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25 julho 2023

Lembranças do Google Reader

Em março de 2013, a internet ficou pior: a empresa Google, que hospeda este blog, retirou do ar o Google Reader. Era um grande fã do Reader e considerava-o um instrumento muito poderoso de produtividade e uma maneira de ler o que me interessava, ou melhor, filtrar.

Por esse motivo, li com muita atenção o texto do The Verge sobre a morte do Google Reader. David Pierce conta não somente a razão pela qual o Reader foi descontinuado pelo Google, como também mostra o nascimento desta ferramenta, em 2006. O Reader não era um sucesso da internet, pois tinha somente algumas dezenas de milhões de usuários, mas funcionava muito bem.

Com tantas notícias surgindo a todo momento, o Reader aparece quando o usuário era obrigado a digitar seus sites favoritos e a todo momento fazer atualização da página para saber se tinha algum conteúdo novo. Wetherell, um funcionário do Google, criou um programa que pudesse ler os feeds dos sites e centralizar em um único aplicativo. Ele percebeu que o Reader poderia centralizar todas as atualizações dos sites previamente cadastrados. Na cabeça da equipe que ajudou no desenvolvimento, o Reader seria uma rede social.

Mas 30 milhões de usuários não são muitos para que o Reader pudesse ser um concorrente do Facebook, que surgia então. Só que o Facebook, assim como o Instagram ou o TikTok, tem como foco os algoritmos centralizados nas pessoas. O Reader tinha o foco no conteúdo.

No lugar dele, apareceu o Old Reader, que não vingou. Nos dias atuais, eu uso muito, mas muito mesmo, o Feedly, que tem um pouco da herança do Reader. Minhas postagens neste blog são possíveis graças ao Feedly, mas no passado era a função do Reader.


Empresa de mídia deixou de controlar a tecnologia e hoje perde negócios

Em "7 Razões pelas quais a mídia não é um bom negócio" encontro este gráfico:


No vermelho, as verbas de publicidade para internet. As mídias tradicionais, especialmente os jornais, perderam muito com a internet. Afinal, a circulação dos jornais só faz cair:



Arte da Avaliação na Contabilidade

No texto "A arte da Contabilidade", Edward Mendlowitz aborda a importância das avaliações empresariais em várias situações, como fins tributários, empresariais, separação conjugal ou fins forenses. Esses relatórios podem variar de 30 a mais de 100 páginas e conter diversas análises.

O autor menciona um caso específico envolvendo o patrimônio de Michael Jackson após sua morte em 2009. No seu inventário, a imagem e a semelhança do artista foram inicialmente avaliadas em US$2.105, e posteriormente aumentadas para $3 milhões pelos executores. Além disso, duas outras propriedades do artista foram avaliadas: sua propriedade parcial da Sony/ATV Music Publishing, que incluía os direitos de 175 músicas dos Beatles, e o catálogo Mijac, que continha músicas escritas por Jackson, avaliados em $2.2 milhões.


No entanto, a Receita Federal dos EUA (IRS) após uma auditoria, avaliou a imagem e a semelhança de Jackson em $161.3 milhões e os interesses do catálogo em $320.6 milhões. O caso foi levado ao Tribunal Fiscal, que determinou que a imagem e semelhança de Jackson valessem $4.15 milhões e os interesses do catálogo US$107.35 milhões.

Essas diferentes avaliações ilustram como determinar avaliações empresariais é uma arte, ao invés de uma ciência exata, e podem variar consideravelmente. A discrepância entre as avaliações dos executores, do IRS e do Tribunal Fiscal foi significativa, com diferenças de centenas de milhões de dólares. O autor também destaca que cada avaliador, apesar de ser um especialista, teve avaliações diferentes.

Consequentemente, o texto enfatiza que as avaliações não devem ser consideradas commodities, buscando apenas o menor custo, mas sim como um serviço personalizado, que exige habilidade, experiência e compreensão adequada das circunstâncias. O autor defende que os contadores devem comunicar o verdadeiro valor de seus serviços e evitar competir apenas por preço, usando casos como esse para ilustrar a complexidade e importância das avaliações empresariais.

