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15 fevereiro 2023

Ciência e fatos: comunicação para afetar as pessoas

Muitos cientistas pensam que basta fazer uma pesquisa de qualidade para que as pessoas fiquem convencidas de uma determinada posição. Mas segundo Anne Toomey, o que faz com que as pessoas mudem que ideia não são fatos, mas as redes sociais, os grupos e as histórias. 

Os cientistas costumam ser ensinados a "apenas seguir os fatos" ao comunicar seus resultados de pesquisa, particularmente em tópicos controversos. "Atender aos fatos" parece um conselho sólido e simples e, além disso, está fundamentado nos valores da ciência para ser o mais objetivo e baseado em evidências possível.


No entanto, é contra intuitivo (e não um pouco irônico) que, "perseguindo os fatos", ignoremos uma riqueza de evidências sobre uma comunicação científica eficaz. Em nosso zelo em comunicar as evidências da ciência, negligenciamos as evidências da comunicação científica.

Durante décadas, a comunicação científica se concentrou no compartilhamento dos "produtos" da ciência. Os cientistas são incentivados a "divulgar" dando palestras públicas, compartilhando resultados nas mídias sociais e conversando com repórteres. Na superfície, essas abordagens fazem sentido. Procuramos transmitir nossas mensagens para o maior público possível - afinal, esses são problemas globais que estamos enfrentando.

Mas essas estratégias são básicas em um "déficit" da comunicação científica. Por exemplo, o principal problema é que, como pessoas não são tão informadas para uma tomada de decisão eficaz. Esse modelo foi ampliado nos campos de comunicação científica, estudos de política e vigilância cognitiva, e substituições por modelos mais holísticos que enfatizam ou empelam a emoção, valores e instinto, e não a informação.

Entre os conselhos apresentados a necessidade de contar uma história. Isto ajuda a lembrar da mensagem, em lugar de um número frio. Parcerias com poetas e roteiristas pode ajudar na criatividade da comunicação científica. Isto sem falar na melhoria da qualidade dos dados gráficos. Outro conselho bastante interessante: use redes sociais em vez de plataformas de mídia nacionais. 

Os cientistas ficam compreensivelmente empolgados quando suas pesquisas são compartilhadas em grandes plataformas de mídia, como cobertura de notícias nacionais ou internacionais. Porém, estudos sobre como a informação se espalha questionam o valor da alta visibilidade para gerar mudanças. (...) essa visibilidade raramente resulta em mudanças generalizadas de comportamento. 

Evidenciação é a solução?

 Advocacy groups have responded to the lack of political solutions to some of the greatest problems we face—from climate change to armed conflicts—by lobbying for securities regulation that increases corporate transparency. They aim to incentivize corporations to address problems that lack other political solutions. I discuss what we can (and cannot) learn about the efficacy of reporting mandates from the findings in Darendeli et al. (2022) and related papers that stakeholders respond to greater availability of corporate social responsibility information. I support my arguments with evidence from mandatory conflict mineral disclosures—to date, the only related US securities regulation. Although stakeholder responses are likely necessary to incentivize changes in corporate behavior, they are insufficient to justify a mandate. A convincing justification must explain how reporting mandates lead to socially beneficial real effects, are best overseen by the Securities and Exchange Commission, and are less costly than alternative policy instruments. So far, proponents of reporting mandates have, at best, provided incomplete justifications. These circumstances are problematic given the current push for mandatory reporting related to issues such as climate change and workplace diversity.

Vide aqui

Rir é o melhor remédio

Começando a preencher o imposto de renda
 

14 fevereiro 2023

Fraude corporativa é MUITO maior que você pensa


Fornecemos uma estimativa da parcela não detectada de fraude corporativa. Para identificar a parte oculta do "iceberg", exploramos a morte de Arthur Andersen, que desencadeou um exame minucioso dos ex-clientes de Arthur Andersen e, assim, aumentou a probabilidade de detecção de fraudes preexistentes. Nossas evidências sugerem que, em tempos normais, apenas um terço das fraudes corporativas são detectadas. Estimamos que, em média, 10% das grandes empresas de capital aberto cometam fraude de valores mobiliários todos os anos, com um intervalo de confiança de 95% de 7% a 14%. Combinando a difusão de fraudes com as estimativas existentes dos custos de fraudes detectadas e não detectadas, estimamos que a fraude corporativa destrua 1,6% do valor do patrimônio líquido a cada ano, igual a US $ 830 bilhões em 2021.

O estudo pode ser acessado aqui. Foto Kenny Eliason

Tributação de roupas íntimas e o gênero

O imposto cobrado de alguns países para as roupas íntimas femininas pode ser maior ou menor, dependendo do país. Nos Estados Unidos, o governo cobra um imposto maior para as roupas íntimas das mulheres. Já no Japão e na Comunidade Européia ocorre o oposto: as roupas íntimas das mulheres possuem uma menor tributação. 


Em alguns casos, a diferença pode até ser razoável. Veja o caso dos Estados Unidos, onde os homens pagam uma alíquota média de 11,5%; já as mulheres possuem uma alíquota de 15,5%. Neste país, não é somente as roupas íntimas que penaliza as mulheres; todos os produtos de vestuário feminino possui uma carga tributária maior. 

E o Brasil? A princípio não temos uma distinção aqui

Herança das reuniões virtuais

O texto a seguir tem um ano que foi publicado, mas continua relevante: afinal, o que herdamos das reuniões virtuais? 

Os funcionários aprenderam mecanismos de enfrentamento para lidar com as videochamadas constantes. Uma pesquisa recente da XLMedia aponta algumas das técnicas que as pessoas começaram a usar:

  • 2/3 admitem colocar a câmera do laptop em um ângulo que os faça parecer mais dominadores em reuniões de negócios.
  • Quase 25% fizeram videochamadas enquanto pedalavam uma bicicleta ergométrica para parecerem disciplinados, saudáveis e dinâmicos.
  • 82% tentam causar uma boa impressão vestindo trajes formais de escritório na parte superior do corpo, enquanto se vestem algo casual abaixo da cintura.
  • 86% admitem pensar cuidadosamente sobre o cenário e a decoração que aparecerão na tela.
  • Cerca de 54% disseram que desenvolveram o hábito de dizer algo nas reuniões do Zoom apenas para parecer mais engajados.
  • Mais da metade (56%) tenta parecer mais ocupado do que está e têm o hábito de sair de chamadas alegando ter uma outra reunião de trabalho – que na verdade não existe.
  • Uma em cada três pessoas tentou parecer mais comprometida e, para isso, disse estar doente enquanto estava no Zoom,  mesmo estando perfeitamente bem.
  • Mais de dois terços criaram reuniões em suas agendas corporativas online para parecerem mais ocupados. E seis em cada dez dizem que publicam declarações positivas sobre a empresa onde trabalham nas mídias sociais para serem vistos como membros leais da equipe.

Um outro levantamento, realizado pelo YouGov, descobriu que, entre todos aqueles que já abriram suas câmeras durante as videochamadas, 25% dizem que passam mais tempo olhando para si mesmos. Esse número parece muito baixo, pois muitas pessoas podem não querer admitir abertamente que olham constantemente para si mesmas. Elas não necessariamente são vaidosas – muitos funcionários se sentem desconfortáveis ​​com a câmera ligada, e isso os deixa inseguros.

