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23 agosto 2023

Bored Ape e o desafio da mensuração contábil

Quando os Tokens não Fungíveis, ou NFTs, surgiram, a figura do macaco feio conhecido como Bored Ape passou a ser um símbolo dessa nova era. O que inicialmente parecia uma imagem boba, foi transformado em arte digital baseada na tecnologia blockchain (Ethereum), vinculado ao Bored Ape Yacht Club (BAYC). Lançado durante o auge da pandemia, em abril de 2021, o BAYC conquistou popularidade e desejabilidade.


As dez mil imagens de macacos, cada uma desenhada de forma única, proporcionavam aos proprietários direitos exclusivos e benefícios relacionados à posse da NFT. Essas vantagens incluíam convites para eventos e interações online.

A combinação da tecnologia (blockchain e NFT) com a atratividade de fazer parte de um grupo exclusivo era de fato intrigante. Afinal, a propriedade era verificável pela tecnologia.


Contudo, uma grande questão estava na volatilidade dos preços. Mesmo sendo uma forma alternativa de arte ou investimento, os valores oscilavam consideravelmente ao longo do tempo. Em maio de 2022, o preço de uma NFT ultrapassou os 400 mil dólares, elevando o valor total do Bored Ape acima dos 4 bilhões de dólares - algo notável mesmo nos dias de hoje. Porém, em agosto de 2023, o preço de uma NFT caiu para 43 mil dólares, ou seja, apenas 11% do valor anterior.

Havia desconfiança de que o Bored Ape NFT pudesse ser uma fraude, em parte pelo declínio acentuado no preço. Outro indicativo de que talvez a posse do "macaco feio" não fosse tão lucrativa era o fato de que um grupo de compradores levou o caso à justiça, alegando que o preço estava inflacionado, em parceria com a casa de leilões Sotheby's. Entre esses compradores estavam diversas celebridades, como Justin Bieber, Snoop Dogg, Serena Williams, Madonna, Gwyneth Paltrow, Paris Hilton e Jimmy Fallon. Uma das alegações do processo era que a Sotheby's promoveu um leilão enganoso, no qual o vencedor, um colecionador mais tradicional, seria a FTX, empresa de criptomoedas que recentemente enfrentou problemas.


O caso dos Bored Ape evidencia que objetos colecionáveis, cujo preço se apoia principalmente em ligações emocionais em vez de utilidade prática, podem ser integrados ao patrimônio de uma empresa ou indivíduo. No entanto, persiste o desafio de atribuir um número claro às NFTs na contabilidade. Utilizar o preço de mercado resultaria em um valor de 400 mil dólares em maio de 2022 para cada item, mas apenas 11% desse montante em agosto de 2023. Ou seja, uma perda de 356 mil dólares em apenas quinze meses. Isso tornaria evidente que a decisão de compra foi equivocada. Por outro lado, manter o preço original da compra evitaria a flutuação volátil dos valores, mas não forneceria essa informação crucial.

O universo da mensuração contábil é verdadeiramente complexo. 

Foto: Markus Spiske, BoingBoing e Wikipedia

Monitoramento no setor público vale a pena?

Este artigo examina os trade-offs do monitoramento dos gastos públicos excessivos. Ao penalizar os gastos desnecessários, o monitoramento melhora a qualidade dos gastos públicos e incentiva as empresas a investir em tecnologia de conformidade. Estudo um grande programa do Medicare que monitorava os gastos excessivos com assistência médica e considero seu efeito nas economias governamentais, no comportamento dos prestadores de serviços e na saúde dos pacientes. Cada dólar gasto pelo Medicare em monitoramento gerou economias governamentais de $24 a $29. A maioria das economias decorre da dissuasão de cuidados futuros, em vez de pagamentos recuperados de cuidados anteriores. Não encontro evidências de que a saúde do paciente marginal seja prejudicada, indicando que o monitoramento principalmente dissuade cuidados de baixo valor. O monitoramento aumenta os custos administrativos do prestador de serviços, mas esses custos são principalmente incorridos no início e incluem investimentos em tecnologia para avaliar a necessidade médica dos cuidados.

(Traduzido pelo GPT). Texto completo aqui

Mais um problema na gestão de um clube de futebol

 Do site Trivela, mais um problema com a gestão, inclusive contábil, de um clube de futebol. Desta vez é o clube inglês Chelsea. Em resumo, a notícia é a seguinte:


O Chelsea está sob investigação da Premier League devido a irregularidades nas contas do clube durante a gestão de Roman Abramovich (foto). O clube fez pagamentos milionários através de empresas em paraísos fiscais. Os atuais proprietários do clube denunciaram essas atividades suspeitas para a Uefa e a Premier League. O Chelsea já havia recebido uma multa de €10 milhões da Uefa por irregularidades detectadas nos relatórios financeiros durante a gestão de Abramovich. As irregularidades na Premier League também ocorreram sob o comando de Abramovich e envolvem transferências de jogadores e pagamentos a empresas offshore. O clube corre o risco de sofrer sanções, incluindo perda de pontos na liga. O Chelsea ainda não se pronunciou oficialmente sobre o caso. O novo proprietário Todd Boehly gastou consideravelmente em transferências desde que assumiu o clube, levantando preocupações sobre a sustentabilidade financeira do projeto do Chelsea. As suspeitas em torno das transferências e dos pagamentos suspeitos também envolvem outros nomes conhecidos, incluindo Bruce Buck e Marina Granovskaia, que estavam envolvidos na administração do clube durante a gestão de Abramovich.

22 agosto 2023

Roubo do Roubo

Eis a notícia

"O Museu Britânico foi vítima de furto", disse o ex-curador do Museu Britânico Nigel Boardman em um comunicado. "Estamos absolutamente determinados a usar nossa revisão para chegar ao fundo do que aconteceu."


Boardman referia-se à notícia de que o museu descobriu que "joias de ouro, gemas e vidros datando de até o século XV a.C. estavam desaparecidos de um depósito", informou o The Washington Post. O museu desde então demitiu um funcionário.

A ironia é evidente. Em 2014, o Queen's Counsel Geoffrey Robertson disse ao The Guardian: "Os curadores do Museu Britânico se tornaram os maiores receptadores de propriedade roubada/furtada do mundo, e a grande maioria de seu saque nem mesmo está em exibição pública."

Do The Washington Post: "Vamos direcionar nossos esforços para recuperar os bens roubados que anteriormente roubamos' pode não ser a atitude que os assessores de imprensa do museu nacional pensam que é", escreveu Dan Hicks, professor de arqueologia contemporânea de Oxford, na plataforma de mídia social X, anteriormente conhecida como Twitter."

Eis um assunto interessante (que poderia ser vinculado a questão do terrorismo, que falamos ontem). Um objeto roubado (ou furtado) pode ser um ativo? Fiz esta pergunta para minha turma no semestre passado e a resposta, daqueles que não estavam no celular, era que não. Se considerarmos a questão da propriedade como central para definição, a resposta dos alunos seria válida. Mas o Museu Britânico não reconhece a escultura Moai da fotografia acima como parte do seu acervo? Provavelmente sim. O problema é que a obra foi tomada ilegalmente da cultura Rapa Nui, o que significa roubo ou furto. 

