Translate

Mostrando postagens com marcador livro. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador livro. Mostrar todas as postagens

06 agosto 2014

Resenha: Guia Politicamente Incorreto do Futebol

Este é mais um livro da série “Guia Politicamente Incorreto (...)” da editora Leya. Esta coleção fez sucesso com outros temas e a fórmula tenta captar a atenção do leitor interessado em futebol. Mais de 400 páginas e 18 capítulos, o texto trata de assuntos diversos como racismo, seleção de setenta, batalha dos Aflitos, Barcelona, Pelé e Maradona.

Como o próprio título induz, algumas das posições dos autores são polêmicas, como é a afirmação de que “Messi não é um bom garoto” (último capítulo). O problema é que o livro, escrito por jornalistas, cai na “faláciado jornalista”. Esta falácia acontece quando se toma um ou dois depoimentos e fazem conclusões apressadas. No caso do Messi, o livro usa três acontecimentos para fazer esta conclusão.

Outros pontos levantados, como o “futebol não é um bom negócio”, já mereceu uma análise muito mais interessante e profunda no Soccernomics, por exemplo. Para quem já leu Soccernomics, o texto deste Guia é mais superficial.

Mas é inegável que a leitura do livro é agradável. O formato ajuda e os capítulos podem ser lidos de maneira independente. Neste sentido, os problemas apontados anteriormente não prejudicam a leitura.

Vale a pena? Para quem gosta de futebol, inclusive discutir futebol, é interessante sua leitura. Pode acrescentar polêmica nas conversas com os amigos.

ROSSI, Jones; MENDES JR, Leonardo. Guia Politicamente Incorreto do Futebol. Leya, 2014.

Se decidir comprar o livro, sugerimos escolher um de nossos parceiros. O blog é afiliado aos seguintes programas:
Amazon Brasil
Americanas
Submarino
ShopTime
SouBarato.com.br-


17 julho 2014

O Livro favorito de Gates

O bilionário Bill Gates é um apaixonado por leitura. É possível encontrar na rede sua lista de sugestões de livros (aqui, por exemplo). Recentemente Gates escreveu um artigo onde revela o seu livro favorito. E esta revelação possui algumas surpresas:

1 ) É uma livro relativamente antigo, de 1971. Assim, diz pouco sobre a revolução dos computadores que ele ajudou a construir.

2 ) É uma obra sobre negócios. Algumas pessoas gostam de ler sobre assuntos diferentes da sua realidade: um pacato cidadão pode gostar de leituras de aventuras, por exemplo. Mas Gates escolheu uma obra de negócios.

3 ) Não é uma obra muito conhecida. Inclusive o livro está fora de circulação, estando disponível somente a versão para Kindle e outros tablets.

4) Foi uma indicação de Warren Buffet, outro bilionário, no primeiro encontro entre eles (hoje, Gates e Buffet são amigos, apesar da diferença de idade).

O livro chama-se Business Adventures e foi escrito por John Brooks para a revista New Yorker (a exemplo de Malcom Gladwell). São doze histórias, chamadas de “classic tales” no subtítulo. Para quem se interessar, aqui um link para o capítulo da Xerox.

Fonte: Aqui, Aqui  e aqui

15 abril 2014

Sorteio: Resultado

O vencedor de O Andar do Bêbado foi o Ednilto. Parabéns!

Conforme as regras, um e-mail foi enviado para pegar os seus dados.

Agradecemos a todos que participaram.


Se quiser ampliar, clique na imagem.

05 março 2014

Resenha? A Passagem

Ou #CartaAUmBomAmigo

Eu estou escrevendo para te dizer, querido Fred, com o tal vício gosto literário similar ao meu, para ler este autor que o meu tio “indicou”: Justin Cronin. Sensacional!

Cai em uma armadilha e, sem querer, comecei a ler “A Passagem” e não parei mais. Parei sim de fazer tudo o mais que deveria. Direi aqui algo inédito (ao menos sem sarcasmo): graças dou pelo carnaval! Feriadão belíssimo, esse!

Depois de algumas crises de ansiedade e depressão pós-livro, você sabe que detesto começar séries que ainda não foram encerradas. Mas, afinal, não foi você mesmo que me apresentou As Crônicas de Gelo e Fogo antes mesmo do autor ter escrito lá muita coisa!? Então posso te indicar sem peso na consciência. E sem a Núbia saber, caso contrário eu também vou levar bronca já que nós três deveríamos estar estudando e não passeando por outros mundos.

Cronin se formou em Harvard, veja só. Que ao menos possamos nos enganar e acalmar a angústia ao pensar que quem está nos contando essa história tem uma boa formação. Claro, comprei o áudio também. Versemos o português e o inglês, han!? E durmamos tranquilamente sabendo que treinamos inglês, português e finjamos que, com isso, fizemos algum tipo de autoaperfeiçoamento redacional e gramatical que nos ajudará num futuro próximo.

Como estamos na quarta-feira de cinzas acredito que posso escrever isso: Vá lá! Hoje é, teoricamente, o dia internacional da ressaca. Sorte nossa que não bebemos e podemos fazer o tempo valer assim... aumentando a miopia e brigando com os irmãos que acham que, por estarmos lendo, não estamos fazendo nada. Então corra a uma boa livraria ou carregue o seu kindle. Certamente você irá gostar de A Passagem.

Ah tio, por que você foi falar desse autor e por que o Submarino foi fazer uma promoção que me fez adquirir os dois primeiros livros por uma pechincha? Acho que para eu ter, finalmente, a oportunidade de indicar livros para você, para você e para você que ainda não teremos a melancólica alegria de conhecer o enredo final. “The City of Mirrors” deveria, inicialmente, ser publicado este ano (em outubro), mas há sites com pré-venda apenas para 2015. Ao escrever isso eu me arrependo amargamente de ter lido o primeiro livro.

