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17 abril 2019

Como sobreviver sem assinar periódicos

A Revista Fapesp apresenta uma discussão sobre as alternativas de obter um artigo sem possuir assinatura de periódicos. A parte interessante do texto é a figura abaixo, com algumas das estratégias possíveis:
Em muitos casos, um artigo pode ser obtido através de um download nas páginas de busca ou diretamente do periódico. Quando isto não funciona, uma possibilidade é obter uma versão anterior do texto; o problema é fazer a citação de um texto preliminar, que não é bem visto nos artigos científicos. Existem diversos caminhos alternativos, que inclui um site ilegal, como o Sci-Hub, cópia via torrent ou obter o texto através de amigos (ontem consegui um texto por este caminho). Outra alternativa é evitar citar as referências com acesso restrito; quando isto for possível é uma boa forma de protestar contra o abusivo preço cobrado pelas editoras. 

As dicas do artigo podem realmente serem uteis. Não conhecia algumas delas e poderei usar em uma próxima oportunidade. 

Auditoria do Banco Espírito Santo é punida

Em 2014, o banco português Espírito Santo apresentou uma série de problemas. Deste banco, foi criado o Novo Banco, que também não escapa das dificuldades de uma instituição financeira. Desde 2014, o papel dos gestores e dos auditores tem sido questionado.

Agora, o Banco de Portugal acusou a auditora do BES por informação incompleta e falsa, entre 11 de fevereiro a 30 de maio de 2014. Além da condenação da empresa de auditoria, a KPMG, dois auditores também foram condenados. A KPMG deve pagar um multa de 3 milhões de euros. Os dois auditores a uma multa de 825 mil euros, o que totaliza uma punição de 3,825 milhões de euros.

Custo da construção de igrejas góticas em Paris

Marginal Revolution escavou uma dissertação de Amy Denning (com 20 páginas!!) que mostra o custo da construção de igrejas góticas entre 1100 a 1250. Segundo a tese, em média 21,5% da economia regional de Paris foi dedicada a construção das igrejas góticas (incluíndo Notre Dame), sendo 1,5% de custo da mão-de-obra implícita.

Denning trabalha com estimativas, mas indica na conclusão que os valores talvez sejam conservadores. Ela especula que o gasto excessivo com estas edificações tiveram os efeitos típicos de alocações ruins existentes em monopólios: crescimento ruim da economia, falha na inovação, recursos distribuídos de maneira inadequada, entre outros aspectos. Ela conclui o trabalho

Knowing the detrimental effects that resource misallocation has on economies, I stipulate that the costs of the ecclesiastical building campaigns could have added several hundred years to the Dark Ages

Rir é o melhor remédio

Novo CPC para estudar

16 abril 2019

Em 2024 a Índia será o pais mais populoso do mundo

O gráfico mostra a história da população de seis países do mundo. Há muitos anos a China é o país mais populoso do mundo. Em 1750, 28% da população mundial, ou 225 milhões de pessoas, tinha nascido na China.

Com base nas projeções atuais, em 2024 a Índia deverá ser o país mais populoso do mundo. Deve atingir a 1,6 bilhão de pessoas. A Nigéria poderá ser o terceiro país mais populoso da Terra a partir de 2050.

Notre Dame 3

Qual a razão de ficarmos horrorizados com um incêndio como Notre Dame? Quartz lembrou com precisão escritora crota Slavenka Drakulić

We expect people to die. We count on our own lives to end. The destruction of a monument to civilization is something else. The bridge, in all its beauty and grace, was built to outlive us; it was an attempt to grasp eternity. Because it was the product of both individual creative and collective experience, it transcended our individual destiny. A dead woman is one of us—but the bridge is all of us, forever.

Notre Dame 2

Uma visão otimista do incêndio de Notre Dame:

A destruição da catedral de Notre Dame é lamentável. Um ícone maravilhoso foi em grande parte destruído pelo fogo. No entanto, não devemos nos desesperar.

Parte da razão pela qual essa perda é tão perturbadora é porque estamos imersos em um modo de pensar ocidental que iguala a autenticidade à preservação dos materiais originais usados ​​para criar um objeto ou edifício.

Mas nem todas as sociedades pensam assim. Alguns têm noções bem diferentes do que é autêntico. Construções icônicas como o Palácio de Catarina na Rússia e os monumentos históricos do Japão da Antiga Nara foram restaurados com sucesso, às vezes após grandes danos, e hoje são apreciados por milhões de pessoas. (...)

a autenticidade de um edifício é determinada em relação à sua localização e configuração, uso e função, espírito e sentimento, bem como forma e materiais. (...)

Outra maneira seria restaurar a estrutura de maneira semelhante à do palácio de Catarina I, em que um olho não treinado tem dificuldade em distinguir entre as partes antiga e nova da estrutura. Dada a extensão do dano, esta seria a abordagem mais esteticamente agradável e menos dissonante.

Ao contrário de outros lugares de profundo significado cultural, que podem ser destruídos para sempre devido ao desenvolvimento comercial, a Notre Dame pode ser reconstruída. Com a tecnologia moderna, é totalmente possível que a catedral seja recriada com precisão aproximada ao original. Podemos fazer isso e manter o espírito e sentimento do prédio anterior.