Existindo a capacidade de gerar riqueza com um objeto incorporado ao patrimônio de maneira estranha, o mesmo não deveria fazer parte da contabilidade, segundo uma resposta mais ética. Mas e se a gestão da empresa ou seu contador não sabem da origem duvidosa do item? Isto compromete a resposta.

É bem mais complicado do que parece. Acho que tenho uma resposta mais realista: um objeto roubado ou furtado pode ser um ativo. Na minha aula eu citei explicitamente o Museu Britânico e seu acervo. Boa parte dele roubado/furtado.

Valor do setor de bens e serviços ambientais

Eis o resumo:

Qual é a proporção da economia focada na proteção, reabilitação ou gestão do meio ambiente? Para responder a essa pergunta, desenvolvemos uma forma para quantificar o setor de bens e serviços ambientais (EGSS, na sigla em inglês) nos Estados Unidos. (...) No geral, estimamos que a produção bruta do EGSS foi de US$ 725 bilhões em 2019, ou cerca de 1,9% da produção bruta total da economia dos EUA. Os gastos governamentais (em todos os níveis) compõem uma parte substancial do EGSS nos EUA, uma vez que o setor público representou cerca de 27% da produção total do EGSS (US$ 197 bilhões) em 2019. Embora essas estimativas ainda sejam preliminares e não constituam estatísticas oficiais, os objetivos dessa pesquisa são fornecer novas perspectivas sobre desafios de classificação e medição na produção de contas de atividade ambiental de forma mais geral, ao mesmo tempo em que documentam lacunas de dados e questões contábeis no contexto dos EUA de forma mais específica.

Por categoria, o resultado é o seguinte:


Também achei interessante a seguinte tabela:

Ou seja, a informação ambiental ao longo do tempo tem aumentado e chegou a 10% da amostra. Parte desta amostra é de empresas brasileiras (cerca de 170) 





 

Boa governança é uma má ideia

Boa Governança é uma Má Ideia - 9 de Agosto de 2023

por KATHARINA PISTOR

FRANKFURT - Era uma vez, não faz muito tempo, comentaristas e especialistas retratavam a "boa governança" como o único ingrediente necessário para o crescimento econômico e o desenvolvimento. Durante muitos anos, foi um elemento básico nos conselhos de política convencionais e nas reformas institucionais. Em um relatório de 1992, "Governança e Desenvolvimento", o Banco Mundial definiu o termo como consistindo em quatro componentes: capacidade e eficiência na gestão do setor público, responsabilidade, estruturas legais para o desenvolvimento e informação e transparência.


O termo caiu em desuso desde então, talvez porque o próprio conceito perdeu parte de sua relevância. Embora não haja nada de errado em nenhum dos seus quatro componentes, ou no princípio de equidade processual na administração de assuntos públicos e privados, a suposição de que a boa governança resolveria problemas sociais e políticos complexos estava profundamente equivocada.

Além disso, alguns críticos argumentam que a agenda da boa governança sempre teve como objetivo mascarar estruturas de poder subjacentes, elevando a tomada de decisões tecnocráticas acima das lutas políticas. Quer intencionalmente ou não, os defensores do boa governança tendiam a focar na aparência em vez da substância: questões de "como" tinham precedência sobre questões de "o quê" - como se resultados positivos surgissem miraculosamente de processos sólidos.

Enquanto isso, uma indústria inteira emergiu para definir e redefinir o "boa governança", e para desenvolver indicadores após indicadores para medi-la. Esses indicadores se tornaram uma nova "tecnologia de governança", com medições servindo como referências de desempenho para orientar a ação e criar a aparência de melhoria real.


Não há escassez de críticas sobre como a boa governança é medida ou implementada. Mas os custos reais dessa moda - incluindo o deslocamento da ação política orientada por resultados nas últimas décadas - só se tornaram aparentes recentemente. Por exemplo, a agenda da boa governança reduziu a capacidade dos formuladores de políticas de resolver problemas complexos e desviou a atenção da necessidade de abordar perdas socioeconômicas de maneiras equitativas e politicamente viáveis.

Definir os parâmetros "corretos" para a tomada de decisões não produz automaticamente os resultados certos. Com seu foco singular implícito no crescimento econômico, a agenda da boa governança minimizou a necessidade de considerar as consequências distributivas e as externalidades ambientais negativas.


Essas deficiências agora foram expostas pela crise climática. Precisamos de ações reais para conter a poluição se este planeta vai continuar hospitaleiro para a maioria da humanidade, não apenas para os poucos que têm recursos suficientes para escapar de seus efeitos. No entanto, os indicadores e os exercícios de rotulagem dominaram a formulação de políticas climáticas. Apesar do surgimento do "ESG" (um conceito vagamente definido que engloba critérios "ambientais, sociais e de governança"), a maximização do valor para o acionista continua sendo o objetivo principal da "boa governança" corporativa.

Assim como no passado, uma indústria de consultores, consultores e profissionais de relações públicas surgiu para ajudar empresas e países a cumprir rótulos e padrões em constante mudança; e, assim como no passado, houve poucos resultados tangíveis. Três décadas após a criação da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, o mundo ainda está se aquecendo a uma taxa perigosa, e os efeitos das mudanças climáticas estão se tornando cada vez mais destrutivos e caros.

Pior ainda, indústrias altamente poluentes conseguiram um lugar na mesa de negociações internacionais, enquanto ativistas climáticos são excluídos. Na verdade, alguns até são sancionados - inclusive pela lei criminal - por violar as regras do jogo, um paradigma central do boa governança que, aqui como em outros lugares, geralmente serve para defender o status quo.

O acordo climático de Paris de 2015 buscou mudar o rumo ao estabelecer metas claras e comprometer governos a limitar o aumento médio da temperatura em 1,5° Celsius acima dos níveis pré-industriais. Os países são obrigados a produzir planos de ação especificando como alcançarão essas metas, e os ativistas climáticos foram estimulados a pressionar os formuladores de políticas.


Mas é muito mais fácil produzir uma "Contribuição Nacionalmente Determinada" do que alcançar resultados reais interna ou transnacionalmente. Governos e indústrias fizeram muitos compromissos para alcançar emissões líquidas zero até meados do século, mas ainda não cumpriram. Em vez disso, as elites do setor público e privado continuam a antiga dança de buscar a conformidade formal em vez de mudanças significativas. Rótulos, códigos de conduta flexíveis, relatórios e campanhas de relações públicas permanecem as estratégias de implementação preferidas, mesmo que uma após outra tenha sido desacreditada como ineficaz e, em alguns casos, francamente fraudulenta.

Em vez de servir como um chamado para uma mudança de estratégia, o ESG se tornou outro trem de luxo para o negócio de consultoria de conformidade. Ele oferece mais uma oportunidade de extrair renda de clientes, enquanto culpa os reguladores por falhas. As empresas não se atrevem a abrir mão desses serviços, porque, como diz a gigante global de contabilidade PwC, "os riscos de fraude no contexto do ESG estão aumentando com base na crescente pressão dos reguladores e do público".

A agenda do boa governança perdeu seu rótulo, mas continua viva e se tornou uma ameaça existencial. Combater as mudanças climáticas envolve resolver problemas e vencer lutas pelo poder, não apenas conferir caixas. A governança não é substituto para o governo (ou gerenciamento, no setor privado). Permitimos que ela nos distraísse por tempo demais.

