Becker recebeu a premiação depois.
Recentemente Mankiw, um famoso economista, disse que o vencedor do prêmio não era segredo: economista com artigos altamente citados por outros economistas. A comissão do prêmio na Suécia ignora outras atividades como aulas, consultorias, previsões, editorias, livros textos, etc.
Em 2002 os economistas mais citados eram:
1. Eugene Fama
2. Robert Barro
3. James Heckman - Já premiado em 2000
4. Joseph Stiglitz - Já premiado em 2001
5. Halbert White
6. Robert Engle - já premiado
7. Michael Jensen
8. Robert Lucas - já premiado em 1995
9. Soren Johansen
10. Jerry Hausman
11. Clive Granger - premiado em 2003
12. Stephen Ross
13. Martin Feldstein
14. Paul Krugman
15. Gary Becker
16. Lars Hansen
17. Peter Phillips
18. Daniel Kahneman - premiado em 2002
19. Sanford Grossman
20. Oliver Williamson
21. Paul Romer
22. Paul Milgrom
23. Dixit
24. Lawrence Summers
25. Bengt Holmstrom
26. Sam Peltzman
27. Oliver Hart
28. Richard Roll
29. Amos Tversky
30. Thomas Sargent
Façam suas apostas. Mas lembrem-se: a acadêmica tem uma leve predileção pelos cientistas escandinavos.
13 maio 2006
Dilema Moral
Você está dirigindo seu carro durante uma tempestade. Você passa por um ponto de ônibus e descobre três pessoas esperando um ônibus. Seu carro é uma pick-up que só pode carregar uma pessoa, além do motorista. Você deve escolher:
1. Um senhora idosa que olha para você como se fosse morrer
2. Um velho amigo que uma vez salvou sua vida
3. Uma mulher perfeita, que você sempre sonhava
Qual a sua escolha?
O candidato contratado respondeu o seguinte:
Eu daria a chave do meu carro para que meu velho amigo levasse a pessoa idosa para um hospital. E ficaria no ponto de ônibus, com a mulher perfeita, que eu sempre sonhava.
11 maio 2006
Gazprom
Reservas (em bilhões de barris de óleo equivalente)
Exxon Mobil = 60
Gazprom = 117
BP = 48
R. Dutch Shell = 41
Receitas em 2005 (em bilhões de doláres)
Exxon Mobil = 370,1
Gazprom = 45,9 (est.)
BP = 255,2
R. Dutch Shell = 306,7
Lucro Líquido (em bilhões de doláres)
Exxon Mobil = 36,1
Gazprom = 17,8 (est.)
BP = 22,6
R. Dutch Shell = 25,3
Valor de Mercado
Exxon Mobil = 386,59
Gazprom = 289,96
BP = 272,68
R. Dutch Shell = 234,41
Fonte: WSJ
A Exxon é uma empresa com maior receita, maior lucro e capitalização. A Gazprom é maior em reservas, um fator importante para medir a capacidade da empresa no setor no futuro. Entretanto, quando se compara o valor de mercado da Gasprom (última coluna) parece que esse número está subestimado. Sabendo que os investidores observam a capacidade da empresa em gerar riqueza no futuro, a rigor a Gazprom deveria ter um valor de mercado compatível com a Exxon.
A diferença está no risco de ser uma empresa russa, o que faz com que os investidores talvez considerem uma maior taxa para descontar a riqueza a ser gerada pela empresa.
10 maio 2006
Quem pesquisa mais em contabilidade
Por região o resultado foi Paquistão, Malasia, Filipinas, África do Sul, Indonésia, Índia, Hong Kong, Cingapura, Austrália e Irlanda.
Por língua: Tagalog (??), inglês, chinês, holandês, alemão, francês, espanhol e japonês.
Mas será que o sistema funciona mesmo? Coloquei Contabilidade e o resultado foi o seguinte:
1. Porto Velho
2. Belém
3. Salvador
4. Manaus
5. Fortaleza
6. Natal
7. Recife
8. Campo Grande
9. Goiânia
10. Paragominas
Continuei com a brincadeira e coloquei "corrupção". Brasília aparece em 3o e Porto Velho está em primeiro, seguido de Salvador. O interessante da pesquisa é que o volume foi significativamente maior no terceiro trimestre de 2005.