“Desde a liderança até os funcionários de nível básico, 44% dos entrevistados disseram que ter um WiFi ruim é sua maior implicância quando se trata de videoconferência. Mais de um terço dos participantes teve uma série de reclamações: pessoas demais em uma chamada para que todas consigam falar (37%); ser constantemente interrompido (35%); comer durante uma ligação (34%); não prestar atenção (33%) e não silenciar o microfone quando não está falando (33%)”, de acordo com um levantamento do VPNoverview.


O site The Verge compartilhou um interessante “truque”: o Zoom Escaper, criado pelo artista Sam Lavigne, é um aplicativo da web gratuito que oferece uma variedade de efeitos de áudio falsos para sua videochamada que se transformam em desculpas para o funcionário sair da reunião quando ela ficar chata. É possível escolher entre “cães latindo, ruídos de construção, bebês chorando e até efeitos mais sutis, como áudio entrecortado e ecos indesejados”.

Como se as videochamadas não fossem irritantes o suficiente, o Zoom lançará uma série de novos recursos, segundo o New York Post. Um deles “tornará muito mais difícil entrar  atrasado discretamente em uma reunião”. Esse recurso é chamado de “Status de participação” e permite que os organizadores vejam se as pessoas aceitaram ou não seus convites de reunião e se realmente entraram na chamada. Haverá uma lista de nomes “Não inscritos” destacando as pessoas que não compareceram.

Outro ponto irritante é o aumento do jargão corporativo do Zoom. Entre os clichês está: largura de banda, preciso pular para outra chamada, você está no mudo, perdemos você por um minuto, você pode ver minha tela, vamos deixar isso offline, vamos estar cientes do tempo que temos, novo normal, dar 110%, ganha-ganha, pense fora da caixa, alinhamento,  feche o loop, mudança de paradigma, pegando carona, pivô, sinergia, descompacte e “Dave, você ainda está no mudo!”

Foto: Chris Montgomery

Rir é o melhor remédio


 Papai Noel está acabando de fechar o seu balanço. Notícias ruins, pelo visto. 

13 fevereiro 2023

STF e a Coisa Julgada

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luiz Fux criticou a decisão da Corte que permitiu que a União cobre impostos que deixaram de ser pagos nos últimos anos por decisão judicial definitiva a favor dos contribuintes.

A decisão do Supremo, tomada na quarta-feira, 8, “destruiu a coisa julgada” e criou “a maior surpresa fiscal para os contribuintes”, afirmou Fux, em palestra no Sindicato das Empresas de Contabilidade e Assessoramento de São Paulo (Sescon), na sexta-feira, 10.

O STF decidiu que a chamada coisa julgada tributária pode ser revista anos depois, se houver entendimento posterior da Corte em sentido contrário à decisão judicial que beneficiou o contribuinte. O problema é que essa revisão permite a cobrança de valores que, até antes da decisão do Supremo, as empresas tinham a garantia judicial de que não precisariam pagar. 

“Trocando em miúdos, a decisão é a seguinte: se o contribuinte tem uma coisa julgada de 10 anos atrás, ele não pode dormir com tranquilidade, porque pode surgir um precedente que venha a desconstituir algo que foi julgado há 10, 15, 16 anos atrás”, disse Fux. “É muito importante que haja uma preocupação severíssima com as consequências dessa decisão”, afirmou.

Se uma empresa conseguiu autorização da Justiça para deixar de recolher algum tributo, essa permissão pode deixar de valer. “Se a gente relativiza a coisa julgada, vale a segunda e não a primeira [decisão], porque não a terceira, a quarta, a quinta? Quando vamos ter segurança jurídica? Essa tal de previsibilidade?”, questionou Fux. “Isso não pode ser uma solução definitiva”, disse o ministro.

As ações julgadas pelo STF na semana passada tratam especificamente da Contribuição Social sobre Lucro Líquido (CSLL), mas o caso tem repercussão geral. Isso significa que os efeitos se estendem a outras situações tributárias. 

No caso da CSLL, a empresa que tinha decisão da Justiça permitindo que deixasse de pagar a contribuição de 9% sobre o lucro líquido será cobrada pelos valores que não recolheu desde 2007, quando o Supremo decidiu que o imposto era devido.

Para Fux, a possibilidade de revisão da coisa julgada gera um “risco sistêmico absurdo” porque abre precedente para que o mesmo entendimento seja adotado em relação a todos os impostos, não só a CSLL. A decisão pode refletir até em matérias que não têm a ver com tema tributário.

“Foi uma decisão genérica que se aplica a todos os tributos. Não foi só uma decisão sobre a contribuição social sobre o lucro, foi uma decisão que vai pegar tributos e pode pegar coisas julgadas de todas as naturezas”, afirmou Fux. 


Nem todos os ministros concordaram que os efeitos deveriam valer para cobranças passadas. Cinco deles defenderam que a cobrança voltasse a ser feita a partir de agora, sem recolhimento de valores que as empresas não pagaram nos últimos anos. 

Fux faz parte do grupo que queria uma modulação de efeitos da decisão, assim como os ministros Edson Fachin, Nunes Marques, Ricardo Lewandowski e Dias Toffoli. Mas, apesar dos votos contrários, prevaleceu o entendimento do ministro Luís Roberto Barroso, que permite a cobrança da CSLL devida desde 2007.

Em vídeo publicado pelo STF na sexta-feira, 10, Barroso afirma que a modulação de efeitos -- ou seja, a validade só do momento da decisão em diante -- pode ser vista caso a caso em relação a outros tributos, para analisar "se justifica ou não a incidência só dali para a frente". Mas, para a CSLL, "não tem dúvida" da validade desde 2007.

Para Fux, um país que defende os direitos fundamentais e a segurança jurídica "não pode ser dar o luxo de romper a coisa julgada". "Faço essa crítica porque fiz publicamente. Minha insatisfação é perene", disse. "A coisa julgada tem compromisso com a estabilidade e a segurança social”, reforçou o ministro.

Fonte: aqui. Foto Javier Allegue Barros 

Impacto da IA no trabalho

Examinamos o impacto da Inteligência Artificial (IA) na produtividade, no contexto dos taxistas. A IA que estudamos ajuda os motoristas a encontrar clientes, sugerindo rotas pelas quais a demanda é alta. Descobrimos que a IA melhora a produtividade dos motoristas, reduzindo o tempo da viagem e esse ganho é acumulado apenas para motoristas pouco qualificados, diminuindo a diferença de produtividade entre motoristas altamente qualificados e com baixa qualificação em 14%. O resultado indica que o impacto da IA no trabalho humano é mais matizado e complexo do que uma história de deslocamento de emprego, que foi o foco principal dos estudos existentes.


De um estudo sobre o impacto da IA no trabalho. Está restrito aos motoristas de uma cidade do Japão, mas indica que a IA pode reduzir a vantagem de um trabalhador qualificado. 

IA e a contabilidade

A IA (Inteligência Artificial) já está sendo usada na contabilidade - mais comumente pelas maiores empresas, mas também por empresas menores que adotam a tecnologia atual.