Fonte: Aqui, negrito do blog. Foto: PS e Vince Veras (unsplash)

Contabilidade da Disney

Não é surpresa que a TSG Entertainment esteja processando a Walt Disney Company por tê-la enganado em relação aos lucros cinematográficos, algo bastante comum em Hollywood. A única coisa surpreendente sobre o caso é que ele está sendo apresentado em tribunal público - na maioria das vezes, acordos entre estúdios e empresas de produção exigem que esse tipo de questão seja resolvido em arbitragem, a portas fechadas.

Tenho atuado como testemunha especialista em muitos casos semelhantes ao longo dos anos, e eles geralmente envolvem sobrecarregar um filme com uma série de custos gerais e de marketing, sendo difícil provar se essas cobranças são ou não justificáveis em relação ao filme.(...)

Então veio o acordo inevitável. Mas a parte triste é que, se o estúdio quiser você de volta, eles estão mais do que dispostos a fazer um acordo. No entanto, se você for um ator secundário, há poucos recursos para recuperar o que lhe é devido por direito.

TSG declarou ter investido $3.3 bilhões na última década co-financiando mais de 140 filmes, incluindo "Avatar: The Way of Water", a franquia "Deadpool" e muitos outros filmes de alto perfil. Na ação judicial, "TSG acusa a Disney de ter tentado usar quase todos os truques do livro contábil de Hollywood" para privá-los de centenas de milhões de lucros devidos.


Eles ordenaram uma auditoria após verem lucros em declínio, que revelou que foram subpagos em $40 milhões pelo estúdio devido a "autonegociações desenfreadas" e "truques contábeis", bem como cobranças de dezenas de milhões de dólares em taxas de distribuição não autorizadas. Infelizmente, essa é uma prática muito comum em Hollywood. (...)

Na minha opinião, essa ação judicial será rapidamente resolvida com acordos de não divulgação envolvendo todos os aspectos do caso, garantindo uma saída rápida em relação à imagem pública. Lembra-se de 1996, quando o ex-CEO da Disney, Jeffrey Katzenberg, foi demitido e posteriormente processou a empresa por $500 milhões em danos?

O caso foi resolvido, mas, surpreendentemente, nenhum detalhe foi registrado em qualquer relatório 10Q ou 10K apresentado pela empresa, apesar de o acordo ser o que deveria ser divulgado como um evento relevante, mesmo pelos padrões da Walt Disney. (...)

Fonte: aqui. Foto: Benjamin Suter

Rir é o melhor remédio

Sonho ruim de um contador. 
 

21 agosto 2023

Steinhoff: mais um capítulo

Dirk Schreiber, ex-chefe de finanças europeu da Steinhoff International Holdings NV, foi condenado a três anos e meio de prisão por um tribunal alemão devido a um escândalo contábil que quase levou à falência da varejista. O tribunal também condenou Siegmar Schmidt, ex-diretor, a uma sentença suspensa de dois anos. Ambos foram acusados de envolvimento em transações fraudulentas. O ex-CEO Markus Jooste também foi acusado, mas não compareceu ao tribunal. A investigação revelou €6,5 bilhões em transações irregulares ao longo de oito anos. As autoridades alemãs iniciaram a investigação em 2015, suspeitando que a empresa registrava receitas falsas. 

Originalmente a Steinhoff é uma empresa da África do Sul

Ransomware durante a auditoria

O Banco Popular, que atua em Porto Rico, mandou a seguinte correspondência para seus clientes: 

Escrevemos para informar que um dos nossos fornecedores, PricewaterhouseCoopers (PwC), foi vítima de uma violação de cibersegurança que incluiu certas informações pessoais dos nossos clientes. A violação envolveu a comprometimento de um software, o MOVEit, usado pela PwC para transferir arquivos para um pequeno número de seus clientes, incluindo o Banco Popular de Porto Rico (Popular).


Como uma corporação pública que negocia no mercado de ações, o Popular é obrigado a utilizar os serviços de uma empresa de auditoria e contabilidade, como a PwC. A tarefa de auditar o Popular requer, devido à sua natureza, que o Popular compartilhe informações dos clientes para que a PwC possa realizar certas validações independentes necessárias para que o Popular emita demonstrações financeiras.

Ao tomar conhecimento do incidente, a PwC imediatamente lançou uma investigação e cessou o uso do software afetado. Como resultado desta investigação, foi determinado em 24 de julho de 2023, que certos arquivos comprometidos no incidente incluíam informações pessoais dos nossos clientes. As informações pessoais comprometidas incluem o seu nome, número de Seguro Social, número de empréstimo hipotecário terminando em [número], e campos relacionados a hipotecas.

Parece que a PwC não foi a única a usar o software com um ransomware (é um tipo de ataque cibernético no qual os hackers infectam um sistema e exigem um pagamento para restaurar o acesso aos dados ou sistemas afetados). No caso do Banco Popular, foram 82 mil clientes que podem ter sido infectados. Mas tudo leva a crer que Deloitte e EY – mas não a KPMG – também tiveram este problema. O Banco Popular deu detalhes do caso, o que já não ocorreu com o Bank of America, auditado pela EY, por exemplo. 

Foto: Muha Ajjan e Unsplash+

Terrorismo e contabilidade

O Journal of Brief Ideas publica textos que são bastante curtos. São ideias lançadas para discussão. Um dos textos, de Peter Clark (https://doi.org/10.5281/zenodo.8260071), observa as campanhas terroristas sob a ótica econômica. As organizações terroristas usam diversos subterfúgios para obter seguidores, inclusive de forma coercitiva. Uma das formas é a extorsão, protegendo-se contra atos violentos do grupo, caso exista apoio ao movimento. Neste sentido, não difere muito de grupos criminosos.

Mas, ao contrário dos criminosos comuns, que desejam controlar o fluxo de riqueza de uma região, o terrorismo tem o objetivo de obter um poder mais abrangente, por meio de uma mudança política do regime. Para as organizações terroristas, o fluxo financeiro, que inclui a obtenção de recursos e a alocação dos gastos em itens que ajudarão no objetivo final, é tão relevante quanto ocorre em um grupo de criminosos comuns.

Por esse motivo, as entidades terroristas, assim como os grupos de criminosos comuns, devem se preocupar em ter uma "contabilidade". Mesmo que não seja por meio do regime de competência ou seguindo as normas contábeis dos reguladores, os grupos terroristas procuram usar a "contabilidade" para melhor alocar os recursos dentro da organização. A captação de regiões produtivas pode ser vista como um ativo para o grupo, capaz de gerar riquezas futuras.

Rir é o melhor remédio

 

Não usou o Doutor Google

20 agosto 2023

Do Slide ao Powerpoint

Em 1992, em uma sala de reunião do Hotel Regina, o mundo conheceu uma nova tecnologia: o powerpoint. Robert Gaskins, o responsável pelo software, apresentou a maravilha para pessoas vincunladas a Microsoft na Europa. Usando um laptop, Gaskins carregou o programa através de um cabo de vídeo. O público percebeu que a tecnologia iria revolucionar as apresentações e aplaudiu o produto e seu criador. 