Coloquei finanças, e as dez primeiras cidades são portuguesas. Testei se o Brasil é realmente o país do futebol ("soccer") e o primeiro lugar no mundo é Dublin, depois Sydney, Toronto, Vancouver, Melbourne, Perth (Austrália), Dallas, San Diego, Seattle e Chicago. Ou seja, nenhuma cidade com tradição nesse esporte. Talvez seja um sintoma de que quem entende de soccer não fica na internet pesquisando sobre esse assunto: "quem conhece, faz".
Entrevista para o Mestrado
- Mais uma questão. Quanto é quatro vezes oito?
O candidato ficou desesperado pois não sabia o resultado de memória. Ele sempre utilizava uma HP 12C ou o Excel. Nessa situação resolveu arriscar:
- Trinta e quatro.
Depois de sair da sala e deixar o prédio, o candidato pegou sua HP e entrou com 4 vezes 8 e viu sua resposta. Ficou desesperado pois já contava que iria ser reprovado.
Sua surpresa é que foi aprovado. Passado um tempo, já quase no final do seu curso, decidiu satisfazer sua curiosidade perguntando ao professor que o entrevistara:
- Professor, estou curioso. Errei na sua última pergunta e mesmo assim passei na prova. Qual a razão disso?
O professor respondeu:
- Sua resposta é a que chegou mais perto.
Globalização do Brasil
O gráfico acima mostra a evolução do índice de globalização do Brasil. Uma economia mais globalização significa, de certa forma, que as empresas terão uma maior vínculo com o exterior, aumentando a parcela da receita em moeda estrangeira, seus investimentos em outros países, o lançamento de ações em outras bolsas entre outros aspectos que influenciam a contabilidade financeira.
Pode ser notado que esse índice aumentou de forma expressiva nos últimos anos, refletindo a abertura dos nossos mercados.
09 maio 2006
Crony Capitalism
Gary Becker questiona a razão pela qual a América Latina está movendo no sentido contrário aos outros países do mundo. Enquanto China e Índia, que possuem 40% da população do mundo, estão saindo do socialismo e do comunismo, os políticos da América Latina usam uma linguagem anti-capitalista.
Uma possível explicação é que a linguagem não significa necessariamente a adoção de uma política de esquerda. Cita o exemplo de Lula da Silva, que apesar da origem esquerdista e de confronto sindical, é conservador na área fiscal.
Becker acredita que uma possível razão para a oposição ao capitalismo na América Latina é o "crony capitalism". Crony é uma palavra da língua inglesa cuja tradução seria "amigo íntimo de longa data". Utilizarei o termo capitalismo da amizade. Segundo Becker "o capitalismo da amizade é o oposto do capitalismo competitivo, que produz resultados sociais desejáveis. O Capitalismo da amizade é um sistema onde empresas com forte conecções com o governo ganha poder econômico, e não por ser mais competitiva, mas pelo uso do governo para favorecimento e proteção de sua posição. (...) Algum cronysmo é encontrado em todos os países, mas Méxicoe e outros países latinos tem influencia das conexões políticas no seu extremo."
"Em essência, o capitalismo da amizade quase sempre cria monopólios privados que ferem consumidores comparados com o bem-estar na competição (...) Uma característica do Chile desde as reformas do início de 1980´s é o crescimento no capitalismo competitivo em detrimento do capitalismo da amizade".
"Um fator adicional para a recente ressureição da esquerda na América Latina é o acesso desigual na educação e no capital financeiro que tem produzido um grau pouco usual de desigualdade de renda em muitos desses países."
Com respeito a Bolívia e a Venezuela, Becker lembra que "democracia e capitalismo competitivo são menos prováveis de florescer quando óleo e outros recursos naturais trazem consideráveis receitas para os governos, mesmo sem políticas econômicas adequadas. O paradoxo desse efeito negativo no desempenho econômico do crescimento da receita de recursos naturais tem sido notado freqüentemente, e tem sido algumas vezes chamado de Dutch disease".
Becker lembra que o exemplo do Chile, vis-a-vis com Cuba, não tem sido instrutivo: "sucesso do Chile nos últimos vinte e cinco anos e o desastre da economia de Cuba tem influenciado muitos economistas latinos e alguns escritores, mas tem tido menos influencia nos resultados das eleições do que poderia ser esperado".
Efeito Propriedade
O efeito propriedade pode ser traduzido no provérbio "mais vale um pássaro na mão do que dois voando". A pesquisa crucial foi realizada por Knetsch, em 1989. Esse pesquisador fez um experimento interessante. Perguntou a um grupo de pessoas qual produto gostava mais - chocolate e café. Após obter um resultado equilibrado, com metade das pessoas optando por chocolate e a outra metade por café, distribuiu os dois produtos (café e chocolate), um para cada indíviduo, aleatoriamente. Como o gosto estava dividido e o número de produtos distribuídos corresponde ao número de pessoas, Knetsch esperava que a metade dos indíviduos receberia o produto da sua preferência, mas a outra metade não. Existindo a possibilidade de trocar os produtos recebidos, Knetsch constatou que a grande maioria das pessoas optaram pela manutenção do produto recebido, o que era incoerente.