Era para eu resenhar ou resumir alguma coisa, mas estou tão animada que sinceramente não sei te contar sobre o livro sem colocar informações que o Justin deveria te passar. Então leia o livro sem ler sequer o resumo na contracapa. E tenha um ótimo finzinho de semana de carnaval ou início de ano. Depende de como cada um encara a vida.

Abraços,


Bel

04 fevereiro 2014

Sorteio #032014


Como o pessoal do Instagram já soube, recebemos um presente! Uma bela edição do livro "Estrutura, Análise e Interpretação das Demonstrações Contábeis" enviado pelo autor, o professor Alexandre Alcantara da Silva. Agradecemos imensamente! *.*

Quer concorrer? Preencha os dados no formulário abaixo. O sorteio será realizado no dia 14 de fevereiro.

28 janeiro 2014

Professores ensinam gramática pela metade


[...] Em entrevista à Livraria da Folha, por telefone, Dad [Squarisi] frisou que a escola não ensina, e os professores repassam a meia lição e não a lição completa sobre a gramática da língua portuguesa para os estudantes. Daí, a perpetuação da calosidade em nossa escrita.

A especialista disse que boa parte dos alunos não sabe gramática. Ela atribui o deslocamento incorreto da pontuação a um problema de análise sintática. "A vírgula não é saber pausa, não é onde você respira e põe a vírgula. A vírgula é problema de análise sintática".

Dad afirmou que os pleonasmos sofisticados estão invadindo os textos e se tornando frequentes, como "manter a mesma", "continuar ainda", "além de e também". "Se é 'manter' só pode ser 'a mesma', 'ainda' é dispensável, 'além de e também' juntos indicam adição", exemplifica.

[...]

Livraria da Folha - Quais vícios mais lhe incomodam nos textos jornalísticos?
Dad - Se você me perguntar como é que jornalista escreve, eu lhe digo que jornalista escreve com pressa. O problema do jornalista é a pressão, escreve muito rápido e sob pressão. Às vezes, não tem tempo de revisar o texto, e ele vai para a edição sem revisões. [O jornalista] Tropeça em vírgulas e em concordâncias por causa da rapidez, comete erros por falta de traquejo. Tem também as ambiguidades, que a gente vê com muita frequência. O jornalista lê e não percebe que a frase está ambígua, mas o leitor ou ouvinte lê ou ouve e vê imediatamente que a frase está ambígua. Há vícios recorrentes de pleonasmos, mas de pleonasmos sofisticados. Por exemplo, "manter a mesma", "continuar ainda", "além de e também". Se é "manter" só pode ser "a mesma", "ainda" é dispensável, "além de e também" juntos indicam adição. Esses pleonasmos são muito frequentes. Um tropeço muito grande que a gente percebe é o futuro do subjuntivo, um calo muito grande no pé. A vírgula é um calo no pé de todo mundo.

Livraria da Folha - E os tipos de "porque"?
Dad - Erra-se muito nos tipos de "porque", nos "ques" (com e sem acento) e na crase. Alguns são decorrentes de descuido e outros de uma base que não foi tão boa, um primário que não foi tão bem feito. A gente é muito da cultura oral. Nós escutamos muito dito desse jeito e acabamos repetindo o que foi dito.

Livraria da Folha - Isso se deve à falta de leitura também?
Dad - Sim. A grafia e as estruturas se fixam pela leitura.

Livraria da Folha - Casos como "mais grande" e "mais pequeno" parecem ser usados de forma incorreta quando podem ser utilizados. Qual outra ocorrência gramatical habita o imaginário popular como errada e é apropriada?
Dad - O "mais bem" e o "mais mal". Eu digo "o candidato mais bem classificado" e não "melhor classificado", porque antes de particípio eu uso o "mais bem". Eu uso "mais bom" e "mais mal", "mais grande" e "mais pequeno" nas comparações. Os professores, na ânsia de ensinar os alunos a empregar "melhor" e "pior", dizem que está errado, e, na verdade, ensinam meia lição e não a lição completa.

Livraria da Folha - Então escreve-se baseado em uma meia gramática?
Dad - Boa parte dos alunos não sabe gramática. Por que existe tanto problema na vírgula? Porque a vírgula não é saber pausa, não é onde você respira e põe a vírgula. A vírgula é sintática, é problema de análise sintática. Se ela [pessoa] não sabe análise sintática, não sabe usar a vírgula. A escola não ensina, e os jovens vão arrastando a dificuldade.

Livraria da Folha - Isso piora na rede com o chamado "internetês"?
Dad - Depende de que internet você fala. Se for a internet que eu leio os jornais, é uma linguagem bem cuidada. O jornal que está na internet tem a mesma qualidade do jornal impresso. A internet é um universo muito grande. Tem que ser adequado. Na sala de bate-papo, a língua tem que dar a impressão de que está sendo falada, tem que abreviar, tem que inventar grafias diferentes para ser rápido, para ser entendido. Se eu não fizer isso, eu sou excluída. Tenho conversado com professores de universidades para saber se há uma interferência do "internetês" nos textos escritos, e a resposta de 99% é não. Nós falamos várias línguas, nós escrevemos várias línguas.

Livraria da Folha - Em quais autores vocês perceberam desvios ou ruídos no uso da língua?
Dad - Nossa procura não foi pelos maus textos, que há de montão, mas pelos bons textos. Tivemos a preocupação de selecionar quem tem bom texto para expor como modelo, como Roberto Pompeu de Toledo e Diogo Mainardi, que você pode concordar ou não com o que ele diz, mas ele tem um texto muito moderno. O texto não nasce de uma sentada. Ele exige muito trabalho para fazer, refazer, tornar a fazer, substituir palavras e estruturas.

15 janeiro 2014

Resenha: O poder da amizade


O Poder da Amizade é um livro simples, de leitura rápida. Não há grandes desafios, realmente dá para ler em "uma sentada", e você não estiver com sono (alguns momentos são um tanto monótonos). No fim há referências das pesquisas e estudos utilizados, assim como sugestões de leitura para quem se interessar. Livros assim ganham um pontinho a mais.