A proposta do Powerpoint surgiu na verdade oito anos antes, quando Gaskins era vice-presidente de desenvolvimento de produtos da startup Forethought. A ideia era modificar o setor de apresentações de negócios. O produto criado não somente modificou, como transformou radicalmente a maneira como as empresas entregavam as informações para seu público interno e externo nas convenções anuais. Antes do Powerpoint, as apresentações eram contratadas em empresas especializadas em eventos. Depois, os próprios executivos poderiam produzir suas próprias transparências, em lugar de contratar alguém ou delegar para funcionários internos. 

Além disto, as apresentações não precisavam estar reservadas para grandes reuniões de final de ano ou em outros eventos importantes. Depois, o powerpoint expandiu o conceito de apresentar algo através de uma projeção, seja em uma igreja, nas escolas, nos funerais e casamentos, nas reuniões de família e muitas outras ocasiões. Provavelmente toda pessoa do mundo, a partir do ensino médio, deve conhecer o powerpoint. 

Obviamente, essa evolução específica não foi exclusivamente da Microsoft. Porque talvez a apresentação corporativa mais memorável de todos os tempos - o anúncio de Steve Jobs do iPhone na Macworld 2007 - não fosse um PowerPoint. Foi um Keynote. (Claire L. Evans)

Mas antes da revolução do powerpoint o que existia eram os slides. As grandes empresas, quando queriam impressionar, contratavam pessoas especializadas em fazer apresentação multimídia, com projetores de slides. 

Antes do PowerPoint, e muito antes dos projetores digitais, os slides de filme de 35 milímetros eram os mais usados. Maiores, mais claros e mais baratos de produzir do que o filme de 16 mm, e mais coloridos e com resolução mais alta do que o vídeo, os slides eram a única mídia para os tipos de apresentações de alto impacto feitas por CEOs e altos executivos em reuniões anuais para acionistas, funcionários e vendedores. Conhecidas no ramo como shows "multi-imagem", essas apresentações exigiam um pequeno exército de produtores, fotógrafos e equipe de produção ao vivo para serem realizadas. Primeiro, o show inteiro tinha que ser escrito, com um storyboard e uma trilha sonora. As imagens eram selecionadas em uma biblioteca, as sessões de fotos eram organizadas, as animações e os efeitos especiais eram produzidos. Um técnico com luvas brancas revelou, montou e tirou o pó de cada slide antes de colocá-lo no carrossel. Milhares de dicas foram programadas nos computadores de controle do show - depois testadas e testadas novamente. Porque os computadores falham. As lâmpadas dos projetores queimam. Os carrosséis de slides ficam emperrados. (…)

O negócio era tão rentável que surgiu uma Associação com os profissionais da área. Fundada em 1976, a Association for Multi-Image chegou a ter cinco mil membros. 

Em seu auge, o negócio de múltiplas imagens empregava cerca de 20.000 pessoas e apoiava vários festivais e quatro revistas comerciais diferentes. Uma dessas revistas publicou um perfil brilhante de Douglas Mesney em 1980; quando perguntado sobre seu prognóstico em relação ao futuro dos slides, ele respondeu: "Poderíamos fazer uma fortuna ou ficar fora do mercado em um ano". Ele não estava errado.

O surgimento do powerpoint mudou o setor substancialmente. Todos estes empregos desapareceram. Quem se lembra de um projeto de slide? Somente os mais antigos. 

O último projetor de slides já fabricado saiu da linha de montagem em 2004. A parte interna de sua caixa foi assinada pelos trabalhadores da fábrica e pela cúpula da Kodak antes de a unidade ser entregue ao Smithsonian. Foram feitos brindes e discursos, mas até então eram elogios, pois o PowerPoint já havia dominado o mundo.

Sugestão do BoingBoing, para o excelente texto de Claire Evans

09 agosto 2023

Não se esqueça da matriz de confusão

Uma das formas mais usuais de ser enganado é quando uma pessoa chama a atenção apenas para um lado de uma situação. Vamos trabalhar com um exemplo simples. Alguém diz para você que no passado ele comprou ação de uma empresa quando ninguém acreditava nela. Por esse motivo, agora ele está sugerindo que você compre a ação de uma nova empresa que apareceu no mercado, a XYZ. Afinal, seu passado de sucesso é algo que sustenta essa indicação.

Provavelmente, o leitor já deve ter visto essa situação antes. E isso ocorreu não somente em indicações de investimento, mas também em casos relatados em grupos de mídia social ou por pessoas que tentam argumentar com você usando frases como "eu conheço uma pessoa..."

Para esses casos, pense sempre na grade de possibilidades ou na matriz de confusão. O primeiro nome foi proposto por Daniel Simons e Christopher Chabris, em "Nobody’s Fool". Mas na estatística, o nome é matriz de confusão, e é esse que iremos usar. De forma irônica, a matriz de confusão é capaz de evitar confusões nos argumentos manipulados, como no parágrafo inicial deste texto.

A matriz de confusão é um retângulo com quatro áreas. De um lado, temos o que aconteceu; do outro lado, o que foi sugerido ou previsto. A seguir temos o desenho desta matriz:



Quando alguém afirma que acertou na escolha de um investimento no passado, está falando da caixinha branca da figura acima. A pessoa optou por investir e acertou, pois o retorno foi bom. Veja que a informação que foi passada - "acertei no passado" - não é imparcial, pois não diz nada sobre as outras três áreas da figura.

Vamos começar com a caixinha amarela. Nessa situação, a pessoa decidiu não investir e foi uma decisão adequada, já que o retorno foi ruim. Tanto a caixinha amarela quanto a área branca são as regiões dos acertos. Como as oportunidades de investimento são inúmeras, geralmente não lembramos dos investimentos ruins que não fizemos (área amarela) e valorizamos muito os investimentos acertados.

Agora considere a área laranja e vermelha. A soma das duas representa nossos erros. Veja o caso da caixinha vermelha. A pessoa decidiu não investir em uma aplicação e a decisão não foi boa, já que o retorno foi adequado. São as oportunidades de investimento adequadas que perdemos na vida. Poderíamos ter comprado ações daquela startup logo no seu começo e não fizemos. Mas o pior é a área laranja, já que investimos e o retorno foi ruim.

Se quisermos saber se um investidor é bom ou não, devemos olhar as quatro situações. Talvez isso seja difícil, mas pelo menos observar a área laranja e a área branca. Se alguém acertou no passado (área branca), talvez tenha errado também (laranja) e somente assim poderemos saber se a bola de cristal dessa pessoa está quebrada ou não.

Assim, se alguém afirmar que fez um ótimo negócio no passado e isso é sinal de que ele sabe o que está falando, pense na matriz de confusão. Essa pessoa está confundindo você ao não entregar todas as informações possíveis.

Veja uma situação similar a esta: uma pessoa alardeou que apostou em um placar no futebol e ganhou quinhentos reais. E concluiu dizendo que quando ele apostava sempre conseguia um trocadinho para pagar as contas. Essa pessoa está revelando a área branca da figura, o sucesso. Mas não a área laranja, do insucesso quando faz aposta.

E outra situação: um amigo mandou no grupo que pessoas morreram logo após receber uma vacina. Com isso, alardeia sobre o perigo da vacina e sua decisão de não vacinar, esquecendo de contar o número de pessoas que não morreram exatamente por tomarem a medicação indicada pela ciência.