Essas situações onde o processo decisório dos indivíduos apresentam uma decisão incoerente é típica dos estudos de Finanças Comportamentais. Entretanto, a teoria Neoclássica discorda dos resultados obtidos nessas situações. Os teóricos neoclássicos ressaltam que o processo decisório da forma como é apresentado pelas Finanças Comportamentais difere das situações práticas. Segundo os neoclássicos, as pessoas mudam suas posições com o processo de aprendizado. Assim, caso a experiência fosse repetida mais vezes os indíviduos poderiam melhorar suas decisões, deixando de existir o efeito propriedade.
Em 2003 John List refez o estudo de Knetsch utilizando de uma pesquisa (aqui o vínculo para arquivo, em inglês, em PDF) com fãs de figurinhas e outros itens. List encontrou que as pessoas tomam decisões incoerentes caso sejam consumidores inexperientes. Mas para os consumidores experientes, com grandes oportunidades de troca, as bases de Finanças Comportamentais não são razoáveis para estudar seu comportamento. Nesse caso é mais interessante usar a abordagem da teoria neoclássica.
Ou seja, pessoas com experiência intensa de mercado não possuem a anomalia descrita pelas Finanças Comportamentais.
08 maio 2006
Pesquisa em Contabilidade Financeira
Uma forma fácil de analisar essa reação é através do comportamento dos preços no mercado de capitais. Considere a seguinte situação para exemplificar: um pesquisador acredita que o anúncio de uma negociação por parte de uma empresa possa afetar a forma como o usuário percebe a empresa, sendo importante para análise. A partir desse ponto, o analista pode buscar na história das empresas situações onde esse fato ocorreu e verificar se o mercado reagiu a essa notícia.
O problema é que nosso mercado de capitais não é suficientemente grande para fazer algumas pesquisas interessantes como, por exemplo, o impacto de anúncio de investimento em P&D, influencia da retirada de um executivo ou alteração do método de avaliação de estoques.
Uma alternativa é buscar através de estudo de caso. A técnica do estudo de caso não permite, no entanto, que se faça inferências mais genéricas sobre um determinado assunto.
Uma saída interessante que a temática de finanças comportamentais está utilizando é através de perguntas relacionadas ao tema que se deseja investigar para pessoas comuns. Apesar de muitas vezes não reproduzir uma situação típica de mercado, os questionários apresentam conclusões interessantes.
Se o objetivo é verificar como se comporta um determinado indivíduo diante um processo decisório outras fontes podem ser utilizadas.
David Romer, um pesquisador da University of California, fez uma pesquisa interessante sobre a maximização das empresas. Esse é um tema de interesse não somente da contabilidade financeira, mas também da economia e de finanças. A base de dados para sua discussão foi a parte mais interessante do seu trabalho: o futebol americano. Romer analisou como os indíviduos se comportam diante de uma situação de risco e visando a maximização de resultados.
Para sua pesquisa, utilizou a decisão de técnicos de futebol americano para mostrar que esses indivíduos tendem a ser conservadores mesmo atuando num ambiente onde a permanência no emprego não é garantido (não é só no futebol brasileiro que isso ocorre). Entre duas estratégias, uma conservadora, mas com pouca chance de vitória, e outra mais "radical", onde a probabilidade é maior, os técnicos preferem a alternativa padrão, mesmo que não seja a melhor.
Confesso que a pesquisa de Romer fica sem sentido para nós que não conhecemos/entendemos o futebol americano. Mas para quem quer dar uma olhada, veja também os comentários do sítio
Statiscal Modeling, Causal Inference, and Social Science e no sítio Marginal Revolution (4 de Maio)
05 maio 2006
Para Divertir - Dois Analistas de Balanços
Segundo Analista: Comparado a quem?
Petrobras e Bolívia - 02
Após a tempestade é possível analisar mais friamente o impacto das medidas do governo da Bolívia sobre a Petrobás. Os jornais deixam claro que basicamente a única empresa atingida foi a Petrobrás. A atitude do governo brasileiro tem sido muito criticada, por não defender os interesses da empresa da qual é acionista.
