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Mostrando postagens com marcador ciência. Mostrar todas as postagens
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26 agosto 2016

S. Bestiale

No final dos anos oitenta, um físico de Palermo, com o nome de Stronzo Bestiale publicou três trabalhos: no Journal of Statistical Physics, no Journal of Chemical Physics e nos Anais da Physical Society estava vinculado ao Institute for Advanced Studies, de Palermo, Itália.

Um detalhe importante é que Stronzo Bestiale não existe. Naquele momento, o físico computacional William G. Hoover teve artigos recusados relacionados com uma nova técnica computacional que ele desenvolveu com Giovanni Ciccotti. Viajando pela Itália, Hoover viu duas mulheres conversando e dizendo “Che Stronzo” e “Stronzo bestiale”. Depois de saber o significado (retardado e babaca total, na ordem), Hoover decidiu enviar os artigos novamente, mudando o título e adicionando um novo autor: S. Bestiale. Os artigos foram aceitos e publicados com este novo autor.

Encontrei esta história no Futility Closet. No verbete da Wikipedia de Hoover não tem nenhuma citação sobre o assunto. Na página pessoal de Hoover http://williamhoover.info/ indica que os artigos foram rejeitados inicialmente e submetidos novamente, com a ordem dos autores alteradas e título diferente. Ele comenta então que “These papers illustrate some of the difficulties in publishing novel work.”

05 julho 2016

Criatividade na ciência

Uzzi e Jones – junto com os colegas Stayam Mukherjee e Mike Stringer – criaram um algoritmo para avaliar os 17,9 milhões de artigos. Ao examinar quantas ideias diferentes cada estudo continha, se essas ideias haviam sido mencionadas em conjunto antes e se os artigos eram populares ou ignorados, o programa poderia avaliar o índice de novidade de cada um. Depois, eles poderiam analisar se os textos mais criativos tinham alguma característica em comum.

A análise revelou que alguns artigos criativos eram curtos; outros eram extensos. Alguns eram escritos por indivíduos; a maioria, por equipes. Alguns eram desenvolvidos por pesquisadores em começo de carreira; outros vinham de autores mais experientes.

Em outras palavras, havia muitas formas diferentes de escrever um estudo criativo.

Mas quase todos os artigos criativos tinham pelo menos um fator em comum: em geral, continham ideias já conhecidas misturadas de forma nova. Na realidade, em média, 90% do conteúdo dos textos mais “criativos” já havia sido publicado em outros textos – e já tinha sido visto por milhares de outros cientistas. No entanto, nos estudos criativos, esses conceitos convencionais eram aplicados a questionamentos de maneiras que ninguém havia imaginado antes. “Nossa análise dos 17,9 milhões de artigos em todas as áreas da ciência sugere que a ciência segue um padrão praticamente universal”, escreveram Uzzi e Jones. “Os estudos de maior impacto baseiam-se sobretudo em combinações excepcionalmente convencionais de trabalhos anteriores e, ao mesmo tempo, exibem a inserção de combinações incomuns.” Era essa combinação de ideais e não as ideias propriamente ditas, que costumavam fazer com que um artigo fosse tão criativo e importante.


DUHIGG, Charles. Mais rápido e Melhor. Objetiva, 2016, p 199

09 junho 2016

Efeito Google e a Pesquisa Contábil

A presença da internet está mudando a forma como pensamos e usamos nosso cérebro. O chamado “efeito Google”, que permite que a informação esteja sempre à mão, permite que nós deixemos de preocupar em guardar o número do telefone ou o valor do prejuízo da Petrobras.

Leia CAPELAS, Bruno. Efeito Google muda uso da memória humana


A questão tem uma implicação metodológica interessante para os nossos trabalhos acadêmicos. Atualmente as pesquisas em contabilidade – mas não somente – depositam um grande esforço na revisão bibliográfica. Algumas teses e dissertações gastam muitas linhas para produzir um texto que é uma mera informação que está facilmente disponível na internet. O mesmo é válido para artigos. Mais importante que falar da globalização ou de pesquisas que arranham o tema é destacar a contribuição em relação a outros trabalhos e poder demonstrar onde a pesquisa inova. Isto não necessita de dezenas de citações inúteis, que estão disponíveis no Scholar ou em outra base de pesquisa.

Uma consequência natural deste fato é o enxugamento desta revisão. Nossas pesquisas irão parecer cada vez mais com aquelas que são produzidas na medicina. E finalmente nos afastaremos da pretensa cultura que predomina nas ciências jurídicas, por exemplo. Citar o que os autores escreveram é pouco relevante nos dias de hoje. É muito mais importante saber a contribuição da pesquisa na ciência, como difere das existentes e qual a contribuição para a humanidade. Simples e direto. Como sempre deveria ter sido.

