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01 agosto 2021

Medalha de Outro é de Prata


Durante os jogos olímpicos de Tóquio, os vencedores receberão medalhas de "ouro" com 6 gramas de revestimento de ouro. Em um peso total de 556 gramas, o custo seria de US$800, sendo US$360 do valor é ouro. A razão é que o ouro é caro. 

Se a medalha fosse feita totalmente de outro teria um custo de 35 mil.  

Somente nos jogos de St. Louis e de Londres (1904 e 1908) (foto acima) é que as medalhas foram totalmente de ouro. O preço também era bem mais razoável naqueles tempos (e o número de medalhas, menor).

Rir é o melhor remédio

 

Sair da zona de conforto nem sempre é fácil

31 julho 2021

Lucro das Gigantes de Tecnologia

A divulgação do resultado do segundo trimestre de 2021 das grandes empresas de tecnologia (Google, Amazon, Facebook, Apple e Microsoft) pode estar abaixo de alguma expectativa. Mas em comparação com 2020 é excelente. Veja o gráfico abaixo:


Além do lucro, as empresas também tiveram crescimento nas vendas. A Amazon obteve uma receita de 113 bilhões no trimestre. 

Jogos Olímpicos em dois gráficos

Alguns países valorizam a medalha de ouro. A Indonésia paga 746 mil dólares pela medalha, quase o mesmo valor que Cingapura. Alguns países não pagam nenhuma premiação, como a Inglaterra. Faz diferença no desempenho dos atletas? Parece que nem tanto.

Outro gráfico é o interesse em eventos esportivos


Os jogos olímpicos possuem uma audiência que pode alcançar 3,6 bilhões de pessoas. 

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Duas características de pessoas bem sucedidas

Qual a razão da existência de fofoca  (não é somente algo negativo)

E os finlandeses sobrevivem sem conversa fiada

Scientific American: talvez os alienigenas já estejam aqui

Novo livro de Michael Lewis sobre os heróis da pandemia (e não tem elogio ao CDC)

Seis erros comuns sobre voar


Rir é o melhor remédio

 

Dinheiro não compra felicidade, mas ...

30 julho 2021

Congresso

 








O prazo de submissão encerra dia 2. 

Canadá se candidata para receber o ISSB

No dia 26 de julho, a Fundação IFRS, em uma reunião por video conferência, começou a analisar a criação do Conselho Internacional de Padrões de Sustentabilidade (ISSB) e sua posição dentro na Fundação. Foi divulgado também uma correspondência do governo do Canadá, e mais 55 instituições públicas e privadas, onde o país faz o convite para localizar a sede da nova entidade no país da América do Norte. 

A correspondência indica que haveria um "Fundo de Boas-Vindas" expressivo para apoiar o período inicial de funcionamento da ISSB. O recurso manteria a independência da Fundação, mas não teria cobrança de juros. A Fundação gostou da proposta, mas determinou que até final de agosto receberiam manifestação de outras juridições para financiar o início da ISSB. 

Shakira acusada de sonegar impostos.

 

Shakira está sendo acusada de sonegação de impostos na Espanha. Ao contrário da manchete da Forbes, o valor da sonegação seria de 16,4 milhões, não bilhões. A cantora vivia na Espanha, mas tinha endereço fiscal nas Bermudas. Isto ocorreu entre 2012 e 2014. 

Outra acusação é que a cantora e seu contador usavam empresas em paraísos fiscais. 

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O português não precisa de "Top" 

Clarivate retirou fator de impacto de dez periódicos por autocitação excessiva

FRC britânico está investigando os auditores pela Greensill Capital e Gupta Lender (isso envolve políticos de peso)

Aqui também

Tentando encontrar a fortuna de Ferdinand Marcos

Lei de Arnold: quando alguém recebe o nome, ele não é o criador (dica de Bruno, grato) 


Rir é o melhor remédio

 

Dinheiro para guerra e para saúde, educação, ciência, artes ...