Já o mercado tomou os problemas como um "soluço" para a Petrobrás. O gráfico a seguir mostra o desempenho dos ADRs da Petrobrás na Bolsa de Nova Iorque. Ocorreu uma pequena queda no preço das ações e já existe uma perpectiva de crescimento. Apesar do Morales.
Poder da Convenção
Convenção significa usos ou costumes sociais estabelecidos. No nosso dia-a-dia temos inúmeros exemplos de convenção como os sinais de trânsito.
Uma das convenções interessantes diz respeito ao mapa mundi. Já acostumamos a encontrar o norte no topo do mapa. Essa convenção vem de séculos atrás, provavelmente derivada do navegadores europeus. Mas nem todos os países adotam/aceitam essa convenção. A Austrália, por exemplo, considera o Sul no topo do mapa. É interessante esse ponto pois começamos a repensar o nosso mundo.
A Convenção também está presente na contabilidade financeira. Ao obtarmos por colocar o ativo no lado direito isso é fruto de uma convenção. O ordenamento do ativo em ordem de liquidez, do maior para o menor, também é resultado de uma convenção.
Qual a vantagem de uma convenção? Talvez facilite a absorção mais rápida de novos conhecimentos. E a desvantagem? Provavelmente temos, com a convenção, a tendência a aceitá-las de forma passiva.
Para um estudo sobre a convenção dos mapas, vide o seguinte endereço: http://www.flourish.org/upsidedownmap/
04 maio 2006
Corrupção e impacto sobre as empresas
No Brasil parece que já perdemos a noção da necessidade de combater essa prática. Diante das manchetes dos jornais, é normal aceitá-la, sem refletir seus efeitos.
Para um empresa, a corrupção significa aumento de despesa - se ter a certeza de uma contrapartida em termos de serviços -, com a chance de aumentar o risco de uma ação da justiça ou uma condenação por parte dos clientes.
Os efeitos também se fazem sentir para as empresas que atuam em setores onde a existência de corrupção é uma prática comum. Um aumento na corrupção num país tem impacto sobre os negócios de todas a empresas. Esse é uma possível conclusão de um estudo realizado por três pesquisadores em economia da University of Texas e University of Nebraska.
Os pesquisadores verificaram se existe relação entre o nível de corrupção de um país e o rating da dívida soberana de cada país. Para medir a corrupção, Depken, La Fountain e Butters utilizaram os dados da organização Transparency International, que possui um indicador que mede o nível de corrupção de cada país. O Brasil possuía em 2005 uma percepção de corrupção de 3,7 (quanto maior o índice, menos corrupto é o país), estando em 62o. lugar de uma lista de 159 países. Esse dado de corrupção foi relacionado com o da classificação dos títulos da dívida soberana. Os países que possuem títulos da dívida negociados no mercado internacional possuem uma classificação decorrente da qualidade desses títulos. Quanto pior a qualificação maior a percepção do credor que o país é um mal pagador.
Quando um país não está classificado adequadamente isso significa que se uma empresa daquela nação necessitar de um financiamento externo o custo será significativamente maior. Assim, uma empresa da Finlândia, um país com boa classificação externa, consegue empréstimos externos a um custo menor que uma empresa brasileira, que não possuí uma boa classificação. Os efeitos disso são observados no custo mais elevado dos recursos para as empresas.
O que Depken e seus colegas descobriram é que a classificação da qualidade dos títulos externos de um país possui relação com a corrupção. Em outras palavras, países menos corruptos possuem um risco menor que os países mais corruptos. Para chegar a essa conclusão, os pesquisadores utilizaram um conjunto de quase 50 países e isolaram algumas variáveis que poderia afetar o nível de risco. Apesar do resultado final não apresentar uma correlação muito expressiva entre a corrupção e o custo da dívida, essa relação existe.
Para se ter uma idéia do impacto positivo de políticas de combate à corrupção num país, uma redução da corrupção na Argentina para o níveis da Tunísia significaria uma economia de $1,3 bilhão de juros anualmente ou quase 1% do seu PIB.
Lâmpada
Resposta: Cinco. Um para escrever uma grande proposta; outro para fazer a modelagem matemática; dois para colaborarem na pesquisa; e um estudante para fazer o trabalho.