01 junho 2016

Frases nas pesquisas científicas

Matthew Hankins catalogou 500 frases usadas em artigos científicos. Principalmente quando existe divergência entre a crença do pesquisador e o resultado. Eis algumas:

(barely) not statistically significant (p=0.052)
a barely detectable statistically significant difference (p=0.073)
a borderline significant trend (p=0.09)
a certain trend toward significance (p=0.08)
a clear tendency to significance (p=0.052)
a clear trend (p<0 .09="" br=""> a clear, strong trend (p=0.09)
a considerable trend toward significance (p=0.069)
a decreasing trend (p=0.09)
a definite trend (p=0.08)
a distinct trend toward significance (p=0.07)
a favorable trend (p=0.09)
a favourable statistical trend (p=0.09)
a little significant (p<0 .1="" br=""> a margin at the edge of significance (p=0.0608)
a marginal trend (p=0.09)
a marginal trend toward significance (p=0.052)
a marked trend (p=0.07)
a mild trend (p<0 .09="" br=""> a moderate trend toward significance (p=0.068)
a near-significant trend (p=0.07)
a negative trend (p=0.09)
a nonsignificant trend (p<0 .1="" 0="" br="">

31 maio 2016

Links

Lucros ajustados é sinal de mercado em queda?

A importância da análise de sensibilidade do risco para o Basileia II

Comparabilidade das demonstrações na transição para as normas internacionais no Brasil (via Vladmir)

Artigos inovadores tem impacto no longo prazo (viés contra a novidade na ciência) (Como as agências de fomento usam as citações de curto prazo, a distribuição de recursos prejudica as pesquisas inovadoras)

Nudge: Analisando os pedidos de doações dos candidatos a presidente dos EUA (continua aqui)

18 maio 2016

Elsevier compra SSRN

A editora científica Elsevier, uma das maiores do mundo, adquiriu a SSRN, um dos maiores repositório de produção científica do mundo, numa transação que poderia ser considerada como improvável. Afinal, a Elsevier vive de direitos autorais e compra um valor considerável dos leitores para a leitura dos seus periódicos. Já a SSRN não tem taxa nenhuma.

A Elsevier disse que nada irá mudar na SSRN. Enquanto isto, endereços como Scihub permitem que o usuário possa ter acesso às obras de editoras, como a Elsevier. A editora não é bem quista por alguns, como o site Boingboing, que afirma que a Elsevier tem um histórico de criação de falso periódico especializado para ajudar as empresas farmacêuticas. Ou por fazer lobby contra o acesso aberto.

A Mendeley também faz parte desta associação.

O comunicado por parte da SSRN foi feito por Michael Jensen

23 fevereiro 2016

Mercado Fechado da Economia

Recebi por e-mail o artigo de Frederico Fubini de um leitor do blog. O texto é do início do ano, mas ainda vale a leitura. Fubini fala da inércia entre os autores mais lidos da área de economia:

comparei os "rankings" de Dezembro de 2006 e de Setembro de 2015 para perceber se o índice RePEc tinha evoluído de acordo com a realidade económica.

Isso não aconteceu. Apesar das profundas – e, em grande medida, imprevistas – dificuldades económicas e financeiras da década decorrida, a influência intelectual de quem sustentava as teorias mais afectadas pela crise manteve-se intacta.

Após uma sucessão de estoiros de bolhas de crédito representando vários biliões de dólares, seria de nos questionarmos sobre o que sucederia à visão de Robert Lucas de que as expectativas racionais permitem que "agentes" calculem na perfeição a forma de maximizar a utilidade económica. Também poderíamos reconsiderar a hipótese dos mercados eficientes, de Eugene Fama, segundo a qual os preços dos activos financeiros reflectem sempre toda a informação disponível sobre os fundamentais económicos.

Mas parece que os economistas não se questionam sobre estes assuntos. Com efeito, tanto Lucas como Fama subiram nos "rankings" do RePEc no período que analisei, do 30.º para o 9.º lugar e da 23.ª para a 17.ª posição, respectivamente. E a persistência dos que estão no topo é impressionante, de uma forma geral. De entre os 10 primeiros economistas da lista, em Setembro de 2015, seis deles já lá constavam em Dezembro de 2006 e havia dois que ocupavam as 11.ª e 13.ª posições

A mobilidade nos "rankings" do RePEc continua a ser ténue mesmo ampliando a amostra. A título de exemplo, dos economistas no top 100 em Setembro de 2015, apenas 14 não figuravam no top 5% dos economistas em 2006 (leque muito mais largo) e somente dois tinham avançado mais de 200 lugares ao longo da década anterior. Entre os economistas recentemente classificados entre as 101.ª e 200.ª posições, apenas 24 não constavam do top 5% em 2006 e apenas 10 tinham subido mais de 200 lugares. A taxa de renovação entre os 200 economistas mais influentes foi de apenas 25% - e apenas de 16% no top 100 - durante uma década em que o poder explicativo da teoria económica predominante se viu seriamente afectado.

O aspecto mais impressionante está na diferença entre o ritmo de mudança no "ranking" dos economistas e da própria economia. As barreiras à entrada no clube das 10 pessoas mais ricas do planeta ou nas 10 empresas mais valiosas do mundo parecem ser muito menores do que as barreiras à entrada na lista dos 10 principais economistas. Segundo a Forbes, apenas dois dos 10 indivíduos mais ricos do mundo em 2015 (Bill Gates e Warren Buffett) estavam no top 10 em 2006. E apenas três empresas – ExxonMobil, General Electric e Microsoft – constavam do top 10, em termos de capitalização de mercado, tanto em 2006 como em 2015.