Foto: Marie-Hélène LACHAUD

Rir é o melhor remédio

 


24 julho 2023

Penguin Random House


A Penguin Random House, uma das principais editoras em língua inglesa no mundo, vem anunciando uma reorganização, resultando em diversos cortes e demissões.

Saiu na Publisher Weekly que a editora, em movimentos para gerenciamento de custos, demitiu cerca de 60 funcionários esta semana - dentre eles, o editor da Knopf, Daniel Halpem. Aparentemente houve um pacote de demissões voluntárias e muitos dos nomes que aceitaram são conhecidos no mercado.

Em um comunicado aos funcionários afirmou-se que, embora o mercado de livros tenha crescido, principalmente nos últimos anos, houve também aumento significativo de custos em todas as áreas e espera-se que esses aumentos, assim como a inflação, continuem. 

Uma movimentação assim em uma empresa tão proeminente pode significar ventos não muito favoráveis às editoras do restante do mundo. Felizmente, segundo o Painel de Varejo de Livros no Brasil, o setor nacional vem crescendo em comparação ao ano anterior.



Empresas mais inovadoras

Todos os anos, o Boston Consulting Group (BCG) lança o seu Classificação das empresas mais inovadoras. Com base em uma pesquisa com mais de 1.000 executivos de inovação pesquisados em dezembro. 2022 e janeiro. 2023, o BCG avaliou o desempenho de uma empresa em quatro dimensões :

Partilha global: o número de votos recebidos de todos os executivos globais de inovação

Visão por pares da indústria : o número de votos recebidos de executivos do próprio setor de uma empresa

Interrupção do setor : o Índice de Diversidade (Herfindahl-Hirschman) de votos em todos os setores

Criação de valor: retorno total dos acionistas, incluindo recompras de ações, durante o período de três anos a partir de janeiro. 2020 a dezembro. 2022.

Eis as 10 mais:




Difusão do conhecimento e serendipidade nos Congressos

Esta semana teremos o que talvez seja o congresso mais importante da nossa área: o Congresso USP. Ao mesmo tempo, desde o início deste ano, estou no cargo de diretor geral do congresso mais simpático da nossa área: o Congresso da UnB. Bom, uma leitura estimulante do LSE mostra que um encontro acadêmico, como um congresso, é muito importante para a difusão do conhecimento e a serendipidade. Este último termo, um palavrão, é a capacidade de descobrir coisas ao acaso. 


Pois bem, os congressos acadêmicos possuem a capacidade de difundir conhecimento e proporciona, para as pessoas, a chance de descobrir coisas ao acaso. A troca acadêmica ajuda no nosso aprendizado permanente. A leitura apresenta que apesar de um congresso ser "caro", os benefícios parecem superar os custos. 

Usando pesquisas já realizadas (por exemplo aqui) é possível indicar que os congressos apresentam realmente uma troca de conhecimento. Isto é importante, pois muitas pessoas acreditam que os encontros científicos possuem uma função de disseminação de conhecimento. Mas não é só isto, pois também ajuda na aprendizagem das pessoas e nos encontros "fortuitos" e "discussões espontâneas" entre as pessoas que participam. É a famosa hora do cafezinho nos congressos, que geralmente não temos nos congressos virtuais e subavaliamos quando pagamos nossa inscrição nos encontros. 

As colaborações formadas durante esses eventos demonstram uma influência significativa em projetos de pesquisa subsequentes, como evidenciado pelo aumento das redes de coautoria e citações. Isso sugere que as conferências não apenas facilitam a troca de conhecimentos durante o evento, mas também fomentam conexões acadêmicas duradouras que moldam a trajetória da pesquisa além do término da conferência.

As implicações dessa pesquisa são substanciais para os organizadores de conferências, participantes e a comunidade acadêmica em geral. Não podemos, então, negligenciar a serendipidade e difusão do conhecimento. 

23 julho 2023

Setor público e respostas rápidas

Isto é bem interessante:

Eu perguntei recentemente no Twitter 

Quando um problema é sério e "algo deve ser feito", por que as pessoas costumam assumir que devem ser os governos que o fazem?? 

Muitos respostas semelhantes. 