Fonte: www.adamsmith.org
Petrobrás e Bolívia
A questão da Petrobrás na Bolívia teve uma pequena reação do mercado acionário, conforme pode ser vista no gráfico abaixo. Observe que a tendência de alta das ações da empresa sofreu uma pequena reversão. Provavelmente o mercado já contava com essa possibilidade ou visualiza que o impacto sobre o resultado da empresa é reduzido.(O gráfico refere-se a comercialização do ADR da Petrobrás na Bolsa de Nova Iorque nos últimos dias)
02 maio 2006
Finanças Comportamentais
Aversão à Perda - Tendência das pessoas preferirem fortemente evitar perdas do que adquirir ganhos. Alguns estudos sugerem que as perdas são duas vezes mais poderosas do que os ganhos. A aversão a perda ajuda a explicar os efeitos dos custos perdidos.
Aversão à Ambiguidade - as pessoas preferem o familiar ao não familiar.
Contágio Emocional - tendência de expressar/ter emoções similares e influenciadas por outras pessoas. As pessoas tendem a ficar felizes quando outras pessoas estão felizes.
Efeito calendário - O desempenho de certos investimetnos tem variado significativamente dependendo do dia da semana, do dia do mês, do mês do ano, da proximidade dos feriados, da posição da terra, lua e sol, etc. Apesar da descrença de certos autores e do fato de que algumas dessas anomalias desapareceram recentemente, o efeito calendário ocorrem em muitos países.
Efeito do falso consenso - Refere-se a tendência que a pessoas possuem em superestimar o grau com que os outros concordam com elas. Pessoas geralmente acham que suas opiniões, crenças e predileções são mais majoritárias do que realmente são. Esse viés ocorre num grupo de pessoas que pensam que sua opinião representa uma grande população. Uma vez que existe consenso e que não existe disputa, eles tende a acreditar que todos pensam igual.
Efeito propriedade (ou "mais vale um pássaro na mão do que dois voando") - As pessoas dão um valor maior aos objetos que são proprietários. Isso contradiz a teoria econômica e tem sido muito questionado.
Uma experiência foi realizada com estudantes universitários. Eram dados dois produtos (café e chocolate) com mesmo valor de mercado. Numa primeira etapa, provou-se que a preferência era idêntica para os produtos (50% optava por café e 50% por chocolate). Depois, foram dados os produtos aleatoriamente aos estudantes e solicitados que os estudantes fizessem troca, caso desejassem. Somente 10% dos estudantes optaram pela troca. O normal seria 50%.
Falácia da Conjunção - Uma condição específica é mais provável de ocorrer que uma geral.
Um exemplo pode ser ilustrado a seguir: Lúcia tem 31 anos de idade, é solteira e brilhante. Graduou-se em filosofia. Quando era estudante, ela teve noções sobre discriminação e justiça social e participou de manifestações contra a guerra nuclear. Qual é mais provável? (1) Lúcia é uma bancária; (2) Lúcia é uma bancária e uma ativista do movimento feminista. Os entrevistados geralmente escolhem o número (2). Entretanto, matematicamente, a probabilidade dos dois eventos ocorrerem juntos (em conjunção) é sempre menor que a probabilidade de ocorrer sozinho. Considere a probabilidade de Lúcia ser bancária com sendo 5%. E também suponha a probabilidade dela ser feminista é de 95%. A Probabilidade de Lúcia ser bancária E feminista é de .05 × .95 ou 0.0475. Isso é menor que a Pr(Lúcia é uma bancária). A opinião 2 parece ser mais representativa da descrição, mesmo sendo menos provável.
Outro exemplo: Foi perguntado a especialistas qual a probabilidade da União Soviética invadir a Polônia e os Estados Unidos cortarem as relações diplomáticas, no próximo ano. Os especialistas responderam com 4% de probabilidade. Para outro grupo de especialistas foi questionada a probabilidade dos Estados Unidos cortarem as relações diplomáticas com a União Soviética no próximo ano. A probabilidade foi de 1%.
Falácia do jogador - As pessoas possuem pouca intuição sobre o comportamento de eventos aleatórios.
Os conceitos errôneos são os seguintes:
(1) um evento aleatório é mais provável de ocorrer por que ele não ocorreu num período de tempo;
(2) um evento aleatório é menos provável de ocorrer por que ele não ocorreu num período de tempo;
(3) um evento aleatório é mais provável de ocorrer por que ele ocorreu recentemente; e
(4) um evento aleatório é menos provável de ocorrer por que ele ocorreu recentemente.
Isso pode ser resumido na seguinte frase: uma moeda não tem memória.
