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26 abril 2018

Uma boa e uma ruim

Duas notícias recentes sobre projetos de lei para área pública.

Nesta semana, o Senado aprovou um projeto que apresenta uma novidade: a obrigação do governo de fazer uma revisão anual dos gastos públicos.

"Diversos países da OCDE institucionalizaram planos de revisão periódica de gastos públicos após a crise financeira de 2007. Na literatura internacional especializada, esses planos são conhecidos como "Spending Reviews". Este plano de revisão de gastos nada mais é do que um processo transparente de elaboração e adoção de medidas de criação de poupança", afirmou no texto.


Aparentemente uma evolução. Mas o PL 7448/17, prestes para ser sancionado, parece algo mais preocupante. Primeiro, há uma denúncia de que o parecer do relator foi encomendado por advogados de empreiteiras. Mais ainda, segundo a análise de Selene Nunes, o projeto é uma forma de descumprir a LRF, entre outras normas. Selene Nunes chama a atenção, entre outros fatos, da tramitação estranha:

O mais surpreendente é que uma legislação com impacto tão amplo seja adotada contrariando seu próprio princípio de previsão das consequências. O PL tramitou sem votação em Plenário da Câmara dos Deputados e sem audiências públicas para discutir os impactos. Mesmo no Senado, onde ocorreu uma única audiência pública, apenas representantes do Poder Executivo foram convidados a opinar.

Mais sobre o futebol português

Descrevemos aqui um caso que envolve arbitragem, invasão de e-mails, uso de senha do sistema de judiciário português e acusações de compra de resultados. Os problemas envolviam os três principais clubes portugueses, o Benfica, o Sporting e o Porto.

Para ter divulgado e-mails comprometedores sobre seu adversário, o Porto aparentemente lançou mão de hackers, que invadiram os computadores dos adversários. Agora, Sporting e Benfica querem uma indenização do clube:

Sporting Lisboa e Benfica deu entrada com uma ação judicial contra o FC Porto onde reclama uma indemnização de 17,7 milhões de euros, no âmbito do chamado “Caso dos mails”, mas o jornal “A Bola” noticia que estão mais ações em preparação, cujo valor global pode ultrapassar os 50 milhões de euros.

A ação judicial intentada pelo Benfica já deu entrada no Tribunal Cível do Porto e decorre da decisão do Tribunal da Relação do Porto em dar provimento à providência cautelar e proibir a divulgação de mais mensagens de correio eletrónico do Benfica por elementos do FC Porto.

Rir é o melhor remédio


Fonte: Aqui

25 abril 2018

Corrupção, segundo a EY

Uma pesquisa da EY sobre corrupção em 55 países fez a seguinte pergunta:

Bribery/corrupt practices happen widely in business in your country/region?


O primeiro lugar ficou para ... Brasil, com 96% de resposta. Em 2012, o país estava em segundo, com 84%. Segundo a EY, o Brasil seria mais corrupto que Colombia, Nigéria, Quênia, Peru, África do Sul, Chipre, México, Ucrânia e Argentina, os países que completam a lista dos dez mais corruptos.

O release da pesquisa não esclarece muito sobre  a metodologia, informando apenas foram entrevistas com executivos. Mais, aqui.

Privacidade Online e Comportamento

Durante o depoimento de Zuckerberg ao legislativo dos Estados Unidos, o CEO do Facebook propôs como solução para os problemas de privacidade da rede social que o usuário escolhesse o nível desejado. Em um artigo para o NY Times, Porter lembrou que isto é uma armadilha.

Quando uma empresa deixa a critério do usuário escolher o nível de privacidade, o mesmo não será mais cauteloso, mas sim deverá compartilhar ainda mais suas informações pessoais. Isto tem o nome de paradoxo do controle e já foi objeto de pesquisa acadêmica. Trata-se de um problema comportamental que poderia ser também chamado de “dar mais corda para se enforcar”.

Outra forma de agir é a chamada “configuração padrão” ou “default”. Geralmente as pessoas tendem a manter a configuração padrão oferecida, mesmo que isto possa ser mudado facilmente. Seria o efeito Nudge, de Thaler. Em 2005 a configuração padrão do Facebook revelava poucas informações pessoais; em 2010, mais informações ficaram disponíveis. Trocamos nossa diversão por informação.

E mesmo as pessoas que se mostram preocupadas com a privacidade, lembra Porter, é capaz de trocar informação por um agrado. Assim, as propostas para resolver a crise provocada pelo Facebook pode ser a pior solução.

Lucro do Google

Uma mudança contábil - segundo o Quartz “uma obscura mudança contábil” fez com que a Alphabet, a empresa do Google, reconhecesse na receita os resultados com investimentos em grupos novos de tecnologia, entre eles a Uber. Com isto o lucro por ação aumentou acima do esperado pelos analistas. Do lucro por ação de 13,33, cerca de 3,40 foram produzidos por estes investimentos.

Além do lucro por ação, a Alphabet divulgou uma receita de 31 bilhões no primeiro trimestre, indicando um bom crescimento deste item da DRE. A mudança decorreu do reconhecimento do aumento no valor justo dos investimentos.

Apple, Irlanda e Planejamento Tributário

No passado, a Comunidade Europeia multou a Apple por usar a Irlanda para evitar pagar impostos. Os dados mostravam que a carga tributária da empresa na Europa era realmente muito reduzida. O governo irlandês, com medo da perda de empregos, com uma potencial saída da Apple da Irlanda, não concordou com a decisão da Comunidade Europeia.

