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03 maio 2023

FTX: soberba, incompetência e ganância

O relatório do administrador do processo de falência da FTX, uma empresa de criptomoedas, aponta que a companhia faliu devido à "soberba, incompetência e ganância" de seus fundadores. O relatório (vide aqui) afirma que os fundadores gastaram dinheiro exorbitante em atividades como aquisições de times esportivos e eventos luxuosos. Além disso, a empresa não conseguiu gerar receita suficiente para sustentar suas despesas, ou seja, não obteve lucro. Além disso, os gestores supostamente tentaram esconder informações financeiras da empresa e apresentar dados falsos aos investidores.


O relatório tem 39 páginas e foi apresentado no mês passado no tribunal de falências de Delaware. Os credores afirmaram que a empresa não tinha controles contábeis e financeiros básicos, e os gestores impediam a "dissidência". Esses mesmos gestores usavam de forma indevida os fundos da empresa e dos clientes, mentiam sobre os negócios e, finalmente, causaram o colapso do grupo.

Dos gestores, Sam Bankman-Fried (foto) declarou inocência. O julgamento deverá ocorrer em outubro. Gary Wang e Caroline Ellison estão cooperando com a justiça e se declararam culpados.

Na verdade, provavelmente a grande maioria das falências tem sua origem na soberba, incompetência e ganância. 

Efeito de desastres naturais na aversão ao risco

Usualmente, as pessoas são avessas ao risco em decisões financeiras. Mas quando um grande desastre natural ocorre, será que esse comportamento é afetado? Foi realizada uma pesquisa com sobreviventes do tsunami de 2004 no Oceano Índico. Nesse tipo de pesquisa, opções de escolha de fluxos de caixa imaginários são dadas ao entrevistado e eles devem escolher entre "mais vale um pássaro na mão do que dois voando" (abaixo). Cinco anos após o desastre, as pessoas fizeram sua escolha, e foi comparada com outras pessoas que não estiveram expostas ao desastre natural.


A pesquisa descobriu que um desastre natural afeta a aversão ou propensão ao risco das pessoas. Mas um aspecto interessante é que esse efeito não é permanente. Pelo contrário, ele tem uma duração relativamente curta. Na pesquisa realizada, um ano depois já não existem diferenças na disposição de assumir riscos entre os grupos estudados. Mas logo após o desastre natural ocorreu uma mudança com relação ao risco dos sobreviventes. Algo como uma "síndrome de super-herói" contaminou esse grupo de pessoas, fazendo com que assumissem um risco financeiro maior. No curto prazo, é verdade.

Essa pesquisa talvez seja um contraponto interessante para aqueles que consideram que eventos como desastres naturais terão efeitos de longo prazo sobre as pessoas. Parece não ser verdadeiro, e isso está coerente com pesquisas realizadas, por exemplo, para saber se fatos de elevado impacto na vida das pessoas - como a morte de um parente próximo ou ganhar na loteria esportiva - continuarão tendo influência por muitos anos. Tudo leva a crer que não. Da mesma forma, a atitude das pessoas pode sofrer mudanças no curto prazo, mas isso não irá perdurar. 



Rir é o melhor remédio

Yuval Robichek é um cartonista muito interessante. Seus desenhos são “simples” no traço, mas atual na representação. Em uma página do Design You Trust, eu encontrei uma série de trinta desenhos que mostra um pouco do humor deste israelense. Conforme a página afirma, são desenhos inteligentes e espirituosos, que mostra um “jogo de palavras, trocadilhos ou piadas visuais para fazer o espectador rir ou pensar de uma nova maneira”.








01 maio 2023

ChatGPT e a contabilidade

 No mês passado, a OpenAI lançou seu mais novo produto AI chatbot, o GPT-4. De acordo com o pessoal da OpenAI, o bot, que usa aprendizado de máquina para gerar texto em linguagem natural, passou no exame da ordem com uma pontuação no percentil 90, passou em 13 dos 15 exames AP e obteve uma pontuação quase perfeita no teste GRE Verbal.