Atualmente, muitas plataformas contábeis oferecem recursos suportados pela IA para algumas das tarefas mais rotineiras envolvidas na profissão, como registrar dados sobre transações ou despesas, categorizar essas informações ou reconciliá-las em diferentes fontes.

Tecnologias como reconhecimento óptico de caracteres (OCR) e aprendizado de máquina são capazes de executar essas tarefas 'aprendendo' com os dados aos quais foram expostos antes.

A IA também é adequada para analisar grandes volumes de dados para identificar padrões amplos, o que significa que pode ser usada para apoiar o lado mais estratégico do trabalho de um contador - relatando desempenho financeiro e prevendo mudanças futuras. Os contadores podem interpretar os dados relatados pela IA e usar suas descobertas para informar as decisões comerciais de seus clientes.

Na auditoria, essa capacidade de captar padrões também é útil, pois a IA pode ser usada para identificar discrepantes que precisam de mais investigação pelo auditor. O mesmo vale para verificações de combate à lavagem de dinheiro (LMA), pois o software pode destacar dados inesperados.

Nos dois casos, um especialista ainda precisa interpretar os dados - afinal, nem todas as anomalias são casos de fraude, e números incomuns podem ter uma explicação perfeitamente aceitável. Porém, ao economizar o tempo do contador vasculhando grandes quantidades de dados financeiros, a IA permite um processo mais eficiente e a oportunidade de se aprofundar nos detalhes de onde é importante.

O que vem a seguir para IA e contabilidade?


A medida que essa tecnologia se torna mais sofisticada e acessível ao longo do tempo, suas capacidades no campo da contabilidade só se tornarão mais abrangentes.

E embora não acreditemos que a IA substitua completamente a necessidade de contadores, é verdade que seus papéis precisarão mudar.

Esse é um desafio para a profissão como um todo: à medida que tarefas contábeis mais tradicionais são automatizadas, como é o contador do futuro?

Vemos o papel dos contadores no futuro sendo de importância estratégica, usando a tecnologia para aprimorar seus serviços, manter seus clientes em conformidade e traduzir idéias complexas em soluções práticas.

O relacionamento pessoal que você pode construir com um cliente não pode ser substituído por um computador. E quando se trata de encontrar nuances nos dados e entendê-las no contexto dos objetivos pessoais e comerciais de alguém, os seres humanos ainda são mais adequados à tarefa.

Fonte: aqui

Deinfluencer digital: faz sentido?

 Sobre a tendência de "desinfluenciar" do TikTok, onde "influenciadores" estão dizendo para seus seguidores o que não comprar, criticando o consumo excessivo ou promovendo a necessidade de economizar dinheiro. 


Mas faz sentido? 

Os vídeos de deinfluenciados foram metamorfoseados em um formato de vídeo viral, no qual influenciadores estão avaliando produtos que não gostaram e redirecionando seguidores para outros produtos ou seus "dupes". Em essência, a maioria dos desinfluenciadores no aplicativo são realmente influenciadores com pele de ovelha. 

Este tipo de influenciador será facilmente percebido pelo usuário. 

Pessoalmente eu não colocaria meu dinheiro na revolução anti-consumo que se materializa nos aplicativos que foram projetados para vender coisas. Além da existência de influenciadores, as plataformas de mídias possuem recursos projetados para incentivar o consumo excessivo, como a rolagem sem fim, os vídeos de reprodução automática e recomendações criadas pelos algoritmos. 

Na área de finanças, os influenciadores estão na rede para recomendar a compra de ação ou fazer algum investimento. É ilusório pensar que eles promovem o bom investimento. 

Rir é o melhor remédio


 Com partidas dobradas o trabalho é dobrado. 

12 fevereiro 2023

Futebol ou futebol americano: placar importa?

Da Newsletter da Bloomberg:

No Campeonato Mundial de futebol de 2022, 64 jogos resultaram em apenas 15 resultados finais diferentes, com 70% dos jogos a produzir alguma combinação de zero, um e dois gols. Já na Liga Nacional de Futebol de 2022, daquilo a que os britânicos chamam futebol americano, 272 jogos produziram 181 resultados diferentes - e uma variedade muito maior de pontuações. O futebol é "de longe o desporto favorito do espectador e das apostas nos EUA", sublinham Richard Dewey e Aaron Brown. "Os miríades de resultados de pontuação vão muito longe na explicação dos motivos".

No futebol um único evento pode ter um impacto material no resultado. Mas ao contrário do que o resto do mundo considera como o jogo bonito, tais eventos ocorrem várias vezes durante um jogo de futebol americano médio. "Estas coisas fazem com que os espectadores se entusiasmem e tenham muitas boas oportunidades de jogo", de acordo com Dewey e Brown. Enquanto o futebol é uma corrida de pés, com equipas que só conseguem mover-se de trás para a frente em pequenos incrementos, uma pontuação de futebol pode mudar por saltos e limites. 

"Os times jogam de forma radicalmente diferente dependendo do resultado - passes versus corridas; golos de campo e murros versus tentativas de quarto para baixo; conversões de um ponto versus dois pontos", argumentam Dewey e Brown. "Além disso, há muitas situações no jogo - posse de bola, linha de jardas, down, distância - afetadas por cada jogada; a maioria dos outros desportos têm, na sua maioria, posse de bola, que tem apenas dois valores e muda constantemente". 


A análise é muito enviesada, óbvio. Se somente o placar fosse relevante, estaríamos todos assistindo basquete ou o futebol americano. As audiências da televisão mostram que não é somente o placar que conta. 

Use a preguiça para economizar

Em finanças pessoais temos milhões de conselhos sobre como aumentar seu salário, como reduzir suas despesas ou obter um melhor lucro nos seus investimentos. Mas muitos conselhos podem ser difíceis de seguir, pois temos de mudar nosso comportamento ou lembrar de muitos macetes ensinados na área.  

Há um conselho que talvez seja muito importante para quem deseja tem uma vida financeira melhor. Certamente ele não é fácil de ser colocado em prática, mas talvez tendo sido alertado para ele, neste texto, você consiga obter bons resultados.  

Um dos principais impulsionadores do nosso consumo é algo chamado conveniência. Quando vamos em uma loja e você consegue efetuar o pagamento através da aproximação do seu cartão de crédito, a tecnologia foi criada para ser o mais conveniente possível para o consumidor. A redução do esforço no processo de pagamento ajuda a aumentar o consumo. É muito mais prático aproximar seu cartão de crédito do que tirar um talão de cheque – um instrumento de pagamento arcaico, que existia nos tempos idos, escrever uma quantia, datar, assinar e colocar um telefone de contato.  

Conta-se uma história que um dos grandes responsáveis pelo crescimento da empresa Amazon foi uma tecnologia desenvolvida internamente e patenteada pela empresa, que permite a compra com um clique. Isto é muito conveniente. Você não precisa pegar seu cartão, digitar um número, um endereço, seu nome e outras informações. Basta um clique e sua compra foi realizada.  