Mais uma: a empresa de auditoria fracassou após passar por problemas nas Americanas. A auditoria deveria ter percebido o que estava ocorrendo e não o fez. Mas e as vezes em que a auditoria pegou o início de uma fraude e isso não foi relatado por uma questão de sigilo? Dizer que as auditorias são ruins baseado em um caso é esquecer da matriz de confusão." 

07 agosto 2023

Feedback na Contabilidade: Em Busca de Uma Avaliação Significativa

O feedback é uma ferramenta que pode ser poderosa para um profissional ou uma empresa. Dar um feedback é visto como algo importante e, por isso, somos lembrados constantemente de fazê-lo. Mas onde está o feedback na contabilidade?

Uma coisa é afirmar que a contabilidade é um instrumento de feedback da gestão de uma entidade. Neste caso, estamos considerando a contabilidade como uma descrição do que já ocorreu, uma narrativa, sob forma de números, do desempenho da entidade. Na famosa estrutura conceitual do FASB, posteriormente apropriada pelo IASB e traduzida para o português pelo CPC, esta função é denominada de qualidade confirmatória. Temos uma expectativa sobre o que está ocorrendo com a entidade e a contabilidade aparece para dizer se estamos corretos ou não. A contabilidade aqui seria, na linguagem do esporte, uma espécie de VAR para a entidade.

No entanto, não é este o foco do texto. Queremos saber se a função contábil em uma entidade tem um feedback positivo ou negativo. Quando compramos um produto ou serviço, após usá-lo, podemos dar uma nota, que pode ser estrelas, positivo ou negativo, ou outro sistema onde expressamos nossa satisfação ou insatisfação com o produto ou serviço. Poderia existir este tipo de avaliação com a contabilidade?

Inicialmente, vamos considerar um serviço contábil específico, contratado para fazer uma tarefa para uma entidade. Neste caso, a avaliação poderia ser feita por quem fez a contratação do serviço. Ele poderia dizer se o serviço prestado está de acordo ou não com as expectativas. Poderia dar estrelas ou notas. Na realidade, este serviço já existe, muito embora não funcione de forma adequada. Ao entrar no Google Maps e digitar “escritório de contabilidade”, irão aparecer alguns escritórios perto de onde você está, com a nota respectiva. O problema é que não podemos confiar neste resultado, já que, pelo menos na minha região, a maioria dos escritórios tem nota máxima ou não são avaliados. E o número de avaliações é bem reduzido, o que torna difícil acreditar no resultado.

Se você procurar pelos escritórios que receberam alguma advertência relacionada com a ética profissional também não irá resolver. Ou não irá localizar esta informação de maneira acessível. Não temos uma listagem, por exemplo, dos melhores escritórios de uma região ou algo do gênero. Além disso, há controvérsias sobre o que seria a qualidade do serviço prestado.

Outra forma de pensar no feedback do serviço na contabilidade é pedir para as pessoas analisarem o serviço que é entregue. Imediatamente pensamos nas demonstrações contábeis, mas isto seria reduzir a contabilidade à situação de vomitadora de tabelas e quadros. Para um usuário típico da contabilidade, que contrata uma empresa para prestar serviço, o seu grande desejo é que o escritório faça seu serviço e ele possa trabalhar, fazendo aquilo que ele sabe fazer de melhor. Isto pode ser cínico, mas pergunte a um empresário sobre o que ele deseja do seu contador e você irá confirmar que a maioria deles entende que a contabilidade é um mal necessário. Infelizmente isto é verdadeiro e o texto não tem a pretensão de discutir este assunto.

O pensamento de que a contabilidade é um mal necessário conduz a uma avaliação do tipo: se a contabilidade fez o seu papel e não atrapalhou, o feedback do serviço seria positivo. Há exceções aqui, certamente. Em alguns casos, a contabilidade pode assumir um papel estratégico para uma entidade, ajudando nas boas escolhas. Mas tudo leva a crer que isto não é a verdadeira situação na maioria dos casos.

Podemos agora voltar para o caso da contabilidade produzida internamente, dentro de uma entidade. Geralmente, neste caso, a entidade tem um porte maior e há funcionários que terão a tarefa de fazer o serviço contábil. O feedback aqui poderia ser proveniente da chefia imediata, que poderia indicar a qualidade daquilo que é produzido internamente.

Isso parece não ser suficiente para alguns profissionais internos de uma entidade. Receber um tapinha nas costas do chefe ou um sorriso de alguém de outro setor pode funcionar para alguns, mas não para todos. A participação em premiações que avaliam a qualidade do serviço pode ser um reconhecimento. No passado, era comum ver o nome de um profissional no jornal local, seguido de elogios. Estes elogios eram conquistados por uma amizade antiga ou pelo pagamento de uma gratificação e não seriam efetivamente um feedback ao trabalho contábil.


Uma opção é adotar uma visão mais abrangente. Em lugar de uma avaliação pessoal, poderíamos medir qual o feedback da sociedade para com a contabilidade. Isso também é muito difícil e seria necessário uma medida bem objetiva para ter um feedback do nosso trabalho para a sociedade como um todo. Confesso que não saberia dizer que medida seria esta.

No passado, eu sugeri a uma docente que está à procura de um tema para seu trabalho final de curso que perguntasse, via questionário, qual a profissão que uma pessoa desejaria para sua prole. Isso poderia ser uma aproximação da avaliação que a sociedade faz do nosso trabalho, mas também seria uma análise materialista sobre a profissão que seria mais promissora, leia-se “rentável”. Não deixaria de ser um feedback do sentimento da sociedade. Outra possibilidade é procurar verificar como o profissional é representado nos filmes, novelas e jornais. O resultado é enviesado, pois estamos olhando somente uma pequena parcela da visão da sociedade.

Estamos chegando ao final sem ter uma solução para o problema. Afinal, como ter um feedback da contabilidade? Acho que o tema merece mais reflexão. É interessante que é algo que não discutimos; seria um medo não confessado de receber um feedback negativo?

(As reflexões apresentadas aqui começaram após a leitura de um texto sobre Feedback no BehavioralScientist). Foto: Unsplash+

Rir é o melhor remédio


 Indicação de compra

06 agosto 2023

O Infinito ao Junco

O livro "O Infinito em um Junco" é, antes de tudo, uma declaração de amor ao livro e à leitura. Se a história narrada por Irene Vallejo fica restrita, basicamente, aos gregos e romanos, o amor está presente em cada página. Quem gosta de leitura, de livros, de ideias e de história deve ler este livro. Com cerca de 440 páginas, a obra divide-se nos gregos, em sua primeira parte e na maioria das páginas, e nos romanos, logo a seguir. Irene Vallejo consegue contar casos que ocorreram há milhares de anos, como a construção da Biblioteca de Alexandria, a invenção do pergaminho e a cópia dos manuscritos.


É delicioso saber que na antiguidade a leitura era feita em voz alta, que muitas obras só chegaram aos nossos dias graças à tradição de transmitir as histórias entre as pessoas, que sempre existiram pessoas que detestam livros, mas outras que os amam de forma apaixonada. Sua narrativa consegue unir o antigo com fatos mais recentes, como a queima de livros pelos nazistas e o sofrimento amenizado dos prisioneiros dos campos de concentração que conseguiam obras para sua leitura. Saber que Sócrates não era adepto da palavra escrita; que o mel era usado na sociedade judaica para o aluno lamber, de modo que a palavra divina penetrasse em seu corpo; que o plágio já existia entre os gregos, nos concursos de oratória; que o primeiro historiador, Heródoto, contou a versão do inimigo, do outro, algo revolucionário ainda hoje, são coisas surpreendentes.