29 julho 2021

Informações Ambientais fora dos Relatórios Contábeis


Embora bancos e gigantes da tecnologia apoiem amplamente o impulso de Washington sobre as mudanças climáticas, eles argumentaram que prever com precisão como isso afetará seus negócios não será fácil, porque as divulgações dependeriam de premissas imprecisas. Por esse motivo, Amazon.com Inc., Bank of America Corp. e Facebook Inc. estão entre os titãs corporativos que instaram a SEC a manter os relatórios fora dos registros que detalham ganhos e outros resultados financeiros.

Fonte: aqui. Talvez essa seja a tendência, pelo menos a curto prazo. Mais ainda:

Uma grande preocupação para empresas e executivos é que eles podem enfrentar multas por cometer distorções ou omissões relevantes, principalmente se as divulgações estiverem em 10-Ks.

Uma aplicação interessante do Ponto de Equilíbrio


Eis uma aplicação interessante do ponto de equilíbrio.  Este conceito mostra em que nível de quantidade a empresa deve produzir e vender para atingir o lucro. A aplicação apresentada aqui (e aqui também) está relacionada com o carro elétrico. Sua viabilidade está na comparação com o carro de combustão e o critério é o dano ao meio ambiente. Ao comprar um carro elétrico (EV na abreviatura em inglês), o mesmo irá poluir menos o ambiente. Mas no processo de produção do EV, há problemas no processo de emissão. 

O texto apresenta uma aplicação entre um Tesla e um automóvel comum. Eis o resumo do resultado:

Para causar menos danos ao meio ambiente que um veículo que utiliza gasolina, seria necessário dirigir seu carro elétrico por mais de 21.725 km

Esse é o resultado da análise de dados da Reuters de um modelo que calcula a emissão de veículos, uma questão muito debatida e que está ganhando destaque no momento em que governos ao redor do mundo pressionam por transportes mais verdes para atingir metas climáticas.

O modelo foi desenvolvido pelo Laboratório Nacional Argonne em Chicago e inclui milhares de parâmetros, do tipo de metais na bateria de um EV (sigla em inglês para veículo elétrico) à quantidade de alumínio ou plástico em um carro.

(...) Jarod Cory Kelly, principal analista de sistemas de energia da Argonne, afirmou que produzir veículos elétricos gera mais carbono do que carros com motor de combustão, principalmente por causa da extração e do processamento de minerais em baterias dos EVs e da produção de células de energia.

Mas estimar quão grande é essa diferença em emissões de carbono quando o carro é vendido e onde está o ponto em que se igualam durante a vida útil de um veículo elétrico pode variar muito, dependendo das premissas.

Kelly afirmou que o período depende de fatores como o tamanho da bateria dos EV’s, a economia de combustível de um carro a gasolina e como a energia usada para carregar o veículo elétrico é gerada.

A Reuters inseriu uma série de variáveis no modelo da Argonne, que tem mais de 43.000 usuários até 2021, para chegar a algumas respostas.

O cenário do Tesla 3 descrito acima envolvia dirigir nos Estados Unidos, onde 23% da eletricidade é gerada por usinas de carvão, com uma bateria de 54 kilowatts por hora e um cátodo feito de níquel, cobalto e alumínio, entre outras variáveis.

A comparação foi feita com um Toyota Corolla abastecido com gasolina e que pesa 1.340 quilos com eficiência de 53 km a cada 3,7 litros (ou um galão). Foi presumido que os dois veículos rodassem 278.659 km durante suas vidas úteis.

Mas se o mesmo modelo da Tesla fosse usado na Noruega, que gera quase toda a sua eletricidade a partir de hidrelétricas renováveis, o ponto de equilíbrio viria após apenas 13.518 km.

Se a eletricidade para recarregar o veículo elétrico viesse totalmente de carvão, que gera a maioria da energia em países como China e Polônia, você teria que dirigir 126.655 km para chegar à paridade de emissão de carbono com o Corolla, segundo a análise da Reuters de dados gerados pelo modelo da Argonne.

A análise da Reuters mostrou que a produção de carros elétricos de tamanho médio gera 47 gramas de dióxido de carbono por milha (1,6 km) durante o processo de extração e produção, ou mais de 8,1 milhões de gramas antes que chegue ao primeiro cliente.