Basicamente, se o setor privado pudesse lidar com isso, eles já o teriam feito. Isto pode ser um argumento contrário a ideia que o governo é lento para tomar uma atitude. Mas uma possível resposta é que talvez o problema esteja no próprio governo, que impede a atuação do setor privado. 

Rir é o melhor remédio

Montagem de um ninho: tempos modernos
 

Três resenhas

A Era da Empatia – De Waal

O livro foi escrito por um professor de psicologia e pesquisador de primatas. Isto explica um pouco o viés da obra em citar estudos sobre macacos, mas o argumento central é bastante forte: a natureza nos ensina que os seres humanos, assim como os animais, são mais empáticos do que alguns queiram difundir. Segue, portanto, uma visão mais otimista sobre a nossa espécie, na linha do livro Factfulness, de Hans Rosling, ou Humanidade, de Rutger Bregman. 

É um livro de um especialista, baseado em pesquisas (quase 60 páginas no final entre notas e referências). A leitura é agradável e De Waal conta vários fatos interessantes, da sua vida ou de outros pesquisadores. 

Gostei muito da tese e da leitura, mas confesso que senti o texto um pouco repetitivo a partir de um determinado ponto. Talvez seja um problema meu, da forma como estava lendo a obra, porém isto me impediu de continuar até o fim do livro. Todavia, penso que pode ser um sinal de que realmente o livro, de cerca de 300 páginas, poderia ser menor. 


Emocional – Leonard Mlodinow

Este seria o terceiro livro que li de Mlodinow. Se o Andar do Bêbado foi um livro cinco estrelas, Subliminar não chegou a tanto. Mas este eu realmente não gostei. Geralmente os livros que gosto têm muitas marcações. Ao final da leitura, percebi que minha versão física estava intacta. Achei um livro um pouco hermético para os não iniciados e fiquei sem muita motivação para saber das histórias domésticas que Mlodinow conta sobre sua família judia. É obvio que o tema é atrativo; afinal, a emoção faz parte de nova vida diária. Mas por algum motivo, entendo que a obra não é cativante. Talvez seja um problema da minha leitura. Quem sabe eu estivesse esperando um texto mais leve, de difusão científica. 


Checklist do Gênio: Dicas Paradoxais Para Testar o Talento Criativo – Dean Simonton

Não gostei do título, pois parece que é uma obra para fazer as pessoas serem mais inteligentes. Creio que o livro tem uma função melhor em tentar explicar as razões que uma pessoa “dá certo” e isto não significa necessariamente que seja uma pessoa “genial”. A obra também não irá ensinar você a ser um gênio. Mas discute quais as razões de existir um Bach e um Caneta Azul da vida. Isto passa pelo QI, pela loucura (ou sanidade), por ser primogênito ou caçula, por se esforçar muito, entre outras coisas. O interessante é que o livro mostra que não há uma receita pronta. Depende da área que você está estudando, do tipo de obra e de um monte de outras coisas. Em cada uma das nove regras, o autor dá o que seria a regra “geral” e mostra que esta regra muitas vezes não funciona. Por exemplo, o caso do QI. Algumas pesquisas mostram que os “gênios” geralmente possuíam um elevado QI, mas esta medição é muito frágil e muitos não fizeram o teste para verificar se a regra é válida. Se você chegou até aqui na sua leitura, minha recomendação é a de que vale a pena comprar o livro. Mas, esqueça o título. 

Mocinho e Bandido na história do escândalo contábil que abalou a Austrália

O problema da PwC na Austrália tem uma história mais antiga do que eu imaginava. Relembrando para quem não leu as postagens anteriores do blog, a empresa de contabilidade e consultoria PwC está sendo acusada de compartilhar informações sigilosas que tinha disponíveis do governo da Austrália e repassar a seus clientes de consultoria. O assunto está sendo manchete na Austrália. Para a PwC, o prejuízo é enorme, já que a empresa vendeu seu negócio de consultoria governamental – que tinha mais de 1600 funcionários e gerava 600 milhões de dólares – por menos de 1 dólar.