As mentes indagadoras da BYU e de outras 186 universidades queriam saber como a tecnologia da OpenAI se sairia nos exames de contabilidade. Então, eles colocaram a versão original, ChatGPT, à prova. Os pesquisadores dizem que, embora ainda haja trabalho a fazer no campo da contabilidade, é uma virada de jogo que mudará a maneira como todos ensinam e aprendem – para melhor.

“Quando essa tecnologia surgiu, todos estavam preocupados que os alunos pudessem usá-la para trapacear”, disse o principal autor do estudo, David Wood, professor de contabilidade da BYU. “Mas oportunidades para trapacear sempre existiram. Então, para nós, estamos tentando focar no que podemos fazer com essa tecnologia agora que não podíamos fazer antes para melhorar o processo de ensino para o corpo docente e o processo de aprendizado para os alunos. Testá-lo foi revelador.”

Desde sua estreia em novembro de 2022, o ChatGPT se tornou a plataforma de tecnologia de crescimento mais rápido de todos os tempos, atingindo 100 milhões de usuários em menos de dois meses. Em resposta ao intenso debate sobre como modelos como o ChatGPT deveriam ser considerados na educação, Wood decidiu recrutar o maior número possível de professores para ver como a IA se saía em relação aos estudantes universitários de contabilidade.

Seu discurso de recrutamento de coautores nas mídias sociais explodiu: 327 coautores de 186 instituições educacionais em 14 países participaram da pesquisa, contribuindo com 25.181 questões de exames de contabilidade em sala de aula. Eles também recrutaram alunos de graduação da BYU (incluindo a filha de Wood, Jessica) para alimentar outras 2.268 perguntas do banco de testes de livros didáticos para o ChatGPT. As questões abrangiam sistemas de informação contábil (AIS), auditoria, contabilidade financeira, contabilidade gerencial e tributária, e variavam em dificuldade e tipo (verdadeiro/falso, múltipla escolha, resposta curta, etc.).

Embora o desempenho do ChatGPT tenha sido impressionante, os alunos tiveram um desempenho melhor. Os alunos obtiveram uma média geral de 76,7%, em comparação com a pontuação do ChatGPT de 47,4%. Em 11,3% das perguntas, o ChatGPT teve uma pontuação mais alta do que a média dos alunos, indo particularmente bem em AIS e auditoria. Mas o bot de IA se saiu pior em avaliações fiscais, financeiras e gerenciais, possivelmente porque o ChatGPT lutou com os processos matemáticos necessários para o último tipo.

Quando se trata do tipo de pergunta, o ChatGPT se saiu melhor em questões de verdadeiro/falso (68,7% de acerto) e questões de múltipla escolha (59,5%), mas teve dificuldades com questões de resposta curta (entre 28,7% e 39,1%). Em geral, as perguntas de ordem superior eram mais difíceis de responder pelo ChatGPT. Na verdade, às vezes o ChatGPT fornece descrições por escrito autorizadas para respostas incorretas ou responde à mesma pergunta de maneiras diferentes.

“Não é perfeito; você não vai usá-lo para tudo”, disse Jessica Wood, atualmente caloura na BYU. “Tentar aprender apenas usando o ChatGPT é uma tarefa tola.”

Os pesquisadores também descobriram algumas outras tendências fascinantes através do estudo, incluindo:

O ChatGPT nem sempre reconhece quando está fazendo matemática e comete erros sem sentido, como adicionar dois números em um problema de subtração ou dividir números incorretamente.

O ChatGPT geralmente fornece explicações para suas respostas, mesmo que estejam incorretas. Outras vezes, as descrições do ChatGPT são precisas, mas ele continuará selecionando a resposta de múltipla escolha errada.

Às vezes, o ChatGPT inventa fatos. Por exemplo, ao fornecer uma referência, gera uma referência de aparência real que é totalmente fabricada. A obra e às vezes os autores nem existem.

Dito isso, os autores esperam que o GPT-4 melhore exponencialmente nas questões contábeis colocadas em seu estudo e nas questões mencionadas acima. O que eles acham mais promissor é como o chatbot pode ajudar a melhorar o ensino e a aprendizagem, incluindo a capacidade de projetar e testar tarefas, ou talvez ser usado para esboçar partes de um projeto.