Em comparação, um veículo similar de gasolina gera 32 gramas por milha, ou mais de 5,5 milhões de gramas.

Michael Wang, cientista sênior e diretor do Centro de Avaliação de Sistemas da divisão de Sistemas de Energia da Argonne, afirmou que os veículos elétricos depois geralmente emitem muito menos carbono ao longo de uma vida útil de 12 anos.

Mesmo no pior cenário em que um veículo elétrico é carregado apenas com uma rede de energia abastecida por carvão, geraria um extra de 4,1 milhões de gramas de carbono por ano, em comparação com um carro a gasolina que produziria mais de 4,6 milhões de gramas, mostrou a análise da Reuters.

“WELL-TO-WHEEL”

A Agência de Proteção Ambiental dos EUA afirmou à Reuters que usa o modelo para ajudar a avaliar os padrões para combustível renovável e gases de efeito estufa de veículos, enquanto o Conselho de Recursos do Ar da Califórnia o utiliza para ajudar a avaliar o cumprimento de padrões de combustível de baixo carbono do estado.

A EPA disse que também usou o modelo para desenvolver um programa online que permite que clientes nos EUA estimem as emissões dos veículos elétricos com base nos combustíveis usados para gerar energia elétrica nas regiões onde moram.

VEJA MAIS: Corrida espacial entre bilionários aquece após Virgin Galactic conseguir licença para transportar passageiros

Os resultados da análise da Reuters são similares aos de uma avaliação do ciclo de vida de veículos elétricos e veículos com motores de combustão na Europa do grupo de pesquisa IHS Markit.

Seu estudo desde a fase de produção do veículo até a utilização final (well-to-wheel) mostrou que o ponto de equilíbrio típico para emissões de carbono de EVs era por volta de 24 mil a 32 mil km, dependendo do país, segundo Vijay Subramanian, diretor global de cumprimento de dióxido de carbono (CO2) do IHS Markit.

Ele afirmou que essa abordagem mostrou que há benefícios de longo prazo na mudança para veículos elétricos.

Outros são menos otimistas em relação aos veículos elétricos.

O pesquisador da Universidade de Liège, Damien Ernst, afirmou em 2019 que o típico veículo elétrico teria que viajar quase 700.000 km até emitir menos CO2 do que um veículo comparável a gasolina. Ele depois revisou os seus números para baixo.

Agora, estima que o ponto de equilíbrio pode estar entre 67.000 km e 151.000 km. Ernst disse à Reuters que ele não planeja mudar essas descobertas, que são baseadas em um pacote diferente de dados e suposições em relação ao modelo da Argonne.

Outros grupos também continuam defendendo que os veículos elétricos não são necessariamente mais limpos ou verdes do que carros abastecidos com combustível fóssil.

O instituto American Petroleum, que representa mais de 600 empresas da indústria do óleo, afirma em seu site: “vários estudos mostram que, com base no ciclo de vida útil, diferentes conjuntos de motores automotivos resultam em emissões de gases do efeito estufa similares”.

O Laboratório Nacional Argonne é financiado pelo Departamento de Energia dos EUA e operado pela Universidade de Chicago. 


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Khaby Lame e o sucesso no TikTok

O corpo do atleta, durante e após a competição (fotos) (Acima, a perna de um ciclista depois de uma corrida)

Roubo de caminhões com cobre na África no valor de milhões de dólares

Vídeo: Tão ruim que faz Friday parecer uma sinfonia

Rir é o melhor remédio

 


28 julho 2021

ESG e Investidores


E por que acredito que ESG não cria confiança na sociedade? Porque não representa o olhar da sociedade – ESG representa o olhar do investidor. ESG tem uma abordagem predominante de riscos. Os investidores não querem que impactos sociais (como ex. corrupção) ou ambientais (como ex. a rutura de uma barragem) estraguem os lucros deles. (Heiko Spitzeck, Fundação Dom Cabral)

Fonte: aqui

Há uma simplificação muito grande aqui. O melhor talvez fosse "os investidores não querem que os lucros deles sejam estragados por problemas sociais ou ambientais". 