O título já é bem autoexplicativo. Nesta obra, Tom Rath mostra a importância da amizade em diversos momentos da vida. Na seção dois ele foca "amigos no trabalho". A parte que acho mais importante e que raramente vejo ser adotada é a de que indicar um amigo para um cargo é algo positivo. Eu já trabalhei na PWC e lá isso era valorizado com o programa "talento atrai talento". Mas em outros ambientes já ouvi falarem mal de um profissional excelente pelo simples fato de um cargo ter chegado a ele por indicação de um amigo com boas conexões. De forma geral um bom profissional não indicará um amigo que o fará passar vergonha. Seria uma faca de dois gumes. Feliz é quem tem o tal do amigo que se arrisca por ele, o ajuda a crescer e o indica para bons cargos.

Rath ressalta que pessoas que tem amigos no trabalho produzem mais, têm mais chance de continuar na empresa, são mais organizadas, mais saudáveis, menos estressadas e mais felizes. Ter alguém com quem desabafar melhora a sua qualidade de vida. Quando somos jovens passamos 1/3 do nosso tempo com os amigos. Isso cai para 10% quando entramos no mercado de trabalho.

Na obra, os amigos no trabalho são classificados em: (i) incentivador; (ii) campeão; (iii) colaborador; (iv) companheiro; (v) comunicador; (vi) energizador; (vii) instigador; (viii) guia. Não concordo com esse detalhamento e exagero na análise, mas continua sendo uma leitura interessante. Vejo a importância do "guia", alguém que você pode procurar em momentos de dúvida, por exemplo. Na PWC tínhamos um "conselheiro". Escolhíamos um supervisor com quem não trabalhávamos costumeiramente e podíamos conversar com ele quando precisávamos. Só não vale transformar o seu "guia" em psicólogo de plantão!

Vale a pena? Não porque o que ele prega é facilmente acessado de formas mais simples. Um resumo, uma resenha, uma olhada na livraria já te faz captar o que te for necessário.

Rath, Tom. O Poder da Amizade. Ed. Sextante. 156p. R$ 19,90

Parceiros do blog:
Amazon Brasil
Americanas
Submarino

18 dezembro 2013

Rir é o melhor remédio

Se o leitor já frequentou biblioteca pública já deve ter deparado com livros com rabiscos. Alguns são criativos. Um sítio reuniu um conjunto de "desenhos" encontrados em obras:









11 setembro 2013

Rir é o melhor remédio

Existe um livro que ficou conhecido como A Bíblia Maldita. Tudo em razão do pior erro tipográfico já cometido por uma obra (pior do que este). Estava impresso: Cobiçarás a mulher do próximo.

(Fonte: O Sinal e o Ruído, Nate Silver, p. 12)

31 julho 2013

Livros caros: venda caiu, faturamento aumentou

A venda de livros no Brasil caiu 7,36% em 2012, mas o faturamento cresceu 3,04% no mesmo ano, informou o Sindicato Nacional de Editores de Livros (SNEL). O balanço feito pelo sindicato indica que em 2012 foram vendidos 434 milhões de livros e que o faturamento total foi de quase R$ 5 bilhões. O aumento da renda, apesar da queda nas vendas, se deve em parte pela alta do preço dos livros..

A pesquisa abrange os dois segmentos básicos do setor livro: o mercado, formado pelas livrarias e outros pontos de venda, e o governo, que compra das editoras por meio de programas como o Plano Nacional do Livro Didático (PNLD).

  • No primeiro segmento, o setor registrou em 2012 o primeiro crescimento real de vendas desde 2008, com um total de R$ 3,66 bilhões, 6.36% a mais que os R$ 3,44 bilhões vendidos ao mercado em 2011. Ainda considerando as vendas ao mercado, o preço médio do livro cresceu 12,48% em 2012
  • Já com relação às vendas ao governo, houve no ano passado uma queda de 10,31% no número de exemplares adquiridos – 185,48 milhões, contra 166,35 milhões em 2011 – e uma redução de 5,2% no faturamento. As editoras venderam ao governo em 2012 R$ 1,31 bilhão, contra R$ 1,38 bilhão no ano anterior.

Uma das tendências observadas em 2012 foi em relação à produção de novos títulos, que cresceu 1,89% em relação às reimpressões. Foram 20,79 mil novos títulos publicados no ano passado, contra 20,4 mil em 2011. As reimpressões, por sua vez, caíram quase 3%, passando de 37,78 mil em 2011 para 36,68 mil no ano passado.

No balanço deste ano, o SNEL citou pela primeira vez o número de livros exportados, que chegou a 3 milhões de exemplares e faturou R$ 56,9 milhões.

O levantamento anual é feito pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) da Universidade de São Paulo, sob encomenda da Câmara Brasileira do Livro (CBL) e do Snel.



Adaptado do jornal Correio Braziliense e do site Uol Economia. 
Tabela: SNEL

21 junho 2013

Tributação de livros eletrônicos

O Supremo Tribunal Federal (STF) reconheceu a imunidade tributária (não incidência de tributos) até mesmo para álbuns de figurinhas, segundo o escopo de não embaraçar o acesso à cultura, o que é objetivo prodigalizado na Constituição Federal. Continuará, não obstante, a não reconhecer o mesmo caráter nas obras publicadas em mídia eletrônica? A obra de Platão terá conteúdo e finalidade diferente por estar num e-book? Isto fará com que deixe de ser um livro?

(...) O cerne da questão é a definição de livro. A CF não o define, mas tão somente determina a não incidência de tributos sobre livros

Inicialmente, o Tribunal de Justiça do RJ entendera favoravelmente à imunidade, o que originou o mencionado recurso. Mas mediante decisão monocrática (individual) do Ministro Dias Toffoli, o STF deu razão à Fazenda. A questão, contudo, ganhou renovado alento a partir de novo recurso interposto pela Editora, inclusive juntando na ação publicações em jornais sobre o caso, o que comprovava a percepção da importância da questão pela imprensa, que para ela atinou primeiramente, levando o STF ao seu reexame e, finalmente, admitir a transcendência do feito.