Foi uma ideia genial que facilita as compras na empresa. Outras empresas adotaram mecanismos similares, seja “guardando” os dados do seu cartão para que na próxima compra tudo seja feito da forma mais fácil possível. Quando sua assinatura do Google Drive ou do Office precisa ser renovada, a empresa informa o fato e basta você não fazer nada, que você continuará consumindo os produtos. Conveniente, mesmo que você já não precise de espaço adicional nas nuvens ou não use mais um editor de texto ou planilha.  


As empresas aprenderam algo básico do ser humano: somos preguiçosos, gostamos das coisas fáceis e não percebemos que o fácil pode custar caro. Lembro de um colega que dizia: o que move a humanidade é a preguiça. Muito do progresso humano foi realizado para tornar nossa vida mais fácil, mais conveniente, mais adequada para os preguiçosos.  

Mas como melhorar sua vida financeira nesta situação? Torne seus gastos inconvenientes. Eis uma lista de atitudes que você pode fazer para mostrar como isto funciona: 

  • Quando sair de casa e não tiver a intenção de consumir, não leve o cartão de crédito. 
  • Evite instalar mecanismo de pagamento no seu celular. Se instalar, não leve o celular quando sair (ou até mesmo, compre um celular mais barato, sem os atrativos do consumo) 
  • Quando uma empresa perguntar se pode guardar o número do seu cartão, responda não 
  • Troque de cartão de crédito; um novo número, não cadastrado nos sites das empresas, impedirá que o mecanismo de renovação automática seja ativado 
  • Em casa, deixe o cartão de crédito distante do celular ou do computador; quando for comprar, o esforço, ou a preguiça, de ir pegar o cartão pode evitar compra desnecessária 
  • Se precisar levar um meio de pagamento quando sair de casa, prefira o velho dinheiro vivo. Neste caso, seu consumo estará limitado ao montante que você levar.  

Use a preguiça para economizar.  

(Baseado em uma ideia do blog El Blog Salmon)  

10 fevereiro 2023

Por que as pessoas (geralmente) aprendem menos à medida que envelhecem?

A pergunta feita por Scott Young é bem pertinente. O seu texto a seguir tem a sua resposta. Se estou postando aqui certamente eu gostei bastante. Um adendo pessoal aqui: recentemente recebi um desafio de ensinar algo que não era a "minha" especialidade. Isto tomou um grande tempo. Neste momento que faço esta postagem estou estudando um assunto muito desafiador, que já conhecia superficialmente, e que agora pretendo entender mais. 

Recentemente, fui convidado em um podcast em que o anfitrião perguntou por que as pessoas estão menos interessadas em aprender à medida que envelhecem.

Embora haja certamente exceções, a observação parece válida. Quase toda a educação formal está concentrada em nossa infância e idade adulta. Histórias de pessoas que voltam para a escola nos anos de crepúsculo são dignas de nota precisamente porque isso é raro.

Também se encaixa na minha observação informal de que as pessoas são muito mais relutantes em adquirir novas habilidades ou tópicos à medida que envelhecem. Aprendi a esquiar aos trinta anos, mas só conheço pessoalmente algumas pessoas que começaram muito mais velhas do que eu.

Esta é uma tendência preocupante. Aprender é parte integrante da boa vida; portanto, se as forças dificultam (ou tornam menos desejáveis) o aprendizado, parece que seria útil entendê-las. Vamos considerar três teorias e ver o que elas sugerem que podemos fazer para desafiar a tendência.

Teoria # 1: Custos de oportunidade e horizontes de investimento

A primeira explicação é econômica: aprender é um investimento. Ao investir em algumas habilidades, mas não em outras, você obtém um retorno maior das atividades em que possui um treinamento considerável. Assim, o custo de sua oportunidade para aprender coisas novas aumenta. Portanto, uma falha em aprender coisas novas é perfeitamente racional, mesmo que possa resultar em inflexibilidade à medida que envelhecemos.

Uma maneira de dizer isto é o horizonte temporal que você precisa para recuperar um investimento. Presumivelmente, uma pessoas de vinte anos tem quarenta anos para recuperar um período de treinamento árduo. Uma pessoa de cinquenta anos tem apenas dez. Portanto, os jovens devem poder fazer investimentos mais longos e arriscados do que aqueles que precisam deles. 


Outra maneira de isso ocorrer é se o investimento em uma habilidade torna o tempo gasto em novas habilidades comparativamente menos atraente. Se eu tenho zero conhecimento de programação e em contabilidade, mas capacidade potencial igual, os dois são aproximadamente os mesmos para mim. Por outro lado, se eu tiver uma década de experiência em programação, uma hora de programação será muito mais valiosa do que uma hora gasta aprendendo contabilidade. A economia incentiva a especialização, mesmo que preferimos o contrário.

Teoria 2: estamos muito ocupados

Outra explicação para a curiosidade cada vez menor é que a vida fica mais ocupada à medida que você envelhece. Eu sinto isso intensamente hoje. Quando comparo minha agenda agora, com uma criança em casa e um negócio que emprega várias pessoas, sinto-me muito mais tempo restrito do que quando estava na casa dos vinte anos.

Aprender coisas novas leva tempo. Embora a eficiência possa ajudar, o custo de tempo para um aprendizado bem projetado pode ser proibitivo para profissionais ocupados em comparação com os jovens.


A energia pode importar ainda mais que o tempo. Se você trabalha em período integral em um emprego com demanda mental e tem responsabilidades em casa, pode não ter a energia necessária para investir em um projeto com demanda cognitiva. Olhar compulsivamente a Netflix pode não ser onde você idealmente gostaria de gastar seu tempo, mas faz sentido se você se sentir cronicamente exausto.

Isso também ajuda a explicar por que pode haver um desejo repentino de aprender após a aposentadoria. Com os filhos saindo de casa e sem o trabalho, as pessoas finalmente têm tempo para se envolver em projetos de aprendizado que estavam deixando de lado durante sua carreira.

Teoria # 3: mentes mais velhas podem também não aprender 

A explicação mais popular que ouço sobre o declínio da educação é que, quando você é mais velho, seu cérebro simplesmente não pode absorver novas informações tão rapidamente.

Há um grão de verdade nisso. A inteligência fluida atinge o pico nos seus vinte e poucos anos e diminui depois. No entanto, o declínio é gradual e mínimo. O pesquisa que eu já vi parece indicar que é apenas um problema sério em idade avançada. Mesmo assim, há uma alta variação, com algumas pessoas se tornando senis e outras experimentando poucos problemas.

Dito isto, a idade costuma ser uma vantagem para o aprendizado. As pessoas mais velhas geralmente são mais responsáveis e organizadas, o que ajuda a manter um projeto. Além disso, o conhecimento acumulado pode facilitar o aprendizado. Sua experiência passada pode ser um grande benefício ao se aprofundar em assuntos que você estudou anteriormente ou em áreas relacionadas.


No geral, estou menos convencido que a idade é por si só um fator significativo, embora seja frequentemente citado.

Como podemos sustentar a aprendizagem ao longo da vida?

Dadas as possíveis teorias, acho que há algumas coisas que podemos fazer para continuar aprendendo :

Reduza o esforço para aprender - Sempre carregue um livro com você. Configure seu ambiente para que os projetos de aprendizado possam começar e parar sob demanda. Escolha projetos que se sobreponham às metas de carreira, sociais ou de família para justificar o investimento de tempo.