Em contrapartida, no "ranking" dos economistas, os critérios tais como o sexo ou a origem geográfica confirmam uma inércia generalizada. Apenas quatro mulheres figuravam no top 200 do "ranking" do RePEc em Setembro de 2015, em comparação com três em Dezembro de 2006, e duas estavam incluídas em ambas as listas. Da mesma forma, os países emergentes – que representam mais de 90% da população mundial, 75% do crescimento do PIB global na última década e quase 50% do rendimento total em dólares correntes – estavam presentes em apenas 11 posições do top 200 dos economistas em Setembro de 2015, contra 10 em Dezembro de 2006. E 10 desses 11 – três iranianos, quatro indianos, dois turcos e um chinês – vivem e trabalham nos Estados Unidos ou no Reino Unido desde os seus tempos de estudante.

Os restantes economistas do top 200 do "ranking" do RePEc são geralmente homens, caucasianos, e com 60 anos ou mais – uma idade superior em quase três décadas à idade em que um cientista ou economista tende a ser mais inovador, de acordo com um estudo do economista Benjamin Jones. Nenhum indivíduo negro (norte-americano ou de outra nacionalidade) consta do top 200.

Será de surpreender que, mesmo após uma Grande Recessão que lançou sérias dúvidas sobre as teorias do mercado racional tão dominantes há uma década, as melhores posições nos "rankings" da investigação económica se mantenham praticamente inalteradas? Afinal de contas, muitos destes académicos deram contributos enormes – e duradouros – para a nossa forma de entender como funcionam os mercados e as sociedades. E as ideias tendem a avançar e a retroceder lentamente, como os glaciares – e não rapidamente, como os exércitos.

04 fevereiro 2016

Ciência: o que, como, por quê?


Via HypeScience:

O astrônomo Neil deGrasse Tyson é famoso, entre outras coisas, pela nova versão do programa de divulgação científica Cosmos, e tem sido uma voz a favor da ciência nos Estados Unidos.

Abaixo, você confere um texto no qual ele explica por que a ciência é importante, como ela funciona, e o que esperar dela. Ele é dirigido para o público dos Estados Unidos, mas uma boa parte é universal.

“Se você ficar selecionando as verdades científicas que servem a objetivos culturais, econômicos, religiosos ou políticos, você enfraquece as bases de uma democracia instruída.

“A ciência se destaca de todos os outros ramos de empreendimentos humanos pelo seu poder de testar e entender o comportamento da natureza em um nível que nos permite fazer previsões com precisão, e até mesmo controlar os resultados de eventos no mundo natural. A ciência em especial melhorou nossa saúde, riqueza e segurança, que é muito maior hoje para muito mais gente na Terra do que em qualquer outra época da história humana.

“O método científico, que está por trás destas conquistas, pode ser resumido em uma frase, que é tudo sobre objetividade: Faça o que for necessário para evitar auto-ilusões e pensar que algo verdadeiro não é, ou de que algo não verdadeiro é verdadeiro.

“Esta abordagem ao conhecimento não se estabeleceu até o século 17, logo depois da invenção do microscópio e do telescópio. O astrônomo Galileu e o filósofo Sir Francis Bacon concordaram: faça experiências para testar tuas hipóteses e dê à elas confiança em proporção à força da evidência. Desde então, aprendemos a não alegar ter descoberto uma nova verdade até que múltiplos pesquisadores, e em último caso, a maioria dos pesquisadores, tenham obtido resultados consistentes uns com os outros.

“Este código de conduta leva a consequências notáveis. Não há nenhuma lei contra a publicação de resultados errados ou distorcidos. Mas o custo em fazer isto é alto. Se sua pesquisa for verificada pelos seus colegas, e ninguém conseguir duplicar suas observações, a integridade de suas futuras pesquisas será posta em dúvida. Se você cometer uma fraude, como falsificar dados de propósito, e mais adiante outros pesquisadores do mesmo campo descobrirem isso, a revelação vai acabar com tua carreira.

“É assim simples.

“Este sistema interno de autorregulação na ciência pode ser único entre as profissões, e não requer o público ou a imprensa ou os políticos para funcionar. Mas ver a máquina funcionando pode ser fascinante. Basta observar o fluxo de trabalhos de pesquisa nas páginas de periódicos científicos revisados por pares. Este terreno fértil para a descoberta é, também, ocasionalmente, um campo de batalha onde a controvérsia científica é desnudada.

“A ciência descobre verdades objetivas. Elas não são estabelecidas por nenhuma autoridade, e também não por um único trabalho científico. A imprensa, ao tentar bombar uma nova história, pode levar a opinião pública ao erro sobre como a ciência funciona, colocando um trabalho recém-publicado como sendo ‘a verdade’, talvez até destacando o pedigree acadêmico dos autores. Na verdade, quando estamos lidando com a fronteira móvel do conhecimento, a verdade não foi estabelecida, então a pesquisa pode apontar para diversas direções, até que os experimentos venham a convergir em uma ou outra direção – ou até em direção nenhuma, geralmente indicando que não há fenômeno algum.