Conservadorismo no esporte

 


Em 1980, o basquete adotou a regra dos três pontos. Em termos simples, um arremesso na cesta a partir de uma região mais distante teria um valor maior que um arremesso certo, mas próximo da cesta.

Isto representa uma mudança nas regras, as uma análise histórica mostra que somente muitos anos depois é que o esporte sofreu uma alteração na sua forma de jogar.

Uma análise estatística mostra que a cesta de três pontos tem um valor de 50% a mais que a cesta de dois pontos. É um prêmio bem interessante. Além disso, diante da ameaça de fazer três pontos, a marcação do time defensor tem que mudar. Isso deveria abrir o jogo, criando espaços. Outro fato é que o erro em uma tentativa de três pontos geralmente não rende um contra-ataque, ao contrário da cesta de dois pontos.

Mas desde a mudança nas regras, a tentativa de fazer três pontos foi subutilizada. O número médios de arremessos de três pontos por equipe e por jogo era de 2 em 1980. Cinco anos depois, em 1985, o número aumentou para 3,3. Eis a evolução nos anos seguintes:

1980: 2.0

1985: 3.3

1990: 7.1

1995: 13.2

2000: 14.9

2005: 16.8

2010: 18.1

2015: 24.1

2020: 34.6

Qual a razão? A conservadorismo das pessoas. 

Revisões profissionais ou palpites da massa

A popularização do sistema de avaliação criou uma questão importante: qual opinião é mais relevante, dos críticos ou das classificações baseadas nas multidões? Veja o caso do cinema; o IMDb utiliza a opinião das pessoas que queiram palpitar sobre seu filme, enquanto o Rotten trabalha com os críticos. Ou o caso da avaliação de um restaurante. Ou a avaliação de um livro.

Existindo sabedoria das multidões, o razoável seria indicar que o sistema de classificações das multidões. Eis uma pesquisa importante sobre o assunto: 

Em um artigo na American Economic Review, Waldfogel e co-autor Imke Reimers investigaram os impactos relativos das análises dos críticos profissionais e das classificações baseadas em multidões no bem-estar do consumidor de mercado de livros.

Waldfogel e Reimers se concentraram em livros vendidos pela Amazon, responsável por quase metade do mercado de livros físicos dos EUA. Eles usaram medidas diárias de classificações de vendas e classificações por estrelas baseadas em multidões para 21.546 edições vendidas durante 2018 e fizeram referência cruzada desses dados com análises profissionais, incluindo The New York Times.

Revisões profissionais e classificações da Amazon tiveram impactos significativos nas vendas. Nos primeiros cinco dias após a publicação, as vendas do livro melhoraram 55% e, ao longo de um ano, as vendas aumentaram 2,8%. As críticas aumentaram a receita de vendas de livros em quase US $ 20 milhões. Os ratings de estrelas da Amazon renderam um aumento de US $ 27,51 milhões.

As figuras abaixo mostram os impactos do New York Times (painel esquerdo) e outras revisões profissionais importantes (painel direito) por 20 dias antes e 40 dias após a revisão. O painel esquerdo mostra que o Times ofereceu uma melhoria imediata no ranking de vendas. (...) Outras análises profissionais também têm um impacto considerável, embora não tanto quanto a revisão do Times. 



(...) Apesar argumentos em contrário, o crescente domínio do mercado da Amazon não enfraqueceu a influência de revisores profissionais. Os autores descobriram que a crítica do NY Times não teve menos impacto em 2018 do que em 2004.

Rir é o melhor remédio

"Ei senhor, quer limonada?" pergunta uma criança

O corretor de bolsa, na sua BMW novinha, resolve olhar com calma. Tem uma placa dizendo:

"Limonada R$50".

"O seu letreiro está errado", diz o corretor. "Acho que quer dizer R$5".

A criança balança a cabeça. 

"Não, cinquenta reais senhor. Preciso do dinheiro para comprar um celular novo!"

O corretor de bolsa faz uma pausa de um minuto. Era evidente que a criança estava fazendo besteira.