Um texto de Richard Holden mostra que a linha do tempo deve retroceder a 2013. Neste momento, o Tesouro da Austrália contratou a PwC para ajudar no processo de criação de regras contra a elisão fiscal, especialmente de empresas de tecnologia. Ou seja, as regras envolviam preços de transferência. Naquele momento, o principal empregado da empresa PwC era Peter Collins. Como é praxe, tanto a empresa quanto os funcionários da PwC assinaram um termo de confidencialidade. De 2013 a 2018, Collins e demais empregados ajudaram o Tesouro. No período, foram três acordos de confidencialidade assinados.

Mas os acordos não impediram Collins de compartilhar as informações confidenciais com outras pessoas da PwC. E estas pessoas usaram as informações para obter novos negócios. Afinal, a PwC tinha o segredo de como escapar das novas regras tributárias. Por coincidência, a PwC obteve 16 contratos com empresas de tecnologia dos Estados Unidos.

Um ponto importante é que neste momento o governo da Austrália era comandado por políticos liberais. Neste caso, a redução do tamanho do setor público era um dos mantras e com ele a terceirização de certas atividades, como a produção de normas.


Em 2016, a Receita Federal da Austrália, cuja sigla é ATO, começou a suspeitar que algo estava errado. Naquele ano, a Receita entrou em contato com as empresas Big Four pedindo que toda correspondência relacionada com seus clientes sobre evasão fiscal fosse encaminhada. A PwC recusou a responder, alegando sigilo profissional. A Receita fez uma solicitação abrangente de e-mails e também pediu ao Tesouro os termos de confidencialidade padrão. E um ano depois, de maneira mais específica, os termos entre o Tesouro e Collins, o funcionário da PwC.

Mesmo diante de tal pedido, parece que o Tesouro da Austrália não desconfiou de Collins e no início de 2018 um novo contrato é assinado. Não se sabe se a Receita comunicou algo nesta solicitação. Mas esta entidade encaminhou o assunto para a Polícia Federal entre 2018 e 2019. A Polícia informou que não recebeu informações suficientes para prosseguir com a investigação. A Receita também encaminhou a questão para uma entidade "obscura", chamada Tax Practitioners Board (TPB), sem informar os detalhes. Se há um herói na história, chegamos nele.


A TPB possui recursos limitados, mas mesmo assim investigou Collins em janeiro de 2021 e, logo a seguir, a PwC em março de 2021. A Receita parece que ficou sentida e passou a não cooperar com a TPB em junho, alegando sigilo. Mas a TPB continuou e utilizou leis que não eram muito conhecidas para obter informação das empresas que a PwC tinha conseguido contrato de prestação de consultoria. Isto realmente foi bastante esperto.

Mais ainda, em uma jogada questionável de uma entidade sem recurso e com pouco poder, a TPB conseguiu acessar os registros da Receita Federal, sem o conhecimento desta, e descobriu detalhes de acordos entre empresas de tecnologia e a Receita. Com tudo isto, a TPB concluiu sua investigação em janeiro de 2023.

Neste ponto, aparece o segundo herói da história. O jornal Australian Financial Review começou a publicar os detalhes através de diversas reportagens. Muitos membros do governo ficaram sabendo do problema pelo jornal. A divulgação implicou a Receita Federal, que aparentemente foi capturada pelas entidades que deveria regular. Também implicou a Polícia Federal, que não levou adiante a investigação, mesmo não tendo todos os detalhes.

Se existe um ditado que afirma que o mundo não é justo, este não parece aplicar à PwC. A empresa de auditoria está sofrendo pesadamente com o escândalo. É bem verdade que já ganhou bastante dinheiro com o governo da Austrália, mas a venda de um negócio que dava uma receita de 600 milhões por menos de um dólar mostra o impacto disso tudo.

Mas se há alguém que merece sofrer, este alguém é a PwC da Austrália. Inicialmente, o escândalo parecia estar restrito a Collins, o ex-consultor da área de tributos. Mas fatos divulgados mostram que o próprio chefe da empresa sabia o que estava ocorrendo. Não somente ele, como mais de sessenta funcionários.