“Uma vez a verdade objetiva tenha sido estabelecida por estes métodos, ela não é mais tarde descoberta falsa. Não vamos revisitar as questões sobre se a Terra é redonda, ou se o sol é quente, ou se os humanos e chipanzés compartilham 98% do DNA, ou se o ar que respiramos é 78% nitrogênio.

“A era da ‘física moderna’, nascida na revolução quântica do início do século 20 e a revolução da relatividade aproximadamente na mesma época, não descartou as leis de Newton para o movimento e a gravidade. O que ela fez foi descrever realidades mais profundas da natureza, tornadas visíveis por métodos e ferramentas de pesquisa ainda maiores. A física moderna engloba a física clássica como um caso especial destas verdades maiores. Então as únicas vezes que a ciência não consegue chegar a verdades objetivas é na fronteira da pesquisa, antes dos consensos, e a única vez em que ela não podia fazer isso era antes do século 17, quando nossos sentidos, inadequados e distorcidos, eram as únicas ferramentas à nossa disposição para informar o que era e o que não era verdade em nosso mundo.

“Verdades objetivas existem fora da nossa percepção da realidade, como o valor do PI, E=mc², a rotação da Terra, e que o dióxido de carbono e metano são gases de efeito estufa. Estas afirmações podem ser verificadas por qualquer um, a qualquer tempo, e em qualquer lugar. E elas são verdades, você acreditando ou não.

“Entretanto, as verdades pessoais são as que você pode dar muito valor, mas que você não tem como convencer outros que discordam, exceto por discussões acaloradas, coerção ou força. São os fundamentos das opiniões da maioria das pessoas. Jesus é o salvador? Maomé é o último profeta de Deus, na Terra? O governo deve ajudar os pobres? Beyoncé é uma rainha cultural? Kirk ou Picard? Diferenças em opinião definem a diversidade cultural de uma nação, e devem ser valorizadas e preservadas em uma sociedade livre. Você não precisa gostar do casamento gay. Ninguém jamais vai te forçar a um casamento gay. Mas criar uma lei que impeça outras pessoas de fazer isso é forçar tuas verdades pessoais nos outros. Políticas que tentam forçar outros a compartilhar as tuas verdades pessoais são, nos seus limites, ditatoriais.

“Note que, na ciência, a conformidade é anátema ao sucesso. As acusações persistentes de que os cientistas estão todos concordando com os outros é de fazer rir qualquer cientista que esteja tentando progredir em sua carreira. A melhor forma de ficar famoso enquanto ainda está vivo é apresentar uma ideia que vá contra a pesquisa prevalente e que consiga obter uma consistência nas experiências e observações. Desta forma fica garantida a discordância saudável permanente quando se trabalha nos limites do conhecimento, nas descobertas.

“Em 1863, um ano em que ele tinha assuntos muito mais importantes para lidar, Abraham Lincoln, o primeiro presidente Republicano, assinou o documento que deu origem à Academia Nacional de Ciência, baseado em um Ato do Congresso. Esta academia deve fornecer conselho independente e objetivo à nação em assuntos relacionados à ciência e tecnologia.

“Hoje, outras agências governamentais com missão científica atendem a objetivos similares, incluindo a NASA, que explora o espaço e a aeronáutica; o NIST, que explora os padrões de medição científica, nos quais todas as outras medições se baseiam; o DOE, que explora a energia em todas formas usáveis; e o NOAA, que explora o clima e meteorologia da Terra.

A mulher negra e pobre que mudou a ciência para sempre (e não foi reconhecida)
“Estes centros de pesquisa, assim como outras fontes confiáveis de ciência publicada, podem empoderar políticos em formas que levem ao governo informado e esclarecido. Mas isto não vai acontecer até que as pessoas no comando, e as pessoas que votam neles, entendam como e por que a ciência funciona.” [HuffingtonPost]

07 janeiro 2015

Produção científica e lixo acadêmico no Brasil

Dois artigos publicados recentemente pela revista britânica "Nature", especializada em ciência, deixam o Brasil e, em especial, a comunidade acadêmica brasileira, profundamente envergonhados.

A "Nature" nos acusa, em primeiro lugar, de produzir mais lixo do que conhecimento em ciência. Nas revistas mais severas quanto à qualidade de ciência, selecionadas como de excelência pelo periódico, cientistas brasileiros preenchem apenas 1% das publicações.

 Quando se incluem revistas menos qualificadas, porém, ainda incluídas dentre as indexadas, o Brasil se responsabiliza por 2,5%. O que a "Nature" generosamente omite são as publicações em revistas não indexadas, que contêm número significativo de publicações brasileiras, um verdadeiro lixo acadêmico.

O segundo golpe humilhante para a ciência brasileira exposto pela revista se refere à eficiência no uso de recursos aplicados à pesquisa. Dentre 53 países analisados, o Brasil está em 50º lugar. Melhor apenas que Egito, Turquia e Malásia.