“É uma oportunidade para refletir se estamos ensinando informações de valor agregado ou não”, disse a coautora do estudo e professora de contabilidade da BYU, Melissa Larson. “Isso é uma interrupção e precisamos avaliar para onde vamos a partir daqui. Claro, ainda terei ATs, mas isso vai nos forçar a usá-los de maneiras diferentes.”

Fonte: aqui




26 abril 2023

Rir é o melhor remédio

 

O "melhor" Star Wars

Novas pesquisas revelaram que o filme mais lucrativo da saga Star Wars é O Despertar da Força, segundo a Forbes. Ele foi produzido em 2015 e gerou um lucro de U$ 588,2 milhões. 

Ainda segundo a Forbes, este foi o filme mais caro de todos os tempos, com um orçamento total de U$ 533,2 milhões. Para maximizar o retorno, a produção foi realizada no Reino Unido, onde os estúdios recebem um reembolso de 25% dos custos incorridos. O Despertar da Força recebeu U$ 86,6 milhões, baixando seus custos para U$ 446,6 milhões.

O filme foi o carro-chefe para uma nova série de filmes produzidos pela Disney após a aquisição de U$ 4 bilhões da Lucasfilm, que detém os direitos da saga. O estúdio previu um potencial tremendo para spin-offs sobre os personagens da série, tal como o Han Solo e o Boba Fett. Eles sabiam que alguns seriam mais populares que outros, então deram um chute inicial na nova saga com um sucesso garantido que geraria lucros suficientes para cobrir possíveis prejuízos futuros.



Por que você acompanha o blog?

Fonte da Imagem: aqui


Gostaríamos  gentilmente de solicitar a participação dos nossos leitores para entendermos um pouco mais sobre o motivo de estarem aqui hoje.

Quando conversamos sobre blogs, é comum comentarem sobre como deveríamos investir no Instagram. Entendemos o apelo, mas outras plataformas também envolvem outras demandas e focos. No caso do Instagram a necessidade adicional é o design, já que o destaque fica para os vídeos e imagens.

Acredito que falo pelos coautores quando digo que uma das nossas comodidades é exatamente repassar de uma forma simples e via computador o que consideramos interessante e relevante em nossa caminhada. Acrescentar algumas demandas talvez torne o fardo um pouco mais complicado.

Cabe destacar que temos sim Instagram e Twitter e recebemos um ótimo tráfego de lá, mas o nosso foco se recai aqui no blog.

E aí deixo novamente o questionamento: por que você está aqui e o que você acha desta e de outras plataformas?

04 abril 2023

Wirecard: EY punida

Fonte da imagem: Aqui

Em 2020 comentamos aqui no blog sobre como a EY sabia da fraude da Wirecard. Como desdobramento, agora a empresa foi multada em 500 mil euros e proibida de assinar novos contratos na Alemanha por dois anos. Adicionalmente, cinco auditores, cujos nomes não foram revelados, receberam multas variando entre 20 mil e 300 mil euros.

Em “A saga da Wirecard continua”, explicamos: A empresa Wirecard entrou em colapso em 2020 e a história guarda alguns segredos ainda não revelados. Questiona-se sobre o papel de um "espião" entre os executivos da empresa, a incompetência da entidade responsável pela fiscalização do mercado de capitais do país e o lugar da contabilidade neste drama. O escândalo só foi revelado depois de uma série de reportagens do Financial Times. Logo no início, o regulador tentou frear a investigação do jornal. Mas uma investigação realizada por outra empresa de auditoria revelou uma diferença na conta caixa da empresa de quase 2 bilhões de euros.

A empresa EY era responsável pela auditoria da Wirecard e não viu a ausência de 2 bilhões.

31 março 2023

Rir é o melhor remédio

Toda sexta às 17h eu deleto todos os meus e-mails não lidos... se for importante, eles irão escrever novamente.