O problema é tão sério que a direção internacional colocou um nome externo ao país para tentar comandar a empresa na Austrália neste momento. A exclusão da empresa de qualquer contrato com o governo já foi tomada e não tem prazo de validade. Um grande incorporador de imóveis decidiu abandonar sua empresa de auditoria atual, a PwC, em razão dos problemas. Vários fundos de pensão excluíram a PwC no futuro próximo de seus negócios. Isto significa que estes investidores exercerão seu poder para impedir que as empresas onde investem de contratar a PwC. Ou seja, a PwC é considerada uma empresa não confiável.

Provavelmente a empresa terá dificuldade de recuperar contratos ou até mesmo manter os existentes. Também há um problema reputacional aqui. Atualmente, o governo da Austrália é trabalhista e o escândalo chega em um grande momento, quando a administração deseja recuperar o pelo do governo,

22 julho 2023

Vantagens da boa previsão


Eis o abstract

We provide the first revealed preference estimates of the benefits of routine weather forecasts. The benefits come from how people use advance information to reduce mortality from heat and cold. Theoretically, more accurate forecasts reduce mortality if and only if mortality risk is convex in forecast errors. We test for such convexity using data on the universe of mortality events and weather forecasts for a twelve-year period in the U.S. Results show that erroneously mild forecasts increase mortality whereas erroneously extreme forecasts do not reduce mortality. Making forecasts 50% more accurate would save 2,200 lives per year. The public would be willing to pay $112 billion to make forecasts 50% more accurate over the remainder of the century, of which $22 billion reflects how forecasts facilitate adaptation to climate change.

Apesar do aumento substancial da qualidade da previsão do tempo, colocar mais fundos públicos nesta atividade pode ser interessante. O texto mostra a quantidade de vidas salvas. Uma reportagem sobre a pesquisa pode ser encontrada aqui

Sobre a qualidade crescente das previsões meteorológicas, vide o livro Sinal e Ruído, de Nate Silver. Um ponto interessante é que a previsão de calor salva mais vidas humanas que a previsão do frio. Isto parece contra-intuitivo. Mas é do texto acima. 

Foto: Angela Compagnone

21 julho 2023

Investigação sobre Empresas de Consultoria na Austrália Abala a Credibilidade do Setor

O Senado da Austrália está investigando o papel das empresas de consultoria no governo do país, após um escândalo envolvendo a PwC, que revelou segredos sobre tributação enquanto prestava consultoria ao governo e compartilhou essas informações com possíveis clientes. Isso causou uma má reputação para a empresa, e agora os políticos australianos querem respostas.


Para tentar restaurar sua imagem, a PwC está adotando uma estratégia transparente, respondendo a todas as perguntas apresentadas pelos senadores de forma detalhada, o que contrasta com outras empresas como Deloitte, EY e KPMG, que foram evasivas em suas respostas.

A PwC divulgou informações importantes, como a remuneração dos sócios e outros detalhes sobre suas operações, na tentativa de reconstruir sua reputação e se adequar ao novo cenário político, onde transparência é exigida.

As outras empresas parecem não ter entendido a mudança na situação política. Durante as audiências, houve confrontos acalorados entre o executivo-chefe da Deloitte Austrália e senadores, quando a empresa se recusou a responder algumas perguntas. A EY também enfrentou problemas, ao não responder diretamente às perguntas ou tentar contorná-las. A Boston Consulting Group e a McKinsey ignoraram a maioria das perguntas e recusaram-se a prestar depoimento, o que criou uma atmosfera de investigação e desconfiança em relação às consultorias.

O editorial do AFR destaca que o véu de sigilo que protegia essas empresas desapareceu, e agora é esperado que enfrentem regulamentações mais rigorosas. A investigação está sendo considerada uma "expedição de caça" por parte dos políticos. Mas independentemente disso, as consultorias e seus relacionamentos com o governo não serão mais os mesmos após esse episódio.

Foto: Sebastian Pociecha. Texto baseado nas notícias do AFR e na sua newsletter

Seguros e Calor


As ondas de calor são uma nova fronteira para a indústria de seguros, que já está lutando para acompanhar os impactos climáticos, como inundações e incêndios florestais. No entanto, os métodos tradicionais do setor para avaliar e precificar riscos não são adequados para cobrir o calor e podem enfrentar os mesmos problemas de acesso e acessibilidade que afetam o mercado de seguros residenciais.