Outros exemplos: (a)
Uma moeda tem 50% de chance de sair cara. A chance de “cara” duas vezes é de 0,5 x 0,5 = 0,25. Três caras é de 0,5 x 0,5 x 0,5 = 0,125. Considere que 4 caras já saíram num jogo de moedas. A falácia do jogador acha que a chance da próxima moeda ser “cara” é de 0,5 5 = 0,03125. Isso está errado. A probabilidade é 0,5.
Uma piada serve para ilustrar essa falácia. Voando num avião, um homem decidiu levar com ele uma bomba. “A chance de um avião ter uma bomba é pequena e a chance de ter duas é quase nenhuma.”
Joguei um moeda 20 vezes e deu cara todas as vezes. Qual a probabilidade de dar coroa na próxima jogada?
Um casal tem duas filhas. Qual a chance do próximo filho ser um menino?
É mais provável vencer na loteria escolhendo o mesmo número toda vez ou escolhendo um número diferente de cada vez?
Mas atenção: a falácia só ocorre quando os eventos são independentes. Se for um jogo de baralho sem reposição, não ocorre a falácia. Eventos esportivos também não podem ser considerados. A rigor, um vencedor num evento tem mais probabilidade no próximo evento que um perdedor.
Heurística - Pessoas quase sempre tomam decisões baseado em regras informais aproximadas e não análise racional.
Ilusão da moeda - A ilusão da moeda pode afetar a percepção dos resultados.
Experiências tem mostrado que pessoas geralmente percebem que um corte de 2% no salário nominal é injusto; mas vêem um aumento de 2% no salário nominal quando a inflação é de 4% como justo, apesar de serem equivalentes.
Preços nomimais são um regra interessante para determinados valores e preços reais somente são calculados quando eles são altamente relevantes (hiperinflação, por exemplo)
Ilusão do Conhecimento - Fazer uma inferência mais forte do que garantida pelos dados.
Moldura (Framing) - A forma como o problema ou a decisão é apresentada irá afetar sua ação. Na teoria da racionalidade de escolha supõe-se que a forma com que o problema é dado não afeta a ordem de escolha.
O exemplo clássico é o problema da doença. Uma nova doença atingiu a população da cidade onde você reside. Um grupo de cientistas trabalha para conter a epidemia. Eles esperam que no mínimo 600 pessoas morrerão por causa da doença. Duas soluções para combater a doença foram encontradas:
=> Se a Solução “A” for aplicada, 400 pessoas morrerão
=> Se a Solução “B” for aplicada, há 1/3 de probabilidade de que ninguém morrerá e 2/3 de probabilidade de 600 pessoas morrerem
A maioria das pessoas escolhem a alternativa B. Também é feito a seguinte pergunta:
Uma nova doença atingiu a população da cidade onde você reside. Um grupo de cientistas trabalha para conter a epidemia. Eles esperam que no mínimo 600 pessoas morrerão por causa da doença. Duas soluções para combater a doença foram encontradas:
=> Se a Solução “A” for aplicada, 200 pessoas serão salvas.
=> Se a Solução “B” for aplicada, há 1/3 de probabilidade que 600 pessoas serão salvas e 2/3 de probabilidade de ninguém ser salvo.
Os dois problemas são idênticos, mas a resposta não.
Ilusão de Controle - Tendência para o ser humano acreditar que ele pode controlar ou influenciar fatores que eles não tem influencia. Poderes para normais, superstições e crenças são situações dessas ilusões de controles. É facilmente encontrado em cassinos: soprar dados, evitar olhar o resultado, etc. As pessoas começam a acreditar que isso é sinal de que estava correto. As pessoas com ilusão de controle geralmente possuem pior desempenho.
Pensamento Mágico - Descreve um tipo de relação causal não científica. O pensamento mágico comete erros de causa-efeito. Por exemplo: alguém acha que a camisa dá sorte pois venceu um jogo com ela. Essa pessoa irá continuar a usar a camisa e irá associar a vitória a camisa. Adeptos não consideram isso como uma mágica. Na Ásia isso é denominado de Karma.
Outra situação são pessoas que acreditam que palavras podem afetar o mundo e por isso evitam certos termos (não fale no demônio que ele aparece). Essas pessaos usam eufenismo. As vezes o pensamento mágico ocorre devido ao fato das pessoas não saberem estatística. Uma situação típica ocorre com o efeito placebo que explica o interesse persistente por medicina alternativa.
Viés de Confirmação - Desejo das pessoas em encontrar informação que confirma a sua visão da situação
Viés do Conservadorismo - Pessoas são lentas em mudar suas opiniões em resposta a evidências recentes.