"Olha querida, sei que está tentando ganhar dinheiro, mas tens de cobrar o que as pessoas estão dispostas a pagar. Ninguém vai pagar tanto por uma limonada. Conhece o conceito de valor justo?"

A criança escuta e diz: 

"Cinquenta reais, senhor"!

O corretor de bolsa dá um suspiro, discordando. 

"Está bem. Você não pode ter lucro quando ninguém paga o seu preço. Tem mais alguma coisa à venda?"

"Bolachas caseiras, dois reais"

"OK olha, eu estudei contabilidade e tenho uma especialização e por isso vou ensinar-te um pouco sobre negócios, está bem?" 

A criança sacode a cabeça e sorri. 

"Não, obrigado, senhor. Cinquenta reais a limonada, por favor!"

"Eu desisto. Toma dez reais e vou comprar cinco das suas bolachas. Mas não comprarei a limonada, que está muito cara. Estou tentando ser simpático e ensinar sobre negócios, mas desisto".

"Está bem!". 

A criança pega os dez reais e coloca cinco bolachas em um prato. O corretor decide comer uma das bolachas na frente da criança. De repente, começa a tossir de maneira incontrolável.

"Oh meu Deus...o que é...o que é que tem aqui?"

A criança sorri alegremente e diz: 

"É a minha receita especial! Ovos, farinha, manteiga, cacau e pelo de cabra"!

"Isto é horrível! Tenho de tirar este sabor da minha boca"!

A criança diz sorridente: 

"Quer limonada?

Adaptado daqui

27 julho 2021

Sobre o custo das Olimpíadas


As Olimpíadas possuem um custo elevado para o país hospedeiro. A seguir, um texto da mala direta do New York Times, por Andrew Ross Sorkin e Sarah Kessler

A cerimónia de abertura olímpica de ontem teve um ano de atraso e teve lugar num estádio quase vazio, durante um estado de emergência. Os Jogos, que a maioria dos residentes do Japão teria preferido adiar ou cancelar novamente, serão, no mínimo, invulgares - e um desastre de saúde pública, no pior dos casos. 

Mas a grande quantidade de dinheiro que Tóquio vai queimar ao acolher o evento enquadra-se perfeitamente nas fogueiras financeiras ainda a arder em muitos locais de antigos Jogos Olímpicos.  

Tóquio disse inicialmente que iria gastar 7,3 bilhões de dólares, mas uma auditoria governamental de 2019 colocou as despesas reais em cerca de 28 bilhões de dólares.  

Todos os Jogos Olímpicos desde 1960 ultrapassaram o orçamento, uma média de 172 por cento em termos de inflação ajustada, de acordo com uma análise feita por investigadores da Universidade de Oxford. Eles concluíram que esta foi "a maior ultrapassagem de todas para qualquer tipo de megaprojeto", ultrapassando largamente estradas, pontes, barragens e outros grandes empreendimentos.  

Para os Jogos de Verão de 2016, o Rio de Janeiro orçamentou 14 bilhões de dólares e gastou cerca de 20 bilhões, de acordo com dados recolhidos pelo Conselho de Relações Exteriores. Sochi, na Rússia, orçamentou 10,3 bilhões de dólares para os Jogos Olímpicos de Inverno de 2014 e gastou mais de 51 bilhões de dólares. E Londres, o anfitrião de Verão em 2012, orçou 5 bilhões de dólares e gastou 18 bilhões de dólares.  

Outro estudo, publicado no Journal of Economic Perspectives, examinou como as projeções cor-de-rosa do impacto econômico dos Jogos - geralmente encomendadas por organizações com interesse em que a sua cidade acolhesse o espetáculo - se desviaram da realidade. Concluiu que os efeitos reais "estão próximos de zero ou uma fracção do previsto antes do evento".  

Poucos investigadores estudaram mais os negócios dos Jogos Olímpicos do que Andrew Zimbalist, um professor do Smith College que publicou três livros sobre a economia dos Jogos Olímpicos. A sua pesquisa levou-o a levantar questões sobre o valor para as cidades da realização das Olimpíadas - e influenciou algumas cidades a recuar em relação à licitação. Ele acredita que Tóquio gastou mais com os Jogos Olímpicos do que a auditoria governamental de 2019 estimou e espera que os Jogos percam pelo menos 35 bilhões de dólares.  