Notre Dame


  • A discussão contábil sobre o incêndio em Notre Dame passa pelo conceito de heritage asset e sua mensuração
  • A estimativa do custo de reposição irá depender das decisões sobre restaurar ou replicar e o nível de detalhe na reconstrução do prédio.

O incêndio que atingiu a Catedral de Notre Dame deve ter chocado o leitor deste blog. Como nosso lema é “débitos e créditos da vida real”, fiquei na obrigação de escrever algo sobre o fato, sob a ótica contábil. Vamos cometar dois conceitos importantes: heritage asset e custo de reposição.

A contabilidade estuda edíficios como a Catedral de forma aprofunda há muitos anos e o termo usado é “heritage asset”. Este tipo de ativo fornece uma contribuição para sociedade, para uma nação, podendo ser um ativo físico, como a catedral, ou uma herança cultural intangível. Sabemos que um ativo como este possui um valor. A grande dificuldade da contabilidade é mensurar o quanto vale. Os métodos existentes não conseguem captar plenamente o “valor” de um heritage asset e seriam muito mais uma aproximação do seu valor real.

O incêndio destruiu um ativo. Mas certamente não sabemos o que isto representa em termos de unidade monetária. Uma das formas de mensurar é fazer uma estimativa de quantas pessoas visitavam este local e o que significava para a economia do local este turismo. Parece lógico e simples, mas isto não diz muita coisa sobre o valor; no caso de Notre Dame, “talvez” o incêndio possa atrair mais turistas que antes. (Aqui uma informação sobre as doações para reconstruir o prédio) Se isto ocorrer, a mensuração deveria indicar que ocorreu uma valorização contábil, o que não faz sentido.

Outro aspecto importante, também sobre a ótica contábil, é o conceito de custo de reposição (mas não o de custo corrente). O custo de reposição lida com a necessidade de reconstruir o local, da forma mais próxima ao que existia anteriormente. Certamente será esta a decisão dos franceses (mas não foi esta a decisão com respeito as torres gêmeas do 11 de setembro), o que implica no cálculo da reposição. Isto parece simples, mas o rigor na reposição pode afetar o montante que a França irá desembolsar para reconstruir Notre Dame. A decisão entre restaurar ou replicar o que existia mudará o valor da reposição. Se incluir os ativos portáteis também.

Um olhar sobre tragédias similares, como o incêndio do Palácio de Catarina (destruído pelos nazistas), o templo Toda-ji (restaurado no século XIX), o Museu Nacional, o Palácio de Inverno Russo e a Catedral de York, pode ajudar a entender um pouco o significado do incêndio em Notre Dame. Talvez não.

Queda no dinamismo dos négocios: 10 fatos

Queda do dinamismo dos négocios nos EUA


1. Market concentration has risen.



2.Average markups have increased.




3.Average profits have increased.



4.The labor share of output has gone down.



5.The rise in market concentration and the fall in labor share are positively associated.



6.The labor productivity gap between frontier and laggard firms has widened.




7.Firm entry rate has declined.


8.The share of young firms in economic activity has declined.


9.Job reallocation has slowed down.


10.The dispersion of firm growth has decreased





Ufuk Akcigit and Sina T. Ates
NBER Working Paper No. 25755April 2019

Rir é o melhor remédio

Via aqui

15 abril 2019

Palmas para Grant Thornton

Em 2014 a Grant Thornton apresentou problemas na inspeção realizada pelo PCAOB em 65% dos trabalhos fiscalizados de 2012. Era o pior desempenho entre as empresas de auditoria.

Agora, em relatório de março, o PCAOB informou que inspeciou 34 auditorias de 2017 realizadas pela Grant Thornton. E encontrou problemas em 6 delas. Isto representa 18% de deficiência. É a primeira vez que uma empresa apresenta um índice abaixo de 20% desde 2019.

Danske, Parte 2


  • Descobriu que o maior banco da Dinamarca, o Danske, estava envolvido em lavagem de dinheiro através da filial da Estônia
  • A investigação também atingiu o Deutsche Bank, o Swedbank e, agora, a empresa de auditoria EY
  • As autoridades acusam a EY de ter falhado na comunicação do problema.


O Danske Bank, instituição financeira da Dinamarca, está envolvido em um escândalo relacionado com lavagem de dinheiro (aqui um resumo publicado no Blog). Na sexta passada, as autoridades da Dinamarca comunicaram que estão investigando a qualidade do trabalho da auditoria do banco. A investigação também está sendo realizada nos Estados Unidos, Estônia (de onde o banco foi “expulso”), França e Grã-Bretanha. Os pagamentos realizados na filial da Estônia, entre 2007 a 2015, para pessoas da Rússia e outras localidades do leste europeu, parece ter incomodado.

A EY foi a empresa responsável pela auditoria do Danske até 2015, quando a Deloitte assumiu a função. A empresa de auditoria não teria feito seu papel, tendo falhado na comunicação com as autoridades. A EY sabia do problema. A questão parece que sobrou também para a KPMG, que auditou o Kobenhavns Andelskasse, também usado para lavagem de dinheiro.

Mas existem críticas para as autoridades reguladoras, tanto da Dinamarca quanto da Estônia, que demoraram a reagir ao escândalo. As denúncias também alcançaram o Deutsche Bank e o Swedbank. Por sinal, o banco sueco contratou a EY para ajudar no trabalho de investigação, mas cancelou o contrato diante da pressão pelo fato da auditoria estar envolvida no escândalo, via Danske.