Winner's curse (Vitória de Pirro) - Ocorre quando ações comuns são tomadas com informação incompleta. Um produto deveria ter valor similar para todos os compradores, mas os jogadores estão incertos sobre o valor do mesmo. Cada jogador estima independente o valor do produto antes da aposta.
O vencedor será aquele que oferecer a maior aposta. Se considerarmos que a média das propostas é a estimativa acurada, então a pessoa com maior aposta terá um produto cujo valor foi superestimado. O efeito dependerá do número de apostadores.
01 maio 2006
Petrobrás e Bolívia
"El Presidente, Evo Morales Ayma, mediante Decreto Supremo 28701 nacionalizó el conjunto de los recursos hidrocarburíferos del país e instruyó a las Fuerzas Armadas tomar los diferentes campos petroleros con batallones de ingenieros.
En lo que calificó de una tercera y definitiva nacionalización, Morales explicó que los bolivianos vuelven a asumir la propiedad de este recurso natural que se constituirá, junto a otras acciones, en el pilar central del desarrollo de Bolivia y los bolivianos y, consecuentemente de la liberación de un país con los más altos niveles de marginación social e inequidad en la distribución de su riqueza.
La disposición leída en toda su extensión por el Mandatario y sustentada en la Constitución Política del Estado, la Ley de Hidrocarburos y acuerdos internacionales que permiten a los indígenas aprovechar sus recursos naturales sin perjuicio del apoyo internacional, se constituye “en una respuesta al pueblo”.
“El Estado recupera la propiedad, la posesión y el control total y absoluto de estos recursos”, señala el primer artículo del decreto de nacionalización, que se da a más de tres meses de gestión de la administración gubernamental del Movimiento Al Socialismo (MAS) que ofertó precisamente esa acción que redundará en la política económica del país.
Las Fuerzas Armadas, junto a los fiscales, tomaron hoy las 56 instalaciones de campos petroleros y dos refinerías que estaban controladas por las transnacionales Chaco y Andina, además de la transportadora Transredes a partir del proceso de capitalización impulsado por en el primer gobierno del ex presidente Gonzalo Sánchez de Lozada (MNR).
Las petroleras están obligadas a entregar toda su producción de gas y petróleo a Yacimiento Petrolíferos Fiscales Bolivianos (YPFB), quien también estará a cargo de la comercialización con la definición de las condiciones volúmenes y precios internos y la exportación e industrialización.
La actual administración gubernamental estableció que las petroleras que acaten de forma inmediata esta disposición podrán operar en el país, una vez que en 180 días, a partir de este 1 de mayo, negocien nuevos contratos acordes a la nueva realidad vigente. “Las compañías que no hayan firmado contratos no podrán seguir operando en el país”, afirmó el presidente Morales leyendo el decreto supremo.
Con la finalidad de garantizar la producción, la estatal petrolera deberá tomar a su cargo las operaciones de los campos de las compañías que se nieguen a acatar o intenten impedir la nacionalización de los hidrocarburos, que también implicará que el Estado acceda a 780 millones de dólares anuales.
La distribución de los recursos generados por la explotación de los recursos hidrocarburíferos también cambiará. De los recursos económicos generados de aquellos campos donde se haya registrado una producción superior a los 100 millones de pies cúbicos diarios de gas durante el 2005, se destinará el 82 por ciento al Estado y 18 por ciento para las empresas.
Del total de recursos que genera la industria petrolera en los megacampos, el 32 por ciento se inscribe en el Impuesto Directo a los Hidrocarburos (IDH), 32 por ciento se destinará a la participación adicional para Yacimientos Petrolíferos Fiscales Bolivianos, 18 por ciento irá en regalías y participaciones y el saldo, 18 por ciento se irá a las compañías para cubrir costos de producción, inversión y utilidades.
“Para los campos cuya producción certificada promedio de gas natural del año 2005, haya sido menor a 100 millones de pies cúbicos diarios durante el período de transición se mantendrá en actual distribución del valor de la producción de hidrocarburos”, informó Morales, dejando claro que las regalías de los departamentos productores no serán afectadas.
También se realizarán auditorías a cada una de las empresas para determinar las inversiones realizadas en este proceso de capitalización, sus amortizaciones, costos de operación y rentabilidad. Los resultados determinarán “la retribución o participación” de las empresas en el marco de los nuevos contratos que se firmarán.
El Estado toma inmediatamente el control y la dirección de la producción, transporte, refinación, almacenaje, distribución, comercialización e industrialización de hidrocarburos en el país, aseguró el Presidente, en parte de un discurso, donde expresó que este es el “mejor regalo” para los trabajadores en su día.