Reserve um tempo para experimentos - O cálculo direto sugere que fazer o que você já é bom tem a melhor recompensa. Mas você não encontrará tantas oportunidades se nunca aprender algo novo. Deixe um tempo para os hobbies em que você é ruim, livros que você não conhece nada ou habilidades que nunca praticou; podem parecer um desperdício, mas é uma boa prática evitar ficar preso em uma rotina.

Afaste seu foco das habilidades que envolvem raciocínio rápido para aqueles que dependem do conhecimento acumulado - O declínio na inteligência fluida é superestimado como explicador das dificuldades de aprendizagem. E também, há uma razão pela qual matemáticos inovadores são mais jovens que os historiadores. Mudar para assuntos intensivos em conhecimento parece uma estratégia geral sólida.

Acima de tudo, porém, acho que perder o interesse em aprender é uma escolha. Para cada tendência, há exceções. Com a atitude certa, você pode ser um deles.

Rir é o melhor remédio

 

09 fevereiro 2023

Viés da Confirmação

Narciso acha feio o que não é espelho, canta Caetano Veloso em Sampa. Contudo, não foi em São Paulo, mas em Londres, na década de 1960, que o psicólogo Peter Wason deu o nome de "viés de confirmação" para o mecanismo que induz a mente a aceitar as informações que sustentam as próprias crenças, em vez de questionar e ter abertura para analisar outros tipos de informação.

A ideia de uma mente racional, a serviço de apreender a realidade tal qual ela é, seguiu sendo desacreditada na década seguinte. Em 1979, foi realizado um estudo na Universidade Stanford, nos Estados Unidos, com estudantes universitários que tinham opiniões opostas sobre a pena de morte. Com base em dois artigos falsos - um que argumentava a favor e outro contra a pena de morte -, os estudantes apoiaram justamente aquele artigo que confirmava sua crença original. O estudo mostrou que ter as certezas contestadas serviu apenas como reforço para as próprias convicções.

Para os especialistas, a política e o futebol são campos de florescência do viés de confirmação. "A partir do momento em que você se expõe, você se cristaliza naquele posicionamento e aí você vai polarizando, polarizando...", diz a neurocientista Claudia Feitosa-Santana. "As pessoas estão polarizando até em relação a Neymar e Richarlison por causa da política."

Segundo Claudia, as conversas não ajudam a reduzir a polarização porque as pessoas acham que o diálogo está a serviço de desconstruir o argumento do outro. "A polarização política, da forma como ela é, só ajuda os próprios políticos. Eles conseguem conversar entre si, eles fazem acordos a portas fechadas, o eleitorado não." Há quem coloque na conta da empatia a solução. Acontece que a empatia, relacionada à verdadeira escuta, custa energia cerebral ou glicose, que é um recurso limitado.

"É muito difícil você conseguir empatizar com o que não faz parte do que você considera seu círculo moral", diz Claudia. "As pessoas hoje em dia focam em empatia, sendo que ninguém tem empatia com ninguém. Usam a palavra empatia para cobrar do outro empatia, não para ser empático. O foco na verdade é a palavra respeito e ninguém se respeita".

Alinhada ao viés de confirmação, a polarização política já chega formatada. "Quem é de esquerda tem que ser a favor do aborto. Se você é de direita, você tem que ser contra. Alguns autores chamam isso de identidade prêt-à-porter, uma identidade que já vem pronta, você só vai ali e veste", diz Sérgio Rodrigo Ferreira, pesquisador da Universidade Federal do Espírito Santo. "De certo modo, isso vai matando o aspecto mais subjetivo e mais diverso. Nós temos tido muita dificuldade de conviver com o contraditório por conta disso".

Se um ambientalista e um executivo de companhia petrolífera buscarem na internet por "mudanças climáticas", os resultados das buscas serão diferentes.

"Cada vez mais o monitor do nosso computador é uma espécie de espelho que reflete nossos próprios interesses, baseando-se na análise de nossos cliques feita por observadores algorítmicos", escreve o ativista Eli Pariser no livro O Filtro Invisível: O Que a Internet Está Escondendo de Você (Editora Zahar).

Ao mapear as preferências do usuário, o algoritmo forma as chamadas bolhas, delimitando as respostas de acordo com seus gostos. Isso gera uma autossatisfação viciante que pode isolar o indivíduo num sistema de conhecimento unilateral, reforçando sua visão em vez de expandi-la, assim como acontece com o viés de confirmação.

Mais do que as bolhas, existem ainda as câmeras de eco, que recebem a contribuição dos usuários para manter o alinhamento das crenças. "Quando recebe algum posicionamento diferente, além de ser ferrenhamente contrário a ele, o usuário exclui pessoas e conteúdos que divergem de si", explica Sérgio. "Não é apenas o algoritmo que está criando a bolha, mas os usuários ativamente estão construindo esses espaços fechados."

O constante reforço da própria opinião, evitando ter valores e crenças questionados, é abertura para a desinformação e para as fake news.

"O mundo é extremamente complexo hoje em dia. Nós temos muita dificuldade de enxergar e compreender a dimensão das várias camadas das coisas que acontecem e, de certo modo, na câmara de eco há uma simplificação do mundo a partir do que previamente eu já entendo, compreendo e creio. Eu faço o mundo caber na minha crença", considera Sérgio.

Claudia Feitosa-Santana traz um contraponto, lembrando que fazemos parte de grupos diversos, como veganos ou petlovers. "Nós não estamos todos exatamente dentro das mesmas bolhas. Nós temos muitos grupos e é isso que confere estabilidade para a nossa sociedade."

A falta de tempo, de conhecimento e de fontes confiáveis para filtrar a enxurrada de informações que recebemos pode colocar também a ciência no balaio do descrédito.

Amanda Moura de Sousa, pesquisadora na Universidade Federal do Rio de Janeiro, vem estudando a desinformação na área da saúde e a infodemia, o enorme fluxo de informações que invade a internet, diante da pandemia de covid-19.

"Para economizar o esforço de tentar lidar com algum fato, às vezes a gente precisa recorrer às nossas crenças, só que essas crenças podem levar para um caminho não muito saudável, que é eliminar a dúvida e se focar na certeza que você já tem", diz a especialista em ciência da informação.

Ela lembra de mensagens que circulavam no início da pandemia, dizendo que os laboratórios não tinham avançado suficientemente em seus estudos e usavam as pessoas como cobaias na aplicação de vacinas. Mais de 71% das mensagens falsas naquele período circulavam pelo WhatsApp, segundo análise do aplicativo Eu Fiscalizo, desenvolvido por pesquisadoras da Fiocruz. "Pela relação de desconfiança que as pessoas muitas vezes têm com os cientistas ou com o próprio fazer da ciência, que às vezes escapa à compreensão delas, elas acabam aderindo à desinformação sem buscar outra fonte", afirma Amanda.

O medo da complexidade e o viés de confirmação são também citados pela pesquisadora de Nova York Sara Gorman no livro Denying to the Grave: Why We Ignore the Facts That Will Save Us (Negando Até o Túmulo: Por Que Ignoramos os Fatos Que nos Salvarão, em tradução livre).