20 março 2023

As maiores cidades ao longo da história da humanidade

 A listagem das maiores cidades ao longo da história da humanidade: 

Fonte: aqui

(Provavelmente os primeiros registros contábeis surgiram no atual Iraque. Mas as partidas dobradas não surgiram nas maiores cidades do mundo de então: Cairo , Hangzhou, Vijayanagara ou Yingtian)

Educação Financeira e Poupança para aposentadoria

Afinal, a educação financeira afeta as decisões financeiras das pessoas? O debate continua, agora olhando a influência na poupança para a aposentadoria: 

Since individuals are increasingly required to manage their own retirement portfolios, policy levers that increase retirement planning and saving have become increasingly important. We use variation in timing and presence of state-required personal finance coursework in high schools to estimate the effect of the financial education coursework on the likelihood of holding and amount in retirement accounts in adulthood (ages 25–40). Our results show no definitive increases in account ownership, non-retirement investment accounts, or homeownership. Since prior work finds required high school financial education improves credit and debt outcomes, we recommend that states and educators prioritize content that is more immediately relevant for 18-year-olds, such as budgeting, long-term debt, and credit.

Does financial education affect retirement savings? - Melody Harvey & Carly Urban - Journal of the Economics of Ageing, February 2023 

19 março 2023

Livro: Adeus, Senhor Portugal

 Há alguns anos, Jacob Soll lançava um livro chamado The Reckoning: Financial Accountability and the Rise and Fall of Nations. O autor mostrava que ferramentas como auditoria e as partidas dobradas permitiram construir impérios poderosos; e como a ausência desses instrumentos foram responsáveis pela queda de nações. O livro é muito forte em associar o destino das nações a boa ou má gestão das contas públicas. 

Existe um pouco desta noção na obra “Adeus, senhor Portugal”, de Rafael Criello e Thales Zamberlan Pereira. Suas quase quatrocentas páginas estão divididas em nove capítulos, com três partes principais e narra a história da independência brasileira. Na primeira parte, com quatro capítulos, é a descrição do processo de independência. O foco são os anos de 1822. A segunda parte recua no tempo, trazendo a história da fuga do rei João VI de Portugal. E a terceira parte é a consolidação do país, que levou a saída do rei Pedro I do país. 


Os autores mostram que a fuga de João VI significou a presença da corte no Rio de Janeiro. Com o tempo, a estrutura administrativa foi duplicada e isto significou um custo para os contribuintes. Era necessário sustentar a corte no Rio de Janeiro, a estrutura remanescente de Lisboa e a administração da província. Além disto, havia os encargos trazidos com a guerra contra a França e a redução da receita de alguns produtos que eram exportados pelo país. 

Há um ponto importante na obra que é o papel central do legislativo. Isto inclui os heróis da independência, Lino Coutinho e Cipriano Barata, mas não Pedro. Este papel fica muito claro ao longo da obra, mas o epílogo mostra isto de forma bem clara. A comemoração dos duzentos anos de independência brasileira também é festejar os representantes do legislativo. 

Em 1822 havia uma discussão nas Cortes Constitucionais, em Lisboa, que tinha por finalidade restabelecer os portos portugueses como parada obrigatória das cargas destinadas aos portos portugueses. Isto era uma regressão para o Brasil, pois reduziria os negócios na colônia. Do lado da despesa, o reino português apresentou um aumento substancial nos gastos, inclusive militares. Entre 1802 e 1812, as despesas militares saíram de 60% do gasto total para 78% e mantiveram elevados a partir de então. Isto só irá realmente diminuir no final dos anos de 20, do século XIX, quando o legislativo recusa a aumentar as fontes de receitas do governo, batendo de frente com o caudilho Pedro. 

O texto também segue a tendência de Jorge Caldeira e outros historiadores recentes que mostraram que existia um grande dinamismo das relações econômicas na colônia, que não dependia somente da exportação e importação. O perdulário João VI gostava de dar títulos e festas, mas isto aumentava os gastos: as despesas com a Casa Real chegaram a 29% das despesas do Estado na América portuguesa. Neste momento, os gastos militares representavam 45% . 

Um aspecto típico da época é que as finanças estatais eram tratadas como assunto secreto. Parte da história ainda está sendo reconstituída, como um quebra-cabeça, a partir de alguns documentos existentes. Assim, há lacunas e uma delas é a razão pela qual o Brasil tornou-se independente e manteve sua coesão. Uma das possíveis explicações é a universidade. Ao contrário das colônias espanholas, Portugal manteve o ensino superior centralizado, especialmente na Universidade de Coimba. As elites administrativas das diferentes partes do Brasil eram formadas em direito, em um mesmo local. Esta união pode, ironicamente, ter ajudado na homogeneidade ideológica das elites, que por sua vez explicaria o Brasil unido após a independência. 