Uma notícia recente mostra que a Apple deverá depositar 16 bilhões de dólares em uma conta, conforme pedido da Europa. Novamente o governo irlandês discorda da decisão, mas o seu ministro das Finanças disse que irá cumprir as determinações provenientes da Comunidade.

Notícias da KPMG

Envolvida recentemente em diversos problemas no mundo, a KPMG, uma das big four, as grandes empresas de auditoria contábil, parece que anda em uma maré de azar. Depois de Carillion, uma empresa britânica com problemas financeiros e contábeis que não foram percebidos pela KPMG e da ligação com a família Gupta, na África do Sul, que ameaça a sobrevivência da KPMG daquele país, a empresa teve um problema na investigação de utilização de softwares piratas na Índia. Tudo começou quando a filial da empresa no país asiático resolveu investigar uma empresa que aparentemente estava usando software ilegal. A investigação foi denunciada pelo empresário e isto provocou uma celeuma, a ponto da Microsoft e KPMG soltarem um comunicado conjunto.

Pelo menos uma notícia boa. Parece que o contrato de auditoria com a GE, depois de alguns problemas cometidos pelos auditores, deve ser renovado. Alguns acionistas solicitaram o rompimento de um contrato centenário na assembleia da empresa, mas tudo leva a crer que a proposta será rejeita.

(Leia este texto do blog, onde discutimos a dificuldade de analisar a qualidade do trabalho do auditor)

Estafa Maestra

Recentemente, um ex-governador do México, Javier Duarte, fugiu do país após uma denúncia de desvio de dinheiro público. Foi preso na Guatemala no ano passado e extraditado para o México, onde cumpre pena. A questão é que o esquema montado por Javier Duarte não é original. Provavelmente foi inventado no governo federal do México. O Animal Político fez um levantamento nas contas públicas entre 2013 e 2014 e descobriu contratos ilegais onde quase a metade dos recursos “desapareceram”. Foram 186 empresas que receberam dinheiro do governo e delas 128 não possuem condições de fornecer o serviço pelas quais foram contratadas (ou não existiam). Para isto, o esquema montado contava com a participação de universidades públicas, que intermediavam a operação:

La diferencia radica en que aquí el gobierno no entrega los contratos directamente a las empresas, sino que primero los da a ocho universidades públicas y éstas lo dan después a las empresas. Sólo por triangular los recursos, las universidades cobraron mil millones de pesos de “comisión”, aunque no hayan dado ningún servicio.

A investigação do Animal Político foi tão importante que ganhou o prestigiado prêmio Ortega Y Gasset. Foram mais de 100 entrevistas e chegou-se a um valor de 420 milhões de dólares. E ninguém punido. Eis o que diz o El País:

A diferencia de otros países latinoamericanos que han castigado los escándalos recientes de corrupción, en México no hay un caso similar a los de Lula en Brasil, Ollanta Humala en Perú y Otto Pérez en Guatemala en gran parte porque no hay fiscalías independientes. La Procuraduría General de la República y la Secretaria de la Función Pública dependen del Ejecutivo y la Auditoría Superior de la Federación, del Congreso. “Los amigos no se investigan entre sí”, dice Roldán. “No queremos que rueden cabezas, solo exigimos que haya una investigación real”, agrega Ureste.

24 abril 2018

Domínio da pesquisa

O gráfico revela que 90% das pesquisas realizadas na internet são feitas usando empresas do Google. (Não fica claro se os dados são para todos países ou somente para os Estados Unidos).

Algoritmos

Um texto muito interessante foi publicado na revista da Fapesp (Grato, Cláudio Santana, pela dica). Com diversos exemplos práticos, o artigo é sobre a utilização dos algoritmos. Eis um trecho interessante:

O antropólogo norte-americano Nick Seaver, pesquisador da Universidade Tufts, nos Estados Unidos, dedica-se atualmente a um projeto baseado em pesquisa etnográfica e entrevistas com criadores de algoritmos de recomendação de músicas em serviços de streaming. Seu interesse é compreender como esses sistemas são desenhados para atrair usuários e chamar a sua atenção, trabalhando na interface de áreas como aprendizado de máquina e publicidade on-line. “Os mecanismos que controlam a atenção e suas mediações técnicas tornaram-se objeto de grande preocupação. A formação de bolhas de interesse e de opinião, as fake news e a distração no campo político são atribuídas a tecnologias desenhadas para manipular a atenção dos usuários”, explica.

Custo da falsificação de um medicamento

A malária é uma doença geralmente associada ao terceiro mundo. Apesar de ser tratável, 445 mil pessoas morreram da doença em 2016, sendo 70% crianças.

Uma das razões para isto é a falsificação dos remédios. Estima-se que quase um quarto das mortes seja decorrente de medicamentos falsificados ou de baixa qualidade somente na África.

um terço dos medicamentos contra a malária distribuídos no sudeste da Ásia e na África subsaariana eram de baixa qualidade . 

O custo final do problema pode ser maior: no caso dos remédios de baixa qualidade, o seu uso pode aumentar a resistência do parasita aos medicamentos. É o que conhecemos como externalidade negativa, já que isto aumenta o risco da doença para um local.