Segundo a autora, é tendência da mente enfatizar um pequeno risco, fortalecendo, assim, as próprias crenças. "Recusar-se a vacinar uma criança é um exemplo disso: aqueles que têm medo da imunização exageram o pequeno risco de um efeito colateral e subestimam a devastação que ocorre durante uma epidemia de sarampo ou apenas o quão letal a coqueluche pode ser", escreve.

Se a ciência é vista muitas vezes de forma distorcida, o próprio fazer científico não está imune ao viés de confirmação - simplesmente porque cientistas são também humanos.

Kelley Cristine Gasque, da Universidade de Brasília, investigou as percepções de cientistas em relação ao viés de confirmação no processo de busca e uso das informações em seu fazer científico.

"Uma questão que achei bastante interessante que surgiu é que esse viés pode ser influenciado pelo financiamento da pesquisa, pela exigência dos resultados e expectativa do mercado", comenta Kelley. "Empresas, por exemplo, que têm interesses econômicos vão investir muito em pesquisa e é óbvio que querem tal resultado. Então, você tem a tendência de buscar pesquisas em uma base que vai corroborar com aquilo que eles querem."

Também o desejo de que a pesquisa dê certo foi citado pelos cientistas como gatilho para o viés de confirmação.

O antídoto para o problema seria, segundo os próprios cientistas, ter uma boa formação acadêmica, buscar fontes diversificadas, manter o espírito aberto para pontos de vista diferentes, desenvolver o pensamento crítico e a criatividade.

"O ser humano não é que nem um bezerro ou um potro que sai da mãe já andando. Nós somos extremamente dependentes até nossos 2, 3 anos de idade. Nós dependemos dos outros para sobreviver e isso é extremamente assustador", observa João Luiz Cortez, especialista em programação neurolinguística.

Se a sobrevivência de hoje implica depender de um cuidador nos primeiros anos de vida, em tempos passados a dependência do grupo tinha peso e medida maiores. "Nós nos perpetuamos como espécie porque adquirimos a capacidade de viver em sociedade e é isso que nos fez resistir numa floresta inóspita com animais muito mais fortes do que nós", conta João.


Valores são construídos de forma complexa e ancorados na afetividade desde a primeira infância. Por isso, mudar certas certezas é difícil e vai além da questão do orgulho narcisístico. A base de crenças é esteio para a sobrevivência emocional.

Charles Peirce, filósofo e pedagogo americano nascido em 1839, afirmava que só a dúvida leva ao conhecimento e, para chegar a ele, passamos por uma alternância entre o desconforto da dúvida e a segurança da crença. Os métodos de fixação da crença listados por Peirce incluem apego, imposição, gostos e também, mas não apenas, o método científico.

Segundo João, ignorar fatos reais para proteger a estabilidade emocional representa um estado limitado de desenvolvimento pessoal. "À medida que eu vou me fortalecendo emocionalmente, espiritualmente, eu tenho uma estrutura, uma musculatura que me permite lidar com a realidade como ela é."

Apesar das bolhas, grupos, e algoritmos, não há o que unifique a experiência humana. "A maneira como nos sentimos nunca se repete no tempo e jamais é igual à forma como outra pessoa se sente", escreve Claudia Feitosa-Santana no livro Eu Controlo Como Me Sinto. "E os filósofos já sabiam disso havia muito tempo. Na Grécia Antiga, Heráclito, um dos pensadores mais antigos que conhecemos, afirmou o seguinte: Não podemos nos banhar no mesmo rio duas vezes."

Para além da soberania da razão, Caetano cantaria: "Alguma coisa acontece no meu coração". 

Originalmente publicado no Estado de S Paulo, por Sibélia Zanon, 21 de janeiro de 2023. Foto: Alice Yamamura

Rir é o melhor remédio

 




08 fevereiro 2023

Ponto ou Vírgula: a confusão da notação

Suponha que você faça a divisão de 10 por 4; o resultado será igual a dois e meio. Como você escreve este resultado?

Não é tão simples assim a resposta. O correto seria: depende. Em primeiro lugar, onde você está? Se estiver no Brasil, a forma correta de escrever o resultado é:

2,5

Se você estiver na China, Índia, Austrália, Reino Unido e Estados Unidos, você deveria escrever:

2.5

Para facilitar, eis um mapa do mundo mostrando onde um sistema é usado e onde prevalece o outro:

Isto facilita muito. Mas veja que não temos um padrão comum sobre como escrever "dois e meio". E tem pessoas que sonham em padronizar a contabilidade... 

De onde surgiu esta divergência? Parece que a origem está em Newton e Leibniz. Os dois grandes gênios da matemática fizeram proposta distinta para o uso de notação na matemática. Newton era inglês e propunha usar o "x" para indicar a multiplicação; Leibniz era alemão e sugeriu o "." para esta mesma operação. 

Com a expansão tecnológica e econômica dos Estados Unidos, é muito comum que calculadoras, softwares quantitativos e livros usem a notação de origem inglesa. Mas aqui, na América do Sul, na Europa e alguns outros países, devemos escrever "2,5". 





Pirataria da Internet

 


Os gráficos mostram que a pirataria - de filmes - reduziu substancialmente nos últimos anos. Em 2006 apareceu o The Pirate Bay e quatro anos depois Avatar é o filme mais pirateado da história. O aparecimento da Netflix, que torna a possibilidade de assistir bons programas na televisão de forma razoável - em termos financeiros, reduz o interesse pela pirataria. O streaming sente, no entanto, algo próximo a cópia de filmes piratas do início do século: a repartição da senha. A estimativa é de uma perda de 9 bilhões de receitas somente para Netflix. A Netflix tenta resolver este problema.

07 fevereiro 2023

Uma visão alternativa do Chatbot

Uma visão alternativa sobre os chatbots. O texto é de Cathy O'Neal, autora de Weapons of Math Destruction:

Ultimamente, tem havido uma enorme quantidade de confusão na imprensa de tecnologia em torno da mais nova geração de chatbots, sendo a versão ChatGPT a mais celebrada e / ou temida.

Não acho que a celebração ou o medo sejam justificados.


Antes de tudo, não precisamos temer que o ChatGPT substitua os seres humanos. Não tem um modelo para a verdade; é simplesmente escrever palavras e frases semelhantes aos padrões observados no discurso histórico em que foi alimentado. Portanto, em outras palavras, não está realmente respondendo a uma pergunta de maneira ponderada ou relevante. Qualquer tipo de consideração que possa ser observada em sua produção é uma combinação da sabedoria humana incorporada em seus dados de treinamento e do crédito projetado que tendemos a dar aos outros quando os ouvimos tentando formular pensamentos.

Mas e os alunos trapaceando usando o ChatGPT em vez de escrever por conta própria? O problema da tecnologia é que ela está interferindo nas proxies muito fracas que temos de medir a aprendizagem dos alunos, a saber, trabalhos de casa e testes. A verdade é que a internet permitiu que os alunos burlasse a lição de casa por um longo tempo e, nesse caso, muitos testes, e agora eles têm uma maneira um pouco melhor (embora ainda imperfeita) de trapacear. É apenas mais um lembrete de que é realmente difícil saber o quanto alguém aprendeu alguma coisa e, especialmente, se não estamos conversando diretamente com eles, mas contando com algum sistema automatizado ou quase automatizado ampliado para medir isso para nós. Suponho que haverá muito mais exames orais individuais no futuro, pelo menos quando se trata de testes de alto risco de conhecimento [o de instituições de ensino sérias]. E, nesse caso, haverá menos testes, porque muitos tipos de "conhecimento" que os humanos precisaram memorizar podem não ser necessários se a Internet estiver sempre disponível.