O livro conta muito mais do que isso. Regularmente, a autora espanhola lança algumas preciosidades, seja sob a forma de fatos curiosos, seja por levantar questões polêmicas, como a tendência moderna de reescrever os clássicos por ter neles palavras inadequadas para a realidade atual. Já no final, nas últimas páginas, há uma discussão sobre a escolha do título das obras – na época dos papiros, os livros geralmente não tinham títulos; quando muito, eram indicados pelas primeiras palavras do texto.

Este livro é muito indicado para aqueles que amam ler. Quem o ler fatalmente o considerará um livro cinco estrelas.

Escrita e a Contabilidade

 Do livro O Infinito em um Junco (p. 121):


Segundo as teorias mais recentes, a arte de escrever tem uma origem prática: as listas de propriedades. Essas teorias afirmam que nossos antepassados aprenderam o cálculo antes das letras. A escrita veio para resolver o problema de proprietários ricos e administradores palacianos, que precisavam lançar mão de anotações porque era difícil fazer a contabilidade de forma oral. A etapa de transcrever lendas e relatos viria depois. Nós somos seres econômicos e simbólicos: começamos escrevendo inventários e, mais tarde, invenções (primeiro as contas, depois os contos)

Foto: Sayla Brown

04 agosto 2023

Perda de produtos culturais devido ao direito autoral

Eis uma discussão importante: a presença de direitos autorais esta fazendo com que muito patrimônio cultural esteja desaparecendo (via aqui). Filmes e outras obras de arte estão sendo perdidas em razão da mudança tecnológica. As velhas fitas VHS não são convertidas aos novos formatos, assim como os DVDs e os catálogos deixam de fazer a transição para uma nova era tecnológica. Sem esta transição, a produção se perde, já que as pessoas ficam com medo de infringir a lei de direito autoral. 

Um site como o Karagarga, onde alguns poucos arquivam filmes cults raros e sucessos são proibidos, seria uma possível solução. 


Ao ler este texto tinha recentemente lido uma passagem sobre a biblioteca de Alexandria no excelente Infinito em um Junco. Irene Vallejo descreve que a memória coletiva permitiu que criação de obras literárias da antiguidade fossem preservadas. Na verdade, parcialmente, pois muito se perdeu. 

IA pode alterar resposta conforme a pergunta

Pesquisa no Google… 

Eu olhei no Google e ele diz … 

Tim Harford lembra que a resposta irá depender da forma como você pesquisa. Perguntei ao Chat, porque o mar é verde e a resposta começava:


O mar pode apresentar diversas cores, incluindo azul, verde e até mesmo tons de cinza ou marrom, dependendo de vários fatores. A cor do mar é influenciada principalmente pela absorção e dispersão da luz pelas moléculas e partículas presentes na água.

A cor predominante do mar é frequentemente uma combinação de reflexão da luz solar na superfície e absorção seletiva de diferentes comprimentos de onda de luz pelas moléculas da água.

Mudei para “porque o mar é azul”? E a resposta iniciava:

O mar é azul devido ao fenômeno chamado dispersão da luz. A luz do Sol é composta por diferentes cores, cada uma correspondendo a um comprimento de onda diferente. Quando a luz solar entra na atmosfera da Terra, ela interage com as moléculas de ar e as partículas presentes na atmosfera.

As moléculas e partículas têm a capacidade de dispersar a luz, ou seja, elas espalham a luz em várias direções. Essa dispersão é mais eficiente para comprimentos de onda mais curtos, como o azul e o violeta, enquanto comprimentos de onda mais longos, como o vermelho e o laranja, são menos dispersos.

Foto: Joel Vodell

Papel da IA no Mundo Atual

O surgimento do ChatGPT também trouxe consigo profecias apocalípticas sobre o fim do mundo, além de previsões variadas sobre a transformação radical do mundo em que vivemos. Alguns textos conseguem abordar o cenário atual sem mergulhar em previsões sombrias. Recentemente, li um artigo no blog "Economics From the Top Dow" que argumenta que a inteligência artificial não resultará no fim da raça humana. O ponto central é que os seres humanos dominam o mundo não apenas por sua "inteligência", mas também pela capacidade de sustentação e reprodução. Embora a máquina que criamos possa superar a "inteligência" consciente, ainda não consegue sobreviver e se reproduzir como nós.

Para atingir o nível humano, a máquina teria que desenvolver vida autosustentável. Entretanto, isso só seria possível criando uma célula artificial que evoluiria ao longo de bilhões de anos, com resultados questionáveis. Em outras palavras, a IA precisaria ter um corpo. O autor do blog destaca que mente e corpo não podem ser separados.


O risco está na forma como utilizamos e controlamos os recursos da IA. Nesse sentido, o autor defende que as ferramentas sejam abertas, permitindo que qualquer pessoa tenha acesso aos códigos usados para criá-las. No caso do ChatGPT, os primeiros modelos eram abertos e os códigos estavam disponíveis. No entanto, a partir da versão 3, o modelo tornou-se proprietário, ou seja, a empresa proprietária do Chat, a OpenAI, é considerada "aberta" apenas de nome.

Outro ponto interessante abordado no texto é o risco da IA substituir empregos na economia, levando a uma grande parcela da população desempregada. O blog "Economics From the Top Dow" lembra que o sistema não pode funcionar com uma grande massa de desempregados estruturais, pois isso acarretaria perda de receita das empresas, uma vez que o sistema depende de um público consumidor. Isso não significa que não haverá alterações na estrutura de empregos, com algumas profissões desaparecendo ou perdendo importância, enquanto outras se tornam mais relevantes.

Ao final do texto, é ressaltado que a regulamentação da IA só será benéfica para os grandes players, pois a captura do órgão regulador favorecerá as empresas mais fortes e garantirá a "certificação" de sua tecnologia. Em suma, o verdadeiro risco da IA está relacionado às escolhas que fazemos em relação a ela.

Foto: Michael Dziedzic

03 agosto 2023

Reclamar do tempo

 

Do Sketchplanations: reclamar do tempo não adianta. 

Fasb: mais informações sobre despesas das empresas para investidores

O Conselho de Normas Contábeis Financeiras (Fasb) propôs uma atualização nas normas contábeis na segunda-feira para fornecer aos investidores mais informações sobre as despesas de uma empresa.


A proposta exigiria que empresas de capital aberto oferecessem divulgações mais detalhadas sobre categorias específicas que compõem certas despesas durante os períodos intermediários e anuais. A atualização proposta forneceria aos investidores informações mais detalhadas sobre os tipos de despesas, como depreciação, amortização, remuneração de funcionários e custos relacionados ao estoque e atividades de manufatura dentro das rubricas de despesas do demonstrativo de resultados, como custo das vendas; despesas de vendas, gerais e administrativas; e pesquisa e desenvolvimento.

Continue leitura aqui. Tradução: ChatGPT

Spotify dá dinheiro para alguns

Os artistas no Spotify ganham, em média, entre $0.003 e $0.005 por reprodução — o que não é muito, mas pode se acumular em uma fortuna se você tem muitos fãs.

