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29 setembro 2013

Melhore a sua memória: técnicas

Dory (Procurando Nemo) e Leonard (Amnésia)
A memorização não é uma habilidade inata, mas sim aprendida. Então, não entre em pânico caso você se considere a pessoa com a pior memória do mundo: nada está tão ruim que não possa melhorar.

Em resumo, todos podem aprender a memorizar. Para isso, é preciso entender como o cérebro armazena informações primeiro.

O cérebro é um sistema complicado com muitas peças trabalhando em conjunto. Duas dessas peças – os neurônios e as sinapses – são chaves durante o processo de criação da memória. Os neurônios são as partes do cérebro que enviam e recebem sinais elétricos. As sinapses são os caminhos que os conectam.

Quando as memórias são recuperadas, uma série de neurônios envia sinais ao longo do cérebro, criando uma sequência que representa a memória. Quanto mais forte for a sinapse, maior a chance de que a memória pode ser recuperada.

O uso consistente de sinapses cria frequentemente conexões mais fortes. Assim, por exemplo, recordar o seu antigo número de celular é mais fácil do que um número de conta bancária, porque a memória do telefone foi recuperada com mais frequência. Sinais fracos não têm a capacidade de criar a cascata de neurônios essenciais para iniciar uma memória.

E isso explica inclusive um problema muito comum nos dias de hoje – a existência de tantas tecnologias para armazenar e recuperar rapidamente informações acaba fazendo com que os humanos não decorem mais nem mesmo os dados que usam diariamente.

Alguns especialistas até creem que essas tecnologias nos mudaram cognitivamente: tendo pouca necessidade de lembrar das informações, às vezes parece que nós nos esquecemos de como fazer isso (o que certamente atrapalha na hora que realmente precisamos memorizar algo, como para fazer uma prova).

Essa barreira à memorização é antiga: mesmo Sócrates não gostava de escrever porque temia que isso enfraqueceria sua memória.

Se você, pelo contrário, está precisando fortalecer a sua, confira essas três técnicas para melhorar sua memória:

1. O Palácio da Memória [a cara de The Mentalist]
Os antigos gregos e romanos não tinham o luxo de um smartphone ou ferramentas de pesquisa, então recorriam a técnicas mentais para memorizar informações. A técnica comum do tempo era o “Palácio da Memória”, também conhecido como “método de loci” ou “mapeamento mental”.

Funciona assim:
Visualize um espaço familiar em sua vida, ou seja, sua casa ou seu local de trabalho.

Encolha cinco salas ou áreas neste espaço, e cinco grandes itens em cada sala para servir como “arquivos” para a sua memorização.
Atribua um número a cada um desses cinco grandes itens de uma série, começando em um cômodo e indo para o outro em ordem crescente. Por exemplo, em seu quarto, sua cama pode ser 1, cadeira 2, mesa 3, abajur 4 e cortina 5. No banheiro ao lado, o vaso sanitário é 6, a pia 7, etc. É importante manter um fluxo (seguir a ordem dos objetos, para que, quando você se lembre do cômodo, se lembre também da ordem e do número).

Neste ponto, o Palácio é construído. Agora, vamos preenchê-lo.

Imagine o que é que você quer se lembrar.

Associe essa memória com um item em um cômodo.

Por exemplo, se você quiser se lembrar dos nomes dos principais times de futebol paulistas para impressionar seu namorado fanático, pode associar cada um com um item do palácio, como:

Palmeiras crescendo na sua cama (Palmeiras)
Uma cadeira branca e preta (Corinthians)
Um mapa de São Paulo na sua mesa (São Paulo)
Um abajur em forma de peixe ou com o tema praia (Santos)
Uma cortina com estampa de pontes pretas (Ponte Preta)…

A visualização é muito importante nesse método. Quanto mais vivas essas cenas aparecem em sua imaginação, mais provável é que você se lembrará delas. Cenas bizarras são as que funcionam melhor.

2. Crie um Sistema de Peg
Uma técnica ideal para memorização de listas, o Sistema de Peg funciona de forma similar ao Palácio da Memória, criando uma associação entre o que você quer memorizar e o que sua mente já sabe.

Para usar o Sistema de Peg, você atribui palavras para uma lista de números, criando uma imagem mental para cada uma. Então, você pode anexar o que você deseja memorizar a essas imagens mentais pré-memorizadas, criando uma conexão viva em sua mente.

Os pontos de partida podem ser palavras que rimam com cada número ou possuem forma correspondente à forma de cada número. Um exemplo de números e rimas seria:
1 = atum
2 = arroz
3 = bebês…

Depois de memorizar esses “pontos iniciais”, você pode começar a associar a lista do que você realmente quer memorizar. Digamos que você queira decorar uma lista de artigos de papelaria que você precisa comprar. Imagine as seguintes cenas:

Folha sulfite: milhares de folhas com desenhos de latas de atum
Tinta para impressora: um prato de arroz colorido com tinta
Caneta: bebês desenhando com canetas…

3. Método da primeira letra
As técnicas acima funcionam muito bem para memorizar itens individuais. Mas se você precisa decorar um texto grande, uma opção melhor é o método de texto da primeira letra.

Esse método não é visual, como os outros dois indicados acima. A chave para essa técnica é a primeira letra de cada palavra e trabalho duro.