Em seguida, acho que também não temos motivos para comemorar. Não há sabedoria no ChatGPT ou em outro assim. Para ilustrar esse ponto, considere Galactica, uma IA que foi introduzida e depois comprada pela Meta, empresa controladora do Facebook. Galactica foi treinado em artigos científicos para produzir parágrafos científicos. Foi muito bom nisso. 

Galactica deveria ajudar os cientistas a escrever seu artigo e ajudar todos a procurar conhecimento científico. Às vezes funcionava, mas muitas vezes fazia merda. 

De qualquer forma, aqui está uma coisa que nunca fará: criar nova ciência. E é por isso que não há nada aqui para se animar.

Outra maneira de dizer é que a Galactica pode nos mostrar o que é "fácil" ao escrever artigos científicos: o idioma, o jargão, o estilo autoritário da terceira pessoa etc. versus o que é difícil: as novas idéias. Galactica pode fazer todas as coisas fáceis, mas nenhuma das coisas difíceis, e por que devemos ficar impressionados??

[Traduzido pelo Vivaldi] [Fonte original aqui]. Foto: Possessed Photography

Futebol europeu e folha de pagamento

Do Trivela

O Paris Saint-Germain tem a maior folha salarial do mundo para um clube profissional de futebol, com impressionantes € 728 milhões por ano, de acordo com o European Champions Report 2023. Além disso, o clube registrou prejuízo de € 369 milhões na mesma temporada analisada, 2021/22. Ou seja: é um clube que gasta muito, mas mesmo com os aumentos de receita, ainda não se paga. Claro, nem precisa, porque o QSI (Qatar Sports Investment, braço do governo do Catar que controla o clube) tem dinheiro a perder de vista.


Em termos de comparação, o Real Madrid, segundo colocado na lista, tem uma folha salarial, de € 519 milhões – 29% a menos que o PSG. E isso porque houve um aumento na folha salarial de 29% em relação à temporada anterior pelo bônus pago por vencer a Champions League. O Manchester City tem uma folha salarial de € 418 milhões e o Bayern de Munique tem uma folha salarial de € 324 milhões. (,..)

O que fica claro é que o Fair Play Financeiro é absolutamente leniente com o PSG, que tem prejuízos homéricos e ainda assim ganhou um acordo em que recebeu uma punição suave, pode pagar uma multa que ainda será suave se descumprir e não receberá a punição pesada, que seria ficar fora das competições, como aconteceu com outros clubes que descumpriram a regra. (...)

A base das informações são contábeis. E como existe uma ligação entre desempenho e salário, a falta de implantação efetiva do Fair Play significa, em outras palavras, a permissão para o desequilíbrio entre as equipes. 

Rir é o melhor remédio

 Uma seleção:







Fonte: aqui




06 fevereiro 2023

Pesquisa de satisfação do CFC tem um erro de cálculo

De uma página do Conselho Federal de Contabilidade:

A meta de 2022 para o grau de satisfação dos profissionais de contabilidade era de 70%, porém o resultado obtido foi de 76,99%, ou seja, 109,99% de desempenho.

Já no índice de avaliação da profissão contábil perante a sociedade, com meta também de 70% para o período, o resultado alcançado foi de 87,50% e, assim, o desempenho ficou com a marca de 125,00%.


Esclarecendo: 

O CFC fez uma pesquisa de opinião entre os profissionais. A resposta variava entre 1 e 5. Neste ponto vamos tentar extrapolar que o resultado da escala Likert foi transformado em uma escala decimal, de 0 a 10. O Conselho definiu que 7 seria a nota de aprovação. Acho que isto é bem razoável, embora a pesquisa pudesse usar logo a escala de 0  a 10. Ou o resultado trazer o valor obtido entre 1 e 5. 

Agora, se a nota obtida foi 76,99% e a meta era 70%, afirmar que o desempenho foi de 109,99% é ... 

[Complete como achar melhor] [O print da tela está abaixo, para quem não acredita no que leu...]

Na verdade, a variação seria de 9,99% acima da meta ou [76,99/70 - 1] x 100.  

Obviamente dizer que o valor ficou 109,99% da meta é melhor que 9,99%. Mas isto me faz lembrar de um livro publicado nos anos 50, sobre estatística. (Sabem qual?)

Para finalizar: seria interessante que divulgasse não somente a percentagem, mas as estatísticas descritivas (tendência central, dispersão, assimetria e curtose). 



Perdas do grupo indiano Adani

 


A mudança no valor de mercado do Grupo Adani, um conglomerado indiano com ativos em energia, cimento e infraestrutura, nos últimos dias mostra o efeito do relatório publicado pela empresa Hindenburg na semana passada.

O relatório fala em manipulação das ações, endividamento excessivo e problemas contábeis. Em alguns dias, o grupo perdeu 100 bilhões de valor de mercado. Ou quase 60% do seu valor. A empresa opera alguns dos maiores portos da Índia, uma grande quantidade de linhas de transmissão de energia, armazéns e um quinto do cimento do país. 

Braiscompany e a pirâmide financeira

Felipe Pontes divulga o caso da Braiscompany, uma empresa que oferece um investimento em Bitcoin para alguém e depois o investidor cede o ativo em aluguel. Típica pirâmide financeira. O texto completo está aqui. Eis um trecho revelador:


Ano a ano, de 2019 até 2022, eles tiveram respectivamente os seguintes retornos anuais: 88,50%, 83,19%, 87,44% e 83,28%. Isso quer dizer que quem “investiu” R$ 1 milhão em 2019, teria acumulado até dezembro de 2022 cerca de R$ 12 milhões. DOZE MILHÕES!

Como é que eles conseguiram esses retornos, mesmo com o inverno das criptomoedas e mesmo assim não estão conseguindo devolver o dinheiro aos seus “investidores”? Como é que eles estão devendo quase R$ 150.000,00 em alugueis no DF, segundo veículo da Paraíba?

Uma estratégia da empresa é aproximar de "famosos": 

Eles tentam mostrar que são amigos de pessoas famosas, como Romário (também político), Neymar, Falcão (o Rei do Futsal), Ronaldinho Gaúcho, Cafu, além de matérias em revistas famosas, para, mais uma vez, validar toda a sua relevância e inteligência para negócios como “um gênio obstinado”.