Não se pode afirmar que nesse caso houve melhor sorte do que no processo da Ed. Nova Fronteira, relativo à edição eletrônica do Dicionário Aurélio; o que há é sinal dos tempos atuais, nos quais a realidade das publicações eletrônicas não pode mais ser ignorada pelos Tribunais, sendo incoerente com isto o fato do próprio Poder Judiciário ter suas publicações apenas no Diário Oficial Eletrônico.

Recentemente, o Tribunal Regional Federal (TRF) da 3ª Região revogou a liminar favorável à suspensão da exigibilidade de tributos sobre a importação de livros eletrônicos (II, IPI, PIS e COFINS) da marca Kobo, em ação ajuizada pela Livraria Cultura, pelo que o processo ora em comento reveste-se de maior importância ainda, uma vez que será a oportunidade de avaliação definitiva da questão pelo STF, servindo como norte do futuro entendimento a este respeito.

Vislumbra-se, a partir desse julgamento, o cenário futuro dos negócios das gigantescas Amazon e Apple, recentemente estabelecidas no Brasil, que movimentam fortunas nesse mercado.

O cerne da questão é a definição de livro. A Constituição não o define, mas tão somente determina a não incidência de tributos sobre livros e o papel destinado a sua impressão. Noutras palavras, estende ao papel a imunidade, mas não subordina o conceito de livro a sua impressão em papel, do mesmo modo que se fosse aplicada igual disposição "às cadeiras e à madeira destinada a sua confecção", uma cadeira de metal não deixaria de ser cadeira.

O que determinou a imunidade tributária foi a finalidade de difusão da cultura, com isso coadunando-se perfeitamente o conceito de livro como "obra escrita ou ilustrada transmissora de conteúdo intelectual"; esta característica é a substância do livro num sentido aristotélico, ou seja, aquilo que subsiste ao longo de todas as alterações da forma. (...)


A tributação dos livros eletrônicos - Félix Soibelman - Valor Econômico - 20/06/2013 (Foto: aqui)



08 abril 2013

Resumo: O Mundo é Plano III

Por Isabel Sales

Como as Empresas se Ajustam

            “Todos querem o crescimento econômico, mas ninguém deseja mudanças”. Infelizmente é impossível conseguir uma coisa sem a outra. Esse capítulo é um esforço para apresentar algumas estratégias utilizadas por empresas que conseguiram prosperar nos dias de hoje.

Regra nº 1.
Quando o mundo se achata – e você se sente achatado – procure uma pá e cave dentro de si mesmo. Não tente construir muralhas.
Ao invés de se sentir vítima da modernização o certo é tomar uma atitude e buscar soluções estratégicas e modernas. O exemplo é uma empresa de fotografias que inicialmente apenas tirava as fotos enquanto outros especialistas mexiam com outros processos como o tratamento da imagem. Com o tempo a empresa se modernizou, adotou máquinas digitais e programas de tratamento eletrônico da imagem, mas não se sentia confortável pois seu forte era tirar a fotografia. Atualmente vendem visão estratégica, o instinto criativo e a inspiração artística. Vende soluções inspiradas e criativas, personalidade. Sua competência básica foca aquilo que não pode ser digitalizado.

Regra nº 2.
Os pequenos se comportam como grandes (...) Uma maneira para que as firmas pequenas sobrevivam no mundo plano é aprender a comportar-se como se fossem realmente grandes. E a chave para agir como grandes sendo pequenas é a rapidez em aproveitar todos os novos instrumentos de colaboração a fim de chegar mais longe,mais depressa, mais ampla e profundamente.
O exemplo utilizado é o da Aramex, o primeiro serviço de entregas domésticas do mundo árabe. O cofundador, Fadi Ghandour, teve a ideia de entrar em contato com empresas norte-americanas que não operavam no Oriente Médio e oferecer-se para fazer serviços de entrega para elas, aproveitando o fato de que uma firma árabe conheceria bem a região e saberia ficar afastada de coisas desagradáveis como a invasão do Líbano por Israel, a guerra entre Irã e Iraque e a invasão do Iraque pelos norte-americanos. A Airborne respondeu afirmativamente, e Ghandour utilizou esse fato para construir sua própria empresa. Em seguida comprou ou associou-se com pequenas firmas de entregas desde o Egito e Turquia até a Arábia Saudita, criando sua própria rede regional. As ponto-com decolaram e o mercado simplesmente não reconhecia o valor da Aramex. A Airborne foi comprada por outra empresa e encerrou suas transações com os prestadores de serviços. Com isso Ghandour percebeu que não somente podia fazer coisas novas, como também precisava fazer coisas que nunca imaginara antes.  Ele utilizou uma geração de novos engenheiros industriais e de software jordanianos recém-formados para desenvolver seu próprio sistema que foi recepcionado com sucesso. Os parceiros ficaram satisfeitos e assim nasceu a aliança Global de Distribuição, com a Aramex fornecendo o apoio nos arredores de Amã.
Em suma, Fadi Ghandour aproveitou diversas novas formas de colaboração – cadeias de fornecimento, terceirização, empreitadas e todos os esteróides – para fazer com que sua pequena companhia de 200 milhões de dólares anuais crescesse muito.
  
Regra nº 3.
E os grandes se comportarão como pequenos (...) Uma maneira pela qual as grandes empresas aprenderam a prosperar no mundo plano foi se habituando a agir como se fossem pequenas e permitindo a seus clientes agir como grandes.
A Starbucks transforma os clientes em designers da bebida e permite que eles mandem prepará-la sob medida conforme suas especificações exatas. A firma criou uma plataforma que permite ao cliente individual servir-se da maneira que preferir, com seu próprio ritmo, segundo seu próprio gosto. Na verdade, transformou seus clientes em empregados e ao mesmo tempo os fazem pagar por isso!
            