Para descobrir quais músicas ganham mais em todo o mundo, a NetCredit identificou as músicas de cada país que passaram pelo menos uma semana no topo das paradas semanais do Spotify, classificou-as por gêneros e multiplicou o número de reproduções de cada faixa pelo valor pago por reprodução. As músicas que mais ganham dinheiro em cada país são mapeadas na visualização abaixo.


Principais descobertas:

O maior ganhador geral é "Sunflower" de Post Malone, que arrecadou cerca de $4.5 milhões com reproduções nos EUA.

"Blinding Lights" de The Weekend é a música que mais ganha dinheiro em dez países — mais do que qualquer outra música no Spotify.

No gênero EDM, a maioria das faixas que mais ganham dinheiro são de um pequeno grupo de artistas, incluindo Avicii, Elton John, SAINt JHN, The Chainsmokers e Tiësto.

As músicas de hip-hop e rap que mais ganham dinheiro geralmente são de artistas locais em cada país.

Fonte: aqui

Acrescento mais um item aqui: a música que faz sucesso no Brasil, "Arranhão" (?), arrecadou 1,3 milhão, abaixo de Malone, a líder do México e da Alemanha. Mas acho que há um problema, pois nos países onde o Spotify não é popular, o líder talvez seja enviesado. 

OBEF

 

Mais informações aqui

02 agosto 2023

Inteligência Artificial, Economia comportamental e Literatura

Encontro entre inteligência artificial, economia comportamental e literatura (via aqui):



Solicitamos ao GPT-4 (um modelo de linguagem de inteligência artificial) que usasse personagens fictícios literários para jogar o jogo Ditador, um experimento clássico de economia comportamental. Nós fornecemos ao GPT-4 148 caracteres, do século XVII ao século XXI. Suas 888 decisões foram usados para comparar personagens ao longo do tempo, bem como personagens com jogadores humanos. Há uma diminuição geral e principalmente monotônica do comportamento egoísta ao longo do tempo em personagens literários. 41% das decisões dos personagens do século XVII são egoístas, em comparação com apenas 21% das decisões dos personagens do século XXI. Na comparação entre humanos e IA, os seres humanos são muito mais egoístas do que [os resultados obtidos com] os personagens da IA, com 51% dos seres humanos tomando decisões egoístas em comparação com 28% dos personagens da IA.

Foto: Gertrūda Valasevičiūtė

Rir é o melhor remédio


 Viagem no tempo

CDP e as novas regras de sustentabilidade na Europa

O Carbon Disclosure Project (CDP), organização que gere o sistema mundial de divulgação ambiental para empresas, cidades, estados e regiões, considera que muitas empresas já estão preparadas para as novas regras de relatórios de sustentabilidade da Europa.

A Comissão Europeia (CE) adotou nesta segunda-feira as novas Normas Europeias de Relato de Sustentabilidade (ESRS, sigla em inglês), ao abrigo das quais as empresas abrangidas terão de reportar a sua ação em termos de sustentabilidade, marcando o início de uma nova era de responsabilidade ambiental, social e de governança nos negócios.

Ao impactar cerca de 50.000 empresas europeias obrigadas a reportar sob as normas da ESRS, bem como empresas sediadas fora da UE com uma grande filial no bloco, as normas têm o potencial de "tornar os relatórios ambientais de alta qualidade numa norma empresarial", destaca o CDP.

O CDP apurou que a maioria das mais de 18.700 empresas que divulgam a sua ação sustentável junto desta organização está bem posicionada para começar a reportar sob as ESRS, sendo que a maioria já divulga elementos de tópicos transversais: mais de 18.000 organizações reportam sobre a supervisão ao nível do conselho e cerca de metade das empresas (55%) já têm um processo em vigor para avaliar os riscos e oportunidades climáticas.

"A tão esperada adoção da ESRS marca o início de uma nova era de responsabilidade ambiental nos negócios e no planeamento financeiro. Com cerca de 50.000 empresas agora obrigadas a reportar sobre sustentabilidade, estas normas são um passo fundamental para tornar os relatórios ambientais de alta qualidade numa norma empresarial. No entanto, foram feitos compromissos para garantir uma adoção bem-sucedida: todas as divulgações, incluindo as relacionadas com o clima, estão agora sujeitas à avaliação da materialidade das empresas.

Além disso, certas divulgações, incluindo as emissões do escopo 3 e todas as divulgações relacionadas com a biodiversidade, foram gradualmente implementadas. Compreender por que as empresas desconsideram certos tópicos será essencial para garantir informações comparáveis e significativas para investidores, auditores e reguladores", refere Mirjam Wolfrum, diretora de Envolvimento Político para a Europa no CDP.

As empresas que divulgam voluntariamente através do CDP demonstram preparação em algumas das informações críticas exigidas pela ESRS (temas de governança, estratégia, riscos e oportunidades, métricas e objetivos). No entanto, resta saber como as empresas, tanto dentro como fora da Europa, se sairão em geral quando o ambicioso conjunto de normas para a responsabilidade ambiental começar a ser aplicado em 2024, questiona o CDP.


CE acrescenta mais atividades à taxonomia de sustentabilidade

Com a ESRS a aplicar-se a mais de 50.000 empresas, algumas das quais também são obrigadas a relatar sob outros padrões e estruturas, o sistema global de divulgação do CDP evoluirá para fornecer canais de divulgação que reflitam os requisitos de relatórios ambientais desenvolvidos pela ESRS, proporcionando aos investidores dados padronizados e comparáveis produzidos em diferentes regiões e requisitos regulatórios.

"Nos últimos 20 anos, o CDP tem promovido relatórios corporativos de melhores práticas e tem procurado guiar as empresas para esta nova era de divulgação obrigatória, como demonstrado pelo nível de preparação das empresas que divulgam através do CDP. No entanto, a contabilidade líquida zero e a contabilidade financeira positiva para a natureza só se tornarão realidade quando todas as empresas levarem em conta o verdadeiro valor da natureza", salienta em comunicado Sue Armstrong-Brown, diretora global de Padrões Ambientais no CDP.

Fonte: Jornal de Negócios, Portugal

Austrália Verde

O governo australiano emitiu uma atualização da Declaração de Expectativas para a Autoridade Australiana de Regulação Prudencial (APRA) exigindo a adoção de padrões de relatórios climáticos por entidades reguladas, incluindo instituições financeiras. Um documento de consulta propõe relatórios obrigatórios a partir de 2024 para as maiores empresas e instituições financeiras da Austrália, alinhados com padrões internacionais de divulgação climática. Haverá um período de transição de três anos antes de as divulgações climáticas serem sujeitas a penalidades civis. 


O governo do primeiro-ministro Albanese também se comprometeu com metas de redução de emissões de gases de efeito estufa. Essa iniciativa se alinha com o movimento global de relatórios climáticos obrigatórios em outras jurisdições. Além disso, a Austrália está agressivamente se aproximando da aplicação da lavagem verde, com a sua Comissão Australiana de Valores Mobiliários e Investimentos (ASIC).

Foto: NOAA

Duas notícias das Americanas

Primeira:

As Americanas e o fundo imobiliário RBR Log encerraram, no mês passado, o contrato de locação relativo ao Galpão Hortolândia II. Há uma multa por rescisão antecipada que ainda não foi paga pela empresa.