Se transfieren en propiedad a Yacimiento Petrolíferos Fiscales Bolivianos, a título gratuito, las acciones de los ciudadanos bolivianos que formaban parte del Fondo de Capitalización Colectiva en las empresas petroleras capitalizadas Chaco S.A.; Andina S.A., Transredes S.A.”, señala el decreto de nacionalización.
Con el fin de que esta decisión no afecte el pago del Bonosol, que se garantiza con los dividendos de estos recursos, el gobierno compromete la “reposición” de estos aportes para no generar ningún problema en el pago de este beneficio a las personas mayores de 65 años.
Las acciones del Fondo de Capitalización Colectiva que están a nombre de la Administradoras de Fondo Pensiones (AFP) en las empresas Chaco, Andina y Transredes serán “endosadas” a nombre de YPFB, anunció el Presidente y explicó que el Estado, a través del fortalecimiento de la empresa estatal, participará en toda la cadena productiva hidrocarburífera.
“Se nacionaliza las acciones necesarias para que Yacimiento Petrolíferos Fiscales Bolivianos controle como mínimo el 50 por ciento mas uno en las empresas Chaco S.A.; Andina S.A., Transredes S.A.; Petrobras Bolivia; Refinación S.A. y Compañía Logística de Hidrocarburos de Bolivia S.A.”, establece el decreto de nacionalización."
(Do sítio de Ricardo Noblat)
Na sua última demonstração financeira a Petrobrás fala em diferentes situações de risco entre as quais:
Estamos sujeitos a riscos substanciais relacionados a nossas operações internacionais, em particular na América Latina e no Oriente Médio.
Operamos em vários países diferentes, especialmente na América Latina e no Oriente Médio que podem ser política, econômica e socialmente instáveis. Os resultados das nossas operações e a situação financeira de nossas subsidiárias em esses países podem ser afetados adversamente pelas flutuações da economia local, pela instabilidade política e pelas medidas governamentais relacionadas à economia, incluindo:
imposição de controles cambiais ou de preços;>
imposição de restrições nas exportações de hidrocarbonetos;
desvalorização da moeda local; ou
aumento das alíquotas de exportação para o petróleo bruto e os derivados de petróleo.
Caso um ou mais dos riscos descritos acima se materializarem, é possível que não consigamos obter os nossos objetivos estratégicos em esses países ou em nossas operações internacionais como um todo, que poderá ter um impacto negativo nosresultados das nossas operações e situação financeira.
Dos países nos quais operamos, as nossas operações na Argentina são as mais significativas e representam aproximadamente 5,6% de nossa produção total de petróleo bruto e gás natural e 3,3% das nossas reservas comprovadas de petróleo bruto e gás natural em 31 de dezembro de 2004. Como resultado da crise, o governo argentino tomou uma série de medidas regulamentares, inclusive a imposição de controles de preço em indústrias do setor de petróleo e gás natural. De outro lado, as nossas operações na Bolívia representaram aproximadamente 2,3% da nossa produção total em barris de óleo equivalente e 2,8% das nossas reservas comprovadas de petróleo bruto e gás natural em 31 de dezembro de 2004. As recentes turbulências políticas na Bolívia tiveram como alvo a participação de companhias estrangeiras na indústria de gás natural da Bolívia, o que ocasionou o aumento dos pagamentos de royalties e impostos em maio de 2005 e alguns grupos políticos clamam pela nacionalização do setor de energia. Em junho de 2005, os intensos protestos da oposição conduziram à renúncia do Presidente Carlos Mesa, após 19 meses no cargo. Em geral, a situação política, econômica e social da Bolívia, e, particularmente a política de energia do país, permanecem extremamente instáveis e imprevisíveis. As decisões políticas e a deterioração na situação da Argentina e da Bolívia poderão causar efeitos adversos nos nossos investimentos e no resultado das nossas operações financeiras.
Importância da Classificação
O índice seria dado por:
RT = (RR - OR)/(RV + RS)
sendo
RT = índice de reposicionamento da tarifa
RR = soma das despesas com encargos e compra de energia com custos operacionais, despesas de capital e tributos
OR = outras receitas que corresponde as receitas extraconcessão e de serviços
RS = receita de suprimento de energia a outras distribuidoras
RV = receita verificada
Observe que a classificação de uma receita como extraconcessão leva a uma menor tarifa para a empresa. Em outras palavras, cria-se um incentivo para que as receitas não sejam classificadas como "OR" e sim como RR.