"Vão ser elefantes brancos", disse ele sobre muitos dos edifícios e recintos olímpicos recentemente construídos. "A razão pela qual não existiam antes das Olimpíadas é porque não havia uma utilização economicamente viável para eles".  

DealBook falou com o Sr. Zimbalist sobre a razão pela qual ele acredita que acolher os Jogos Olímpicos, mesmo em tempos normais, é ruim para as cidades - e porque é que elas acabam por competir para os acolher de qualquer maneira. Ele também tem uma solução inteligente para resolver tudo isto.  

Como é que as cidades olímpicas acabam por gastar bilhões de dólares?  

O orçamento elaborado pelo comité organizador é para o funcionamento dos Jogos durante 17 dias. Para além dos 17 dias, nos últimos anos começaram também a incluir algumas outras despesas, como locais temporários. O valor que estão utilizando para Tóquio é de cerca de 15 bilhões de dólares. Não inclui a construção do estádio nacional, a construção da Aldeia Olímpica e a aldeia dos meios de comunicação social. Também não inclui nenhum dos investimentos em infraestrutura de transporte, comunicação e hospitalidade que foram feitos para acolher os Jogos. O número em si é muito fungível, dependendo do que se pretende incluir.  

Para onde mais vai o dinheiro?  

O orçamento de segurança será de cerca de 2 bilhões de dólares. Depois há transporte para as 205 equipas olímpicas que estão chegando a Tóquio. O Comité Olímpico Internacional paga todos os voos para que cheguem a Tóquio.  

Se olhar para o documento de licitação, o COI exige muitas despesas de hospitalidade - Thomas Bach e John Coates e outros para ficar em hotéis de luxo e as suas refeições. É preciso pagar pelos 11.000 atletas e seus treinadores e treinadores que estiveram na Aldeia Olímpica. Têm de pagar o alojamento, alimentação, cuidados de saúde e assim por diante. E outra coisa que está lá, a propósito, são os 3 bilhões de dólares que custou o adiamento.  

Porque é que as cidades continuam a concorrer às Olimpíadas se, como argumentam, a economia é tão ruim?  

Se recuarmos quatro ou cinco Jogos Olímpicos, temos consistentemente várias cidades europeias a desistir das suas candidaturas por causa de um plebiscito ou os seus residentes votaram: "Não, não queremos fazer isto". Eles estão a olhar para o balanço, que é esmagadoramente negativo. Estão olhando para as perturbações sociais e ambientais, o que é extremamente problemático.  

O que o COI fez em resposta a isso foi introduzir algumas reformas tépidas. Uma das quais é colocar toda a licitação atrás de portas fechadas. Eles estão fartos e cansados de serem envergonhados pelas cidades que desistem. Por isso, o processo é agora secreto.  

Mas algumas cidades ainda querem fazer isto, certo?  

A principal resposta é que os executivos da indústria da construção decidiram que isto seria uma coisa maravilhosa para a sua indústria. Vão receber bilhões de dólares de contratos. Podem alinhar, claro, os sindicatos, e alguns banqueiros de investimento. Contratam uma empresa de consultoria para fazer um estudo de impacto económico, que utiliza uma metodologia defeituosa e faz algumas suposições irrealistas. E saem com "Por Deus, isto vai colocar a nossa cidade no mapa".  

Então trata-se de desalinhamentos?  

Se, digamos, a Deloitte, tendo sido contratada por uma câmara de comércio, e dissesse: "Isto é uma ideia louca. A vossa cidade nunca deveria fazer isto", nunca mais vão fazer outro estudo de impacto econômico para um evento desportivo gigantesco. Portanto, este é o seu modus operandi.  

E quanto aos 4 bilhões de dólares que o COI recebe das emissoras?  

Os membros individuais não fazem nada, exceto que são tratados com hospitalidade. O COI tem uma estrutura operacional imensa e elaborada com todos os tipos de subcomissões e subagências. Assim, os seus custos operacionais são bastante substanciais. Estão provavelmente na ordem dos 15% das suas receitas totais ao longo de um ciclo olímpico de quatro anos.  