Segunda:

Uma sócia da KPMG revelou à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que a administração da Americanas (AMER3) recebeu diversos alertas sobre as deficiências contábeis da companhia e a necessidade de melhorar os controles internos para evitar uma possível crise.

Vale citar que essa foi a primeira vez que representantes de empresas que prestaram serviços de auditoria para Americanas deram declarações com detalhes sobre o caso, que até então eram sigilosas.

Imposto mínimo global terá implicações significativas

A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) emitiu recentemente novas orientações sobre o imposto mínimo global de 15%, o que tem grandes implicações para empresas multinacionais. As orientações estendem o prazo de 2025 para 2026 para que os países estrangeiros possam impor impostos adicionais às empresas que pagam menos de 15% de imposto de renda no país de origem. 


Tudo parece fácil, mas não é, já que várias questões ainda permanecem sem resposta, e há oposição significativa ao imposto mínimo global por parte dos republicanos, nos Estados Unidos, além da oposição "quase" silenciosa de grandes corporações.  O GMT (Global Minimum Tax) tem sido difícil de implementar em vários países devido a diferenças na definição de receita, impostos e outras questões. O tema promete ser um ponto de grande controvérsia durante um ano eleitoral especialmente conturbado.

Além disto, pode trazer dor de cabeça para a entidade internacional que poderia ajudar a solucionar as questões teóricas sobre o tema: a Fundação IFRS. 

Foto: Unsplash+

IAASB propõe novas regras para garantia de sustentabilidade em relatórios corporativos


O Conselho Internacional de Padrões de Auditoria e Garantia (IAASB) propôs novas regras para fornecer garantia externa aos relatórios de sustentabilidade de empresas. A proposta de Norma Internacional sobre Garantia de Sustentabilidade (ISSA) 5000 busca estabelecer um padrão abrangente para profissionais em todo o mundo. Essa iniciativa surge em meio a dúvidas sobre os esforços das principais empresas em fornecer essa garantia. O objetivo é aumentar a confiança nos relatórios de sustentabilidade, seguindo recomendações da Organização Internacional de Comissões de Valores Mobiliários e complementando o trabalho de outros criadores de padrões éticos. A proposta destaca que relatórios corporativos, financeiros ou de sustentabilidade, são mais confiáveis quando recebem garantia externa independente baseada em padrões globalmente aceitos, desenvolvidos de forma independente no interesse público.

Mais aqui. Foto: mostafa meraji

Cade e métricas de sustentabilidade

O CADE, entidade que cuida do aspecto de concorrência no Brasil, teria dado um passo importante ao unir questão relacionadas com antitruste e métricas de sustentabilidade? Na opinião do seu conselheiro a resposta seria afirmativa:

(...) Diante da falta de harmonização nos esforços globais, surge uma questão crucial: como as agências antitruste, que ainda não articularam claramente uma posição política sobre a sustentabilidade, devem lidar com iniciativas verdes entre concorrentes? Esse dilema está se tornando cada vez mais significativo dada a abrangência internacional das iniciativas de sustentabilidade.


Uma decisão recente do CADE (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), a autoridade antitruste do Brasil, oferece um exemplo convincente de como agências "agnósticas" podem estabelecer alguns princípios de cautela. Essa decisão girava em torno de um acordo de joint venture entre os principais traders globais de commodities agrícolas para criar e operar uma plataforma projetada para padronizar métricas de sustentabilidade na cadeia global de alimentos. O caso levanta questões mais específicas sobre como iniciativas baseadas em big data poderiam apresentar riscos competitivos imprevisíveis. 

Na primavera de 2023, o CADE realizou uma revisão abrangente de um acordo de joint venture focado na operação de uma plataforma inovadora projetada para padronizar métricas de sustentabilidade na cadeia global de suprimentos de alimentos. A plataforma foi desenvolvida para melhorar a gestão de várias formas de dados de sustentabilidade, incluindo informações de rastreabilidade do produto, como origem, métricas ambientais como práticas agrícolas, uso de água, consumo de energia, uso de produtos químicos, avaliações de desmatamento e dados socioeconômicos sobre educação, proteção infantil e agricultura de pequenos produtores.

As partes envolvidas alegaram que a funcionalidade da plataforma ofereceria benefícios significativos para os participantes da cadeia de suprimentos e os consumidores finais. A plataforma foi concebida como um eficiente sistema de gerenciamento de informações capaz de reduzir os custos de trabalho manual para as empresas ao solicitar, reunir, processar, manter e relatar dados de sustentabilidade.

(...) as partes da joint venture firmaram um "Protocolo Antitruste" comprometendo-se a oferecer acesso aberto à plataforma para todos os participantes da cadeia global de alimentos em termos justos, transparentes e comercialmente viáveis, sem preferência ou exclusividade para as empresas da joint venture.

Victor Oliveira Fernandes, via ProMarket

30 julho 2023

Gráficos

 

Os filmes com maior duração são aqueles que arrecadam mais? Parece que sim. Entre 1995 a 2022, os dez maiores sucessos de bilheteria tinham, em média, 136 minutos. De 1995 a 1999 esta média era de 117 minutos. 

O VIX mede o quanto os investidores esperam que os preços das ações flutuem no próximo mês. Um VIX está mais alto, significa que os investidores esperam que os preços se movimentem muito e mais baixo não esperam que os preços se movimentem muito. A última vez que foi tão baixo foi em fevereiro de 2020. 


O negócio de serviços em nuvem é dominado pelas grandes empresas de tecnologia. A receita da estocagem de dados é de 80 bilhões de dólares para a Microsoft e a Amazon. Google segue longe, com 26 bilhões. Mas os dados não são confiáveis, pois são obtidos nas demonstrações contábeis, como áreas de negócio de cada empresa. 


O setor de energia eólica no mundo está enfrentando desafios, incluindo aumento dos preços do aço, inflação e problemas de baixa qualidade na produção de turbinas. As ações da Siemens Energy caíram quase 30% devido a falhas técnicas em suas turbinas. Já a indústria eólica da China está em ascensão, com sua capacidade total ultrapassando 310 gigawatts, dobrando em relação a 2017. O país planeja dobrar sua capacidade novamente até 2025, adicionando mais 371 gigawatts. O Brasil tem menos de 10% da capacidade de produção da China. 

28 julho 2023

Uma empresa indecentemente lucrativa

Desculpe o trocadilho inicial, mas a análise feita sobre o desempenho econômico-financeiro da controladora do Pornhub pela Semafor é realmente interessante. Essa empresa enfrenta sérios problemas de reputação, como denúncias de desrespeito à privacidade de pessoas filmadas sem autorização, por exemplo. No entanto, esses problemas não parecem afetar seus lucros. Recentemente, a Mastercard e a Visa começaram a recusar o processamento de pagamentos do Pornhub. Mesmo assim, a empresa possui uma margem operacional de 27% (em 2021) e 30% (em 2022). Esse índice fica acima da margem da Meta, controladora do Facebook, que foi de 25% em 2022.


O alto lucro da empresa é resultado de custos baixos. Embora tenham poucos anunciantes, o número de visitantes do site é enorme, sendo classificado como o 12º site mais visitado do mundo. Sua receita estimada para 2022 foi de 455 milhões de dólares, um pouco abaixo dos 460 milhões em 2018.

Esses números foram apresentados a potenciais investidores.