Regra nº 4.
As melhores companhias são os melhores colaboradores. No mundo plano, cada vez mais negócios serão levados a efeito no interior das empresas ou entre elas, por uma razão muito simples: as novas camadas de criação de valor – seja na tecnologia, no marketing, na biomedicina ou nas manufaturas – estão se tornando de tal maneira complexas que nenhuma firma ou departamento individual será capaz de dominá-las sozinho.
As empresas se unem para criar. O exemplo mais expressivo são os videogames. Os fabricantes dos jogos acabaram por descobrir que ao combinar a música certa com o jogo adequando, não apenas vendiam mais exemplares daquele jogo como também podiam utilizar a música adicionalmente para vender num CD ou ser baixada no computador do usuário. Assim, algumas grandes empresas recentemente começaram a organizar suas próprias divisões musicais, e alguns artistas acham que a melhor maneira de divulgar suas músicas seria lançá-la em algum novo jogo digital, em vez do rádio. Quanto mais os diferentes polos de conhecimento se ligarem no mundo plano, mais especializações e especialistas aparecerão, mais inovações surgirão de suas diferentes combinações e mais a gerência terá de cuidar da capacidade de fazer exatamente isso.

Regra nº 5.
Num mundo plano, as melhores empresas se mantêm saudáveis fazendo exames raio X dos pulmões e em seguida vendendo os resultados aos clientes.
Laurie Tropiano, vice-presidente da IBM, e sua equipe tiram uma radiografia da empresa cliente para que ela possa estudar seu próprio esqueleto corporativo. Cada departamento, cada função é esmiuçada, colocada em uma caixa e identificada para saber se representa um custo para a empresa ou uma fonte de rendimentos, ou um pouco de cada uma das duas coisas, e trata-se de uma competência central própria da companhia ou de uma função baunilha que qualquer um poderia realizar, possivelmente melhor e a custo mais baixo.
O Banco da Índia enfrentava crescente competição de tantos de bancos públicos e privados, quanto de empresas multinacionais. Havia compreendido que precisava adotar serviços bancários baseados na web, padronizar e aperfeiçoar seus sistemas de computadores, reduzir o custo das transações e tornar-se em geral mais accessível aos clientes. Por isso, fez o que qualquer multinacional faria – submeteu-se a uma radiografia dos pulmões e resolveu terceirizar todas as funções que em sua visão não faziam parte de sua competência central ou para as quais simplesmente não possuía a capacidade interna para executá-las no nível mais elevado.

Regra nº 6.
As melhores companhias terceirizam para vencer e não para encolher-se. Terceirizam para inovar com maior rapidez e a custos mais baixos a fim de crescer, ganhar fatias de mercado e contratar mais funcionários de diferentes especialidades, e não para economizar despedindo empregados.
As companhias terceirizam para adquirir talentos na área do conhecimento a fim de que seus negócios cresçam mais depressa, e não simplesmente pra reduzir custos e encolher. As melhores companhias estão procurando meios de combinar o melhor que existe na Índia com o melhor que há em Dakota do Norte e o melhor que há em Los Angeles. Isso é o que o mundo plano ao mesmo tempo permite e exige, e as empresas que o praticam da maneira correta acabam obtendo fatias mais amplas de mercado e mais funcionários em toda parte, e não o oposto.

Regra nº 7.
Terceirização não é somente para a Benedict Arnolds. Também serve para os idealistas.
Uma das mais recentes figuras a emergir no palco mundial nos últimos tempos é o empresário social. Em geral é alguém que possui um grande desejo de causar um impacto social positivo no mundo. Um exemplo é Jeremy Hockenstein, jovem que inicialmente seguiu um caminho tradicional ao estudar em Harvard e em seguida trabalhar para a firma de consultoria McKinsey, mas que depois abriu com seus amigos a Digital Divide Data com a ideia de transcrever em computadores material do qual firmas dos Estados Unidos necessitavam em formato digital, para que pudessem ser armazenados em bancos de dados e recuperados ou pesquisados em computadores. O material seria escaneado nos Estados Unidos e os arquivos transmitidos pela Internet. Eles então contrataram os primeiro vinte digitadores, muitos dos quais eram refugiados de guerra cambojanos, e compraram vinte computadores e uma linha para Internet. Os digitadores cambojanos não precisavam saber inglês, somente digitar caracteres em inglês; trabalhavam em duplas, cada qual digitando o mesmo artigo e, em seguida, o programa de computador comparava os textos para certificar-se de que não havia erros. 

01 abril 2013

Resumo: O Mundo é Plano II

Por Isabel Sales

Força nº 7.
Cadeia de Fornecimento
Comendo sushi no Arkansas
            Esse seção fala principalmente sobre o exemplo do Wal-Mart, que se tornou a maior rede de varejo do mundo. Todo seu sistema é eletrônico, desde a célula elétrica que lê o código de barra (futuramente trocado por chips, que já estão sendo implantados) das caixas dos produtos, braços elétricos separam o material de acordo com o destinatário, até o momento em que o cliente retira o produto da prateleira, mandando um sinal para que o fornecedor fabrique outro daquele item e o envie pela cadeia de fornecimento. O diferencial é o fato de serem mais espertos e mais rápidos na adoção de novas tecnologias do que todos os seus concorrentes.
            A experiência da cadeia foi compartilhada com os japoneses. Masao Kiuchi, principal executivo da loja japonesa Seiyu, conheceu o Wal-Mart em Dallas e ficou impressionado. Tentou aplicar as mesmas características em sua loja, com base em fotos tiradas em sua visita, mas seus colegas não se animaram. Por fim procurou o pessoal da cadeia e firmou uma pareceria em 31 de dezembro de 2003. o Wal-Mart comprou uma parte da Seiyu em troca de ensinar-lhes sua inigualável fórmula de colaboração: o uso de uma cadeia de fornecimento global para proporcionar aos consumidores os melhores produtos, pelos menores preços. A estratégia teve que ser adaptada apenas ao departamento de vendas de peixe cru, tradição japonesa.
            “Não há de ser nada. Se esperarmos só um pouquinho, tenho certeza de que, num futuro não muito distante, ainda veremos sushi no Wal-Mart”.
  