Tomemos um exemplo. O Brasil publicou 670 artigos em revistas de grande prestígio, enquanto no mesmo período o Chile publicou 717, nessas mesmas revistas. O dado profundamente inquietante é que enquanto o Brasil despendeu em ciência US$ 30 bilhões, o Chile gastou apenas US$ 2 bilhões.

Quer dizer, o Chile, que aliás não está entre os primeiros em eficiência no mundo científico, é 15 vezes mais eficiente que o Brasil. Alguma coisa está errada, profundamente errada. A academia brasileira, isto é, universidades e institutos de pesquisas produzem mais pesquisa de baixa do que de boa qualidade e as produz a custos muito elevados. Há certamente causas, talvez muitas, para essa inadequação.

A primeira decorre de um "distributivismo" demagógico. É evidente que seria desejável que novos centros de pesquisas se desenvolvessem em regiões ainda não desenvolvidas do país. Mas é um erro crasso esperar que uma atividade de pesquisas qualquer venha a desenvolver economicamente uma região sem cultura adequada para conviver com essa pesquisa.

Seria desejável que investimentos maciços fossem aplicados em pesquisas em instituições localizadas em regiões pouco desenvolvidas, mas cujo meio ambiente é capaz de absorver os benefícios dessa inserção.

O segundo mal que é causa inquestionável da diminuta e dispendiosa produção de conhecimento é o obsoleto regime de trabalho que regula a mão de obra do setor de pesquisas em universidades públicas e na maioria dos institutos.

O pesquisador faz um concurso --frequentemente falsificado-- no começo de sua carreira. Torna-se vitalício. Quase sempre não precisa trabalhar para ter aumento de salário e galgar postos em sua carreira. Ora, qual seria, então, a motivação para fazer pesquisas?

O terceiro problema é o sistema de gestão de universidades públicas e instituições de pesquisa, cuja burocracia soterra qualquer iniciativa dos poucos bem-intencionados professores e pesquisadores que ainda não esmoreceram.

Pois bem. Há uma fórmula que evita todos esses males e que já foi experimentada com sucesso em algumas das instituições científicas do Brasil: a organização social. A resistência dos medíocres e parasitas e a falta de coragem política de algumas de nossas autoridades impedem a solução desse problema.


ROGÉRIO CEZAR DE CERQUEIRA LEITE, físico, é professor emérito da Unicamp e membro do Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia e do Conselho Editorial da Folha

12 outubro 2014

Melhores formas de estudar



Does a good grade always mean a student has learned the material? And does a bad grade mean a student just needs to study more?

In the new book “How We Learn: The Surprising Truth About When, Where, and Why It Happens” (Random House), Benedict Carey, a science reporter for The New York Times, challenges the notion that a high test score equals true learning. He argues that although a good grade may be achieved in the short term by cramming for an exam, chances are that most of the information will be quickly lost. Indeed, he argues, most students probably don’t need to study more — just smarter.

Mr. Carey offers students old and young a new blueprint for learning based on decades of brain science, memory tests and learning studies. He upends the notion that “hitting the books” is all that is required to be a successful student, and instead offers a detailed exploration of the brain to reveal exactly how we learn, and how we can maximize that potential.

“Most of us study and hope we are doing it right,” Mr. Carey says. “But we tend to have a static and narrow notion of how learning should happen.”

For starters, long and focused study sessions may seem productive, but chances are you are spending most of your brainpower on trying to maintain your concentration for a long period of time. That doesn’t leave a lot of brain energy for learning.

“It’s hard to sit there and push yourself for hours,” Mr. Carey says. “You’re spending a lot of effort just staying there, when there are other ways to make the learning more efficient, fun and interesting.”

The first step toward better learning is to simply change your study environment from time to time. Rather than sitting at your desk or the kitchen table studying for hours, finding some new scenery will create new associations in your brain and make it easier to recall information later.

“The brain wants variation,” Mr. Carey says. “It wants to move, it wants to take periodic breaks.”

Understanding how the brain processes, stores and retrieves information can also improve your study habits. For some people, cramming for a test can work in the short term, but by studying only once in a concentrated fashion, the learner has not signaled to the brain that the information is important. So while the initial study session of French vocabulary words starts the process of learning, it’s the next review session a few days later that forces the brain to retrieve the information — essentially flagging it as important and something to be remembered.

“When you are cramming for a test, you are holding that information in your head for a limited amount of time,” Mr. Carey says. “But you haven’t signaled to the brain in a strong way that’s it’s really valuable.”

One way to signal to the brain that information is important is to talk about it. Ask a young student to play “teacher” based on the information they have studied. Self-testing and writing down information on flashcards also reinforces learning.

Another technique is called distributed learning, or “spacing,” and it’s a particularly relevant aspect of brain science for ambitious students. Mr. Carey compares it to watering a lawn. You can water a lawn once a week for 90 minutes or three times a week for 30 minutes. Spacing out the watering during the week will keep the lawn greener over time.