O calor é caro: um estudo realizado por economistas da Dartmouth College no ano passado constatou que as ondas de calor custaram à economia global US$ 16 trilhões desde 1992, na forma de salários perdidos, menor produtividade agrícola e outros impactos. Um estudo separado publicado esta semana por pesquisadores médicos da Universidade de Virginia Commonwealth estimou que as doenças relacionadas ao calor somam US$ 1 bilhão em custos de assistência médica nos EUA a cada ano.

Novas abordagens são cruciais para a adaptação às mudanças climáticas. O seguro agrícola federal no sudoeste dos EUA, por exemplo, está se tornando mais caro para os agricultores devido a perdas relacionadas ao calor, que totalizaram US$ 1,3 bilhão desde 2001, de acordo com pesquisas de Anne Schechinger, uma economista agrícola do Environmental Working Group, uma organização de defesa ambiental. Pagamentos crescentes também elevam os custos para os contribuintes, porque o programa de seguro é fortemente subsidiado. Por enquanto, ele ainda opera com superávit na maioria dos anos, ao contrário do programa federal de seguro contra inundações, que opera com déficit de mais de US$ 1 bilhão por ano. Mas isso pode mudar à medida que as ondas de calor se tornem mais comuns e extremas, disse Schechinger: "As mudanças climáticas estão tornando o programa mais caro de uma maneira insustentável".

Existem algumas maneiras de lidar com esse problema. Uma delas é reduzir gradualmente alguns subsídios, de modo que os agricultores estejam mais diretamente expostos aos custos de cultivo em áreas de alto risco e, assim, mais incentivados a adotar medidas adaptativas, como variedades de sementes resistentes ao calor. Pagamentos de prêmios em excesso durante anos mais amenos também poderiam ser usados para comprar terras em áreas de alto risco de calor, um modelo que tem sido usado com sucesso para eliminar a agricultura em áreas propensas a inundações, disse Schechinger.

Outra possibilidade é alterar a forma como os pagamentos relacionados ao calor são distribuídos, passando do sistema atual em que são baseados em perdas nas colheitas para um sistema de índice de calor em que os pagamentos são feitos sempre que as temperaturas ultrapassam um limite designado. Essa abordagem simplifica o sistema e pode se basear em dados históricos de temperatura e modelagem climática para precificar de forma mais precisa os prêmios para cada fazenda, afirmou Tobias Dalhaus, um economista da Universidade de Wageningen, na Holanda. Em um estudo realizado no ano passado com produtores de trigo e canola na Alemanha, Dalhaus constatou que o seguro contra calor com base em índices reduziu o risco financeiro dos agricultores em 20%.

(Tim McDonnell - Semafor)

Tribunal Penal Internacional

O Estatuto de Roma criou o Tribunal Penal Internacional (TPI) para julgar líderes políticos acusados de crimes internacionais. Atualmente, o TPI é reconhecido por 123 países, principalmente na Europa, Américas, incluindo o Brasil, e África. Os Estados Unidos e a Rússia assinaram, mas não ratificaram o Estatuto. Os EUA citaram razões constitucionais para sua decisão. A relação entre o TPI e a Rússia é tensa devido a mandados de prisão emitidos contra o presidente Putin e a comissária russa dos Direitos da Criança. A Ucrânia também não ratificou o Estatuto. Além disso, países como China, Índia, Indonésia, Arábia Saudita, Irã e Turquia não aderiram ao tratado. O Estatuto de Roma foi fundado após a Segunda Guerra Mundial e define os crimes internacionais de jurisdição do tribunal. Contudo, algumas nações africanas criticam o TPI, alegando que é uma ferramenta neocolonial das potências ocidentais, destacando crimes em regiões pobres do mundo e não perseguindo crimes de guerra de nações mais ricas.