Força nº 8.
Internalização
O que é que aqueles caras de bermudão marrom andam fazendo
            Internalização (insourcing) é uma nova forma de colaboração e criação horizontal de valor dentro da própria empresa. Empresas como a UPS (United Parcel Service), entregadora de pacotes, investem em logística. Hoje possuem até departamentos de assistência técnica para eletrônicos e de criação de embalagens para seus fornecedores. Essa transformação ocorreu em conseqüência da busca pela qualidade da imagem da empresa. Se a embalagem estragasse ou a entrega de uma televisão que foi para o conserto atrasasse, a UPS era a culpada por seus clientes e não as outras empresas envolvidas no processo. Foram implantados processos de logística e rastreamento de última geração. Executivos da empresa oferecem palestras buscando otimizar os sistemas de seus clientes de forma a entrarem em harmonia com os padrões da UPS.
         “A UPS está desenvolvendo plataformas para que qualquer empresa possa se globalizar ou multiplicar a eficiência de sua cadeia de fornecimento global. É um setor de atuação inédito, mas a UPS está convencida de que as possibilidades são quase ilimitadas”.
  
Força nº 9.
In-formação
Google, Yahoo!, MSN Web Search
            Nunca antes, na história do mundo, tanta gente – por conta própria- teve a possibilidade de encontrar tantas informações sobre tantas coisas e sobre tantas outras pessoas.
            O Google facilita o acesso a todos os conhecimentos do mundo em todos os idiomas. Informações antigamente restritas, ou adquiridas com dificuldades, hoje estão disponíveis facilmente.
            Os buscadores se enquadram no conceito de colaboração pela “in-formação” - o equivalente individual ao código aberto, à terceirização, à internalização, à cadeia de fornecimento e ao offshoring. In-formar consiste na possibilidade de construir e estruturar sua cadeia de fornecimento pessoal, de informação, conhecimentos e entretenimento. É uma espécie de autocolaboração: você se torna seu próprio pesquisador, editor e selecionador de entretenimento, gerindo-se e delegando tarefas a si próprio, sem precisar recorrer a bibliotecas, cinemas ou redes de televisão, trata-se de buscar conhecimento, procurar pessoas e comunidades de mentalidade semelhante. A fantástica popularidade do Google, que levou o Yahoo! E a Microsoft (representado pelo novo MSN Search) a também fazerem das buscas em profundidade e da in-formação recursos de destaque em seus respectivos sites, mostra o quanto as pessoas estão famintas por esse tipo de colaboração.
            O capítulo exemplifica as possibilidades desses sites, como a investigação da vida das pessoas (um futuro colega de quarto, um recém conhecido), a facilidade para encontrar CEPs e endereços, além de restaurantes perto de casa. Fala também da aquisição da Keyhole pelo Google que se transformou no Google Earth.
  
Força nº 10.
Esteróides
Digital, móvel, pessoal e virtual
            Carly Fiorina, ex-principal executiva da HP, costumava dizer que a tecnologia será realizada de modo “digital, móvel, virtual e pessoal”. Por “digital” quer dizer que graças às revoluções do PC, Windows, Netscape e fluxo de trabalho, todos os conteúdos e processos analógicos estão sendo digitalizados, o que permitirá que sejam moldados, manipulados e transmitidos pelo computador, pela Internet, via satélite ou por cabos de fibra óptica. “Virtual” significa que esse processo de moldar, manipular e transmitir o conteúdo assim digitalizado pode se dar a altíssima velocidade e muito facilmente, de modo que não será preciso sequer parar para pensar a respeito – graças a todas as auto-estradas, protocolos e padrões digitais subjacentes já instalados. “Móvel” refere-se ao fato de que, graças à tecnologia sem fio, tudo isso pode ser feito de qualquer lugar, com qualquer um, por meio de qualquer dispositivo, e pode ser levado para toda parte. Por fim, é “pessoal” porque pode ser feito por você, no seu próprio aparelho.
            Aqui fala-se da facilidade de compartilhamento de arquivos como o realizado pelo programa Napster (fechado por determinação judicial, em virtude de violação de direitos autorais, e só pode retornar em 2003), dos telefones via Internet (VoIP) como o Skype e das futuras possibilidades tecnológicas como a aposentadoria dos fios.


Capítulo Três: A Tripla Convergência

Por volta do ano 2000, todas as dez forças começaram a convergir, interagindo de maneira a gerar um novo campo global, mais nivelado. À medida que este se consolidava, pessoas físicas e jurídicas começaram a adotar novos hábitos, habilidades e processos, a fim de explorar ao máximo as novas possibilidades. Assim, os modos de criação de valor até então vigentes, eminentemente verticais, foram sendo pouco a pouco substituídos por outros, mais horizontais. O encontro desse novo campo para operação com as novas formas de atuação constituiu a segunda convergência, que na verdade ajudou a achatar a Terra mais ainda. Por fim, enquanto acontecia todo esse nivelamento, entrou no jogo um novo grupo de pessoas – bilhões delas, na verdade, oriundas da China, Índia e antigo Império Soviético – e, graças ao novo plano e suas novas ferramentas, muitas delas logo tiveram condições de entrar no jogo da colaboração e concorrência direta com os demais. Foi a terceira convergência.

30 março 2013

Walt Disney World: atenção aos detalhes

Por Isabel Sales

Pedido de autógrafo à "princesa". 

O livro “Nos Bastidores da Disney” é vendido como algo que revela “os segredos do sucesso da mais poderosa empresa de diversões do mundo”. Técnicas de marketing e vendas a parte, é um livro delicioso sobre alguns detalhes dos bastidores do Mundo Mágico. Eu me diverti com a leitura, assim como todos com quem compartilhei o livro. Nós optamos pelo perfil turístico e por isso valeu a pena.

“Se houver algo novo para se descobrir todas as vezes que o parque é visitado, os convidados estão mais propensos a retornar”.