Studies have shown that for a student to learn and retain information like historical events, vocabulary words or science definitions, it’s best to review the information one to two days after first studying it. One theory is that the brain actually pays less attention during short learning intervals. So repeating the information over a longer interval — say a few days or a week later, rather than in rapid succession — sends a stronger signal to the brain that it needs to retain the information.

Spaced study can also add contextual cues. At home, a student trying to memorize the presidents may hear the dog bark or phone ring. Move the study time to the coffee shop a few days later, and the student hears the barista steaming milk. Now the list of presidents is embedded in the student’s memory in two contexts, and that makes the memory stronger.

In a 2008 study of 1,300 people, University of California, San Diego researchers tested their subjects on obscure facts. (What’s the name of the dog on the Cracker Jack box? Answer: Bingo) The study subjects reviewed the material twice at different intervals: some just a few minutes apart, others a day or a week apart.

From the data, the scientists determined the optimal intervals for learning information. If your test is a week away, you should plan two study periods at least one to two days apart. For a Friday test, study on Monday and review on Thursday. If your test is a month away, begin studying in one-week intervals.

And not surprisingly, sleep is an important part of good studying. The first half of the sleep cycle helps with retaining facts; the second half is important for math skills. So a student with a foreign language test should go to bed early to get the most retention from sleep, and then review in the morning. For math students, the second half of the sleep cycle is most important — better to review before going to bed and then sleep in to let the brain process the information.

“Sleep is the finisher on learning,” Mr. Carey says. “The brain is ready to process and categorize and solidify what you’ve been studying. Once you get tired, your brain is saying it’s had enough.”

Fonte: aqui

09 outubro 2014

Resultado nulo



Sobre os resultados nulos de pesquisa

(...) os cientistas abandonam resultados que eles acreditam que os periódicos são improváveis de serem publicados. (MERVIS, Jeffrey. Why null results rarely see the light of day, News, Science, 29 ago 2014, vol 345, p. 992)

Isto possui algumas consequências ruins para a ciência. Em primeiro lugar, perde a confiabilidade das pesquisas usando instrumentos de meta-análise, que é uma técnica que tenta combinar os resultados de diversas pesquisas. Segundo, mesmo as pesquisas bibliográficas, que tentam usar a produção do passado para um determinado tema, são postas em dúvida. Afinal, diversos artigos não chegam aos periódicos ou congressos em razão deste abandono. O terceiro ponto é que isto distorce os esforços que foram feitos pelos pesquisadores nos diversos assuntos.

Mas o fato é que o abandono não é feito sem justificativa. Certamente os pesquisadores sabem que suas chances são menores de serem publicados. Isto incluir “resultados nulos” das pesquisas.

09 setembro 2014

Brasileiro: 'analfabeto' científico?


Brasileiro: 'analfabeto' científico?

Novo índice mostra que a ciência influencia a forma de ver o mundo e de lidar com situações complexas de apenas 5% dos avaliados, enquanto mais da metade sequer consegue aplicar o que aprendeu na escola em situações cotidianas.

Por: Marcelo Garcia

Ciência Hoje online, em 18/08/2014

Desempenho brasileiro no primeiro Índice de Letramento Científico mostra que ciência não está integrada ao cotidiano do brasileiro. (foto: Flickr/ Fortimbras - CC BY-NC-ND 2.0)

Como você avalia a sua capacidade de utilizar o conhecimento científico para resolver questões do dia a dia? E para fazer abstrações, criar hipóteses, planejar e inovar? Em um mundo em que a ciência e a tecnologia estão cada vez mais presentes, em que a sociedade é chamada a se posicionar sobre grandes questões como pesquisas com células-tronco e cultivo de transgênicos e no qual inovar é a palavra de ordem das empresas, essas questões são fundamentais. Mas, segundo a primeira edição do Índice de Letramento Científico (ILC), no Brasil é muito baixa a quantidade de pessoas ‘letradas’ em ciências, capazes de empregar os conhecimentos escolares no seu cotidiano e no planejamento do futuro.
Bem diferente das avaliações de ensino existentes no Brasil, a proposta do ILC é medir quanto do conhecimento escolar é de fato aplicado na prática. Para seus criadores, o resultado negativo ajuda a entender alguns gargalos sociopolíticos e econômicos do país, como a baixa capacidade de inovação. O índice, cuja versão completa foi divulgada recentemente, é fruto de uma parceria entre o Instituto Abramundo, o Instituto Paulo Montenegro, responsável pela ação social do Grupo Ibope, e a ONG Ação Educativa.

O maior desafio foi traduzir o domínio de conceitos científicos em perguntas diretas e práticas para agrupar os participantes em faixas claras e facilitar ações posterioresPara sua construção, foram aplicados questionários a 2002 pessoas entre 15 e 40 anos, com ao menos quatro anos do ensino fundamental completos, em oito capitais estaduais e no Distrito Federal. O questionário era composto por mais de 60 perguntas, que avaliaram a capacidade de identificar simples informações explícitas em texto, tabela ou gráfico (como consumo de energia ou dosagem em bula de remédio), de comparar informações simples para tomar decisões; de empregar informações não explícitas para resolver problemas práticos e processos do cotidiano e, ainda, de propor e analisar hipóteses sobre fenômenos complexos, mesmo não diretamente ligados ao seu dia a dia. A partir das respostas, os participantes foram classificados por nível de letramento: ausente, elementar, básico e proficiente.
O maior desafio foi traduzir o domínio de conceitos científicos em perguntas diretas e práticas para agrupar os participantes em faixas claras e facilitar ações posteriores. A metodologia aplicada foi adaptada do Índice de Analfabetismo Funcional (IAF), também produzido pelo Instituto Paulo Montenegro e que avalia os conhecimentos de português e matemática na prática. A ideia é que a avaliação seja repetida a cada dois anos.