Desde sua criação em 2002, o Tribunal Penal Internacional (TPI) emitiu mandados de prisão e intimação para 51 indivíduos acusados de crimes de guerra, crimes contra a humanidade, genocídio e ofensas à administração da justiça. Entre eles, 14 ainda estão em liberdade com mandados pendentes. A maioria das acusações se relaciona a crimes contra a humanidade e crimes de guerra. Cerca de 33 réus foram acusados de crimes contra a humanidade e 31 foram culpados por crimes de guerra. Algumas figuras notáveis ​​incluem Omar Al-Bashir, ex-presidente do Sudão, acusado de genocídio, e Muammar Kaddafi e Joseph Kony, ligados a crimes de guerra na Líbia e Uganda, respectivamente. A maioria dos casos foi focada no continente africano, levantando críticas sobre o TPI como uma ferramenta neocolonial que ignora crimes de nações que ratificaram o Estatuto de Roma.

No mapa a seguir, a relação dos países que já reconheceram o TPI:



Sustentabilidade no setor público

O IPSASB, entidade que trata das normas de sustentabilidade para o setor público, divulgou um documento para consulta pública. O documento tem por objetivo avaliar a demanda dos envolvidos por orientações sobre relatórios de sustentabilidade, bem como o grau de apoio ao envolvimento do IPSASB no processo, as áreas prioritárias para orientação e como isso poderia ser abordado.


O Documento de Consulta propõe que o IPSASB:

Atue como o órgão responsável pela definição de orientações globais específicas para o setor público sobre sustentabilidade, baseando-se em sua experiência, processos e relações globais.

Desenvolva orientações iniciais focadas em requisitos gerais de divulgação de informações relacionadas à sustentabilidade e divulgações relacionadas ao clima.

Aborde o desenvolvimento de orientações em um ritmo acelerado, com potencial para lançar orientações iniciais até o final de 2023.

O apoio e o comprometimento dos envolvidos são essenciais. Esta consulta apresenta o que o IPSASB considera necessário para iniciar o processo agora, bem como os recursos, incluindo compromissos adicionais de financiamento, necessários para fornecer orientações específicas para relatórios de sustentabilidade no setor público de forma oportuna.

Os comentários devem ser enviados até 9 de setembro de 2022 e devem ser apresentados em inglês.

Material educacional sobre o clima

A Fundação IFRS republicou um material educacional para lembrar das exigências dos padrões contábeis IFRS relacionados ao clima nas demonstrações financeiras quando esses efeitos forem relevantes. O material pode ser útil para as empresas, ajudando-as na aplicar as normas contábeis do IFRS.

Clique aqui para ter acesso ao documento em PDF

Copa do Mundo e a Diferença salarial entre homens e mulheres.

Da Bloomberg (tradução via Deepl):

Não há nada que me dê mais nojo do que um homem em uma posição de poder dizendo a uma mulher que o salário que lhe foi prometido é problema de outra pessoa. O presidente da FIFA, Gianni Infantino, é, por definição, a prova A desse tipo de homem. Em junho, a FIFA confirmou que as jogadoras de todas as 32 seleções participantes da Copa do Mundo de Futebol Feminino receberiam, cada uma, um mínimo de US$ 30.000. Matemática simples, certo? Hahaha. Não tão rápido. Ontem - às vésperas dos jogos - Infantino teve a audácia de fazer um esclarecimento bastante importante, dizendo que a FIFA é apenas "uma associação de associações" e que não pode garantir que as jogadoras receberão de fato o pagamento que lhes foi prometido. Ao ser questionado sobre sua postura dissimulada, ele disse aos repórteres que "é um momento para focar no positivo, focar na felicidade, focar na alegria. ... Se alguém ainda não está feliz com alguma coisa, bem, eu sinto muito". Detesto ser o portador de más notícias, Sr. Infantino, mas nenhuma quantidade de platitudes comuns vai fechar a lacuna de US$ 330 milhões que existe entre homens e mulheres que jogam na Copa do Mundo:


O tema da paridade salarial está na cabeça de todos desde que um vídeo inteligente criado por uma empresa de telecomunicações francesa foi parar na Internet no início desta semana. O vídeo começa com uma série de gols impressionantes marcados pela equipe nacional masculina da França. Então, "na metade do vídeo, vem a grande revelação: Você foi enganado pelo FX". Bobby Ghosh explica: "As habilidades foram, na verdade, executadas por membros da equipe feminina francesa, conhecida como Les Bleues, mas a edição inteligente substituiu suas cabeças e troncos pelos dos homens."