Por exemplo... No parque temático Magic Kingdom, na Flórida, a maioria das pessoas não percebe, mas no castelo da Cinderela há um mural ilustrando cenas do conto. Em um deles, como na história, uma das filhas está “vermelha de raiva” e a outra “verde de inveja”.

As pontas mais gastas dos postes para amarrar cavalos (que adornam a rua principal) são retiradas e retocadas todas as noites. A meta é fazer com que pareçam novas todas as manhãs. O horário de início da tarefa depende da temperatura e da umidade, para que a tinta já esteja seca no horário de abertura do parque, na manhã seguinte.

Outro exemplo de como é importante a atenção aos detalhes está na forma como o Castelo da Cinderela foi construído. As pedras próximas ao solo são maiores do que as do alto. Isso faz com que o castelo pareça maior, sem torná-lo opressivo. A mesma técnica foi empregada em outras partes do parque. Na Main Street, se você comparar os andares dos prédios, verá que o segundo andar é sempre menor que o primeiro. E o terceiro menor que o segundo. O exemplo mais nítido está na loja Crystal Arts, pois as janelas do terceiro andar estão alinhadas exatamente sobre as do segundo andar e, apesar de ser um prédio de três pisos, é apenas um pouco mais alto que o prédio de dois pisos ao seu lado.

Um último exemplo. Quando os convidados chegam pela manhã, ouvem música animada; os membros do elenco recebem os convidados com vitalidade. A noite, porém, a música é suave; os membros do elenco agem com tranqüilidade. A música realça a experiência; acrescenta algo à sensação de satisfação e de bem-estar do convidado; faz com que ele se lembre com prazer da visita e deseje voltar. Mas nem um em cada mil tem consciência dessa diferença musical.

"Faria diferença se os convidados percebessem? Provavelmente, não. Provavelmente gostariam de saber. Afinal, quem quer entrar todo entusiasmado no Magic Kingdom e ser recebido por um membro do elenco todo relaxado, pacato? E quem quer terminar um longo dia no Magic Kingdom, rumando para o portão principal, cansado, mas feliz, tendo de agüentar membros do elenco pulando de lá para cá?"

25 março 2013

Resumo: O Mundo é Plano

Por Isabel Sales

O MUNDO É PLANO
Uma breve história do século XXI

Thomas L. Friedman


COMO O MUNDO SE ACHATOU


No primeiro capítulo Friedman trata de uma viagem que fez com uma equipe do canal de televisão Discovery Times para a Índia e outros países do Oriente. Um dos seus propósitos era pesquisar os componentes lógicos, a inteligência, os algoritmos complexos, o trabalho intelectual, os call centers, os protocolos de transmissão, as últimas novidades da engenharia óptica presentes no país.
Foi realizada uma entrevista com o CEO de uma das pérolas do mundo da tecnologia da informação indiana, que afirmou que os indianos estavam ajudando a “aplainar o terreno”. A Índia estava cada vez mais entrosada com os desenvolvimentos tecnológicos. Países estrangeiros contratam seus funcionários para as suas empresas, sem que esses precisem deixar o país devido às facilidades de comunicação tecnológicas.
“Tudo o que puder ser digitalizado também poderá ser terceirizado para alguém mais esperto ou mais barato, ou as duas coisas”.
            O primeiro capítulo fala principalmente da terceirização dos serviços de call centers americanos para a Índia. Trata da facilidade da terceirização desses serviços em decorrência da tecnologia que cria facilidades para a comunicação com qualquer parte do mundo, da organização logística, do incentivo à participação universitária em decorrência da vantagem da diferença de fusos (os universitários assistem aulas durante o dia e trabalham a noite já que nos EUA é dia), dos treinamentos de inglês para os atendentes, focalizando a acentuação do sotaque referente à região que estarão lidando.
            No segundo capítulo são abordadas “dez forças que achataram o mundo:
   
Força nº 1.
9 de Novembro de 1989
Quando os muros ruíram e as “janelas” se abriram
“A queda do Muro de Berlim, em 9 de novembro de 1989, liberou forças que acabariam libertando todos os povos dominados pelo Império Soviético – mas, na realidade, fez também muito mais que isso: inclinou a balança do poder mundial para o lado dos defensores da governança democrática, consensual, voltada para o livre mercado, em detrimento dos adeptos do governo autoritário, com economias de planejamento centralizado”.
“A queda do Muro de Berlim abriu caminho não só para que mais pessoas pudessem explorar os fundos de conhecimento umas das outras, como também para a adoção de parâmetros comuns com relação a como gerir economias, como fazer a contabilidade, como conduzir o sistema bancário, como construir computadores pessoais e como redigir trabalhos de economia”.
Nesse mesmo período o sistema Windows se estabeleceu como principal sistema operacional. Dezenas de milhões de pessoas em todo o mundo tornaram-se programadores, a fim de colocar o PC para fazer o que quer que desejassem em sua própria língua.
  
Força nº 2.
9 de Agosto de 1995
O dia em que o Netscape foi para a bolsa
            Em meados da década de 90 houve a modificação de uma plataforma de computação baseada em PC para outra baseada na Internet. O primeiro browser a se disseminar foi desenvolvido pela Netscape, que abriu seu capital em bolsa em 9 de agosto de 1995. Após uma semana foi lançado o Windows 95 que incluía suporte à Internet.
            “O Netscape desempenhou outro papel fundamental no achatamento do mundo: ajudou a tornar a Internet efetivamente interoperável”.
            O capítulo fala sobre o desenvolvimento do Netscape, a abertura do capital e como uma ação que esperava ser vendida a US$ 28 iniciais alcançou US$ 71. No fechamento do dia estava a US$ 56, exatamente o dobro do inicialmente estipulado.
            Naquele período houve aumento dos investimentos nas ações da Internet. Segundo Bill Gates os booms e bolhas podem ser perigosos para a economia (empresas ponto-com falindo, pessoas perdendo empregos), mas também tendem a acelerar o ritmo das inovações. “Foi isso que aconteceu com o boom das ações da Internet: provocou um gigantesco excesso de investimentos em empresas de cabos terrestres e submarinos de fibra óptica, acarretando uma redução drástica no custo das chamadas telefônicas ou transmissão de dados para qualquer parte do mundo”. O investimento exagerado em cabeamentos dá frutos até hoje, graças à natureza peculiar da fibra óptica.
  