Resultados preocupantesDe forma geral, 79% dos participantes ficaram na zona intermediária (48% no nível 2 e 31% no nível 3), enquanto 16% apresentaram letramento ausente (nível 1) e apenas 5% do total se mostraram de fato proficientes em ciência. O índice torna clara a dificuldade de grande parte dos entrevistados em realizar tarefas simples: 43% deles declararam ter problemas para compreender gráficos e tabelas, enquanto 48% acham difícil interpretar rótulos de alimentos. Entre aqueles com ILC elementar (mais comum), 58% tem problemas, por exemplo, para consultar dados sobre saúde e medicamentos na internet.

Resultado ruim mesmo entre gestores públicos mostra que pensamento científico pouco influencia suas decisões, o que pode ter consequências negativas em todos os campos, da própria educação à saúde, ao saneamento e ao planejamento urbano, por exemplo. (foto: Flickr/ Samchio – CC BY-NC-SA 2.0)Os resultados também foram relacionados ao nível de formação e à área de atuação dos entrevistados – e ficam ainda mais preocupantes, já que os indivíduos com ensino superior considerados proficientes em ciência foram apenas 11%, enquanto 48% estão no nível 3, 37% no nível 2 e quase inacreditáveis 4% apresentaram letramento ausente.

Em relação ao mercado de trabalho, as áreas de administração pública, educação e saúde alcançaram o melhor resultado, apesar de pouco animador: 43% das pessoas têm letramento básico e 9%, proficiente. Na indústria e na prestação de serviços, 42% e 31% dos trabalhadores ficaram no nível 3, enquanto apenas 5% e 6% eram proficientes, respectivamente.

A diretora executiva do Instituto Paulo Montenegro, Ana Lucia Lima, diz ter ficado surpresa com a baixa proficiência dos indivíduos mais escolarizados e dos tomadores de decisões, empreendedores e empresários, envolvidos diretamente no investimento e planejamento de atividades que vão desde o descarte do lixo à gestão da saúde e da educação. “Os dados mostram que o aprendizado fica restrito à escola e é preocupante que a ciência influencie tão pouco a visão de mundo dessas pessoas, sua atividade cotidiana e as decisões que tomam”, avalia.

Consequências adversas

Para os responsáveis pelo ILC, os impactos do cenário apontado pelo índice vão desde questões cotidianas a problemas que abrangem a vida econômica e social do país. “No dia a dia, isso se manifesta quando a cabeleireira usa um produto que ela deveria saber que faz mal ou quando os pais medicam os filhos por conta própria sem pensar nos efeitos colaterais ou nas interações entre medicamentos”, exemplifica Lima.

Garcia: “Os reflexos também aparecem na pífia capacidade de inovação de nossas empresas: os trabalhadores pouco refletem sobre seu trabalho, não desafiam o status quo”“Os reflexos também aparecem na pífia capacidade de inovação de nossas empresas: os trabalhadores pouco refletem sobre seu trabalho, não desafiam o status quo”, afirma Ricardo Uzal Garcia, presidente do Instituto Abramundo. “Além disso, o brasileiro não parece, em geral, preparado para opinar sobre grandes temas da ciência nem para tomar decisões cada vez mais necessárias sobre temas como transgênicos e células-tronco.”

Lima aponta ainda a formação de um gargalo de mão de obra no país e faz um alerta para o futuro. “Os empregos no país têm aumentado, mas apenas as vagas pouco especializadas; cargos melhores permanecem ociosos também pela inexistência de um pensamento científico aplicado, necessário para tais posições”, analisa. “Algo precisa ser feito para mudar essa situação, pois se nossos gestores tomam decisões que pouco consideram o conhecimento científico, a ciência nunca será valorizada como deve e isso continuará a impactar a inovação, a saúde, o meio ambiente e todas as áreas.”

Ensino de ciênciasJunto com o índice, também foi feita uma pesquisa de percepção pública da ciência, cujo resultado é significativo: apesar do fraco desempenho no ILC, os participantes reconhecem a importância da ciência para a compreensão de mundo (42% concordam plenamente e 30% concordam em parte) e para obter boas oportunidades de trabalho (41% e 27%, respectivamente). “As pessoas têm interesse e acham a ciência importante, mas não vão a fundo porque não se sentem competentes”, avalia Lima. “É uma pista importante de que há algo errado na formação dos estudantes”, completa Garcia.
Uma olhada em outros indicadores de ensino reforça a má situação do país na área: no Pisa (Programa Internacional de Avaliação de Alunos), por exemplo, um dos piores desempenhos do Brasil é em ciências (59º entre 65 países).