As finanças públicas também será a principal explicação para a derrocada de Pedro. Ao insistir em manter uma guerra na província da Cisplatina, atual Uruguai, Pedro necessitava de recursos. A constituição que ele mesmo aprovara indicava que o aumento de gastos deveria ser feito pelo legislativo. Nos primeiros anos do seu governo, o país tinha obtido um grande empréstimo internacional e, por este motivo, Pedro não precisava do legislativo. Quando o dinheiro acabou, o imperador tentou usar o Banco do Brasil, através da emissão de moeda. Isto gerou inflação e descontentamento popular. O legislativo percebeu que a única maneira de manter sua vantagem na briga política era manter o governo insolvente. Em um determinado momento, o legislativo aprovou até o fechamento da instituição financeira, o que cortaria esta fonte de recurso do imperador. 

Eis um dado impressionante: entre o ano fiscal de 1830-1 e 1831-2 os gastos militares reduziram em 35% por conta da decisão parlamentar. Durante o reinado de Pedro, os recursos para a área militar era abundante e o parlamento teve o mérito de colocar as coisas no seu devido lugar. 

Enfim, a leitura de Adeus, senhor Portugal muda nossa percepção do que ocorreu ao longo da nossa história, destacando a relevância das contas públicas e do poder legislativo. 

18 março 2023

Tendências das teses no Brasil

Eis o resumo:

O presente estudo buscou identificar as abordagens paradigmáticas, teóricas e os procedimentos metodológicos de maior predominância nas teses dos Programas de Pós-Graduação (PPGs) em Contabilidade do Brasil. Para tanto, realizou-se uma pesquisa descritiva, documental e de abordagem qualitativa, por meio da análise de 461 estudos de doutoramento. Nesses, identificou-se que o paradigma funcionalista – aquele que busca compreender a sociedade de uma forma pragmática e objetivista – ainda domina o posicionamento dos pesquisadores contábeis no país e, no caso dos procedimentos metodológicos, as pesquisas descritivas, documentais e com abordagens quantitativas prevalecem em cena. Nos suportes teóricos, o estudo mostrou que se destaca nessa área a utilização dos pressupostos de uma teoria (majoritariamente Teoria da Agência) e a ausência de lentes teóricas em um terço dos trabalhos analisados. Tal cenário ressalta uma tendência monoparadigmática e pouca diversidade teórica nas pesquisas de maior impacto da Ciência Contábil. Como contribuição, o estudo esclarece os posicionamentos individuais dos pesquisadores da área, discute como está a produção científica nos trabalhos de maior impacto da área e traça novos caminhos de análise para a evolução da Ciência Contábil.

Interessante a tabela a seguir:

Há uma predominância do gênero feminino entre orientadores, mas a diferença entre os doutorandos é menor. Isto significa que a diferença de gênero pode reduzir nos próximos anos. Esta tabela é somente para os orientadores que realmente conduziram uma orientação com sucesso no período da pesquisa e, para os professores do Programa Multi, não foram consideradas as orientações entre 2007 a 2015. Os programas do Sul tem uma grande formação de doutoras. 


Há uma prevalência pela abordagem quantitativa (painel B)


16 março 2023

Custo para ter uma aposentadoria confortável

Usando o custo de vida de cada país, uma pesquisa calculou como seria o custo de vida, em US$, para viver entre 61 anos - idade da aposentadoria - e uma expectativa de vida de 76,15 anos. A pior opção, em termos de custo, seria Cingapura (1.118 mil) e a melhor economia o Paquistão (158 mil dólares). 

Se o seu sonho é viver na Europa, a Macedônia seria uma boa opção: 229 mil. Mas talvez a Suíça seja um pouco cara: 831 mil. Portugal, o destino de muitos brasileiros aposentados, exigiria 414 mil. Na América Latina temos opções mais interessantes: Chile, por exemplo, exigiria 283 mil, versus 271 mil no Brasil. 



Os valores foram obtidos aqui

Este executivo parece não ter sorte: Arthur Andersen, Lehman Brothers e SVB

 

Eis o currículo de Joseph Gentile, CEO da SVB. Seria bom observar qual o seu próximo emprego. 