Força nº 3.
Softwares de Fluxo de Trabalho
Vamos trocar figurinhas: coloque o seu aplicativo para conversar com o meu.
“Com a derrubada dos muros e o PC, o Windows e o netscape permitindo que seus usuários se ligassem como nunca antes, não demorou muito para que toda essa gente conectada já não se contentasse mais em apenas navegar e trocar e-mails, mensagens instantâneas, fotos e músicas por meio da Internet. Queriam também desenhar, projetar, criar, vender e comprar coisas, monitorar estoques, cuidar dos impostos de alguém e analisar a radiografia de um paciente de outro lado do mundo. E mais: queriam fazer isso de e para qualquer lugar, de e para qualquer computador, sem qualquer empecilho.” Era necessária uma Internet capaz de ligar qualquer um dos programas a qualquer programa de outra pessoa, só assim seria possível trabalhos em conjunto.
Em fins da década de 90 foram desenvolvidos a linguagem de descrição de dados XML, e seu respectivo protocolo de transporte, o SOAP. Esses foram fundamentos técnicos para a interação entre os diversos programas, a qual por sua vez seria a pedra angular do fluxo de trabalho via web. “Agora o trabalho podia ir para onde bem entendesse”.
  
Força nº 4.
Código Aberto
Comunidades de colaboração que se auto-organizam
“O movimento do código aberto envolve milhares de pessoas de todo o mundo que se reúnem on-line para escrever de tudo juntos, desde seu próprio software e seus próprios sistemas operacionais até seus próprios dicionários e fórmulas de refrigerante – sempre criando tudo da estaca zero, em vez de aceitarem formatos ou conteúdos impostos de cima para baixo pelas hierarquias corporativas.  A expressão ‘código aberto’ traduz a intenção de empresas ou grupos específicos de disponibilizarem on-line o código-fonte e permitirem que todos os que tiverem alguma contribuição a dar o aprimorem e deixem que milhões de outros simplesmente o baixem, de graça, para seu uso pessoal.”
O movimento do software livre tornou-se um sério desafio à Microsoft e outras grandes empresas da área. O questionamento é o seguinte: “como estimular a inovação se todo mundo está trabalhando de graça e dando seu trabalho de presente?”. A Microsoft reconhece que certos aspectos do movimento são intrigantes, “sobretudo no tocante à escala, à colaboração da comunidade e à comunicação”. Mas acreditam basicamente numa “indústria de software comercial, e algumas variáveis do modelo código aberto batem de frente com o modelo econômico que permite às empresas realizar suas atividades nesse campo”.
Como comenta a The Economist (10 de junho de 2004): “não faltam radicais que acreditam até que  código aberto representa um novo modelo de produção pós-capitalista”.
  
Força nº 5.
Terceirização
O ano 2000
            A Índia é um país praticamente desprovido de recursos naturais que elevou à perfeição uma arte – a de explorar os cérebros da sua gente, por meio de uma qualificação de uma parcela relativamente vasta das suas elites nos campos das ciências, engenharia e medicina.    
“O ano 200 deflagrou a disputa por cérebros indianos que cuidassem da programação dos computadores para enfrentar o bug do milênio. A Índia era o único lugar com profissionais em quantidade suficiente para o cumprimento da missão. Em seguida veio a explosão das ponto-com, logo após o ano 2000: a índia é um dos poucos lugares onde se encontram, por qualquer preço, engenheiros de sobra com domínio da língua inglesa. Aí a bolha ponto-com estoura, deixando o mercado acionário em pandarecos, e os recursos para investimento desaparecem. Tanto as empresas americanas de TI que sobreviveram ao desastre quanto as de capital de risco ainda dispostas a financiar organizações iniciantes dispunham agora de muito menos verba pra gastar. Os engenheiros indianos eram necessários não só pr serem muitos, mas exatamente em virtude de seu custo inferior.”
“Diante das enormes pressões de custo e da consolidação do processo de achatamento do mundo, o contexto econômico forçou as pessoas a tomar medidas que elas jamais pensaram que teriam de ou poderiam tomar. (...) A globalização ficou sobrecarregada”, tanto para a produção quanto para o trabalho intelectual. Os administradores descobriram que podiam ir ao MIT (Massachusetts Institute of Technology) e conhecer quatro engenheiros chineses competentíssimos que estavam prestes a voltar para seu país e a trabalhar de lá pelo mesmo custo de se contratar um único engenheiro nos EUA.
  
Força nº 6.
Offshoring
Correndo com antílopes e comendo com os leões
            Na terceirização uma empresa terceiriza uma determinada função, até então realizada por seus próprios funcionários, quando contrata uma outra empresa para realizar em seu lugar exatamente a mesma função, que é em seguida reintegrada ao conjunto das suas operações como um todo. No offshoring uma empresa pega uma de suas fábricas de Canton, Ohio, e transfere para o exterior – para Cantão, na China, por exemplo -, onde produzirá exatamente o mesmo produto, exatamente da mesma maneira, só que com a mão-de-obra mais barata, uma carga tributária menos, energia subsidiada e menos gastos com os planos de saúde dos funcionários.
            A seção fala, principalmente, sobre a entrada da China na OMC e o investimento das empresas americanas em offshoring nesse país. “Há ali mas de 160 cidades de população superior a 1 milhão de habitantes. Hoje, a gente vai a cidades da costa leste de que nunca ouviu falar e descobre que lá se fabrica a maior parte das armações de óculos do mundo, ao passo que na cidade vizinha é produzida a maior parte dos isqueiros do mundo, e na seguinte são feitos quase todos os monitores de computador da Dell, enquanto outra está se especializando em telefones celulares”.