Embora a manobra de relações públicas tenha de fato capturado a atenção de muitos, Bobby argumenta que um vídeo menos viral - com jogadoras do time feminino australiano - faz uma observação mais contundente sobre a situação do futebol feminino. Atualmente, as jogadoras de futebol ganham apenas 25 centavos de dólar para cada dólar que os homens ganham, e as Matildas estão desafiando o órgão regulador internacional do esporte a mudar isso. "A FIFA pode e deve dar o exemplo, mergulhando em suas reservas substanciais - US$ 4 bilhões na última contagem - para igualar o prêmio em dinheiro para as Copas do Mundo masculina e feminina", diz Bobby.

A projeção é de que os jogos femininos tenham 2 bilhões de visualizações este ano, quase o dobro da audiência que tiveram em 2019. "Nos EUA, o valor das franquias de futebol profissional feminino aumentou mais de 10 vezes nos últimos anos", diz Adam Minter, o que "deve ser um sinal de boas-vindas para mais investidores, mas eles terão que enfrentar alguns problemas". Uma das principais dificuldades é o tempo de transmissão: As equipes masculinas ainda recebem o crème de la crème dos horários de exibição na TV (pense nas tardes de sábado e domingo - horário nobre do sofá). Em 2019, apenas 5,4% dos noticiários e destaques esportivos televisionados exibiram eventos esportivos femininos. Apesar disso, Adam diz que o impulso ainda está do lado delas, à medida que os fãs se acumulam e o engajamento aumenta o valor das ligas e franquias de esportes femininos. Esperamos que o dinheiro e o tempo de transmissão dedicados a essas talentosas atletas também se acumulem.

Copa do Mundo e diferença de pagamento entre gênero


A qualidade das equipes na Copa do Mundo Feminina é evidente para quem acompanha o futebol feminino de elite. No entanto, o prêmio em dinheiro ainda é menor do que o concedido às equipes masculinas. Apesar do aumento no prêmio desde 2019, a diferença salarial entre os sexos continua significativa nos torneios mais recentes, apesar do aumento no número de equipes participantes. Os Estados Unidos estão liderando o caminho na redução dessa disparidade, com um acordo salarial 'histórico' que promete compartilhar igualmente o prêmio em dinheiro ganho pelas equipes masculina e feminina em competições conjuntas.

20 julho 2023

Medida e desafios do aquecimento global

Embora talvez não seja possível apontar uma causa definitiva para o que está ocorrendo no ambiente, temos medidas que indicam claramente que algo está acontecendo. As informações provenientes de uma longa série histórica revelam que o mundo está se tornando mais quente em várias regiões. Isso é uma realidade atual, referente ao ano de 2023. Inúmeras cidades estão enfrentando recordes de temperaturas elevadas. Por exemplo, Pequim registrou 27 dias com temperaturas acima de 35 graus, enquanto no Irã houve registro de uma temperatura de 67 graus Celsius, considerada o limite da sobrevivência humana.

O foco dos países está na questão das emissões de carbono no mundo, que os cientistas consideram ser a principal responsável pela onda de calor que estamos experimentando. Essa preocupação está gerando pressão sobre as empresas que emitem excessivamente e também sobre os reguladores, que se sentem "obrigados" a tomar medidas para conter esse avanço.


No âmbito da contabilidade, esse cenário afeta diretamente as informações sobre o papel de cada entidade no processo de aumento da temperatura na Terra, bem como as medidas que estão sendo adotadas para reduzir o impacto. Essas informações deveriam constar nos relatórios divulgados pelas entidades, e parece que esse é o caminho buscado pelos reguladores. Não seria mera coincidência o surgimento de normas para tratar desse assunto.

(Dados do Climate Change Institute (Instituto de Mudanças Climáticas) da Universidade do Maine, fornecendo um instantâneo diário "não oficial" das temperaturas) (Via Chartr