Acha que os direitos de transmissão irão ganhar ou perder valor no futuro?  

Bem, será que vamos começar a apostar nos Jogos Olímpicos? Certamente que a decisão do Supremo Tribunal invalidando a Lei de Protecção do Desporto Profissional e Amador é uma indicação de que as apostas desportivas vão atingir todas as ligas desportivas. Isto pode ser um grande item gerador de receitas para as taxas de direitos de transmissão.  

Os próximos Jogos Olímpicos serão em Pequim este Inverno. Como espera que se realizem?  

Imagino que há uma enorme quantidade de impulso político para COI ter selecionado Pequim. É claro que só tinham escolha entre Pequim e Almaty, Cazaquistão. Foi uma escolha da Hobson.  

Será que Pequim vai ganhar dinheiro?  

Estão a fazer coisas realmente loucas, loucas. Selecionaram dois locais a 60 e 120 milhas a norte de Pequim para acolher os eventos de esqui nórdico e alpino. Ambas as áreas são áridas - não muito longe do deserto de Gobi. Têm de investir dezenas de bilhões de dólares num sistema de transferência de água, porque vão ter de utilizar neve artificial. Nada disso vai aparecer no orçamento olímpico. É extremamente estúpido gastar tanto dinheiro para promover o esqui no norte da China, quando não é um desporto muito popular. Eles admitiram ter gasto 44 bilhões de dólares para os Jogos de Verão de 2008.  

Quanto é que as Olimpíadas têm países e cidades a demonstrar poder político?  

É difícil para mim imaginar que o Presidente Xi pense que isto vai colocar Pequim no mapa. Uma das coisas que aprendemos em 2008 foi que Pequim foi terrivelmente poluída, e aprendemos muito mais sobre a repressão na China devido à transmissão dos Jogos.  

Então porque é que o Japão concorreu?  

Em 1964, uma das coisas com que o Japão estava tão feliz quando acolheu os Jogos Olímpicos foi a oportunidade de dizer ao mundo: "Já não fazemos parte das potências do Eixo. Somos uma sociedade capitalista jovem e em crescimento". Em certa medida funcionou, porque eles estavam se transformando dramaticamente.  

Quando licitaram em 2013, promulgaram estas ideias no Japão: "Íamos poder mostrar ao mundo que recuperámos de Fukushima e que o milagre económico - que parou no início dos anos 90 e foi seguido de três décadas de estagnação - ultrapassámos isso".  

Identificou muitos problemas. Tem uma solução?  

Se estivéssemos a viver num mundo racional, teríamos a mesma cidade a acolher os Jogos de dois em dois anos. Não há razão para reconstruir o Shangri-La Olímpico de quatro em quatro anos. Não faz sentido para as cidades. Não faz certamente qualquer sentido do ponto de vista das alterações climáticas. Quando os Jogos Olímpicos modernos foram criados em 1896, não tínhamos telecomunicações internacionais e viagens internacionais em jactos. Assim, para que o mundo participasse e desfrutasse das Olimpíadas, era necessário deslocá-lo de um lado para o outro. Já não temos de fazer isso.  

Acha que o COI alguma vez faria isso?  

Eles não vão responder positivamente a essa ideia. O seu papel no mundo e o seu prestígio no mundo, e a sua definição de si próprios, giram em torno do seu poder de decidir onde vão decorrer os Jogos Olímpicos. Porque é que abdicariam desse poder?  

E quanto à parte dos Jogos Olímpicos que se sente bem? Não acredita no argumento de que as Olimpíadas unem o mundo?  

Gosto de um pouco do simbolismo das Olimpíadas. Não tenho a certeza de quão penetrante é, mas gosto da ideia de reunir os melhores atletas do mundo de 205 países, e de os fazer competir uns contra os outros no campo de jogo e não no campo de batalha. Isso tem ressonância para mim. Gosto disso. Agora, até onde é que isso nos leva? Não penso que muito longe. É um simbolismo muito caro.