Via aqui

PwC irá usar inteligência artificial na área jurídica

A empresa de auditoria PwC anunciou uma parceria com a startup IA Harvey para prestação de serviços na área do direito. Os funcionários da PwC terão "acesso exclusivo" na plataforma. Segundo o comunicado da empresa (via aqui), a inteligência artificial não será usada para fornecer consultoria jurídica para os clientes e não substituirá seus advogados. 

A tecnologia da IA Harvey é a mesma usada pelo ChatGPT; ou seja, usa linguagem natural, aprendizado de máquina e análise de dados para ajudar nos trabalhos jurídicos. 

Harvey ajudará a gerar insights e recomendações com base em grandes volumes de dados, fornecendo informações mais ricas que permitirão aos profissionais da PwC identificar soluções mais rapidamente. Todas as saídas serão supervisionadas e revisadas pelos profissionais da PwC.

Este acesso ocorrerá em mais de 100 países para mais de 4 mil funcionários jurídicos. 

15 março 2023

Rir é o melhor remédio

Desejo e teste de impairment
 

Sobre a quebra do SVB

No dia 10 de março, o SVB deixou, oficialmente de existir. Fazendo um retrospecto, o SVB é a sigla para Sillicon Valey Bank e sua atuação incluía principalmente uma rica região dos Estados Unidos. Foi a maior quebra de um banco daquele país, desde a crise de 2007. 

O foco de atuação do SVB eram as empresas de tecnologia. No final de 2022, a instituição tinha perdas não realizadas em valores superiores a 15 bilhões de dólares, para um patrimônio líquido de 16 bilhões. A avaliação feita pelas autoridades do Banco Central dos EUA e do FDIC - o fundo que garante os depósitos, realizada no próprio dia 10, indicava a insolvência da instituição. Neste processo, criou-se um novo banco, o Silicon Valley Bridge Bank. 

O problema com o SVB trouxe uma discussão sobre regulamentação do setor bancário (e o setor é muito regulamentado), teste de stress, a auditoria sem ressalvas da KPMG 14 dias antes da falência (Lynn Turner, que foi chefe de contabilidade da SEC no passado, diz que isto é um problema), os fundos ESG (que tinham relação com o banco), os efeitos sobre starups, a inutilidade das notas das agências de ratings, entre outros pontos.

Apesar de ser um grande banco, o SVB talvez não esteja na categoria "Grande Demais para Falir", como o Credit Suisse. Sua aposta na taxa de juros foi muito arriscada. E há aqui uma discussão sempre importante sobre o risco moral, embora Mankiw ache que isto não seja relevante.

Como ocorre em muitos casos de falência, aparecem agora as pessoas que previram os problemas, alertando para a necessidade de leitura atenta dos sinais da contabilidade. Isto pode ser uma das causas da corrida bancária que ocorreu entre fevereiro e março no SVB. (Aqui a coluna de John Cochrane, nesta linha)

Sobre a questão da auditoria é que ocorreu uma corrida bancária para sacar dinheiro da instituição a partir de fevereiro. Como a auditoria era referente a 2022, os auditores não estavam trabalhando com isto, já que seria um evento posterior. Mas deveriam destacar os riscos, mesmo depois do encerramento do exercício. Mas gostei deste trecho:

Um porta-voz da KPMG recusou-se a comentar sobre as auditorias específicas, devido à confidencialidade do cliente. Em uma declaração, a firma disse que não é responsável por coisas que acontecem depois que uma auditoria é concluída.


Maior lucro da história

 

A empresa estatal de petróleo Saudi Aramco divulgou o que talvez seja o maior lucro de uma empresa na história - sem considerar a inflação. O lucro divulgado foi de 161 bilhões de dólares, que significa 46% a mais que o ano anterior. A empresa é também a segunda empresa mais valiosa do mundo, atrás apenas da Apple. 

O gráfico acima foi feito imaginando o que a Saudi Aramco poderia comprar com este lucro. Uma combinação possível seria: Campbell's, Coinbase, Etsy, eBay, Kellogg's, Crocs, Zoom, Snap, Pinterest e Ralph Lauren.