Qualidade dos Modelos de avaliação

The key purpose of corporate finance is to provide methods to compute the value of projects. The baseline textbook recommendation is to use the Present Value (PV) formula of expected cash flows, with a discount rate based on the CAPM. In this paper, we ask what is, empirically, the best discounting method. To do this, we study listed firms, whose actual prices and expected cash flows can be observed. We compare different discounting approaches on their ability to predict actual market prices. We find that discounting based on expected returns (such as variants on the CAPM or multi-factor model), performs very poorly. Discounting with an Implied Cost of Capital (ICC), imputed from comparable firms, obtains much better results. In terms of pricing methods, significant, but small, improvements can be obtained by allowing, in a simple and actionable way, for a more flexible term structure of expected returns. We benchmark all of our results with flexible, purely statistical models of prices based on Random Forest algorithms. These models do barely better than NPV-based methods. Finally, we show that under standard assumptions about the production function, the value loss from using the CAPM can be sizable, of the order of 10%.


O artigo original pode ser obtido aqui

Exxon previu o aquecimento global

A empresa Exxon sempre esteve no centro da polêmica sobre aquecimento global. A companhia de petróleo dos Estados Unidos negou, de maneira insistente, os efeitos do clima no futuro. Uma empresa de petróleo tem interesse neste assunto, já que a emissão de carbono é, de maneira geral, considerada uma das causas do aquecimento global, sendo que as empresas de petróleo responsáveis por uma grande parcela do problema. 

Assim, admitir o problema do aquecimento global corresponde, para as petrolíferas, reconhecer parte de sua responsabilidade na questão, o que pode induzir a eventuais passivos futuros. Afinal, governo e sociedade podem querer responsabilizar alguém pelo problema do clima e as empresas de petróleo, com grande volume de riqueza e uma associação com o problema, são as candidatas naturais para ações judiciais.

Entre as empresas do setor, a Exxon, pelo porte e pela posição firme na defesa de que não há um problema com o clima global, é o grande destaque. Uma pesquisa publicada este ano na revista Science expôs um aspecto importante da questão. Segundo os autores do estudo, os cientistas da Exxon previram o aquecimento global com precisão no período de 1977 a 2003. Isto, de certa forma, contradiz o discurso da administração, que negava o problema. 

Para chegar a esta conclusão, os pesquisadores coletaram os relatórios realizados pelos cientistas da empresa e constantes dos documentos internos. Isto permitiu chegar a previsões, que quando confrontadas com a realidade, mostraram muito próximas da realidade. 

Veja o gráfico abaixo:

O gráfico mostra a evolução de dados desde 1960 e vai até o ano de 2080. Este gráfico foi realizado no início dos anos 80. O incremento da temperatura está na parte de baixo do gráfico, onde a previsão é a linha escura e o valor observado a linha vermelha. Na verdade, neste gráfico, a previsão do estudo interno era de um aumento na temperatura acima do valor que foi observado; ou seja, a previsão interna era mais pessimista do que ocorreu, muito embora a diferença não seja tão substancial para uma estimativa de longo prazo. 

Mesmo com estes estudos, a Exxon negava, em público, as conclusões dos estudos. Ou mesmo denegria os modelos climáticos que faziam previsões de mudanças no futuro. 

O estudo é importante pois traz evidências que a empresa previu com precisão o aquecimento global, muito embora adotasse outra postura para o público externo. Para a contabilidade também pode servir de estudo para confrontar o discurso das informações constantes dos relatórios - e das estimativas de mensuração dos valores dos ativos e passivos - com o conhecimento da área técnica. 

Além disto, a divulgação da pesquisa pode servir de munição para àqueles que desejam uma alteração no pensamento das empresas poluidoras mundiais. 

Supran, G., Rahmstorf, S. & Oreskes, N. (2023). Avaliando as projeções de aquecimento global da ExxonMobil. Science. 379(6628). 

Veja também aqui. E aqui

Rir é o melhor remédio

Volte em 5 páginas. Para quem gosta de ler. 
 

Rir é o melhor remédio

 

Fonte: Aqui

05 fevereiro 2023

Musk absolvido

A famosa mensagem que Elon Musk digitou no Twitter sobre o fechamento de capital da Tesla, indicando que teria recursos para fechar a empresa por um valor de 420 por ação teve um julgamento público, quatro anos depois. Os jurados decidiram, depois de duas horas de deliberação e três semanas de juri, que Musk não foi culpado. 


A integridade de Musk esteve em causa no julgamento, bem como parte da sua fortuna que o estabelece como uma das pessoas mais ricas do mundo. Poderia ter sido condenado a pagar milhares de milhões de dólares por prejuízos, se o júri o tivesse considerado culpado pelas mensagens na Twitter em 2018, já qualificadas como falsidades pelo juiz que presidiu ao julgamento.

O julgamento centrou-se em saber se as mensagens de Musk, em 2018, enganaram os acionistas da Tesla, induzindo-os para uma direção que os fez perder milhares de milhões de dólares. O caso civil focou-se m duas mensagens divulgadas por Musk na Twitter, a 7 de agosto de 2018 sobre a retirada da Tesla da bolsa, através da compra das suas ações, o que nunca aconteceu.

Fonte: aqui

Dona da Ortopé é suspeita de fraude

O Ministério Público de São Paulo abriu uma investigação para apurar suspeitas de fraudes envolvendo a fabricante de calçados Dok, dona das marcas Ortopé e Dijean. A empresa é investigada por suspeitas de crimes como fraude, falsidade ideológica e lavagem de dinheiro. Há também outros 17 inquéritos instaurados pela Polícia Civil por acusações de estelionato. Procurada há dias pela reportagem, a empresa e seus advogados não responderam.


O grupo é acusado de usar notas frias, com base em vendas simuladas a grandes varejistas, para levantar dinheiro junto a bancos e fundos de investimentos. As transações falsas teriam gerado uma dívida estimada em R$ 382 milhões, com 90 instituições financeiras.

As notas fiscais simuladas indicavam vendas de R$ 20 milhões à Riachuelo, R$ 14,4 milhões com a Renner e R$ 4 milhões com a Puma. O Estadão/Broadcast teve acesso a e-mails e comunicados internos da C&A, Riachuelo e Renner, nos quais elas afirmam não reconhecer as movimentações. Há suspeita de falsificação do carimbo das varejistas para falsificar as operações.

“As referidas cobranças sequer foram acompanhadas dos números de pedidos de compra referentes às solicitações de fornecimento que seriam objeto de aludidas notas fiscais, tampouco foram encaminhados canhotos idôneos relacionados à efetiva entrega das mercadorias. Foram identificados, apenas, canhotos com carimbos e assinaturas falsos”, informou a C&A, em um comunicado interno que circulou no início de janeiro. (...)

Segundo a acusação, o esquema de fraudes teria origem em contratos simulados com grandes varejistas, ou seja, sem que a venda tivesse sido realizada. A partir deles, o grupo buscava antecipar recursos no mercado, com bancos e fundos de investimentos.

A partir de novembro, os títulos devidos às instituições financeiras começaram a atrasar. “Eles alegavam fornecimento contínuo, então todo mês havia liquidação dos títulos. Em dezembro, começou a surgir a inadimplência. Na sequência, os supostos devedores dos títulos [varejistas] começaram a informar que não tinham nenhuma pendência financeira. Ou seja, os títulos eram frios e não tinha ocorrido venda nenhuma”, afirma o advogado José Luis Dias da Silva, representante do Evolut Fundo de Investimentos em Direitos Creditórios, que negociava com o Grupo Dok.

Fonte: aqui