Para melhorar o índice, segredo pode estar em investir mais no ensino fundamental e buscar maneiras de manter o interesse dos jovens pela ciência. (foto: Flickr/ emeryjl - CC BY 2.0)Lima recupera a história da educação no país para explicar a situação atual. “O ensino se tornou um grande desafio a partir da década de 1990, pois sua universalização incluiu pessoas historicamente segregadas, famílias com níveis muito baixos de escolaridade”, afirma. A mudança, segundo ela, levou a um natural privilégio do ensino de português e de matemática, por serem competências mais básicas. “Em 25 anos, os avanços nessas áreas ainda não foram suficientes, mas ainda assim acredito que já seja hora de avançar para outros campos, e a ciência é a candidata natural para receber mais atenção.”

Lima: “Como matamos essa curiosidade natural? Deve haver muita coisa errada, do currículo à forma de ensinar.”Um dado que se destaca no ILC é o desempenho semelhante de indivíduos com ensino fundamental e com ensino médio – 50% de pessoas do primeiro grupo têm letramento elementar, contra 52% no segundo, que também conta com 15% de pessoas com letramento ausente. Para Lima, as conversas com professores dão pistas sobre os motivos por trás desse resultado, por reforçarem que nas séries iniciais as crianças adoram ciências, mas perdem o interesse depois. “O desempenho no ensino médio deveria ser proporcional ao investimento maior, com professores especialistas e maior carga horária”, diz. “Como matamos essa curiosidade natural? Deve haver muita coisa errada, do currículo à forma de ensinar.”

Garcia ressalta a necessidade de criação de programas de ensino voltados para as séries mais baixas. “O impacto da iniciação científica de qualidade desde as primeiras séries pode ser fundamental para despertar o gosto por ciências no futuro”, diz. 

Os organizadores também apostam na educação não formal e na parceria com a iniciativa privada para tentar mudar esse quadro. “Precisamos criar museus e centros de ciência para estimular uma cultura científica que hoje não existe”, defende o presidente da Abramundo. “Podemos pensar, por exemplo, em exposições sobre os ciclos do petróleo ou da agricultura, áreas em que atuam empresas enormes.” Lima conclui: “O problema não é só da escola, já que muitas pessoas não voltarão à sala de aula; é aí que a ação de igrejas, sindicatos e empresas pode ser fundamental.”

Marcelo Garcia
Ciência Hoje On-line

27 agosto 2014

Problemas que devemos tentar resolver

Richard Feynman foi o segundo maior físico do século XX. Sua vida é fantástica e inclui passagens pelo Brasil. Recentemente li uma correspondência que Feynman troca com um ex-aluno, que reproduzo alguns trechos a seguir:

Os problemas que valem a pena são os que você pode realmente resolver ou ajudar a resolver, que você pode realmente contribuir com algo. Um problema é grande na ciência se está diante de nós sem solução e vemos alguma forma para fazermos algum progresso nisso. Eu aconselho você a tornar ainda mais simples, ou como você diz, humilde, os problemas até encontrar algum que você pode realmente resolver facilmente, não importa o quão trivial. Você vai ter o prazer de sucesso e de ajudar o próximo, mesmo que seja somente para responder a uma pergunta de um colega menos capaz do que você.

(...) eu tinha um outro aluno de doutorado (Albert Hibbs) cuja tese foi sobre como os ventos constroem ondas soprando a água no mar. Aceitei-o como um aluno porque ele veio até mim com o problema que queria resolver. Com você eu cometi um erro, eu dei-lhe o problema, em vez de deixá-lo encontrar o seu próprio; e você ficou com uma ideia errada do que é interessante ou agradável ou importante para trabalhar (...). Sinto muito, me desculpe. (...)

Nenhum problema é muito pequeno ou muito trivial se podemos realmente fazer algo sobre isso.

13 agosto 2014

O trabalho de Artur Avila


Artur Avila has made outstanding contributions to dynamical systems, analysis, and other areas, in many cases proving decisive results that solved long-standing open problems. A native of Brazil who spends part of his time there and part in France, he combines the strong mathematical cultures and traditions of both countries. Nearly all his work has been done through collaborations with some 30 mathematicians around the world. To these collaborations Avila brings formidable technical power, the ingenuity and tenacity of a master problem-solver, and an unerring sense for deep and significant questions.

Leia mais sobre as contribuições matemáticas de artur neste link (as explicações são bem didáticas)

Walking through Paris.

06 novembro 2013

Qual a sua idade?

Uma pesquisa conduzida por Steve Horvath, um geneticista da UCLA (Los Angeles) descobriu que a idade de cada parte do nosso corpo não é idêntica. Horvath analisou células e tecidos de diferentes partes do corpo humano e verificou a idade. Ele descobriu que o relógio biológico acelera na adolescência, mas depois adota um ritmo mais constante. E que alguns tecidos, como o seio, possui uma "idade" mais antiga. E que o tecido canceroso é mais velho (36 anos a mais) que o normal.