Recordar, ao invés de repetir, é o conceito fundamental para qualquer tipo de memorização. O ato de ler algo que você quer memorizar dispara conexões diferentes do que o ato de se lembrar do que leu.

Ou seja, se você quiser memorizar um grande pedaço de texto, é melhor tentar recordar mentalmente daquilo que acabou de ler do que reler o texto várias vezes. Para ajudar, você pode usar a primeira letra de cada palavra.

Por exemplo, se você quiser decorar o discurso “Eu tenho um sonho” de Martin Luther King, a frase “Eu tenho um sonho que minhas quatro pequenas crianças vão um dia viver em uma nação onde elas não serão julgadas pela cor da sua pele, mas sim pelo conteúdo de seu caráter” se torna “E t u s q m q p c v u d v e u n o e n s j p c d s p, m s p c d e c”.

Agora, em vez de ler o texto na íntegra, você olha para a frase só com as primeiras letras e tenta recordá-la. Seu cérebro estará exercendo suas sinapses de uma forma que levará a uma melhor memorização. Esse método fica mais fácil com a prática.

Bônus: Outros métodos
Pesquisas psicológicas têm apoiado a teoria da “memória relacionada ao humor”: se você quer se lembrar de algo, volte para o humor em que você estava quando experimentou o que quer se lembrar.

Há também o sistema de ligação, que funciona de uma maneira semelhante ao Sistema de Peg, sem uma ordem numérica. Digamos que você precisa memorizar uma lista de termos arbitrários, como cão, bolo, casa, chuva, etc. Você deve visualizar uma ligação ou interação entre cada item consecutivo, por exemplo, um cão comendo um bolo, um bolo de recheio de uma casa, uma tempestade de casas, etc.

Ron White, ex-campeão americano de memorização, tem um método interessante para lembrar números. Ele atribui a cada amigo um número, e quando precisa memorizar um novo número, imagina mentalmente seus amigos em uma ordem particular.

A memorização muitas vezes se volta para fundamentos como visualizar, associar e recordar. Para melhorar a sua, você precisa encontrar aquilo que funciona melhor para você. Inclusive, você pode inventar seu próprio método ou misturar itens de diferentes técnicas.

Texto: HyperScience. Imagem: Shirtoid.

06 agosto 2013

Memorização

Have smartphones in every pocket made memorization obsolete?
Scientific American, August 2013

When my father was growing up, his father offered him 25 cents to memorize the complete list of U.S. presidents. “Number one, George Washington. Number two, John Adams …”
A generation later my dad made the same deal with me, upping the reward to $5. (The prize had grown, he explained, “because of inflation and because there are more presidents now.”)
This year I offered my own son $10 to perform the same stunt. My son, however, was baffled. Why on earth should he memorize the presidents?
Nowadays, he argued, “everybody has a smartphone” and always will. He'll probably turn out to be correct; 2013 is a tipping point, in which, for the first time in history, smartphones will outsell plain ones.
In other words, having a computer in your pocket is the norm. Google is always one tap away. So there's very little sense, as far as my son is concerned, in memorizing anything: presidents, the periodic table of the elements, the state capitals or the multiplication tables above 10.
Now, parents in my generation might have a predictable reaction: dismay and disappointment. “Those young kids today! Do we have to make everything easy?” we say. “If they don't have enough facts in their heads, they won't be able to put new information into context.”
That's an understandable argument. On the other hand, there is a powerful counterargument: As society marches ever forward, we leave obsolete skills in our wake. That's just part of progress. Why should we mourn the loss of memorization skills any more than we pine for hot type technology, Morse code abilities or a knack for operating elevators?
Maybe memorization is different than those job skills. Maybe having a store of ready information is more fundamental, more important, and thus we should fight more fiercely to retain it.
And yet we've confronted this issue before—or, at least, one that is almost exactly like it. When pocket calculators came along, educators and parents were alarmed about students losing the ability to perform arithmetic using paper and pencil. After hundreds of generations of teaching basic math, were we now prepared to cede that expertise to machines?
Yes, we were. Today calculators are almost universally permitted in the classroom. You are even allowed to use one—encouraged, in fact—when you are taking the SAT.
In the end, we reasoned (or maybe rationalized) that the critical skills are analysis and problem solving—not basic computation. Calculators will always be with us. So why not let them do the grunt work and free up more time for students to learn more complex concepts or master more difficult problems?
In the same way, maybe we'll soon conclude that memorizing facts is no longer part of the modern student's task. Maybe we should let the smartphone call up those facts as necessary—and let students focus on developing analytical skills (logic, interpretation, creative problem solving) and personal ones (motivation, self-control, tolerance).
Of course, it's a spectrum. We'll always need to memorize information that would be too clumsy or time-consuming to look up daily: simple arithmetic, common spellings, the layout of our hometown. Without those, we won't be of much use in our jobs, relationships or conversations.
But whether we like it or not, we may as well admit that the rest of it will probably soon go the way of calligraphy, the card catalogue and long division. Whenever we need to access abstruse facts, we'll just grab our phones—at least until we implant even better technologies right into our brain.

SCIENTIFIC AMERICAN ONLINE
Six ways that brains trump tech: ScientificAmerican.com/aug2013/pogue
Smartphones Mean You Will No Longer Have to Memorize Facts:


This article was originally published with the title The Last Thing You'll Memorize.